Pedaços de Você (DEGUSTAÇÃO)

By LisaCosta2

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Quando a comemoração de fim de ano de uma empresa se transforma em uma tragédia, duas pessoas completamente d... More

Prólogo
Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 3
Capítulo 4
NOVIDADE!!!!

Capítulo 5

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By LisaCosta2


Já se passou um mês desde que Rodolfo disse aquelas coisas absurdas. Úrsula acha que isso foi apenas um pretexto para se livrar de mim e de qualquer coisa que eu pudesse falar sobre nossa transa na ilha, mas ele no fundo sabia que eu jamais falaria algo assim para qualquer pessoa que fosse eu nunca faria isso. Ele não me conhecia, mas me julgava da maneira que era melhor para ele. Eu me decepcionei muito com isso, porém eu era forte e conseguiria superar essa decepção.

Felipe está sendo muito cuidadoso comigo esses dias, ele sempre fala que tem certeza que algo está acontecendo comigo, mas eu não contaria a ele o verdadeiro motivo, eu apenas digo que não estou me sentindo muito bem, o que na realidade é verdade, tenho me sentindo muito estranha nos últimos dias.

— Amiga, sua cara hoje está bem pior que ontem – disse minha melhor amiga na hora em que paramos para almoçar. Ás vezes a sinceridade de Úrsula assusta – você está pálida.

— Não me sinto muito bem, ando um pouco indisposta – levo minha mão a boca, sentindo a mesma se encher de água. Isso estava acontecendo constantemente, e eu não fazia idéia do motivo. Ou apenas queria me enganar em relação a isso.

— O que foi? – a expressão de Úrsula é de alerta

— Acho que vou pegar uma gripe daquelas. Estou sentindo meu corpo todo mole, e um mal estar constante – explico enquanto coloco toda a comida que eu deveria ter comido no lixo.

— Lissa, posso falar uma coisa que está perturbando a minha cabeça?

— Claro que sim – olho pra ela enquanto tomo um copo com água.

— Se eu fosse você, faria um teste de gravidez – quase me engasgo com a água que eu bebia. Úrsula só podia estar de brincadeira.

— Você está doida?

— Não querida – ela coloca a mão no meu ombro e continua – eu conheço você, e você nunca ficou desse jeito. Você e ele não se preveniram você transaram por dias sem proteção alguma, e você não tomava remédio. Resumindo, você pode muito bem estar grávida de Rodolfo Albuquerque.

— Se isso acontecer eu vou morrer – sinto meus olhos se encherem de lágrimas. Eu não queria acreditar em uma coisa dessa – eu me mato!

— Morre nada – ela sorri para mim e me lança seu melhor olhar – e também com certeza não vai se matar.

— Como não? – sento-me novamente e minha amiga fica de pé ao meu lado – como posso criar um filho sem pai?

— Mas seu filho terá pai.

— Eu nem sei se tem filho Úrsula – suspiro completamente derrotada – e se tiver eu estou perdida!

— Acho que você deveria fazer um teste.

— Vou fazer – o medo estava impregnado em mim. Eu não poderia estar grávida meu Deus, não do Rodolfo.

***

— Alô – atende minha amiga ao terceiro toque do telefone.

— Úrsula, sou eu – minha voz sai mais trêmula do que imaginei que ela estaria.

— Lissa o que aconteceu? – pergunta Úrsula toda preocupada.

— Estou saindo do laboratório – respirei fundo e continuei – estou com o resultado do exame nas mãos.

— Abra – ela disse com uma empolgação maior que o necessário.

— Não consigo – comecei a chorar no meio da rua – não tenho coragem.

— Você está aonde?

— Chegando ao escritório – sinto um misto de alivio e desespero quando eu vejo a fachada do prédio.

— Eu já cheguei. Te espero em sua sala – ela dá uma pausa e continua com a voz mais doce que ela poderia ter – estarei ao seu lado amiga.

Desliguei o telefone e entrei no prédio. Fiquei alguns minutos esperando o elevador que estava parado na garagem do prédio por algum tempo. Provavelmente alguém estava segurando-o para esperar outra pessoa que ainda estacionava. Eu odiava quando isso acontecia. A gentileza nessas ocasiões atrasava o resto do pessoal que precisava do elevador.

