The Iceberg Method (Português)

By lesbianshipper

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Apaixonar-se foi a melhor e a pior coisa que já aconteceu com Camila. Lauren era bonita, inteligente, intens... More

Capítulo 02 - Saturday Morning Cartoons
Capítulo 03 - Paris, Rome, New York
Capítulo 04 - Where Two Worlds Collide
Capítulo 05 - I'll Be A Unicorn You Be My Dragon
Capítulo 06 - She Sent Me A Winky Face
Capítulo 07 - Read Between The Lines
Capítulo 08 - Dorkoff
Capítulo 09 - The Yellow Wallpaper
Capítulo 10 - Don't Answer
Capítulo 11 - His What?
Capítulo 12 - My Anchor
Capítulo 13 - Te Amo
Capítulo 14 - I Fought A Bear
Capítulo 15 - Araby
Capítulo 16 - Her Name Is Keana
Capítulo 17 - I'm All In
Capítulo 18 - Delete
Capítulo 19 - Okay
Capítulo 20 - So It's Official
Capítulo 21 - Ronald Junior?
Capítulo 22 - Trust Me
Capítulo 23 - You're Here
Capítulo 24 - I Was There
Capítulo 25 - The Birthmark
Capítulo 26 - From Now, Until Forever
Capítulo 27 - No Questions
Capítulo 28 - A Lesbian Affair
Capítulo 29 - Capítulo Final
Continuação

Capítulo 01 - Hills Like White Elephants

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By lesbianshipper

("Colinas Parecendo Elefantes Brancos")


N/T: flashbacks em itálico



Eu a observei fazer o que ela faz de melhor de uma certa distância. Eu podia ver a paixão em seus olhos e ouvir a confiança em sua voz do fundo da sala. Sua voz se elevava quando necessário e abaixava quando ela sentia a necessidade de captar a atenção do seu público. Ela era uma professora incrível e seus alunos eram facilmente cativados. Nós nos conhecemos exatamente aqui nesta sala de aula da faculdade, onde cabiam cento e cinquenta estudantes, e na qual eu me encantei por ela instantaneamente. Embora eu deva admitir que o que me encantou inicialmente não foi seu vasto conhecimento sobre Ernest Hemingway, mas sim seu longo cabelo escuro que caía perfeitamente por suas costas, e seus olhos verdes grandes e brilhantes que pareciam enxergar através de mim. Eu sinto saudade do jeito que esses olhos me faziam sentir, porém depois de tudo que aconteceu eu não tenho certeza se eu quero que eles olhem em minha direção. Porque, como sempre, eles refletiriam exatamente como ela se sente, e eu não sei se quero saber como ela se sente sobre mim nesse momento. Pode ser que ela se sinta desapontada, ou com ódio, ou pior ainda, sinta-se indiferente.

"Ei." Eu escuto um sussurro vindo de trás e me viro, encontrando uma garota com um brilho confuso no olhar.

"Sim?" Eu pergunto para a garota desconhecida.

"Você entendeu como era pra fazer o dever de casa pra hoje?"

Eu balanço minha cabeça. "Não, desculpe-me, eu não sou estudante. Estou apenas assistindo à aula."

Ela assentiu e me assegurou que estava tudo bem enquanto voltava a fazer suas anotações depois de me tirar do meu transe.

A garota de olhos verdes que estava em frente à turma continuou a sua aula e pensei que era melhor eu ir embora, antes que ela me notasse.

"O autor nunca afirma diretamente sobre o que é a conversa deles. Então, sobre o que vocês acham que esses dois personagens estavam falando?"

Sua voz ecoa pela sala enquanto ela continua a dar sua aula e eu resolvo atravessar a multidão de estudantes para ir em direção à porta.

"Alguém?" Ela pergunta.

A quantidade insuficiente de espaço entre as fileiras estava tornando minha tarefa mais difícil do que eu esperava, especialmente com as inúmeras mochilas e bolsas pelo caminho.

"O que você pensa sobre o assunto? Você aí em cima."

Eu interrompi o meu trajeto, mas me recusei a olhar em direção à frente da sala. Contudo, em razão da quantidade de alunos olhando para mim, eu sabia com quem ela estava falando.

"Sim, você." A voz familiar disse. "A garota tentando escapar da minha sala de aula."

Uma onda de risadas preencheu o ambiente enquanto eu me virava lentamente para encará-la. O sorriso suave que estava em seus lábios desapareceu imediatamente.

Eu olhei para o quadro atrás dela e notei escrito "Colinas Parecendo Elefantes Brancos". Eu lembro de discutir sobre esse livro com ela. Não aqui na sala de aula, mas no chão do meu quarto depois de termos terminado nossa segunda garrafa de vinho. Eu lembro dela falando apaixonadamente sobre o quanto amava literatura, o brilho em seus olhos que me fez me apaixonar ainda mais por ela a cada palavra que saía de sua boca. Nós não usávamos nada além de moletons confortáveis e eu lembro que mesmo vestindo só isso parecia muita roupa na época.

