Pronta para Casar - Degustação

By LKWiatrow

78.5K 5.3K 746

Isabel tem uma vida rotulada por muitos como perfeita. Linda, rica e com o casamento marcado com o príncipe e... More

Pronta para Casar
Prólogo
Parte I
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Comunicado

Capítulo 11

2.1K 365 72
By LKWiatrow


*PRONTA PARA CASAR na íntegra no Wattpad somente até dia 10/01/17*    

Olho mais uma vez para o envelope que a Cida me entregou. Não consigo acreditar que eles juntaram um montante tão grande em um jantar de despedida. Esse dinheiro vai me ajudar muito nas minhas primeiras semanas na minha cidade natal.

Não posso negar que fiquei um pouco constrangida em aceitar, porém a alegria que eles demonstraram por saberem que eu iria conseguir alimentar minhas lombrigas — sim essa foi a expressão que Cida usou: "Não quero você passando fome, menina. Tem que alimentar bem suas lombrigas" — me fez perceber que seria uma ofensa não aceitar.

A primeira lágrima escapa no mesmo instante que o avião toca o solo. Não imaginei que seria tão difícil deixar todos para trás. O sorriso do Beto, seu abraço apertado e a promessa que iremos conversar todos os dias, acalmam meu coração. Ele tinha razão, passei a amá-lo. Foi complicado admitir quando ele perguntou no portão de embarque, mas inevitável.

Beto foi mais amigo, companheiro e paciente do que meu próprio irmão é comigo. Criamos um laço estranho, mas forte. Não tenho certeza se teria conseguido sem ele ao meu lado.

O pessoal começa a desembarcar e levanto sem me preocupar com as marcas de lágrimas no meu rosto. Não sou mais aquela menina fútil que minha mãe me transformou. Sou uma mulher que tem sentimentos e que não se preocupa apenas com a aparência.

O aeroporto está relativamente calmo, fico mais tranquila. Não quero encontrar ninguém conhecido agora. Primeiro quero me estabelecer e depois ver como vou ser recebida pela minha família e, principalmente, pelo Ricardo.

Entrego minha pequena bagagem ao taxista e passo o endereço do meu novo lar, estou muito ansiosa para ver o que me espera. Enquanto o carro avança para o centro da cidade, meu coração parece criar vida própria. Sei que não será fácil, mas também sei que tenho força para lutar e vencer.

Pego a chave do meu apartamento com uma senhora que será minha vizinha. Mal termino de abrir a porta, o celular que o Beto me deu de presente de despedida começa a tocar. Com certeza é ele.

— Olá!

— E aí, gata? É muito horrível? — pergunta.

— Acabei de chegar. Não consegui ver muita coisa. O cheiro de mofo é maior do que tudo.

Ele gargalha.

— Você é uma ótima faxineira, vai tirar de letra.

Solto minha mala, abro a janela e dou uma olhada ao redor.

Não é tão horrível. Tem uma cama, uma mesa pequena com dois bancos de madeira, umas prateleiras de madeira e... bom, é isso. Abro a porta que leva o banheiro e ele é minúsculo, mas não tão sujo.

— Não é tão horrível — digo.

— Tem colchão? — Beto pergunta.

— Não, mas não iria usar se tivesse — explico.

— Tem razão. Ainda é cedo. Vá até uma loja de departamentos e compre um bom colchão, um travesseiro e essa merdas todas. Depois vá à uma loja de usados e compre uma geladeira. Geladeira é essencial. Use o dinheiro que ganhou, é para isso que ele serve.

Loja de departamentos e de produtos usados. Vou iniciar minha nova vida com produtos de uma loja de usados e de departamentos. Quem diria.

Despeço-me do Beto e faço exatamente o que ele falou. Vou para uma loja de departamentos.

Escolho os itens com o maior cuidado, não quero nada bege e em tom pastel, isso me lembra a casa dos meus pais. Compro um lençol amarelo com flores rosas e um edredom com conchas e sereias, ele fez eu me sentir mais perto dos amigos que fiz em Cumbuco.

Optei por um frigobar ao invés da geladeira. Fiquei com medo de ter que escolher entre a cama e a geladeira. O apartamento é muito pequeno.

