Depois de ficar enrolando na piscina decidi procurar o John. Eu não queria ficar no mesmo quarto que a Katy. Eu, até aquele momento, não fazia idéia do que David poderia ter dito a ela, mas talvez nem tenha falado nada demais porque os dois não se desgrudavam! Como podem ser tão desencanados a ponto de transarem numa boa, sem menos terem ficado antes!? Ou eu era muito certinha ou eu realmente estava deixando de aproveitar a vida.
- John! - gritei quando o avistei de longe
Ele correu para o meu encontro e me abraçou.
- oi lindinha... Está melhor? - perguntou
- estou e queria pedir um favor...
- o que você quiser!
- jura!?
- não! Fala primeiro!
- não quero dormir com a Katy! Não quero papo com ela e muito menos encontrar o David por lá...
- Amie eu já troquei o Nate e o Dave! Não posso ficar trocando todo mundo assim de quarto e nem tem mais vagas em nenhum outro...
- eu durmo com você! Durmo até no chão John, mas por favor me muda de quarto! - implorei
Ele me olhou com pena e suspirou alto.
- tá! Pega a suas coisas e vai pro meu quarto e decidimos depois o que fazer! Mas vai ser difícil porque meninas não podem dormir com os meninos...
- eu dormi no mesmo quarto que o Nate e nada aconteceu! - falei
- porque você é besta!
Olhei pra ele incrédula e ri.
- vai lá! - ele disse saindo das minhas vistas
Peguei minhas coisas do quarto e fui até o quarto do John e ao abrir a porta me deparei com Nathan. Minhas pernas ficaram bambas, porque ele sempre me deixava assim, mas segurei a onda.
- oi... - falei
- oi! - sorriu
- estou atrapalhando!? - perguntei
- claro que não! Mas e essa mochila!? - ele perguntou sem entender
- eu pedi para o John para sair do quarto onde eu estava... Não quero ficar perto do casal "tarado"...
Nathan riu.
- e você vai ficar aqui!? - ele perguntou surpreso
- porque essa cara? - falei
- nada! Eu acho mesmo que deve ficar aqui... - ele disse já pegando a minha mochila e acomodando na cama
- ficarei até o John decidir o que fazer... Ele disse que meninas não podem dormir com meninos...
- mas você dormiu aqui e...
- foi o que eu disse a ele...
- enquanto isso pode ficar com a minha cama! - ele disse empolgado e eu estranhei
- obrigada... E o rosto? Melhorou?
- é, eu coloquei o gelo e agora não incomoda mais...
- e ai? E a sua fantasia!? - perguntei
- eu não vou na festa... - respondeu desanimado
- porque!??
- porque eu levei uma severa advertência por violência...
- sério!? Isso é um absurdo! O David me ofendeu e ele vai na festa! - exclamei
- mas nada é pior do que violencia Amie...
Confesso que senti pena. Eu queria que ele fosse na festa. Eu queria tantas coisas com ele...
- mas e ai? E a sua fantasia!? - perguntou
- noiva noites do terror... - respondi
Ele gargalhou tão lindamente que eu não pude deixar de rir também.
- noiva!? Que engraçado... - ele disse
- pois é... - dei de ombros
- tenho certeza de que você vai ficar linda com qualquer coisa que usar...
Óh Deus! Ele só podia estar mesmo brincando. O que a pena por alguém não fazia...
Senti meu rosto queimar de vergonha. Ele continuou me olhando e eu por alguma razão desconhecida também não desviei o olhar.
- Amie... Quero conversar com você... - ele disse me fazendo ficar ainda mais nervosa
- o que é que você tanto quer falar!? - fingi desinteresse e sentei na cama
Ele me acompanhou e sentou ao meu lado e uma onda de calor subiu pelo meu corpo.
- olha, Amie, eu nem sei por onde começar e...
Ele estava aparentemente bem nervoso.
- tenta começar do começo... - falei e ele finalmente sorriu
- eu disse para a Katy que não podíamos continuar o nosso "rolo" porque eu estou a fim de uma outra pessoa...
Meu coração ia sair pela boca, mas eu sabia que no fundo ele estava com pena de mim.
