Como Eu Era Antes De Você - C...

By geezerfanfics

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"E se... E se tudo tivesse sido diferente? E se Will simplesmente desistisse da ideia e escolhesse viver uma... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo16

Capítulo 5

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By geezerfanfics

SÁBADO, 01:03am

Pneumonia. Esse era o motivo que não deixou Will ficar comigo durante o parto e também era esse o mesmo motivo que o impedia de conhecer a própria filha. Era a quarta vez durante esses cinco anos que isso acontecia. Ele é muito mais propenso a ficar doente do que qualquer outra pessoa que eu conheço, devido as suas limitações e imunidade baixa. E essa é só mais uma das milhares de coisas que eu acho completamente injustas que aconteçam com ele.

Depois de ter surtado completamente com todos que estavam no quarto e ter chamado a atenção de vários enfermeiros que estavam nos corredores, finalmente consegui convencer a Dra. Montgomery, que realizou o meu parto, a me deixar ir até o quarto de Will. De acordo com Nathan — que falou comigo por telefone para me explicar absolutamente tudo detalhadamente —, foi Will quem pediu para ser internado ali, antes de ficar inconsciente pelos remédios. Esse Hospital foi onde eu fiz o pré-natal durante a minha gestação e ele sabia que eu estaria aqui mais cedo ou mais tarde, pois a minha médica me dera no mínimo 3 dias para ganhar o bebe. E isso também significava que Will sabia que ficaria aqui por mais tempo do que isso.

Eu estava sendo empurrada em cima de uma cadeira de rodas — embora contra a minha vontade, pois eu disse que podia perfeitamente ir andando. Contudo, eu só podia sair daquele quarto com essa condição. Deixei que levassem Izzie de volta para o berçário e não quis que meus pais e nem minha irmã me acompanhassem. Eles me disseram que apenas guardaram segredo para não me deixar preocupada, mas me contariam assim que chegasse em casa. Eu não quis ouvir mais explicações. Estava sendo enganada esse tempo todo por pessoas em quem eu confiava. Sei que eles não queriam que eu ficasse mal, mas Will era, acima de tudo, o meu marido. E assim como eu achava que precisava dele quando sentia as contrações, também sei que ele precisa de mim.

O enfermeiro moreno e alto que empurrava a minha cadeira de rodas virou à esquerda e entrou no elevador. Ficamos por alguns minutos lá dentro, sozinhos, enquanto eu encarava as portas metálicas em silêncio. Na verdade, eu estava apenas tentando me manter controlada para não mostrar emoção na frente de Will. Nathan sempre disse que isso não o deixava muito confiante. Eu até queria chegar lá sorrindo, agindo como se tudo tivesse bem, mas sabia que não estava. Acabara de receber a notícia de que meu marido teve que tomar remédios fortes e estava dopado. Não conseguia simplesmente fingir que nada estava acontecendo.

Impaciente, comecei a contar os andares. Um. Dois. Três. Quatro. Cinco. Seis. Sete. Isso foi o bastante para as portas se abrirem para um corredor cheio de pessoas apressadas e macas sendo empurradas em corridas rápidas e cuidadosas.

— Quarto 212 — murmurei para o enfermeiro.

E em silêncio, ele virou à direta. Passamos por quatro portas fechadas e depois viramos novamente à direita, para um novo corredor sem saída. De um lado as paredes eram tomadas por portas fechadas e entreabertas, do outro, as cadeiras encostavam-se nelas. Enxerguei Nathan sentado ao fim do corredor, com as mãos cruzadas sobre as pernas. Estava com o rosto cansado e os olhos pequenos, indicando sono. Quando nos aproximamos dele, o enfermeiro parou e deu alguns passos para trás.

— Como isso aconteceu? — perguntei.

Nathan ficou de pé em minha frente.

— O dia da consulta de Will não era ontem. Faltavam mais uma semana, mas à pedido dele, viemos ao Hospital. Ele me contou que no dia do jantar na casa de vocês ele não estava sentindo dores nos pés, mas sim no peito, e por isso precisava ir se deitar. Não quis contar à você que estava se sentindo mal para não preocupa-la. Então viemos para uma consulta, o Hospital com a escolha dele, e vimos que era pneumonia. Já suspeitava desde que ele me telefonou.

Fiquei em silêncio. Estava atordoada demais para falar alguma coisa. Não estava querendo acreditar que Will queria me poupar apenas porque estava grávida.

— Ele está respirando com a ajuda de aparelhos, mas está estável. Os médicos falaram que ele vai ficar bem.