O elevador chegou e Rodolfo está dentro dele. Não trocamos nenhuma palavra, nem ao menos um olhar ele lança pra mim. Aquilo me fez diminuída, pequena, ainda mais se as suspeitas de Úrsula estivesse certa. Como eu poderia chegar para um homem que nem fala comigo e dizer que eu estava grávida dele? Ele com toda certeza me xingaria e mandaria tirar a criança, ou que eu a criasse sozinha, ou que não era o pai. Eu sabia que isso aconteceria, e estava apavorada com que estaria me esperando dentro daquele envelope.

Medo. Essa era a única coisa que eu sentia naquele momento.

Da mesma forma que ele estava desde que entrei no elevador, ele saiu sem dizer nem ao menos um tchau.

Segui para minha sala com os olhos cheios de lágrimas, e encontrei minha amiga me esperando no corredor.

— O que foi? – ela me segue para dentro de minha sala assim que abro a porta.

— Rodolfo.

— O que ele fez desta vez? – perguntou ela irritada.

— Foi o que ele não fez – digo jogando-me em minha cadeira e segurando minha cabeça com as mãos.

— O que ele não fez então?

— Me ignorou – olhei para cima tentando voltar com as minhas lágrimas para dentro dos olhos.

— Esquece esse homem Lissa – estendi o envelope que acabara de tirar de dentro da minha bolsa e entreguei para ela. Minhas mãos estavam tremulas, e um aperto estava alojado em meio aos meus pulmões.

— Agora vamos ver se tem como eu esquecer – vi minha amiga abrir o envelope, e colocar a mão na boca.

— Ai meu Deus! – ela não precisava falar mais nada. Meu mundo estava desmoronando em volta de mim. O que eu faria com um filho agora? Como seria minha vida de agora em diante?

***

As coisas que passaram em minha cabeça variavam em morrer e em tirar o bebe. Eu não sabia como lidar com aquela situação, eu não sabia como contar isso aos meus pais, eu não sabia com contar isso ao senhor Góes, e pior de tudo, eu não sabia como dizer a Rodolfo que eu estava grávida de um filho dele, não depois das acusações que ele fez a mim. Com toda certeza ele pensaria que esse filho não era dele, e me acusaria de coisas horríveis.

— Amiga, daremos um jeito nessa situação – Úrsula tentava a todo o custo me consolar. Eu sabia que o apoio da minha amiga seria fundamental para que eu enfrentasse essa barra, mas isso não diminuía o pavor em mim.

— Como amiga? Só se eu morrer – falo chorando e os soluços quase me engasgam.

— Não quero ouvir você dizer uma coisa dessas nem por brincadeira – nesse momento ouço alguém batendo a porta e me aprumo na cadeira para mandar quem quer que fosse entrar.

— Entre – digo ainda fungando o nariz devido às lágrimas. Felipe entra em minha sala e me olha espantado.

— O que aconteceu Lissa? – ele chega bem perto de onde eu estou se abaixa em minha frente e me abraça. Sinto que meu emocional vai ao chão com o seu gesto. Não consigo conter as lágrimas que continuam a descer sem parar e sem o mínimo de controle.

— Vou deixar vocês dois sozinhos – nem vejo minha amiga sair, só sei que nos braços de Felipe eu me sinto segura.

— Fala pra mim o que está acontecendo – ele acaricia meu rosto, e me sinto completamente protegida naquele momento. O carinho que ele tem por mim, me faz sentir que as coisas podem dar certo de alguma maneira.

— Minha vida está destruída Felipe – eu cubro meu rosto com as mãos, mas ele as retira e encara com os olhos transbordando de carinho.

— Você sabe que pode contar comigo para o que der e viver não sabe? – ele segura meu rosto com as duas mãos e sinto a necessidade em contar para ele o que estava acontecendo.

— Eu estou grávida – soltei de uma vez, e vi sua cor fugir de seu rosto. Ele se levanta e começa a andar de um lado para o outro.

— Caramba Lissa – ele passa as mãos nos cabelos e me olha decepcionado – como isso aconteceu?

— Aconteceu porque eu sou uma burra – comecei a chorar novamente e ele veio me consolar como antes.

— Não chora – ele acalentava meu choro enquanto acariciava meus cabelos – me diz quem é o pai.

— Não posso – eu não contaria a ele que o pai do meu filho era o Rodolfo, ninguém poderia saber, pois era isso que ele queria e eu não estava a fim de brigar para que ele assumisse a paternidade dessa criança. Meu filho não teria pai.

— Não existe isso de não posso – ele estava começando a ficar nervoso – quem é o pai dessa criança Lissa?

