Como reconquistar um amor per...

De ClaraAlves

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LIVRO COMPLETO NA AMAZON! Link: https://amzn.to/3fi1Sji Tessália Sampaio sonhava em encontrar um grande amor... Mais

PRÓLOGO | Tessália
Passo 1
UM | Tessália
DOIS | Tessália
TRÊS | Tessália
QUATRO | Tessália
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CINCO | Lucas

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De ClaraAlves

Ainda estava gargalhando com o melhor fora que meu amigo já levara na vida quando esbarrei em alguém. Eu não podia já estar tão bêbado a ponto de começar a tropeçar nas pessoas sem perceber — cheguei não faz nem cinco minutos e já tive minha cerveja inteira roubada pela vacilona da Jaque. Ainda assim eu me preparei para pedir desculpas quando ergui o olhar e reconheci a garota à minha frente.

— Tessália? — perguntei, surpreso. Não tinha dúvidas de que era ela. O rosto daquela garota era marcante demais para ser confundido, mesmo sob a meia luz da boate. Minha surpresa era vê-la aqui, numa balada alternativa, coisa que não fazia nem um pouco seu estilo. Para falar a verdade, fazia tempo que não a via em qualquer lugar que não fosse enfurnada em casa com meu melhor amigo, e agora ex-namorado.

— Lucas! Oi! — Ela parecia feliz em me ver. Então seus olhos desviaram até meus pés e seu rosto se contorceu em uma careta. — Meu Deus, desculpa! Te molhei todo!

Acompanhei seu olhar e vi meus coturnos encharcados de bebida.

— Ah, relaxa! Já me acostumei com isso aqui. — Abri um sorriso para tranquilizá-la.

Ela estava meio tímida, mas há muito tempo que Tessália não era mais aquela garota divertida e espontânea do começo do namoro. Fisicamente, no entanto, ela mudara pouco; continuava tão gata quanto antes. Os cabelos estavam um pouco mais enrolados do que costumavam ser desde que ela começou a alisar e ela também dera uma boa encorpada ao longo desses quatro anos.

Seus olhos castanhos pareciam cheios de expectativa ao encarar os meus. Só então percebi que ela estava sozinha.

— Tá com seus amigos? — Ela fez uma careta e eu levantei uma sobrancelha.

— Quem dera. Levei um bolo — confessou, parecendo chateada. Precisei me aproximar para ouvi-la direito por cima da música alta. O já conhecido cheiro amadeirado do seu perfume me atingiu em cheio. — Entrei cedo pra não pagar caro e só depois a Flávia me mandou mensagem dizendo que não vinha.

Eu ri enquanto voltava a encará-la e encontrei um sorriso sem graça estampando seu rosto.

— Bem que estranhei você por aqui. Esse lugar é mais a cara de sua amiga, mesmo.

Ela apenas acenou a cabeça em concordância. Parecia esperar alguma coisa de mim. Demorei a entender que talvez seu olhar cheio de expectativa fosse porque ela queria que eu me oferecesse como sua nova companhia. Mas aquela era uma péssima ideia por dois motivos: o primeiro, era que eu estava com a Jaque — eu sabia que ela não suportava minha amiga —, outro, é claro, por causa de Cauã. Eu não tinha certeza em que pé os dois estavam, mas não achava que ele fosse ficar feliz por saber que passei a noite com sua ex.

Mas o olhar dela estava tão desolado que eu me sentiria um imbecil se virasse as costas para ela.

Ah, que se dane!

O que o Cauã não sabia não ia matá-lo.

— Vai ficar ou vai embora? — perguntei, antes que tivesse tempo de me arrepender. — Tô aqui com uns amigos, se quiser se juntar com a gente...

O alívio que vi em seu rosto foi tão grande que me fez sorrir sem graça. Ela devia estar prestes a sair correndo da festa antes de esbarrar comigo, se estava tão desesperada assim por ficar sozinha. Não devia estar sendo fácil para ela superar o término com Cauã, ainda mais depois das recaídas que tiveram, segundo ele me contou. E mais ainda com todas as fotos que ele fazia questão de postar com a nova garota; Cauã sabia ser escroto quando queria. E é claro que eu tinha que ser o otário que sempre remendava as cagadas dele.

— Ai, seria ótimo! Já tô aqui mesmo. — Ela deu de ombros, como se não fosse nada demais, mesmo que as pontas de seu lábio tremessem, demonstrando seu nervosismo. — Eu só queria me divertir um pouco essa noite.

— Seu desejo é uma ordem! — Sorri para ela enquanto a pegava pela cintura, indicando o caminho até a galera. — Vou te apresentar pro pessoal.

Pude senti-la sorrir atrás de mim. Só queria ver quanto tempo essa alegria ia durar depois que visse Jaque no grupo. Mas eu tinha feito minha boa ação do dia. Se ela tinha algum problema com isso, eu não podia fazer merda nenhuma.

— Pesquei uma sereia no caminho — falei mesmo assim quando paramos, tentando amenizar o clima. — Gente, essa é a Tessália, uma amiga minha.