— Alguém contou a ele que Izzie nasceu?

Nathan engoliu em seco, depois sorriu.

— Sua mãe tentou falar quando esteve aqui, mas ele estava meio grogue e não entendeu muito bem — murmurou. — Aliás, parabéns.

Não consegui agradecer.

Coloquei as mãos sobre o apoio de braços da cadeira de rodas e tentei ficar em pé, mas antes que eu tirasse o traseiro do acento, senti uma mão de cada lado dos meus ombros, pressionando-me para baixo.

— Ei! — exclamou o enfermeiro que me acompanhava. — Você prometeu que não iria sair da cadeira, Srta. Traynor!

— É, sou uma mentirosa — retruquei, tentando me levantar.

— Eu vou chamar a Dra. Montgomery!

— Até ela chegar aqui, já vou estar de pé.

E de repente, minha cadeira girou até que eu ficasse de frente para o enfermeiro. Não me dei ao trabalho de erguer o rosto para encará-lo. Segundos depois, o mesmo se abaixou até ficar com o rosto da altura do meu.

— Você. Não. Tem. Escolha.

Estreitei os olhos para ele, que retribuiu com o mesmo olhar desafiador. Eu não queria entrar naquele quarto em cima dessa cadeira de rodas. Primeiro porque não queria preocupar Will e dar a impressão de que não estava bem. Segundo, porque eu não queria meu marido se lembrasse de imediato que a culpa por ele estar internado nesse instante era exatamente sua lesão que o deixava numa cadeira parecida com essa.

— Meu marido está neste quarto, bem na minha frente — falei, apontando a porta entreaberta com o queixo. — Eu não o vejo o dia inteiro. Acabei de ganhar um bebe e ele não estava lá. Inclusive, ele não consegue nem respirar sozinho agora. Eu vou dar apenas alguns passos até chegar nele. Não vou cair e nem morrer. Ah, e caso eu me machuque, não vou culpar você. Digo para todos que eu sou uma completa idiota e teimosa.

— Se minha monitora pediu para eu não deixa-la andar, eu não vou deixa-la andar.

Irritada demais para continuar brigando com aquele enfermeiro de expressão esnobe, coloquei as mãos nas rodas e as impulsionei para a frente, fazendo-o se desequilibrar e cair no chão. Não me importei em desviar dele. Em um piscar de olhos, quando percebeu que eu iria mesmo passar por cima, ele rolou para o lado e saiu da minha frente. Coloquei a mão no trinque da porta do quarto de Will e, antes de entrar, ouvi o enfermeiro me chamando de maluca e, ao fundo, uma risada abafada de Nathan.

E lá estava ele, deitado sobre o leito. Os vários aparelhos que o rondavam faziam vários bips irritantes que me davam vontade se soca-los. Seus cabelos estavam arrepiados e metade do rosto estava tampado por uma máscara de oxigênio. E mesmo de longe eu podia ver sua pele pálida. Fechei a porta atrás de mim e impulsionei a cadeira de rodas para frente, parando somente quando cheguei ao lado do leito. Apoiei minhas mãos sobre o colchão macio e, mordendo os lábios com força, fiquei de pé. Por um momento pensei que teria que me sentar mais uma vez para me recompor. Tinha impressão de que os analgésicos que haviam me dado estavam perdendo completamente o efeito. Uma dor começou a surgir lentamente em minha barriga e na minha região intima.

Mas respirei fundo e me concentrei apenas em Will, ignorando todo o resto.

Seus olhos estavam fechados suavemente e uma serenidade exalava de seu rosto. A boca, esbranquiçada, estava fechada. Ali pude ver que nossa filha herdara o mesmo formato da boca do pai. Passei a mão por seus cabelos lisos, sentindo meus dedos se enterrarem por entre os fios macios. Aproximei meu rosto dele, sentindo seu cheiro de pertinho. Mesmo com todo o cheiro de Hospital e um leve aroma de desinfetante, seu perfume ainda estava presente ali. Doce, mas marcante. Tão viciante que eu duvidava de que eu poderia viver sem.

E então, quando eu menos esperei, uma lágrima escorreu dos meus olhos, passou pela bochecha e depois pingou. Respirei fundo outra vez, tentando manter a calma. Mas na verdade, eu achava tudo ainda mais injusto enquanto o via ali. Também me sentia culpada e extremamente egoísta por ter falado todas aquelas coisas na hora do parto. Ele não estava lá comigo porque não queria, mas sim porque essa maldita pneumonia o impediu.