— Alguém que eu preciso esquecer. Alguém que não merece saber. Alguém que foi o meu pior erro – ele me olha como se uma revelação surgisse em sua cabeça.

— O pai do seu filho é o Rodolfo? – olhei para ele com os olhos arregalados – eu sabia! Vou falar com ele agora mesmo

— Não! – quase pulei em cima dele – eu não quero que ele saiba. Por favor, Felipe, prometa para mim que você não dirá nada a ele.

— E porque não?

— Porque ele não merece, porque eu não o quero junto a essa criança. Eu quero apenas esquecer que um dia eu fui tola em acreditar que ele era diferente.

— Então me diga por que – ele cruzou os braços e esperou que eu começasse a falar.

Contei a Felipe tudo que havia acontecido desde o dia que o conheci até a última vez que nos falamos. O rosto de Felipe estava sem expressão, como se ele soubesse de alguma coisa que eu não sabia, mas não me importei com isso, eu apenas queria que meu amigo soubesse o porquê de não querer contar a ele que eu estava grávida.

— Por isso eu não quero que ele saiba – falei por fim – espero que você respeite a minha decisão.

— Se é isso que você quer – ele encaixa meu rosto dentro de sua mão.

— É isso que eu quero – levantei e fui em direção à janela olhando o movimento das ruas lá em baixo – eu não vou ter esse filho Felipe, eu vou dar um jeito de interromper essa gravidez.

— Como assim não vai ter? – ele segurou meus ombros e me virou para ele – eu não admito que você cogite a idéia de tirar essa criança Lissandra.

— Como eu vou cuidar desse filho? Não tenho recursos nem pra mim – um misto de tristeza e desespero se fazia presente dentro da minha alma naquele momento – eu tenho um vida difícil meu amigo, e esse não é um momento de colocar uma criança em meio a essa bagunça toda.

— Eu assumo essa criança Lissa – eu não soube o que dizer a ele nesse momento. Eu ainda estava assimilando as palavras dele – eu digo que sou o pai do seu filho.

— Eu não posso aceitar uma coisa dessas Felipe – eu negava com a minha cabeça – o filho não é seu, eu não vou deixar que você assuma uma coisa dessas para consertar um erro meu.

— Lissa, você sabe que eu amo você, e vou amar essa criança como se fosse minha – ele caminha até onde estão e segura as minhas mãos, e beija cada uma delas – me deixa ser o pai do seu filho, Rodolfo nunca precisará ficar sabendo disso.

— Eu queria tanto amar você dessa mesma forma Felipe – passo a mão em seus cabelos, e vejo um sorriso brotar em seus lábios – meu coração é tão ingrato comigo.

— Tenho certeza que um dia você irá me amar da mesma forma que você ama o Rodolfo – eu sabia que isso nunca chegaria a acontecer, mas não disse nada, eu apenas sorri com gratidão. Eu seria grata o resto da minha vida.

***

— Como é? Felipe quer assumir seu filho? – Úrsula pergunta assim que entramos no restaurante para almoçar

— Isso mesmo, ele disse que assume o filho como dele – eu não estava com fome, apenas revirava a comida de um lado para o outro.

— E o que você pretende fazer?

— Acho que antes de fazer qualquer coisa, vou tentar conversar com Rodolfo mais uma vez – ela me lança um olhar questionador – sério amiga, tenho que tentar fazer as coisas direito, e tenho que começar contando a Rodolfo a existência do nosso filho.

— Acho que você vai cometer um grande erro, mas se você acha que isso é o certo, então tem mesmo que fazer. Fala com ele, e veremos o que acontece.

— Acho que tenho que tentar pelo menos uma vez mais. Se ele não aceitar, eu digo ao Felipe que aceito a proposta dele

— Aquele sim vai te fazer feliz Lissa – ela torcia para que eu desse uma chance a Felipe, e estava concordando com ela agora, acho que Felipe sempre mostrou me amar, eu que fui burra em perder meu tempo amando a pessoa errada.

***

Volto do almoço passando muito mal. Entro no banheiro e coloco as poucas coisas que eu comi para fora, fazendo borrar toda a minha maquiagem com as lágrimas provocadas pelo vomito. Eu estava horrível!

Essa semana estava sendo a pior da minha vida!

