Capítulo 11

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*PRONTA PARA CASAR na íntegra no Wattpad somente até dia 10/01/17*    

Olho mais uma vez para o envelope que a Cida me entregou. Não consigo acreditar que eles juntaram um montante tão grande em um jantar de despedida. Esse dinheiro vai me ajudar muito nas minhas primeiras semanas na minha cidade natal.

Não posso negar que fiquei um pouco constrangida em aceitar, porém a alegria que eles demonstraram por saberem que eu iria conseguir alimentar minhas lombrigas — sim essa foi a expressão que Cida usou: "Não quero você passando fome, menina. Tem que alimentar bem suas lombrigas" — me fez perceber que seria uma ofensa não aceitar.

A primeira lágrima escapa no mesmo instante que o avião toca o solo. Não imaginei que seria tão difícil deixar todos para trás. O sorriso do Beto, seu abraço apertado e a promessa que iremos conversar todos os dias, acalmam meu coração. Ele tinha razão, passei a amá-lo. Foi complicado admitir quando ele perguntou no portão de embarque, mas inevitável.

Beto foi mais amigo, companheiro e paciente do que meu próprio irmão é comigo. Criamos um laço estranho, mas forte. Não tenho certeza se teria conseguido sem ele ao meu lado.

O pessoal começa a desembarcar e levanto sem me preocupar com as marcas de lágrimas no meu rosto. Não sou mais aquela menina fútil que minha mãe me transformou. Sou uma mulher que tem sentimentos e que não se preocupa apenas com a aparência.

O aeroporto está relativamente calmo, fico mais tranquila. Não quero encontrar ninguém conhecido agora. Primeiro quero me estabelecer e depois ver como vou ser recebida pela minha família e, principalmente, pelo Ricardo.

Entrego minha pequena bagagem ao taxista e passo o endereço do meu novo lar, estou muito ansiosa para ver o que me espera. Enquanto o carro avança para o centro da cidade, meu coração parece criar vida própria. Sei que não será fácil, mas também sei que tenho força para lutar e vencer.

Pego a chave do meu apartamento com uma senhora que será minha vizinha. Mal termino de abrir a porta, o celular que o Beto me deu de presente de despedida começa a tocar. Com certeza é ele.

— Olá!

— E aí, gata? É muito horrível? — pergunta.

— Acabei de chegar. Não consegui ver muita coisa. O cheiro de mofo é maior do que tudo.

Ele gargalha.

— Você é uma ótima faxineira, vai tirar de letra.

Solto minha mala, abro a janela e dou uma olhada ao redor.

Não é tão horrível. Tem uma cama, uma mesa pequena com dois bancos de madeira, umas prateleiras de madeira e... bom, é isso. Abro a porta que leva o banheiro e ele é minúsculo, mas não tão sujo.

— Não é tão horrível — digo.

— Tem colchão? — Beto pergunta.

— Não, mas não iria usar se tivesse — explico.

— Tem razão. Ainda é cedo. Vá até uma loja de departamentos e compre um bom colchão, um travesseiro e essa merdas todas. Depois vá à uma loja de usados e compre uma geladeira. Geladeira é essencial. Use o dinheiro que ganhou, é para isso que ele serve.

Loja de departamentos e de produtos usados. Vou iniciar minha nova vida com produtos de uma loja de usados e de departamentos. Quem diria.

Despeço-me do Beto e faço exatamente o que ele falou. Vou para uma loja de departamentos.

Escolho os itens com o maior cuidado, não quero nada bege e em tom pastel, isso me lembra a casa dos meus pais. Compro um lençol amarelo com flores rosas e um edredom com conchas e sereias, ele fez eu me sentir mais perto dos amigos que fiz em Cumbuco.

Pronta para Casar - DegustaçãoWhere stories live. Discover now