Se não fosse por você...

liz-vasconcelos tarafından

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Decidido e concentrado em seu trabalho, esse é Ian Fell. Suas distrações preferidas são sair com os amigos e... Daha Fazla

Conhecendo os personagens
Capitulo 1
Capitulo 2
Capitulo 3
Capitulo 4
Capitulo 5
Capitulo 6
Capitulo 7
Capitulo 8
Capitulo 9
Bônus Pietro
Capitulo 10
Capitulo 11
Capitulo 12
Capitulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capitulo 21
Capitulo 22
Capitulo 23
Capitulo 24
Capitulo 25
Capitulo 26
Capitulo 27
Capitulo 28
Capitulo 29
Capitulo 30
Capitulo 31
Capitulo 32
Capitulo 33
Capitulo 34
Capitulo 35
Capitulo 36
Capitulo 37
Capitulo 38
Capitulo 39
Capitulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56
Capítulo 57
Capítulo 58
Capítulo 59
Capítulo 60
RECADO

Capítulo 45

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liz-vasconcelos tarafından




Cherry narrando


Quando eu era mais nova minha mãe tinha o costume de atazanar a mente do meu pai dizendo que eu estava crescendo depressa e logo viraria uma moça e assim levaria meus futuros namorados pra conhece-los, meu velhinho faltava perder os cabelos de tanta raiva que ficava quando minha mãe o provocava de tal maneira, afinal ele dizia o tempo todo que eu sempre seria a menininha dele. Hoje quem está destinada a "conhecer" os pais do namorado sou eu, e bem, posso dizer que acordei mais trêmula do que eu estaria dentro de um ring de luta com alguém bem maior que eu. Pode parecer exagero mas quando chega a hora, a coisa fica bem mais tensa do que parece.

Resolvi finalmente me levantar até porque eu não tinha outra escolha. Fiz minhas higienes e tomei um banho demorado, vesti um short jeans e uma blusinha solta, logo em seguida fui pra cozinha, lavei uma maçã e fui pra sala me sentando no sofá enquanto mastigava a mesma. Liguei a Tv e passei os canais um por um sem saber direito o que realmente procurava, foi quando ouvi a sonância do meu celular. Peguei o mesmo na esperança que fosse o Ian mas novamente me senti decepcionada quando li no identificador "Pietro", resolvi ignorar mais uma vez, no entanto ele parecia determinado a falar comigo e eu já estava nervosa demais com o meu compromisso de hoje pra me permitir perder a sanidade por qualquer outra coisa então atendi.

- Diz

- Não seja grossa Cherry -disse uma voz conhecida porém não era a de Pietro, do outro lado da linha-

- Quem é ? -ouvi uma risada-

- Um velho amigo do seu amigo, ou eu devia dizer seu estuprador ? -tornou a rir e eu fiquei estática- Não vai falar nada docinho ? Pois bem, não precisa, só queria dizer que estou com seu amiguinho dos olhos claros e que se você não quiser que ninguém morra por você é melhor se apressar -seu tom agora era ríspido como se estivesse dando ordens para alguém-

- O que você quer ?

- Não ta claro ainda ? Meu Deus do céu, eu fico pensando como Caio poderia casar com você. Aé, não casou -deu uma risada falsa e exagerada- Te vejo em breve -e assim, desligou-

Meu mundo parecia estar todo em preto e branco e meu corpo pareceu pesar uma tonelada de forma que meus joelhos se dobraram e eu cai no chão. Não era possível, apelaram até para o lado de Pietro, qual é ? Logo eu que achei que nunca faria nada por ele estava prestes a tomar a decisão de ajudá-lo, eu tentava enxergar essa situação como um coletivo, ele era um ser humano, logo eu deveria salva-lo e não deixa-lo morrer, pensava assim porque se eu pensasse como um individual tinha medo de deixa-lo la para fazerem o que quisessem com ele sem pensar duas vezes. Depois de longos minutos que pra mim pareceram horas, me levantei do chão e fui passar uma água no rosto, me troquei, vestindo uma calça, uma blusa de mangas e calçando um sapato baixo. Procurei na agenda o número de Pietro e chamei. Logo fui atendida.

- O que eu preciso fazer ?

- Que bom que resolveu agir sabiamente -eu podia ouvir o sorriso debochado do outro lado da linha- Bom, eu te passo o endereço e você vem. Primeira regra: Venha desarmada, segunda regra: Venha desacompanhada, terceira regra: Se avisar alguém eu mato vocês dois e quem foi avisado. Entendeu ?