Não sei por quanto tempo fiquei vomitando dentro do banheiro, mas sei que os olhares curiosos estavam em cima de mim. Não sei se é pelo fato de Felipe passar quase a manhã toda em minha sala, ou pelo fato da briga que eu e Rodolfo tivemos há um tempo, mas agora todo mundo fica de butuca em cima de mim, e isso estava me incomodando, imagina quando souberem que estou grávida, e ainda mais se souberem quem é o pai. Os questionamentos seriam infinitos.

Sai do banheiro depois de escovar novamente os dentes e lavar mais uma vez a minha boca. O creme dental deixava a minha boca com um gosto bom, bem diferente do gosto que eu sentia há minutos atrás. Como eu não tinha nada que vomitar, apenas a bile subia por minha garganta, trazendo o gosto amargo do fel a minha boca.

Novamente dentro da minha sala eu comecei a pensar em como abordaria Rodolfo com esse assunto, ele havia deixado claro para mim que não queria saber de nada que me envolvesse, ele queria distância, e agora eu estava aqui com uma bomba preste a ser colocada em suas mãos. Sei que ela estouraria somente em meu colo, afinal Rodolfo era homem, e para eles tudo era bem mais fácil.

Olhei no espelho que tinha em minha bolsa mais uma vez, e segui para o nono andar.

O elevador abriu e vi que a porta da sala de Rodolfo estava fechada. Aparentemente o andar estava vazio, o que me daria à chance de não ser ouvida caso as coisas com Rodolfo saíssem do controle, e ele voltasse a gritar comigo como fez da última vez.

Meus passos em direção à porta eram vacilantes e minhas mãos estavam mais suadas do que nunca, mas eu não podia perder a coragem, o motivo pelo qual eu vim até aqui é uma assunto que não pode ser adiado. Reuni toda a coragem que ainda restava dentro de mim e bati na porta, ouvindo um pode entrar vindo de lá de dentro.

— Com licença – vi que Rodolfo se assustou com a minha presença. Acho que nunca imaginou que eu pudesse estar em sua sala sem avisar, ainda mais depois que ele deixou bem claro que não queria me ver.

— O que você quer? – ele foi curto e grosso.

— Preciso conversar com você – falei seguindo para perto da mesa, mas não me sentei.

— É alguma coisa relacionada ao trabalho – neguei com a cabeça – então não me interessa saber.

— Por favor, Rodolfo eu preciso que você me escute – eu estava a ponto de começar a chorar de novo, mas eu não daria a ele esse gostinho.

— Olha Lissandra, eu realmente não quero ser grosso com você, mas eu acho que você está pedindo isso – ele levanta e fica de frente a mim. O cheiro dele era tão gostoso de sentir, e as lembranças que ele me trazia me deixavam com mais vontade ainda de chorar – eu não quero saber de nada que venha de você, nada a seu respeito me interessa, e se você acha que o que tivemos significou alguma coisa, peço que me desculpe, mas você foi apenas mais uma em minha cama, somente isso. Agora saia, por favor.

— Não acredito em você – minhas lágrimas desciam sem permissão. Eu estava sendo tola novamente por chorar na frente dele. Como ele havia mudado nesse mês, como ele estava completamente diferente do Rodolfo da praia.

— Eu fiquei noivo e vou me casar com Kiara – ele passa a mão na cabeça – não quero que você atrapalhe a minha felicidade. Vê se faz um favor a você mesma, pare de correr atrás de quem não quer nada com você, isso é deprimente.

Não espero que ele fale mais nada, eu apenas saio de sua sala sabendo que eu estava sozinha nessa, e que a melhor saída era aceitar a proposta de Felipe.

Não sei como consegui chegar ao andar onde eu trabalhava, só sei que quando eu vi já estava dentro da minha sala, dentro do meu refugio. Agradeci a Deus pelo senhor Góes não ter vindo hoje, seria difícil fazer minha cara passar despercebida por ele, e como ele me conhecia muito bem seria difícil encontrar uma desculpa para ele não questionar de fato o que estava acontecendo.

Pego meu telefone em cima da mesa, e disco o número do ramal de quem seria o meu anjo em toda essa situação. Felipe.

***

A semana passou que nem vi depois da minha vida mudar completamente nesses dias, eu não estava nem tendo a noção do tempo. Hoje Felipe viria aqui em casa para dizer aos meus pais que eu estava grávida, ele mesmo sugeriu isso, ele assumiria a paternidade e de contra proposta me pediria em casamento. Felipe era extraordinário, eu nunca poderia imaginar que alguém pudesse amar outra pessoa dessa forma. Felipe não só estava preocupado comigo, mas também com meu bebe, ele até marcou uma consulta para mim com a melhor ginecologista de são Paulo, e disse que faria questão de me acompanhar em todas as consultas.