E nada, nada mesmo, me parecia mais idiota do que ver meu marido naquele lugar, mesmo sofrendo todos os dias numa maldita cadeira de rodas. Era como se o mundo resolvesse definitivamente nunca conspirar ao nosso favor. Quando tudo estava indo bem, o chão some simplesmente some debaixo de nossos próprios pés e ficamos sem amparo, procurando por soluções, mesmo sabendo, lá no fundo, que não há nada que se possa fazer. Sempre soube que seria difícil permanecer numa vida cheia de limites para sempre, mas uma gota de esperança me dizia que nem tudo podia ser tão ruim. Éramos felizes, claro, mas todos os dias eu sofria quando via Will se queixar de dor e não podia simplesmente não me sentir um pouco culpada por aquilo. Afinal, fui eu quem fiz ele mudar de ideia. Sei que eu não me via sem ele e sei que valeu a pena todo o esforço que fizemos até aqui, mas também sei que se eu não tivesse implorado tanto, todo o sofrimento e dor dele acabariam na Dignitas.

Eu odiava ver meu marido naquela situação. Era como se fosse eu que estivesse ali, sentindo toda a dor. Apesar de não poder se mover, ainda sentia dores no corpo e adquiria doenças ridículas que quase o tiravam de mim. Se eu pudesse, trocaria de lugar com ele cada vez que viesse para o Hospital ou cada vez que sentisse qualquer dor. Mas não podia. Tudo o que estava a meu alcance era segurar a mão dele, fingir que tudo iria ficar bem e permanecer calada ao seu lado, me sentindo a pessoa mais inútil que existia no mundo. Porque, afinal das contas, eu realmente não estava servindo para nada. Não podia fazer nada que pudesse ajuda-lo a ficar melhor.

Minha linha de pensamento foi interrompida quando o vi piscando devagar, até abrir os olhos bem pouquinho. Naquele momento, parei de pensar em todas as coisas.

— Will? — sussurrei. Ele ergueu as sobrancelhas. — Sou eu, a Lou. Estou aqui. Fique calmo. Precisa de alguma coisa?

Usei a minha mão livre para apertar a dele. Torci para que ele sentisse o meu toque.

Ele fechou os olhos, ficou assim por bons segundos e depois os abriu de novo. Passei a não ter muita certeza de que ele estava me ouvindo. Mas então eu vi o que o impedia de falar comigo: a máscara. Com muito cuidado, tirei-a dali, encaixando-a em seu queixo, deixando sua boca livre.

— Clark — ele disse baixinho. Me aproximei dele para ouvir melhor. — O que é que você está fazendo aqui?

Eu sorri. Will era ele mesmo até deitado sobre um leito de Hospital.

— Precisava ver você. Estava com saudades.

Ele deu um sorriso fechado. Sua face nunca me parecera tão cansada desde a última vez em que estivemos aqui — pelo mesmo motivo —, no ano passado.

— E... O nosso bebe?

Percebi que ele levou os olhos até a minha barriga, depois me encarou.

— Nasceu — tentei sorrir, mandando embora a angustia que sentia por vê-lo assim. — É uma menininha. Uma linda menininha.

O vi fechando os olhos. Fiquei aguardando sua reação, mas nada se movia em seu rosto além dos olhos. Esperei por alguns minutos, o silêncio nos rodando. Quando Will abriu os olhos outra vez, estavam tão cheios de água que duas lágrimas caíram dali. Apertei meus dedos em sua mão, sentindo meu coração se partir em centenas de pedaços. Tirei a mão de seu cabelo e sequei suas bochechas.

— Isobel — murmuro ele, abrindo um sorriso, mostrando os dentes.

— Ela tem cabelos escuros e olhos castanhos, parecidos com os meus — contei. — A boca e as sobrancelhas lembram muito você. É tão pequena, mas sei que vai ser desafiadora quanto você.

Ele riu nasalmente.

— Então vai ser uma menina de sucesso e todas irão gostar dela.

Revirei os olhos para ele.

— Se ela tiver sorte, vai ser igual a mim. Encantadora e cativante. As pessoas vão dizer "nossa, que garota legal" assim que colocarem os olhos nela.

— Sorte foi o que você teve, Clark. — ele disse, ainda baixinho. — Achou um louco como eu que quis você. O único.

Não pude deixar de rir. Gostava da forma como ele se referia a mim com meu sobrenome de solteira. Gostava ainda mais quando percebia que ele ainda era a pessoa pela qual eu me apaixonei até nos momentos difíceis.

— Desculpe por não...estar lá com você.

— Ei, shiu — sussurrei. — Nunca mais se desculpe por isso.