Jaque me encarou com uma sobrancelha erguida antes de olhar para Tessália. Ela não tinha nada contra a atual ex de Cauã, pelo contrário. Se ele não tivesse a incrível capacidade de distorcer a história deles tão bem, colocando-a sempre como vilã, tinha certeza de que ela teria tentado livrar Tessa da enrascada de continuar o namoro. Mas nós dois sabíamos bem a imagem que Cauã pintava de Jaque para todos de fora. É claro que ela estranharia a presença da garota ali, bem no meio do grupo de sua suposta inimiga.

Apesar disso, Jaque fez questão de ser simpática e agir com naturalidade. Depois que eu apresentei nossos outros amigos, Caio, Paulo e Joana, ela se adiantou para cumprimentar Tessália.

— Oi! Eu sou...

— Jaqueline, eu sei — cortou de maneira rude.

Minha amiga abriu um sorriso sem graça e voltou para o seu lugar. Jaque me fuzilou com o olhar enquanto nossos amigos se entreolhavam, sem entender. Mas eu já estava cagando. Elas que resolvessem sozinhas, eu só queria curtir minha noite.

Tessália respirou fundo, como se tentasse decidir o que fazer agora. Tinha certeza de que a opção de ir embora estava ganhando, mas então ela relaxou e olhou para mim.

— Acho que vou pegar mais uma bebida. Já volto.

Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ela começou a caminhar em direção ao bar. Encarei Jaque, dando de ombros.

— Vai atrás dela, seu idiota — ordenou, me repreendendo.

— Quê? — perguntei, achando que devia ter ouvido errado por causa do barulho.

— O que você esperava? Ela acabou de terminar com o Cauã e você traz ela pra um grupo com a ex dele? — ralhou, antes de me empurrar na direção que Tessa seguira. — Vá logo!

Ah, porra, era só o que me faltava, ter que ficar me desculpando com a garota só porque o Cauã tinha feito uma lavagem cerebral nela! Mas eu tinha sido o imbecil que a trouxera para o grupo, então não podia reclamar.

Consegui alcançar Tessália ainda no caminho, lutando contra o amontoado de corpos dançantes ao nosso redor.

— Foi mal, Tessa — pedi, logo depois de segurar seu braço para que ela notasse minha presença. — Eu devia ter avisado que tava com a Jaque aqui. Sei que você não vai muito com a cara dela.

— Nem ela com a minha, né? — ela me interrompeu, na defensiva.

Franzi o cenho, porque não consegui entender como ela podia ter essa imagem tão ruim de uma das melhores pessoas que conhecia. Jaque podia ser um pé no saco de vez em quando, mas era uma boa amiga. Era uma merda que Cauã distorcesse a história toda para sair de bom moço.

— Ah, para! Jaque é gente boa pra caralho. Ela não tem motivos pra te tratar mal — retruquei, meio irritado, e passei a mão pelos cabelos.

— Aham, tá bom — debochou, cruzando os braços como se me desafiasse a convencê-la do contrário.

Respirei fundo. Eu não era nem louco de entrar numa discussão com ela. Principalmente ali. Por isso, logo me apressei em abraçá-la pelo ombro e a guiei até o bar. O melhor jeito de acabar de vez com aquele papo era bebendo.

— Olha só, a gente veio aqui pra curtir, né? — perguntei antes de alcançarmos a ponta oposta da boate. Eu a soltei em seguida e apoiei minhas mãos no balcão do bar. — Não vamos ficar nessa discussão ridícula quando a gente pode só se divertir e ligar o foda-se. Beleza?

Tessa murmurou em concordância e eu me dei a liberdade de pedir dois shots de tequila. Quando as bebidas chegaram, colocamos um pouco de sal entre o polegar e o indicador e seguramos o limão. Abri um sorriso lateral, que foi retribuído quando aproximei meu copo do dela. Brindamos e viramos os shots ao mesmo tempo.

Depois disso, por incrível que pareça, Tessália se transformou novamente naquela garota sorridente e espontânea da noite da choppada em que nos conhecemos. Naquele dia, ela me chamou a atenção justamente por causa da autenticidade que mostrou ter. Mas assim que Cauã retribuiu o interesse dela, apesar de estar saindo com outra garota na época, ela só passou a ter olhos para ele. É claro que, depois que eles começaram a sair, eu não voltei a pensar em Tessália daquela forma, mas isso não me impedia de ficar feliz por vê-la se divertindo e se permitindo ser a pessoa que ela tanto reprimiu ao longo do relacionamento com Cauã.

Nós dançamos e rimos para caralho por toda a noite. Ela pareceu até esquecer sua inimizade com Jaque. Eu já tinha bebido muito mais do que meu corpo — e meu bolso — permitia, mas não conseguia parar de me deixar levar pela empolgação dela.

Naquele momento, Tessa estava a caminho do bar pela milésima vez para comprar mais uma rodada. Meus amigos já haviam se dispersado pela festa várias vezes "à caça" e estávamos apenas Caio e eu, esperando a volta de Tessália.