A questão do casamento me pegou de surpresa quando ele disse que faria isso, mas depois ele explicou que assim meus pais não se decepcionaria tanto, devo dizer que aquilo me deixou apreensiva, mas logo em seguida fiquei feliz em saber que o amor dele por mim é tão forte a esse ponto.

Eu estava ansiosa, feliz com medo, com vergonha, tudo ao mesmo tempo, parecia que todos esses sentimentos se fundiam em um só. Eu sabia que meu bebe teria um pai amoroso, e que estava o aceitando de coração e não por obrigação.

— O que está te deixando tão agoniada assim minha filha? – minha mãe pergunta quando eu vou pela milésima vez olhar pela janela.

— Não é nada mãe, apenas estou olhando pela janela – sorrio para ela, mas sei que ela não engoliu o que eu disse.

Já havia passado das vinte horas quando escuto a campanhinha tocar. Eu sabia que era ele, pois eu o vi estacionando do outro lado da rua.

— Deixa que eu atendo! – quase pulo do sofá quando eu escuto o já vai da minha mãe.

— Oi – diz Felipe assim que eu abro a porta. Felipe já havia estado aqui em casa inúmeras vezes, mas hoje meu coração acelerou ao vê-lo em minha porta.

— Oi – respondo e ele beija de leve meus lábios. Eu não sei o que senti naquele momento, mas acho que foi segurança – entre.

Felipe me seguiu até a sala onde meu pai estava sentado assistindo a um filme qualquer no telecine.

— Boa noite senhor Arantes – Felipe era formal em relação ao meu pai, ele sempre disse que meu pai colocava medo nele.

— Felipe – meu pai se levanta para apertar a mão de Felipe – que bons ventos te trazem?

— Eu vim aqui conversar com o senhor e a dona Lurdes uma assunto um pouco delicado – minha mãe ao escutar que era Felipe que havia chegado veio o cumprimentar imediatamente. Meus pais gostam muito de Felipe, e acho que isso seria um ponto positivo para mim.

— Como você está meu querido? – Felipe vai de encontro a minha mãe e deposita um beijo em as face.

— Eu estou bem dona Lurdes – ela sorri para ele – melhor agora com a sua presença.

— Obrigada querido – ela agradece.

— Não por isso – ele responde

— E o que de tão importante você veio conversar conosco? – minha mãe senta-se ao lado do meu pai em um dos sofás da sala, e eu fico ao lado de Felipe no outro.

— Bom, o assunto que tenho para conversar é serio, mas eu queria que vocês me escutasse primeiro – meus pais concordaram, e Felipe segura a minha mão para começar a falar – em primeiro lugar, eu amo a filha de você com todo o meu coração.

— Ai que lindo! – minha mãe está com os olhos repletos de lágrimas

— Mas eu acho que você não veio aqui para declarar seu amor por nossa filha não é mesmo? – eu tinha a certeza que meu pai sabia do que se tratava

— Não senhor, não foi somente por isso que eu vim até aqui – ele aperta minha mão, passando toda a confiança necessária para mim – eu e Lissandra vamos ter um filho.

— Eu já sabia – disse meu pai sem demonstrar surpresa alguma. Minha mãe por sua vez estava com a mão na boca com a cara de espanto

— Como o senhor sabia? – perguntei surpresa ao meu pai.

— Eu moro com duas mulheres há muito tempo para não saber quando uma delas não fica menstruada minha filha – meu pai não estava bravo, ele até expressava uma cara de alegria para mim – eu sabia que havia alguma coisa errada com você, mas nunca imaginei que o filho seria seu Felipe.

Vejo Felipe ficar completamente vermelho, mas o sorriso no rosto do meu amigo era imenso. Eu havia acertado em minha escolha.

— Eu fui presenteado com isso senhor. Ter a sua filha comigo, sempre foi o meu maior sonho – ele beija minha mão e continua – e agora eu a tenho comigo, ela e o nosso bebe.

— Eu nem sei o que dizer – minha mãe está completamente emocionada, mas eu sei que isso é de alegria.

— Tem mais uma coisa – Felipe continua – eu quero me casar com Lissandra.

— Ai Jesus! – minha mãe parece que vai explodir de tamanha felicidade – minha filha se casar!

