Como reconquistar um amor per...

By ClaraAlves

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LIVRO COMPLETO NA AMAZON! Link: https://amzn.to/3fi1Sji Tessália Sampaio sonhava em encontrar um grande amor... More

PRÓLOGO | Tessália
Passo 1
UM | Tessália
DOIS | Tessália
QUATRO | Tessália
CINCO | Lucas
Completo na Amazon!

TRÊS | Tessália

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By ClaraAlves

4 ANOS ATRÁS

Um sorriso bobo estampava meu rosto quando atravessei a entrada da boate.

Se eu estava animada para a minha primeira choppada da faculdade? É claro que estava! Mas talvez minha empolgação excessiva tivesse um pouco mais a ver com os mojitos que bebi em casa com a Flávia, minha melhor amiga, antes da festa.

Além disso, eu estava me sentindo tão confiante e segura de mim naquele dia que era difícil conter a animação. Meus cachos estavam soltos, cobrindo meus ombros nus e caindo até metade das costas. Meus olhos, igualmente castanhos, foram ressaltados com delineador preto. No corpo, usava um vestido off-white, todo rendado e bem marcado na cintura, que combinava bem com a minha pele negra.

Eu me sentia linda.

E tinha que dar todos os créditos ao milagre que a Flávia fizera com o meu guarda-roupa.

Mais cedo, quando tive minha crise estilística, é claro que contei com ela para me ajudar, não apenas por sermos amigas, mas também porque Flávia tinha olho para a coisa. Era como se fosse a própria fada madrinha da moda! Não foi à toa que escolhera fazer design com foco nessa área. Eu não levava nenhum jeito para isso, por isso decidi pela parte gráfica do curso. Podia fazer uma obra de arte no Photoshop, mas com meu guarda-roupa... Ele parecia mesmo era ter vida própria e conseguia transformar as roupas que eu amava nos meus piores inimigos. E era por isso que eu constantemente precisava da ajuda de Flávia.

Minha amiga era caloura na faculdade, junto comigo, e eu me encantara por seu estilo e jeito de ser desde o primeiro dia do trote. Também era pragmática até demais, mas talvez tenha sido isso que mais me encantara nela. Eu logo a entreguei o posto de irmã e melhor amiga. Ela sabia bem como lidar com qualquer situação da minha vida e era craque em dizer o que eu precisava ouvir.

Encarei Flávia ao meu lado, que vibrava com igual empolgação. Ela estava ainda mais linda do que eu — mas isso não era novidade.

Eu não era uma pessoa invejosa. Mas, às vezes, quando olhava para minha amiga me perguntava se Deus tinha esquecido de colocar beleza e estilo na minha fórmula e exagerado na dela. Não era como se eu me achasse feia. Gostava do tom da minha pele, da minha cintura fina e do tamanho da minha bunda. Eu tinha minhas brigas com meu cabelo, acreditava que meu nariz podia ser menor e as celulites — não vou nem comentar; mas quando me olhava no espelho, sabia que não era uma pessoa que faria os homens saírem correndo. Só que Flávia era... linda. Ela detestava quando eu dizia isso, porque morria de inveja do meu cabelo crespo. Como se isso fizesse sentido! Vivia dizendo que eu tinha um estilo natural, enquanto ela precisava pintar os cabelos com frequência para não ser uma pessoa sem graça — mas eu não acreditava muito nela.

Quer dizer, olha para ela! Flávia tinha a pele clara, olhos acinzentados e cabelos lisos. Ela não dependia de cremes e tratamentos como eu — nem sofria com a discriminação que eu havia sofrido por causa deles. Seus fios eram originalmente castanhos claros, mas desde o início da faculdade estavam coloridos, num dégradé que ia do violeta ao rosa. Só de imaginar fazer algo do tipo, já podia sentir meus cabelos ressecarem e caírem.

Mas, naquela noite, não deixei nenhuma das minhas inseguranças falarem mais alto. Por isso, desviei o olhar dela e a puxei até o bar, onde paramos para reabastecer nosso estoque de euforia.

Quase meia hora mais tarde, já estávamos de volta à pista de dança e acabáramos de nos encontrar com um grupo de amigos, que eram nossos veteranos da faculdade.

— E aí, gatinha — cumprimentou Henrique assim que me viu.

Eu olhei para cima e encontrei um par de olhos negros me observando. Seu dono era alto, tinha ombros largos, corpo magro e barba rala. Henrique não fazia exatamente meu estilo de homem, mas não podia dizer que não era bonito. Ele tinha um ar de galã de seriado americano.