Passaram-se alguns minutos de espera antes que eu percebesse uma movimentação estranha a poucos metros de onde estava. Ouvi a barulheira de várias mulheres falando alto e com irritação. Reconheci a cabeleira loira cheia de cachos liderando o movimento e corri para descobrir o que Jaque estava aprontando. Mas quando me aproximei da cena percebi que o quadro era bem maior do que eu tinha imaginado: Tessália estava atrás dela com os olhos assustados cheios d'água enquanto Jaque peitava um cara brutamontes junto a várias outras mulheres. Percebendo que não ia conseguir nada ali, ele foi embora puto da vida antes que eu pudesse me meter.

Assim que foi embora, Tessália se contorceu e vomitou no chão. As pessoas próximas deram um pulo para trás e eu corri até ela, preocupado. Segurei seu cabelo enquanto ela continuava a botar para fora todo o álcool que consumimos naquela noite. Forcei-me a pensar com sobriedade e levantei o olhar para Jaque, que também se aproximou ao ver Tessália passando mal.

— Leva ela lá pra fora — sugeriu Jaque. — Eu vou comprar uma água e encontro vocês.

Ela nem aguardou resposta antes de seguir em direção ao bar.

Voltei meu olhar para Tessa, esperando uma brecha para tirá-la de lá. Quando o vômito cessou e ela se endireitou, o rosto vermelho de vergonha, eu a abracei pelos ombros e a guiei até a saída.

Do lado de fora, um segurança cedeu seu banco para que ela sentasse. Tessa aceitou sem dizer uma palavra. Ela respirou fundo e fechou os olhos enquanto esperávamos pela volta de Jaque, que apareceu uns cinco minutos depois. Enquanto ajudava Tessália a beber, eu me ocupei em pedir um carro para levá-la embora.

— Que merda foi essa que aconteceu lá dentro? — perguntei a Jaque quando já estávamos a caminho e Tessa cochilava no meu ombro.

— Um filho da puta tava assediando ela. Mas ela tava tão bêbada que eu tive que me meter. — Ela fechou os olhos para controlar sua própria irritação. — Ai, que ódio que eu fico só de lembrar! Puta que pariu.

Jaque cerrou o punho e bufou, lutando contra a vontade de socar alguma coisa. Achei melhor ficar calado para não sobrar para mim — conhecendo-a como eu conhecia, isso não era muito improvável. Mas passei meu braço por trás do seu ombro e a puxei para perto enquanto ela inspirava fundo. Apesar da situação de merda que tinha acontecido, eu me senti orgulhoso por vê-la defender uma garota que nem ia com a sua cara — mas não esperava nada diferente. Não era à toa que éramos amigos. A personalidade de Jaque era uma das coisas que mais admirava nela.

Acordei Tessália quando vi pelo GPS do motorista que estávamos chegando. Assim que o carro estacionou, nós três saímos. Lá em cima, ela só começou a melhorar quando tomou o terceiro copo d'água. Sua irmã tinha acordado com o barulho da nossa chegada e estava sentada ao lado dela, esperando que terminasse de beber.

As duas nos agradeceram várias vezes, até Jaque e eu decidirmos que era hora de ir.

— Por que vocês não encostam aqui até amanhã de manhã? É o mínimo que posso fazer pra agradecer toda a ajuda de vocês.

— Não tem nada que agradecer e não precisa se preocupar com a gente. Não queremos atrapalhar — afirmou Jaque.

— Não vão atrapalhar nada — discordou a irmã mais nova, fazendo coro à Tessália. — Eu insisto também. Tá tarde já, tá perigoso por aí. A casa é pequena, mas tem espaço! — Ela se levantou rapidamente. — Vou arrumar uma cama pra vocês!

Sem esperar resposta, ela voltou correndo para o interior da casa. Desviei meu olhar para Jaque, meio sem saber o que fazer, e ela deu de ombros. Sabia o que ela queria dizer: estava mesmo tarde e estávamos mortos de cansaço. Dar uma encostada não seria má ideia.

Olhamos de volta para Tessália quando ela se levantou e sorriu para nós.

— Vocês são voto vencido. A opinião das donas da casa vale por todos. — Ela soltou uma risadinha sem graça, mas estava mais sóbria do que antes. — Vou lá ajudar a Prica. O banheiro é ali, se quiserem usar. — Ela apontou para a porta bem em frente à da sala, no início do corredor, antes de seguir atrás da irmã.

Em pouco tempo, estávamos prontos para dormir na cama improvisada que as irmãs arrumaram no quarto de Tessália. Ela e Jaque apagaram em menos de cinco minutos. Eu ainda fiquei um tempo acordado, encarando o porta-retratos na escrivaninha de Tessália. Era uma selfie dela com Cauã.

Eu ainda tive forças para rir, sem acreditar que, três meses depois de terminarem, ela ainda mantinha aquela foto por perto. Não era possível que Tessália ainda tivesse esperanças. Eu custava a acreditar que ela ainda sequer quisesse voltar com ele.

Mas foda-se.

Eu não tinha nada a ver com isso.

Com uma última olhadela para ela, virei para o lado e fechei os olhos.

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