"Aborto." Eu a respondi. Eu lembro dela me explicando essa história com tanta paciência, uma vez que eu estava tendo dificuldades em entendê-la.

"O homem estava tentando convencer Jig a fazer um aborto."

Eu podia vê-la tentando disfarçar o choque de me ver ali. Ela soltou um lento suspiro e assentiu. "E o que fez você chegar a essa conclusão?" Ela perguntou.

"Ele insiste que um aborto mal pode ser considerado cirurgia e que é perfeitamente natural, e que ele vai estar com ela durante todo o processo, mas apenas se ela realmente quiser fazer o aborto."

Ela aceitou a resposta, mas o interrogatório ainda não tinha acabado.

"Você acha que há algum simbolismo com relação ao local em que eles estão?" Ela perguntou.

Seus brilhantes olhos verdes estavam focados, mas não transmitiam qualquer pista do que pudesse estar passando em sua cabeça, como eu achava que eles fariam.

O que você está fazendo, Lauren? Eu pensei comigo mesma.

"Sim, senhora."

"Como assim?" Ela perguntou.

Pela primeira vez em quatro anos eu não podia dizer o que seus olhos estavam dizendo e isso estava me afetando, mas eu sabia que eles estavam tentando dizer alguma coisa. Era uma emoção indetectável, mas eu sabia que eles estavam gritando silenciosamente.

"A estação de trem simboliza uma encruzilhada. Em um lado da estação, há um deserto, e do outro, um vale frutífero. Um lado simboliza morte e o outro vida, e eles poderiam escolher qualquer um deles para seu bebê."

Ela se encostou em sua mesa e assentiu, olhando para mim.

"Então por que motivo o autor não apenas diz sobre o que eles estavam falando?"

Eu sorri levemente, ela havia comentado sobre isso. "Ernest Hemingway era famoso por seu 'método iceberg', o que significa que ele coloca você no clímax da história, na ponta do iceberg, quando a verdadeira história está sob a superfície."

Um leve sorriso enfeitou seus lábios enquanto ela assentia.

"Excelente resposta, senhorita Cabello." Ela disse. "Você pode sair da sala, mas eu gostaria de dar uma palavrinha com você depois da aula."

Eu assenti e saí apressada da sala, fechando a porta atrás de mim. Eu soltei um suspiro enquanto andava em direção aos sempre lotados corredores da faculdade.

Eu não deveria voltar, é uma má ideia, não depois de tudo que aconteceu. Contudo, foi ela quem disse que queria me ver.

Enquanto eu andava por entre os corredores, notei inúmeros calouros desesperados para encontrar suas salas, e não pude evitar lembrar do meu primeiro dia nessa universidade, enquanto eu procurava por aquela mesma sala de aula da qual estava desesperada para escapar apenas alguns minutos atrás.

• • •

"Eu desisto." Eu pensei enquanto me sentava em um banco vazio perto da lanchonete. Lugar esse que, a propósito, foi o único prédio em toda a universidade que fui capaz de encontrar. Eu vou me atrasar para minha primeira aula em uma faculdade devido à minha falta de senso de direção. Eu olho de relance – pelo que parece ser a milionésima vez hoje – para o mapa em minhas mãos, o qual supostamente serviria para me guiar para as minhas inúmeras aulas e que falhou miseravelmente em sua missão e o viro de ponta cabeça, pensando que talvez eu estivesse olhando-o do jeito errado, mas isso só me deixa mais confusa.

"Você está perdida?" Eu olho para cima, encontrando um par de olhos castanhos olhando para mim.

"Isso é tão óbvio assim?" Eu perguntei.

Ela deu de ombros, respondendo honestamente. "Bastante." Ela conseguiu me fazer sorrir com a resposta, e estendeu sua mão em minha direção.

"Eu sou Dinah, e você é?"

Eu aperto sua mão, levantando do banco. "Camila Cabello."

Ela assentiu. "Bem, Camila Cabello, eu tive aulas aqui durante o verão, então talvez eu possa ajudar." Ela disse.

Eu soltei um suspiro e contive a vontade de abraçar a garota, então pedi que ela me guiasse para a minha aula de Inglês.

"Você chegou bem perto." Ela disse. "A sua sala fica no próximo edifício, na verdade. Você sobe as escadas e ela deve estar à sua esquerda, o número vai estar na porta."

Eu resolvi expressar minha gratidão e rapidamente envolvi meus braços ao seu redor, apertando-a gentilmente.

"Desculpe." Eu disse enquanto ela retribuía o abraço de maneira desajeitada.

Eu dei um passo para trás e a olhei. "Eu sou uma pessoa de abraços." Eu expliquei.

Ela sorriu e fez questão de não me deixar desconfortável. "Tudo bem, eu também. E a propósito, você tem aula com a senhora Jauregui, ela é muito boa. Um pouco rigorosa, mas boa."