Mesmo querendo lavar os itens que foram entregues para mim antes de usar, não tive escolha, não tenho como dormir sem o básico. Deito na minha nova cama e, diferente do que imaginei, meu sono vem tranquilo e fácil. Estou adorando essa nova fase da minha vida. Uma fase onde eu sou a responsável pelos meus atos e a protagonista.

.

Círculo mais um anúncio de emprego que eu acredito que posso me encaixar. É final de tarde de domingo, limpei todo apartamento, organizei minhas roupas, abasteci meu frigobar com frutas e sucos e estou deitada embaixo das cobertas. O dia lá fora não está convidativo, está nublado e com vento, pode chover a qualquer momento.

Meu celular toca.

Beto.

— E aí? — digo.

— Como foi a conversa com Ricardo? — Direto ao ponto.

— Não falei com ele ainda.

— Achei que seria a segunda coisa a fazer. Tem o teu apartamento, o que está te impedindo de ir até a casa dele?

Penso antes de responder.

— Medo.

— Isabel... como era mesmo o teu sobrenome?

Sorrio com a tentativa do Beto de parecer brabo.

— Arantes. E se a mãe dele me expulsar?

— Você acha que ele ainda está morando com os pais?

— Onde ele estaria morando? — pergunto, desconfiada.

— Na casa que era para ser de vocês após o casamento. — Beto fala com tanta certeza que me apavoro.

— Como você sabe?

— Foi para onde fui depois de ser largado no altar.

O silêncio que segue é sufocante. Não sei o que dizer.

— Domingo à noite é um excelente dia para aparecer na casa dos outros. — Beto quebra o silêncio. — Ninguém faz nada de produtivo no domingo à noite. Deixa de ser medrosa. Você já fez tanta coisa que precisava de mais coragem e iniciativa, não posso acreditar que vai amarelar agora.

— Droga! — Quero estrangular o Beto. Odeio quando ele tem razão. — Odeio quando você tem razão.

— Não odeia não. Você me ama! Tenho certeza que repetiu umas quatro vezes que me amava ontem no aeroporto.

— Não seja besta — repito as palavras que Beto me falou várias vezes. — Estou com medo.

— Eu sei, gata. Mas posso te falar uma coisa? Ele deve estar com mais medo do que você.

— Como tem tanta certeza? — pergunto, mais uma vez apavorada com a certeza que Beto tem sobre os sentimentos e ações do Ricardo.

— É o que sinto. Tenho um medo dos infernos dela nunca me procurar, mas fico apavorado cada vez que alguém bate na porta aqui de casa.

— Por isso teus amigos normalmente não batem?

Lembro que nos meses que fiquei por lá, as pessoas simplesmente invadiam o nosso apartamento.

— Coragem, gata. Vai dar tudo certo.

Beto finaliza a ligação.

Penso por pouco tempo, antes de levantar e começar a me vestir. Se pensar muito, nunca vou criar coragem.

Chamo um táxi e aproveito para passar em frente à casa dos meus pais, uma vez que a casa que era para eu e o Ricardo morarmos fica a quatro quarteirões dali. Peço para o taxista parar e fico observando a grandiosidade da construção. Por que uma família precisa de uma casa tão grande, imponente e pomposa?

Percebo que há uma luz ligada em cada canto da casa. É exatamente assim que lembro da minha família. Cada um no seu mundinho, sem muita conversa, cumplicidade e convivência.

— Vai descer aqui, moça?

Desperto dos meus devaneios.

— Não. O senhor pode me deixar no número que passei.

O carro volta a se movimentar e meu coração começa a acelerar.

Quando o táxi para em frente a nossa casa, minhas pernas estão tremendo, meu coração parece que vai explodir e minhas mãos estão um nojo com o suor que escorre delas. Acho que nunca fiquei tão nervosa.

Corro para a porta da frente e toco a campainha de uma vez, antes que eu perca a coragem.

Escuto alguns passos, mas a porta não abre. Começo a ficar mais nervosa. Parece passar uma eternidade até ouvir o barulho da chave girando na fechadura e uma fresta ser aberta.

— Isabel?

Uma Lara assustada me recepciona.

— Lara?

A última pessoa que eu esperava encontrar aqui era ela. Sempre considerei Lara uma amiga, mas o relacionamento dela e do Ricardo sempre foi distante. Eles nunca foram amigos de verdade.

Eu a considerava minha melhor amiga. Era para ela ser minha madrinha de casamenta, merda!