- Quero ouvir a voz dele

- Você entendeu ? -perguntou novamente sério-

- Sim.

- Muito bem -ouvi alguns ruídos e uma respiração ofegante- Diz oi pra cadela da Cherry -ouvi ao fundo- Cher não faça nada que ele pede -ouvi Pietro gritar e logo em seguida só o estrondo do murro que ele deve ter levado-

- Vou mandar o endereço por mensagem -e desligou-

Quando recebi a mensagem onde continha o endereço peguei as chaves do carro e sai, foi ai que me lembrei do almoço com a família de Ian. Droga! Eu só entrava em fria, mandei uma mensagem para o moreno me limitando a dizer que não poderia almoçar com ele e sua família hoje e me desculpando pelo imprevisto, depois disso desliguei o celular.

Não sei quantos sinais eu já furei mas tenho certeza que mais de uma multa chegaria pra mim esse mês. Meu desespero era tão grande que mesmo firmando as mãos em volta do volante as mesmas ainda tremiam descontroladamente, resolvi usar a técnica de inspirar e expirar fundo, coisa que nunca funcionou comigo durante toda a minha vida, mas eu não conseguia pensar em mais nada então isso estava mais que bom. O GPS ditava pra mim o caminho mas eu estava quase tendo um ataque e jogando aquele maldito aparelhinho pela janela do carro esperando que ele despedaçasse em quantos pedaços fossem possíveis, eu só precisava chegar no local a tempo de salvar Pietro e tudo ficaria bem. Mas e se eu não chegasse ? E se o fulano que está com ele o matasse? E se ele matasse nós dois ? Meus Deus eu vou surtar antes de chegar lá.

Não consigo acreditar no que se tornou a minha vida. De uma psicóloga com uma vida tranquila para uma psicóloga que estava prestes a assinar sua sentença de morte pra salvar seu ex cunhado que já causou tantos problemas na sua vida. Bem que as pessoas sempre diziam que o maior ponto fraco do ser humano é acreditar na bondade das pessoas, e bem, eu era mestre nisso, tanto que eu estava indo atrás da libertação de um cara pelo qual qualquer um por aí deixaria morrer sem pensar duas vezes, quando eu, acreditava no melhor dele e por isso estava me ferrando toda.

Cheguei finalmente ao destino dado, me senti aliviada por não ter mais a voz irritante do aparelho no meu ouvido, mas logo entrei em pânico de novo olhando ao redor. O lugar mais parecia um lixão em uma estrada abandonada qualquer do que um cativeiro. Não que os cativeiros que eu já ouvi falar eram maravilhosos, com banheiras e águas quentinhas com vista pro mar ou coisa do tipo, mas aquilo ali dava de dez a zero de todas as descrições que eu já tinha ouvido. Abri a porta do carro ainda tremula mas não me deixei levar pelo medo e segui em passos lentos e conturbados em direção ao que parecia um galpão abandonado há mais de 50 anos, sem exageros, aquilo ali estava pior que cena de filme de terror, sem contar o fedor que emanava e que a cada passo ficava mais forte me fazendo repugnar e a ânsia subir pela minha garganta de forma trágica.

Era dia, mas lá dentro a escuridão me fazia duvidar se era só meu delírio me tapeando ou o ambiente que realmente podia me pregar peças. O chão estava cercado de poças de água que vinham das goteiras que pareciam até serem grandes buracos pela quantidade de líquido no chão. Ruídos eram escutados a todo momento como se a qualquer hora aquilo ali fosse tudo por chão abaixo, e eu realmente temia que fosse e eu não conseguisse concluir meu objetivo.

Pensei na morte de forma trágica e acabei me lembrando dos meus pais. Recordando momentos que foram tão especiais e que guardei na memória da forma mais bonita que consegui, lembrei da minha tia que cuidou de mim desde os meus oito anos e que fez de mim a mulher que sou hoje, pensei em Laysla e em quantos momentos passamos juntas, pensei em Ian e toda sua família, pensei em tantas coisas, e antes de abrir duas grandes portas enferrujadas com gotas de água escorrendo por toda sua extensão, agradeci mentalmente a todos que já passaram pela minha vida, bons ou ruins, pois cada um deles me deixou algo que eu pude aproveitar, algo que de certa forma me fez feliz. Eu queria me despedir, mas não conseguiria fazer isso nem que eu estivesse com meu celular em mãos, ligado e com sinal. Seria duro demais me despedir de tantas pessoas amadas, então nos meu 20 segundos de coragem abri as portas e entrei em choque.

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