Eu a agradeci uma última vez antes de correr para o prédio certo, vendo que eu só tinha alguns minutos para chegar à minha sala. Assim como ela falou, eu localizei a sala 209, acima das escadas e à minha esquerda, então entrei e silenciosamente me sentei em um lugar vazio na parte de trás e esperei a aula começar.

Essa sala de aula era de longe a maior sala que eu já tinha visto e eu tinha certeza de que nela cabia algo em torno de cem pessoas.

"Bom dia, turma."

A voz veio de uma bonita mulher de olhos verdes, que ficou de pé em frente da turma vestida casualmente em jeans e uma camiseta branca com decote em V, e quem eu só podia presumir ser uma veterana tentando pregar uma peça antes que o professor entrasse na sala.

"Meu nome é Lauren Jauregui e eu serei sua professora de Literatura Inglesa esse semestre." Ela disse.

Eu imediatamente pensei que ela parecia ser nova demais para ser professora. Isso tinha que ser uma piada.

Contudo, cinco minutos se passaram, então dez, e nada de um velho vestindo colete entrar pela porta dizendo para ela parar com a brincadeira e sentar-se em um lugar vazio da sala.

Eu não podia acreditar que existiam professores que se pareciam como ela.

Eu fui tirada do meu transe rapidamente pelo meu celular que começou a tocar alto, fazendo com que as mais de cem cabeças dos meus colegas de classe se virassem para a origem do barulho... Eu.

Eu vasculhei minha bolsa nervosamente tentando encontrar meu celular e fiquei mais aflita ainda quando notei que a professora tinha parado de falar para se juntar aos meus colegas que estavam me encarando.

"Ai meu Deus, ela está olhando para mim." Eu pensei. "Ai meu Deus".

Eu finalmente encontrei o aparelho e o desliguei o mais rápido que pude.

"Eu sinto muito, senhora." Eu disse.

"Eu..." Fui interrompida pela mão da professora sendo erguida lentamente, gesticulando para que eu fosse para a frente da turma.

Eu soltei um suspiro e relutantemente levantei do meu lugar e segui em direção à frente da classe sob os olhares atentos dos meus colegas.

"Eu sei que ainda tenho que lhes explicar as regras do ambiente acadêmico." A professora começou. "Entretanto, eu realmente acredito que todos nós já estejamos cientes de que telefones celulares não são permitidos em sala de aula." Ela continuou enquanto eu chegava até ela.

Ela estendeu a mão e eu lhe entreguei meu celular; ela então levantou o objeto para toda a turma ver.

"Qualquer sala de aula."

Ela olhou para mim e perguntou meu nome em um tom mais suave.

"Camila." Eu respondi.

"Camila do quê?"

"Camila Cabello, senhora Jauregui."

Ela me olhou divertida enquanto eu evitava seus olhos penetrantes.

"Chame-me de Lauren, sim?"

Eu assenti e ela olhou para o meu celular, notando o nome do contato da minha chamada perdida.

"Austin, é? Seu namorado?" Ela continuou a perguntar em um tom baixo.

Eu balancei minha cabeça. "Apenas um amigo."

Ela sorriu. Eu penso que ela deve ter achado divertido me deixar envergonhada. Vai ser horrível se ela for do tipo de professora que persegue os alunos sem motivo.

"Você pode se sentar, senhorita Cabello." Ela disse mais alto dessa vez. "Mas eu gostaria de dar uma palavrinha com você depois da aula."

• • •

Eu sabia que a aula provavelmente já tinha terminado. Era provável que a sala estivesse completamente vazia e que ela estivesse em sua mesa mexendo em seus papéis esperando que eu entrasse. Eu fiquei parada diante da porta como se ela fosse uma barreira que nunca pudesse ser quebrada.

Eu não deveria entrar ali; eu não estou certa se quero saber o que ela tem para me falar.

Mas... É a Lauren.

E mesmo que ela quebre meu coração, ao menos eu terei a chance de vê-la uma última vez.

Minha mão está agora na maçaneta e embora eu não tenha certeza de como ela foi parar ali, lentamente eu giro o objeto e espio dentro da sala.

Exatamente como suspeitei, ela está atolada em papéis, então eu entro na sala lentamente, fechando a porta atrás de mim.

Ela rapidamente ergue o olhar assim que o barulho da porta faz eco dentro da sala.

"Oi." Foi tudo o que eu fui capaz de dizer assim que vi seus olhos em mim.

Ela levantou de sua mesa lentamente, e eu me preparei para o que estava por vir.

Ela choraria? Ou gritaria? Ela arremessaria algo em mim?

Eu vi vários humores dela, mas raiva nunca foi um deles.

Comecei a caminhar em direção à sua mesa e ela soltou um suspiro.

"Camz..." Ela disse. Eu deixei escapar um suspiro de alívio ao ouvir meu antigo apelido. Ela não pode estar brava comigo se ela ainda usa esse apelido, certo?

"Sim?" Eu pergunto.

Mesmo assim eu me preparo pela ira que está por vir quando a vejo respirar antes de falar.

Lá vem. Eu penso.

"Eu estou grávida."

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