— Sou um...fraco.

— Fique quieto, Will.

Fizemos silêncio por pouco tempo, mas não consegui continuar calada.

— Precisa de alguma coisa?

Ele fez que não com a cabeça.

— Está com dor?

Embora ele tenha demorado um pouco para responder, disse que não. Sabia que estava mentindo.

— Quer continuar descansando?

— Quero ver... Nossa Izzie.

Não soube o que responder. Não queria dizer a ele que não podia ver a própria filha. Queria trazê-la até ali ou leva-lo até o berçário, mas sabia que não podia.

— Se parar com essa frescura e ficar bom logo, vai poder vê-la.

Ele sorriu rapidamente, revirando os olhos. Respirei fundo ao sentir uma pontada abaixo da minha barriga.

— Como você está... Se sentindo? — perguntou-me, como se tivesse lendo meus pensamentos ou sentindo minhas dores.

— Estou bem. — menti.

Ficamos em silêncio por alguns segundos, mas eu, como sempre, não consegui ficar quieta.

— Acho melhor colocar a máscara de volta — falei, percebendo que seu peito inflava mais fortemente do que antes. — Vou continuar aqui. Apenas fica me ouvindo.

— Isso é algum tipo de tortura, Clark? — sua voz era baixo e estava claro que ele tinha dificuldades em respirar. — Você quer ficar tagarelando e quer que... Eu fique... Te ouvindo...

— Você ama a minha voz — protestei, fazendo movimentos rápidos com as mãos para recolocar a máscara respiratória no seu devido lugar após escutar dois bips estranhos no aparelho ao nosso lado. — Tem certeza que está tudo bem?

Will ergueu apenas uma sobrancelha e fez que sim com a cabeça. Sabia que estava com vontade de dizer "fique quieta, Clark".

Fiquei parada ali, de pé, olhando seu rosto visivelmente cansado. Queria, mais uma vez, acreditar que tudo ficaria bem novamente, mas tinha medo de me convencer disso e ter o mundo caindo novamente. Então tudo o que fiz foi entrelaçar os meus dedos nos dele — que estavam mais gélidos do que o normal. Suas pálpebras abriam e fechavam lentamente, como se estivesse prestes a dormir e parte de mim me sentia aliviada por ele pegar no sono e relaxar e outra parte — talvez mais egoísta — queria que ele continuasse acordado, pronto para ouvir eu falar qualquer coisa aleatória que nos fizesse tirar a atenção do nossos desastroso presente.

A porta abriu-se atrás de mim e eu torci mentalmente para que não fosse meus pais ou Treena. O sujeito fechou a porta e, ao começar a caminhar, percebi que estava sendo acompanhado. Não virei o rosto quando se aproximaram, apenas vi, pelo canto dos olhos, duas pessoas vestindo jaleco branco.

— Acho que esses dois vão nos dar trabalho — disse uma voz familiar. Era a Dra. Montgomery.

— Mais do que o Will está me dando durante esses anos todos? — disse alguém ao fundo. Percebi que havia mais uma pessoa na sala. E a voz era mais do que comum para mim; era o médico que tratava de Will desde 2007, quando ele sofreu o acidente.

Fiquei com vontade de ir cumprimenta-lo, mas não queria largar a mão de Will.

— Ok, Srta. Traynor — a minha médica disse, aparentemente se aproximando de mim. Vi Will sorrir de canto com a forma que ela me chamou. — Hora de sentar-se aí e voltar para seu quarto.

Queria dizer que gostaria de continuar ali, mas sentia que as dores começavam a intensificar. Apesar de desejar continuar com meu marido, lá no fundo sabia que precisava de alguns analgésicos.

— Eu volto pela manhã — murmurei para Will, aproximando minha boca de seu ouvido. — Fique bem logo, meu amor.

Notei que ele levantou as sobrancelhas, surpreso.

— Ei, não pense que eu te amo mais só porque te chamei desse jeito.

Seus olhos se franziram, mostrando que estava sorrindo. Sem me importar com o bando de médicos que estavam em nossa volta, voltei a tirar a máscara.

Meu amor — ele me imitou, fazendo uma vozinha fina para só eu ouvir. — Está achando que vou morrer, Clark?

— Claro que não. — revirei os olhos. — Às vezes você é patético.

— Eu sei.

