Capítulo 5

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SÁBADO, 01:03am

Pneumonia. Esse era o motivo que não deixou Will ficar comigo durante o parto e também era esse o mesmo motivo que o impedia de conhecer a própria filha. Era a quarta vez durante esses cinco anos que isso acontecia. Ele é muito mais propenso a ficar doente do que qualquer outra pessoa que eu conheço, devido as suas limitações e imunidade baixa. E essa é só mais uma das milhares de coisas que eu acho completamente injustas que aconteçam com ele.

Depois de ter surtado completamente com todos que estavam no quarto e ter chamado a atenção de vários enfermeiros que estavam nos corredores, finalmente consegui convencer a Dra. Montgomery, que realizou o meu parto, a me deixar ir até o quarto de Will. De acordo com Nathan — que falou comigo por telefone para me explicar absolutamente tudo detalhadamente —, foi Will quem pediu para ser internado ali, antes de ficar inconsciente pelos remédios. Esse Hospital foi onde eu fiz o pré-natal durante a minha gestação e ele sabia que eu estaria aqui mais cedo ou mais tarde, pois a minha médica me dera no mínimo 3 dias para ganhar o bebe. E isso também significava que Will sabia que ficaria aqui por mais tempo do que isso.

Eu estava sendo empurrada em cima de uma cadeira de rodas — embora contra a minha vontade, pois eu disse que podia perfeitamente ir andando. Contudo, eu só podia sair daquele quarto com essa condição. Deixei que levassem Izzie de volta para o berçário e não quis que meus pais e nem minha irmã me acompanhassem. Eles me disseram que apenas guardaram segredo para não me deixar preocupada, mas me contariam assim que chegasse em casa. Eu não quis ouvir mais explicações. Estava sendo enganada esse tempo todo por pessoas em quem eu confiava. Sei que eles não queriam que eu ficasse mal, mas Will era, acima de tudo, o meu marido. E assim como eu achava que precisava dele quando sentia as contrações, também sei que ele precisa de mim.

O enfermeiro moreno e alto que empurrava a minha cadeira de rodas virou à esquerda e entrou no elevador. Ficamos por alguns minutos lá dentro, sozinhos, enquanto eu encarava as portas metálicas em silêncio. Na verdade, eu estava apenas tentando me manter controlada para não mostrar emoção na frente de Will. Nathan sempre disse que isso não o deixava muito confiante. Eu até queria chegar lá sorrindo, agindo como se tudo tivesse bem, mas sabia que não estava. Acabara de receber a notícia de que meu marido teve que tomar remédios fortes e estava dopado. Não conseguia simplesmente fingir que nada estava acontecendo.

Impaciente, comecei a contar os andares. Um. Dois. Três. Quatro. Cinco. Seis. Sete. Isso foi o bastante para as portas se abrirem para um corredor cheio de pessoas apressadas e macas sendo empurradas em corridas rápidas e cuidadosas.

— Quarto 212 — murmurei para o enfermeiro.

E em silêncio, ele virou à direta. Passamos por quatro portas fechadas e depois viramos novamente à direita, para um novo corredor sem saída. De um lado as paredes eram tomadas por portas fechadas e entreabertas, do outro, as cadeiras encostavam-se nelas. Enxerguei Nathan sentado ao fim do corredor, com as mãos cruzadas sobre as pernas. Estava com o rosto cansado e os olhos pequenos, indicando sono. Quando nos aproximamos dele, o enfermeiro parou e deu alguns passos para trás.

— Como isso aconteceu? — perguntei.

Nathan ficou de pé em minha frente.

— O dia da consulta de Will não era ontem. Faltavam mais uma semana, mas à pedido dele, viemos ao Hospital. Ele me contou que no dia do jantar na casa de vocês ele não estava sentindo dores nos pés, mas sim no peito, e por isso precisava ir se deitar. Não quis contar à você que estava se sentindo mal para não preocupa-la. Então viemos para uma consulta, o Hospital com a escolha dele, e vimos que era pneumonia. Já suspeitava desde que ele me telefonou.

Como Eu Era Antes De Você - Cinco anos mais tardeDonde viven las historias. Descúbrelo ahora