— Oiiii, lindo! — Um sorriso enorme se abriu em meu rosto. Em seguida, o abracei com tanta empolgação que Henrique cambaleou para trás e quase caímos.

— A festa nem começou direito e tu já tá bêbada? — perguntou, rindo, enquanto voltávamos à posição normal.

— Depois de todo o trabalho que eu tive na semana de trote pra arrecadar dinheiro, eu quero mais é sair trêbada daqui! — fiz questão de me justificar. Não que precisasse disso. Sabia que em meia hora Henrique estaria tão bêbado quanto eu.

— Apoiada! — gritou por sobre a música antes de seguir na direção do bar para pegar sua própria bebida.

Só quando ele foi embora desviei minha atenção. Henrique chegara acompanhado de outros três veteranos: Rafael, Thiago e Claudinha, além de um grupo que eu não conhecia. Ao lado de Claudinha, uma menina baixinha que não parecia nem ser maior de idade estava alheia a tudo ao seu redor, já embalada com a animação da música. Uma outra garota, parada a alguns passos atrás da menor, ria da empolgação dela. Mas minha atenção logo seguiu para os dois caras junto a elas.

Ambos eram bem gatos, mas totalmente diferentes em estilo. O da direita usava uma touca cinza que escondia o comprimento de seus fios escuros. Ele estava de tênis e calça preta, e uma camiseta listrada complementava o visual. Seu corpo parecia o de Henrique: ombros largos e físico pouco malhado, apesar de ser bem mais baixo do que o meu amigo. Sob a luz escura da festa, não soube dizer se seus olhos eram pretos ou castanhos.

O outro tinha um estilo mais social. Ao contrário do amigo, seu corpo era musculoso e ele tinha um porte de quem se preocupava muito com a aparência. Seus cabelos eram curtos e castanho-claros e os olhos pareciam uma mescla entre verde e cinza.

Percebendo meu olhar curioso para os desconhecidos, Claudinha se apressou em apresentá-los. Cumprimentamos as meninas, Giovanna e Júlia, com um aceno, mas Cauã e Lucas, os dois que as acompanhavam, foram bem mais calorosos e se aproximaram para dar beijinhos no nosso rosto. Eles cheiravam a perfume masculino.

Quando se afastaram, senti minha empolgação ser renovada pelo interesse que vi nos olhos deles.

Dei um passo para o lado, parando entre Cauã e Flávia, e me inclinei por sobre seu ombro para falar no ouvido da minha amiga.

— Que gatos, hein!? — comentei, baixinho, esperando que ela concordasse comigo.

Minha amiga riu, mas não parecia tão empolgada.

— Mas se você preferir as meninas é melhor pra mim. — Pisquei para Flávia e a vi sorrir com meu comentário.

Flávia e eu éramos diferentes em muitos aspectos, principalmente em nossas opiniões. Eu tinha crescido em um ambiente bem distinto do dela e, por causa disso, desenvolvi muitos preconceitos que, até eu sair de Teresópolis, nunca me pareceram nada de mais. Entrar na faculdade de design foi um choque de realidade — e a vida não poderia ser mais irônica ao me tornar melhor amiga de uma garota bissexual.

Desde que ela me contara, tivemos muitas discussões. Às vezes, ainda era difícil entender tudo o que ela tentava explicar, mas eu estava me esforçando. Acima de tudo, eu respeitava muito minha amiga — e isso parecia ser o suficiente para nós duas.

— Nenhum deles me encantou muito — respondeu Flávia com um sorriso zombeteiro. — Pode ficar com eles... E com elas também.

Eu fiz uma careta.

— Acho que continuo preferindo só os garotos.

— Os dois? — Ela fingiu uma expressão indignada. — Que safada!

Eu soltei uma risada antes de ser interrompida por Cauã.

— O que tem nisso aí? — perguntou, inclinando-se sobre meu ombro com curiosidade para olhar dentro do copo.

Eu me surpreendi com sua proximidade repentina. Sua voz intensa me fez perder a compostura por um segundo e, apesar de sua boca não demonstrar nenhum traço de graça, quase pude ver os olhos sorrirem com a minha reação. Confirmei para mim mesma: o tal do Cauã fazia mesmo meu tipo.

— Acho que é vodca, curaçau blue, limonada e soda.

Ele me olhou de lado, meio desconfiado.

— Não sei se curto muito essas coisas. Gosto mesmo é da boa e velha cerveja.