Sorrimos juntos e paramos de sorrir no mesmo momento. Essa era a hora que eu me despediria dele e só voltaria algumas horas depois, torcendo para ele ainda estar consciente e respirando. A trajetória era sempre essa: eu o cumprimentava, perguntava milhares de coisas, falávamos sobre qualquer outro assunto que não nos lembrasse de onde estávamos e depois nos despedimos, sem saber se nos falaríamos outra vez. Era um pesadelo, para ser bem honesta. E embora já tenhamos feito isso por vezes suficiente para se acostumar, era óbvio que nenhum de nós dois se acomodou com a situação ainda.

Quando senti meus olhos queimando, pisquei algumas vezes e entreguei-lhe um beijo na bochecha, decidida que tinha que sair do quarto antes de começar a chorar. Ele fechou os olhos com o toque dos meus lábios em sua pele, depois sorriu com os olhos fechados, mostrando uma covinha pequena no lado do rosto. Larguei sua mão e sentei-me na cadeira. Suspirei baixo com o alívio que sentia em me sentar. Tive a sensação de estar de pé por horas seguidas e não apenas por alguns minutos.

A Dra. Montgomery se colocou atrás da cadeira de rodas e me colocou de frente para a porta. Assim que ela o fez, vi o médico de rosto mais do que familiar e outro que eu nunca vira antes. Minha cadeira começou a se mover e percebi que o médico desconhecido nos seguiu. Quando faltava pouco para chegar até a porta, escutei a voz de Will:

— Clark. — a ruiva me girou até ficar de frente para ele. — Gostei da cadeira de rodas. Acho que posso finalmente dizer...

— Dizer o que?

— Dizer que eu nunca poderia ter encontrado alguém tão parecido comigo para se casar. Obrigado, Clark.

Eu ri e Will também. Os médicos se entreolharam e depois riram também, notavelmente desconfortáveis com a piadinha de um tetraplégico pneumônico. O único que parecia a vontade era o médico que nos acompanhava por anos, provavelmente acostumado com a diferente ideia de humor de Will.

Saímos do quarto e alguém fechou a porta do mesmo. Minha cadeira foi arrastada até o final onde Nathan estava sentado com um copo de café nas mãos. Seus olhos estavam vermelhos de sono.

— O.k — falei, olhando para o médico moreno que eu já deduzira que era quem estava tratando da saúde atual do meu marido. — Pode me falar exatamente tudo o que está acontecendo.

Ele respirou fundo, tomando tempo enquanto lia, com olhos atentos e rápidos, a ficha de Will.

— Bom, Srta. Traynor — começou. — Vi que seu marido tem um histórico extenso de pneumonia e outras complicações. Considerando tudo o que já aconteceu com ele, a saúde é boa. Está muito melhor do que quando chegou, não é mesmo? — ele olhou para Nathan, que confirmou com a cabeça. — Só precisamos de mais algum tempo para ele melhorar definitivamente.

— Quanto tempo?

— Mais ou menos duas semanas, se nada acontecer.

Engoli em seco. Sabia que não seriam duas semanas.

— Você não disse que ele está melhorando consideravelmente?

O médico assentiu.

— Então por que tanto tempo?

— Porque isso é uma pneumonia, não uma gripe comum.

Uau. Isso foi um belo tapa na minha cara — que eu merecia. Precisava mesmo que alguém me puxasse para a realidade e me fizesse perceber que Will não é um simples cara de quarenta anos que tem goza de saúde. Ele é sim um cara de quarenta anos, mas também é um tetraplégico que precisa de cuidados vinte e quatro horas e tem muito mais chance de adoecer do que um cara da mesma idade e que consegue andar. É triste, mas é a realidade. E eu precisava me recordar disso sempre que possível.

— Tudo bem — falei com a voz embargada. — Acho que já podemos voltar para meu quarto, Dra. Montgomery. Estou com dor.

Na verdade, eu aguentaria ali mais algum tempo para discutir a situação de Will, mas não queria. Era demais ter de ouvir que meu marido está mal e eu não posso fazer nada — mais uma vez. Além do mais, era doloroso ter de me lembrar de que ele sofria tanto por uma maldita lesão na coluna.

Fizemos o mesmo caminho de antes, todo o tempo em silêncio. Queria voltar para meu quarto, amamentar minha filha e ficar com ela em meus braços até pegar no sono. Era tudo o que eu precisava.

Mas quando chegamos em meu quarto, ela não estava mais lá. A luz do teto estava apagada e tudo o que iluminava o lugar era o abajur ao lado da cama. Minha mãe estava cochilando na poltrona, com o rosto apoiado na mão, que tinha o cotovelo sobre a poltrona.

— Acho que Isobel quis dormir também — a ruiva cochichou, adentrando o quarto.

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