— Oh, querida! Que bom te ver! — Ela abre um pouco mais a porta e percebo que está vestida apenas com uma camisa do Ricardo. Meu estômago embrulha e revira. — Quer entrar? Cacá está no banho, não deve demorar.

Cacá? Desde quando Ricardo passou para Cacá?

Não sei do que estou gostando menos, se é da roupa que ela está vestindo, se é do tom de intimidade que ela demonstrou ter criado com Ricardo, ou se é do tom presunçoso e falso que senti quando ela disse "que bom te ver! ".

A conversa que tive com Beto, onde afirmei que se Ricardo tivesse encontrado uma outra pessoa e estivesse feliz com ela, eu deixaria ele em paz, não me deixa fazer uma besteira.

— Não quero atrapalhar, Lara. Deveria ter avisado que estaria vindo.

— Teria sido melhor — ela confirma com um sorriso falso. — Aviso Ricardo que passou por aqui.

Toda a força e coragem que conquistei nos últimos meses, parecem desaparecer. Não consigo falar ou fazer mais nada. Viro as costas e vou embora.

Estou em uma rua que conheço desde que nasci, mas nesse momento ela parece diferente, assustadora e escura demais. Sinto as primeiras gotas de chuva, olho para os dois lados e não encontro um sinal de vida.

Preciso sair daqui.

Tenho a impressão que não me encaixo mais nesse mundo, nessa vida, no coração do Ricardo.

Todas as explicações e pedidos de desculpam ficaram presos na minha garganta. De todas as situações que imaginei, nenhuma foi tão ruim como aconteceu de verdade.

Meus passos começam a ganhar um ritmo acelerado.

Escuto o som do meu All Star batendo no asfalto e os trovões ao longe.

Não tenho certeza o que eu esperava, o que eu gostaria de ouvir.

Repassei esse momento várias vezes em minha cabeça. Não era para ter sido assim.

Será que vou precisar recomeçar mais uma vez?

Com certeza.

Terei forças para isso?

Não faço ideia.

As lágrimas correm livremente pelo meu rosto, não tento segurar. Aprendi que elas não são sinal de fraqueza, são sinal que tenho sentimentos e que me importo.

Diminuo o ritmo frenético dos meus passos, estou ficando sem fôlego e o vento forte parece lutar contra mim. A noite está fria e as gotas geladas de chuva não ajudam em nada.

— Isabel!

Meu corpo congela e meu coração bate descompassado. Ele veio atrás de mim.

Meus pés solidificam no chão e meu corpo não obedece ao meu comando para virar e olhar para o homem da minha vida.

Escuto os passos do Ricardo mais próximos e sinto seu corpo muito perto do meu. Mesmo com todo o dilúvio que está caindo, consigo sentir seu cheiro e seu calor.

— Isabel — ele repete.

Deus! Como senti falta dessa voz chamando meu nome.

Viro devagar e me apaixono um pouco mais pelo meu ex-noivo.

Ergo minha mão e acaricio seu rosto. Contorno seus lábios, seu nariz e suas sobrancelhas. Ricardo fecha os olhos instintivamente, aproveito o momento e me jogo de encontro ao seu corpo.

Não me importo de estar ficando encharcada. Estar nos braços do Ricardo é maior do que tudo, melhor do que tudo.

Percebo que não recebo um abraço de volta. Não me importo. Continuo abraçada a ele e desfrutando do prazer de tê-lo novamente. Mesmo não fazendo nenhum movimento, ele me acalma, me traz força e coragem para continuar lutando pelos meus sonhos e objetivos.


Continue Reading

You'll Also Like

164K 20.2K 96
A famosa cantora, Dua Lipa, é uma das convidadas mais esperadas para o Met Gala. Em meio a flashes e tapete vermelho, seu olhar é atraído por uma da...
468K 30.4K 64
Jeff é frio, obscuro, antissocial, matador cruel.... sempre observava Maya andando pela floresta, ela o intrigava de um jeito que ele mesmo não conse...
62.8K 1.6K 73
Todas as noites, ás 22h, Dong-gyun se tranca em seu quarto, junto a uma caixa lenços para assistir a uma live de boy cam (camwhore) que se intitula p...
314K 26K 48
Jenny Miller uma garota reservada e tímida devido às frequentes mudanças que enfrenta com seu querido pai. Mas ao ingressar para uma nova universidad...