— Não pode falar que não gosta sem provar. — Ele deu de ombros, meio se desculpando, meio concordando. — Bora, você vai provar é agora!

Segurei seu antebraço e o puxei para fora da rodinha depois de lançar uma piscadela para Flávia. Chegamos ao bar com um pouco de dificuldade. A festa estava começando a encher e precisamos esperar alguns minutos para sermos atendidos.

— O que acontece se eu não gostar? — perguntou em tom de desafio, enquanto o bartender preparava nosso pedido.

Eu ergui a sobrancelha, sem ter certeza se ele estava apenas brincando ou tentando me provocar. O sorrisinho no canto de sua boca, no entanto, me deixava inclinada à segunda opção.

— Como assim, o que acontece? — joguei verde, tentando comprovar a suposição. — É só não beber, ué.

— Então eu sou obrigado a provar uma bebida que não conheço por uma garota que não conheço e não recebo nem uma recompensa? — Foi a vez dele erguer a sobrancelha.

O olhar que Cauã me lançou em seguida me penetrou de tal forma que quase pude ouvir seu significado ecoar em minha cabeça, como se dissesse: "e aí, vai entrar no jogo ou não?".

E eu não era boba de negar.

— Bom... Se você não fosse tão fã da "boa e velha cerveja" poderia tentar arranjar uma garrafa de Jurupinga pra gente. — E, então, antes que ele pudesse se decepcionar com minha oferta, eu acrescento: — Mas se você tiver esperando um prêmio melhor, o preço vai ter que ser mais alto.

Um sorriso travesso se abriu em seu rosto e percebi que acertara na ideia. E na provocação.

Antes que pudesse dizer qualquer coisa, o bartender nos interrompeu para entregar as bebidas. Eu peguei os copos e guiei Cauã para longe da confusão do bar.

— Vai lá! — pedi, quando paramos num canto mais vazio enquanto entregava o copo para ele. — Não vale mentir, hein!?

Sua expressão de falso ultraje me fez soltar uma risada. Ele pousou uma das mãos no coração para completar a pose.

— Eu? Mentir? Nunca!

— Tá bom! — concordei com descrença e o encarei cheia de expectativa. Cauã deu uma cheirada na bebida antes de tomar um gole. Seu rosto foi tomado por uma careta de desgosto assim que o álcool desceu por sua garganta.

— Que troço horrível! — reclamou, afastando o copo do rosto. Ele me encarou, horrorizado. — Como você gosta disso?

Sabia que não era exagero porque ele ainda demorou a desfazer a expressão. Fiquei quase sem ar rindo da sua cara e, só quando me recuperei, pedi que esperasse um segundo.

Graças à minha amizade com alguns veteranos, eu tinha conhecimento das garrafas de Jurupinga escondidas no bar. E, por causa dessa informação preciosa, além dos contatos que eu tinha na comissão de trote, precisei apenas bater um papo rápido com alguns dos meninos que organizavam o evento antes de sair com a bebida nos braços.

Acabamos com a Jurupinga antes mesmo de seguir de volta à pista de dança. Então é claro que, quando reencontramos o grupo, estávamos completamente bêbados e risonhos. Fizemos isso por todo o restante da noite: bebemos, rimos e agimos como se fôssemos os melhores amigos do mundo. Tinha certeza de que ele estava a fim de mim e que ia me beijar em algum momento, mas isso não aconteceu. Fiquei com a leve impressão de que a mais nova das meninas, a Júlia, tinha algo a ver com isso, porque pegara alguns olhares meio irritados dela para nós dois. Podia estar diante de um caso sério de friendzone e, talvez, fosse por esse motivo que ele não tinha tentado ficar comigo: para não esfregar na cara da menina que não estava nem aí para ela.

Três horas depois, saí da festa completamente frustrada. Fui dormir pensando naqueles olhos verdes e em sua risada espontânea. No dia seguinte, porém, acordei com uma surpresa: Cauã me enviara uma solicitação de amizade no Facebook! Dei um gritinho de felicidade e recebi uma travesseirada de Flávia, que estava dormindo ao meu lado. Eu nem me importei. Ele lembrara meu nome e me adicionara no Facebook no dia seguinte! Isso tinha que significar alguma coisa!

Quando meu estômago pulou, um segundo depois, emprotesto a todo o álcool consumido na noite anterior, precisei deixar Cauã delado por um momento e correr para o banheiro. Mesmo assim, a euforia que senti aindalevou um bom tempo para me abandonar.

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