- E quem é essa pessoa? - perguntei
Ele se aproximou mais de mim. Eu podia sentir sua respiração.
- é você Amie...
O que eu ia dizer? "Eu te amo desde sempre?"
- Nate, olha, eu sei que você está com remorso porque não me beijou naquela brincadeira ridícula, mas já passou, ok!?
- Amelie!!
Wow! Ele me chamou de Amelie!
- eu não estou com pena de você! Quantas vezes vou ter que repetir isso hein?
- se isso não é pena Nate, o que é então? - perguntei
Ele respirou fundo e levantou.
- me ajuda a decifrar...
Eu o olhei sem entender.
- eu não paro de pensar em você. Tenho ciúmes de você com qualquer cara. Te acho linda por fora e por dentro. Tenho vontade de te proteger o tempo todo e de ir no seu quarto todas as noites só pra te ver mais uma vez no dia e...
- Nate, isso tudo pode ser muito bem o "amor de irmão" o qual você sempre falou...
- e eu tenho vontade de te beijar... Isso é amor de irmão Amie!?
Ai merda! Deus do céu!
- você tem vontade de me beijar!? - perguntei incrédula
- tenho... - ele respondeu prontamente
Eu estava tão nervosa que tive uma crise de riso. A minha vida inteira eu sonhei em beija-lo e do nada ele diz que tem vontade de fazer o mesmo que eu!? Eu só podia estar sonhando!
- pára de rir! Isso é sério!
Ele disse se aproximando mais e colocando as mãos na minha cintura. Automaticamente uma corrente elétrica se formou e eu parei de rir.
- porque está fazendo isso comigo Nate?
- isso o que?
- porque de uma hora pra outra você resolve se declarar?
- porque eu tomei coragem ué! Eu demorei muito para entender o que eu sentia por você Amie, mas agora eu entendo!
Meus olhos já estavam lacrimejados e eu por impulso o abracei. Abracei tão forte que eu mesma me surpreendi com a minha força. Talvez ele tenha sido pego de surpresa com a minha atitude, mas ele logo correspondeu ao abraço.
Depois de nos afastarmos do abraço ainda ficamos muito perto. Ele sorriu do jeito que só ele sorria me fazendo querer coisas que até Deus duvidava e olha que eu nem sabia o que realmente era. Eu só sei que era bom, era quente...
Ele enconstou a testa na minha e eu fechei os olhos.
- o que vamos fazer Nate? - perguntei
Ele sorriu e respondeu:
- primeiro eu quero beijar você... - ele disse roçando o seu nariz no meu
Nossa mãe do céu! Que delícia!!!
- e depois? - insisti com as perguntas sem sentido
- depois com certeza eu vou querer mais... - ele continuou roçando o nariz no meu
- e se você perceber que foi um erro? Como vai ficar nossa amizade?
Nem eu sabia que quando esse momento chegasse eu teria tantas perguntas assim pra fazer.
- tenho certeza que não vai ser um erro Amie... - ele respondeu começando uma sequencia de beijos no meu pescoço
Continuei com os olhos fechados para apreciar o momento. Que lábios macios ele tinha!
- Nate, vamos para faculdades diferentes e eu realmente não estou a fim de sofrer mais... - desabafei
Ele parou de me beijar e me olhou sem entender, com um sorrissinho nos lábios.
- e porque você sofreria? Porque gosta de mim?
Ai merda! Ele precisava falar desse jeito!?
- você sabe que sim... - respondi envergonhada batendo de leve no braço dele
- não sei não! Quando ia me contar!? - ele perguntou
- porque eu contaria!? Pra levar um fora? Deus me livre! - exclamei
- eu ia ficar surpreso, mas não ia te dar um fora!
- ah tá bom Nate...
Ficamos alí discutindo, mas ainda estávamos abraçados. Nos olhamos mais uma vez intensamente e rimos da situação.
- tanto papo e nenhum beijo até agora... - ele disse e eu arrepiei
- até que pescoço você beija bem... - falei fazendo-o gargalhar
- eu posso mostrar pra você que não é só no pescoço que o meu beijo é bom...
