Capítulo 57

6.7K 518 13
                                    

Só queria dizer que não estamos muito longe da reta final de "Se não fosse por você...", portanto, quero desde já agradecer a todos os leitores, todos os votos e comentários. Não tem coisa mais gratificante do que ver que há pessoas que gostam mesmo do que eu escrevo. Obrigada pela participação nessa história maluca de Ian e Cherry. ❤
Ian narrando

Eu não sabia o que dizer nem como agir. Parecia a porra de um primeiro encontro na adolescência. Minhas mãos suavam e minha garganta engolia em seco. Eu não pensava em como eu poderia ter morrido há alguns minutos. Eu pensava em como eu poderia perder a mulher da minha vida agora mesmo.
Cherry me olhava inexpressiva e isso me deixava mais tenso ainda.
Eu ja nem sabia mais distinguir o que era realidade e o que era coisa da minha cabeça a esse ponto. Pra mim, ela parecia estar cogitando as possibilidades de me falar que nao quer mais nada comigo. E só de pensar nessa hipótese meu cérebro já trava e meu coração dói.
Um sorriso sincero surgiu em seu rosto e seus olhos se chocaram com os meus. Cada vez que eu a olhava ela parecia mais linda do que da última vez.
- Está criando paranóias em sua cabeça não é ?
- Eu não sei se são bem paranóias -disse aflito e ela sorriu-
- Preciso te dizer uma coisa -falou fechando o sorriso e ficando séria-

Quando minha morena abriu a boca pra falar, Davi nos atrapalhou.

- Desculpa atrapalhar o momento de vocês, mas é que a gente tem que dar o fora, agora -disse sério-
- Reforços ? -eu perguntei e ele se limitou a concordar com a cabeça-
- Vem cá, você já se olhou no espelho? Desse jeito vai fazer Cherry desistir de você mais rápido do que eu pensei -disse zombeteiro e saiu rindo-

As palavras dele pareciam não fazer efeito mais me atingiam em cheio. Não tinha nada haver com minha atual aparência. Tinha haver com a escolha de viver tranquila e sem mim ou viver sabendo que poderia ser atacada a qualquer momento de distração, mas comigo.
Descemos as escadas e assim que chegamos lá em baixo ouvimos um barulho alto o suficiente pra chamar a atenção de todos que estavam ali. Quando eu finalmente me virei pra ver do que se tratava pude identificar o corpo de Caio atirado no chão. Meus olhos automaticamente subiram para a sala da qual eu atirei no vidro e assim pude ver Pietro olhando para baixo. Seu irmão agora estava destroçado no chão a minha frente. Seu rosto e corpo tinham cortes, mas isso não importava quando o que mais chamava atenção era a altura da qual ele foi jogado e o sangue que agora ensopava sua roupa. Olhei para Cherry que sem pensar pegou no meu braço e me puxou para fora dali. Os carros estavam a nossa espera para nos levar pro mais longe que a gente pudesse ficar daquele lugar no momento. Quando chegamos na cidade, Davi seguiu para um hotel, disse que eu e mais alguns caras da equipe precisavam de cuidados e que não iríamos pra casa de tal forma.
Eu estava no banco de trás com a morena enquanto Thomas acompanhava Davi na frente. Ouvi o toque estridente de um celular e logo Cherry, toda embaraçada pegou o mesmo e o atendeu.
- Oi, Lay. -sorriu- Como você está?
- Tô bem. Será que a gente pode se falar depois?
- Obrigada. Quando chegar em casa eu te ligo.
- Também amo você -sorriu e desligou-

- Nem mandou meu beijo hein? -Davi brincou-
- Você tem o número dela, e eu sei bem que você não quer mandar beijo nenhum. Você quer dar o beijo. -disse rindo e meu irmão e amigo a acompanhou-
O resto do caminho até o tal hotel foi em total e absoluto silêncio.
Cherry se mantinha concentrada no movimento do lado de fora do carro, Davi colocara toda sua atenção no transito enquanto Thomas conversava provavelmente com a Lorena no celular. E eu, bem, fingi estar prestando atenção no amotoado de pessoas que passavam pelas calçadas.
Quando chegamos no hotel a equipe ja se organizou e cada um foi pro seu lado. Davi me levou até o "meu" quarto e pediu para que eu esperasse que ele ia chamar alguém pra cuidar dos meus ferimentos. À prontidão me sentei na beirada da cama e fiquei encarando a porta na esperança de que isso não demorasse muito e eu pudesse ir logo pra casa.
Resolvi tentar tomar um banho rápido e quando eu estava preparado pra descer a calça, pois da camisa e das outras coisas eu já havia me livrado, alguém entrou de supetão no meu quarto. Era minha morena.
- Oi -disse sem graça me observando-
- Oi -sorri e estreitei os olhos pra ela- Eu ia, tomar banho -ela apenas concordou com a cabeça-
- Isso pode esperar -disse se aproximando de mim com sutileza-
- Eu preciso dar minha opinião antes que você tome qualquer decisão Cherry.
- Porque? Acha que vou seguir a risca o que você pensa sobre a gente ? -perguntou me encarando-
- Acho que eu, mais do que ninguém tenho dever de te dizer que ficar comigo não é a melhor opção que você tem. Eu sou cabeça dura, ciumento, imbecil, só trago problemas pra sua vida. Eu sou ruim pra você. E por mais que me doa por todo o corpo dizer isso, eu quero que você faça sua escolha por você, pelo que você quer de verdade. - eu disse a olhando e segurando seu rosto com as mãos- Eu amo você morena, mas isso não me parece motivo o suficiente pra você ficar.
- Pois eu te digo o que é motivo suficiente pra eu ficar. Você. Você é motivo suficiente, porque você me desafia, me completa, me ajuda, e ensina. Está comigo em todas as horas e daria a vida por mim se preciso fosse. Você é motivo suficiente porque mesmo em meio a tantas tragédias você é quem me faz me sentir leve, viva, feliz. É você, porque dentre todos os seus erros e acertos, eu me apaixonei por cada um deles, e não consigo me desvencilhar dessa ligação que temos. Eu não vou te deixar. Não vou fazer planos. O futuro é e sempre será incerto pra nós, mas é com você que eu quero passar por todas as incertezas dele.

Se não fosse por você...Onde as histórias ganham vida. Descobre agora