— Porque mulher? Nossa filha já estava passando da hora disso? – rimos com o comentário do meu pai.

Conversamos sobre muitas coisas, e Felipe parecia já ser membro da nossa família. Sei que o que estávamos fazendo não era o certo, que Rodolfo tinha o direito de saber que seria pai, mas foi ele mesmo que não me ouviu, talvez seja melhor assim, meu filho terá um pai maravilhoso.

A aceitação foi melhor do que eu esperava, e meus pais disseram não estar decepcionados comigo, afinal eu sempre cuidei deles e que já estava na hora de eu ter um filho, estava na hora de eu ter a minha própria família, e não havia ninguém melhor para começar a família do que com Felipe, ele sabia me dar valor e com toda certeza me faria feliz.

Assim que meus pais dizem que vão dormir, Felipe logo se despede dizendo que vai embora.

— Eu nem sei o que dizer Felipe – eu o abraço assim que chegamos ao portão – obrigada por tudo que você está fazendo por mim.

— Eu amo você Lissandra – ele me beija, e pela primeira vez em todo esse tempo eu me deixo ser beijada por ele.

***

— Que bom que não houve problemas com os seus pais. E ainda melhor foi você aceitar se casar com ele – Úrsula estava contente por eu ter aceitado o convite de casamento de Felipe.

— Agora só falta o senhor Góes – meu chefe seria o próximo, a saber, da gravidez – Felipe disse que faremos isso agora de manha, assim que seu pai chegar.

— Então vá se preparando, porque os dois acabaram de sair do elevador – eu e Úrsula estávamos na salinha de café no meu andar, e de onde ela estava dava para ver os elevadores – Felipe está vindo para cá.

— Oi Lissa – ele deposita um beijo em meu rosto – oi Úrsula.

— Oi – minha amiga responde – vou descendo gente, depois você me contam como foi.

— Pode deixar – responde Felipe. Úrsula também era amiga dele, e isso me agradava muito, pois assim não precisaria ter que esconder nada dela.

— Tchau – vejo minha amiga indo para o seu andar.

— Está preparada? – a hora havia chegado, e isso me assustava. O senhor Góes sempre confiou em mim, não queria decepcioná-lo dessa maneira, mas agora não tinha mais jeito.

— Vamos lá – segurei a mão de Felipe, e fomos em direção à sala de seu pai.

***

— Papai – Felipe abre a porta e entra – podemos falar com o senhor por um momento?

— Claro que sim meu filho – ele olha nossas mãos unidas e sorri – oi Lissa.

— Oi senhor Góes – nos sentamos de frente a ele em um dos sofás que decoravam sua sala. Felipe continuou com sua mão segurando firmemente a minha.

— Pai, eu e Lissa temos uma coisa para contar – o senhor Góes balança a cabeça em sinal de concordância.

— Imagino que é sobre vocês dois – ele sugere.

— Também – diz Felipe

— Também? – questiona seu pai

— Sim papai – ele me olha como se dissesse que tudo ficaria bem – eu e Lissa vamos ter um bebe.

A boca do meu chefe abre e fecha diversas vezes. Seria uma coisa engraçada de se ver, mas em outra ocasião, não nessa. O senhor Góes estava sem palavras e isso me assustou.

— Diga alguma coisa papai – Felipe também se assustou com a reação do pai, nós achávamos que ele surtaria, mas não que não falaria nada, ou melhor, que não acharia palavras para falar.

— Isso me pegou de surpresa – ele conseguiu falar por fim – nunca imaginei que você poderiam ter algum tipo de relacionamento.

— Me desculpe senhor Góes – eu estava a ponto de chorar – não foi minha intenção ficar grávida, na realidade eu nem queria ter esse filho.

— Nunca mais fale uma coisa dessa Lissandra – ele me repreendeu – jamais diga que você não queria o meu neto.

— Então o senhor aceita papai? – perguntou Felipe já com o sorriso nos lábios.

— É claro meu filho. Não existe pessoa mais indicada para ser mãe de um neto meu do que Lissandra – ele sorri para nós – fico feliz por vocês.

— Obrigada senhor Góes – eu falei com a voz tremula – estou feliz por isso.

— Eu que agradeço Lissa. Vocês estão me fazendo um homem completo agora. Meu sonho era ser avô.

— Tem mais uma coisa papai – Felipe continua falando.

— E o que seria?

— Nós vamos nos casar.

— Não esperava menos de você meu filho.

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