Comecei a rir de novo.
- você fica tão engraçado falando assim comigo... - eu disse
- fico é!? - ele levantou uma sobrancelha
- é estranho... - dei de ombros
- vamos acabar logo com qualquer "estranhesa" entre nós então!?
Ele disse se aproximando mais dos meus lábios. E o que eu achava que seria o começo de um beijo convencional foi simplesmente o começo de um beijo calmo, apenas para sentir os lábios um do outro, sem pressa. Beijá-lo era melhor do que qualquer sonho que eu já tive, mas quando o beijo ia começar pra valer, fomos interrompidos.
- Nathan, eu...
Pulamos de susto ao ouvir a voz do John entrando no quarto de uma vez.
Nathan passa a mão no cabelo, visivelmente frustrado com a interrupção.
- ops! Ai me desculpem! - John disse meio atordoado
- tudo bem! Eu já trouxe a minha mala... - falei tentando disfarçar a vergonha
- Amie, acho que você vai ter que dormir aqui mesmo, porque não tem mais quartos disponíveis...
- ai obrigada!!! - falei o abraçando bem forte
Depois do abraço em John olhei para Nathan, que estava com um sorriso de satisfação nos lábios. Dormir com ele no mesmo quarto não ia dar certo, mas eu não tinha opção.
- bom, eu só vim pegar minha toalha de banho, porque quero aproveitar o sol que está lá fora... - disse John empolgado
- ai eu também vou na piscina! - falei abrindo a minha mala para pegar o biquini
- Amie, é... Deixa o John ir na frente e nós vamos daqui a pouco... O que acha?
Nathan estava com uma cara tão engraçada que eu não pude deixar de rir.
- tô saindoooo! E não se comportem! Tchau! - disse John fechando a porta
- eu vou me trocar, você espera? - perguntei
- espero... - ele disse piscando
Comecei a ficar nervosa de novo, mas fui ao banheiro lavar o rosto e colocar o biquini. Apoiei as mãos na pia e pensei: ele vai querer me beijar agora... Não vai ter jeito! Tomara que eu beije direito, tomara!
Ao sair vi que Nate estava sentado e esfregando as mãos, mas ao me olhar - por inteiro - ele levantou imediatamente e veio ao meu encontro.
Eu estava apenas com uma camisa e de biquini, então quando ele me tocou com certeza deve ter sentido minha pele toda se arrepiar.
- Amie... Será que a gente pode terminar o que estávamos fazendo?
Seus braços largos envolviam minha cintura fina me fazendo queimar por dentro. Sorri com o pedido dele e logo ele entendeu aquilo como um "sim".
Ao contrário do "pré-beijo", Nathan fez questão de ir direto ao ponto e me beijou com vontade. Os lábios foram só uma das coisas que senti, porque o que rolou mesmo foram dentes e língua, muita língua. O que posso afirmar é que o beijo dele era melhor do que tudo o que eu imaginei e mesmo sem querer eu comparei com o beijo do David. É, não tinha nada a ver!
Suas mãos apertavam as minhas costas de um jeito que me fez sentir coisas que eu jamais senti na vida! Se um beijo era assim, imagina o resto!?
- espera! - falei parando o beijo para retomar o fôlego
Ele sorriu e me deu um selinho rápido.
- é...
Eu nem sabia o que dizer e o pior era sentir que ele estava "todo" animado! Deus! Ele realmente sentia desejo por mim!
- o que foi? - ele perguntou sem entender meu silêncio repentino
- nada! Eu só acho que deveríamos ir para a piscina... - sugeri
- vamos... Eu só vou trocar a camiseta...
Nossa mãe de Deus! O que era aquele corpo? Desviei o rosto e percebi que ele sorriu.
- vamos? - o chamei ainda sem olhar
- vamos!! - ele disse abrindo a porta do quarto
No caminho para a piscina ele, de repente, entrelaçou uma de suas mãos na minha. Ele fez isso e nem me olhou! Continuou olhando pra frente como se fosse a coisa mais natural do mundo! E diferente do David eu correspondi ao gesto. Foi a primeira vez na vida que eu me senti correspondida, desejada e importante para alguém.