A fórmula matemática de Berna...

By mirandaescreve

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Jane nunca se rendeu às convenções sociais. Por isso, seus bens mais preciosos são seu carro (restaurado por... More

Nota da Autora
Prólogo
Capítulo 1 - Bernardo
Capítulo 2 - Bernardo
Capítulo 3 - Jane
Capítulo 4 - Jane
Capítulo 5 - Bernardo
Capítulo 6 - Bernardo
Capítulo 7 - Jane
Capítulo 8 - Jane
Capítulo 9 - Jane
Capítulo 10 - Bernardo
Capítulo 11 - Bernardo
Capítulo 12 - Jane
Capítulo 13 - Bernardo
Capítulo 14 - Bernardo
Capítulo 15 - Jane
Capítulo 16 - Jane
Capítulo 18 - Bernardo
Capítulo 19 - Jane
Capítulo 20 - Jane
Capítulo 21 - Bernardo
Capítulo 22 - Jane
Capítulo 23 - Bernardo
Capítulo 24 - Jane
Capítulo 25 - Jane
Capítulo 26 - Bernardo
Capítulo 27 - Bernardo
Capítulo 28 - Jane
Capítulo 29 - Bernardo
Capítulo 30 - Jane
Capítulo 31 - Bernardo
Capítulo 32 - Jane
Capítulo 33 - Jane
Capítulo 34 - Bernardo
Capítulo 35 - Bernardo
Capítulo 36 - Jane
Capítulo 37 - Jane
Capítulo 38 - Bernardo
Capítulo 39 - Jane
Capítulo 40 - Jane
Capítulo 41 - Bernardo
Capítulo 42 - Bernardo
Capítulo 43 - Jane
Epílogo [tempo limitado]
RESSURREIÇÃO

Capítulo 17 - Bernardo

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By mirandaescreve


- Vocês fazem isso todo final de semana? – pergunto, ajudando Jane a colocar suas coisas dentro da mala.

- O que? Ver alguém perder epicamente, sem nunca pedir para sair?

- Não – digo. – Ver alguém ganhar tantas vezes, mas sem nunca desenvolver um pingo de graça.

- Quem precisa de elegância quando se tem um recorde imbatível? – Jane ri maliciosamente ao fechar a mala do carro. Seu humor melhorou bastante desde o começo do ensaio.

- Ainda não descobri como, mas você nos roubou bem embaixo dos nossos narizes! – Me aproximo de Jane, apoiando as mãos no porta-malas, cercando seu quadril, mas sem lhe encostar. Esse gesto a deixa agitada, sem saber o que fazer. Confesso que isso me satisfaz muito mais do que deveria.

- Quem rouba em Banco Imobiliário? – pergunta Jane, tentando se defender.

- Quem ganha em Banco Imobiliário, de lavada, e em inúmeras partidas de pôquer direto? Você sabe quais são as chances disso?

- Esse é seu primeiro ensaio, então não pode sair por aí fazendo acusações desse tipo.

- Mas eu posso! – interrompe Felipe, fazendo Jane segurar meus pulsos e sair de onde a prendi. Seus olhos não deixam os meus até entrar no carro, tentando iniciar uma conversa sem palavras que não entendo. Frustrada, ela pede a Felipe que abra a porta da garagem.

– Não dizem que temos cinquenta por cento de chances de ganhar em jogos de sorte? – continua Felipe. – Isso não existe quando Jane está por perto! Não importa qual o jogo: cartas, memória, tabuleiro, forca... até Twister ela ganha de olhos fechados!

- Que tipo de praga é essa, Jane? – pergunto à garota que nos ignora. – Aposto que não deixa ninguém parar de jogar enquanto ela não vence. – Abro a porta do carona, sem entrar, para que Jane ouça a conversa.

- É isso aí! Esse é seu truquezinho, mocinha! – grita Felipe batendo no capô do carro. Com exceção de Jane, acabamos com o estoque de cervejas da casa. Quer dizer, eles acabaram, não bebi o suficiente para repetir o incidente do outro dia. Na verdade, posso contar em uma mão a quantidade de latas que tomei.

- Tire as mãos imundas do meu carro ou passo por cima de você! – grita Jane, abrindo as janelas. Felipe gargalha despreocupado ao se despedir dos garotos, que saem de casa entre risos e frases incoerentes.

Assim que nos acomodamos no carro, Jane acelera para fora da garagem olhar para trás.

Como eu amo essa cidade! Quem diria que essa casa, em que quase chorei de tanto rir de Alan bêbado, revoltado com as vitórias seguidas de Jane, é o mesmo lugar em que Thaís me traiu três meses atrás. Preparei molhos para salgadinhos em cima do mesmíssimo balcão em que ela sentou para poder beijar aquele armário também conhecido como "professor da academia, oops!". O destino/Providência/seja lá mais o que parece adorar uma boa ironia.

- Ei, alguém viu a namorada do Lipe? – pergunta Alan, saindo do seu canto e indo para o meio do carro. Paulo resmunga algo que parece uma negação.

- Ela apagou na rede, lembra? Logo depois do Banco Imobiliário – digo.

- O que você está fazendo? – pergunta Jane irritada, ao olhar para trás de relance. – Encosta no banco e coloca o cinto, Alan!

- A gente está numa rua vazia e quero ficar aqui na frente com vocês, caras. – Vejo Alan fazendo biquinho, com os braços apoiados entre os bancos da frente. Não consigo evitar a risada. Posso apostar que geralmente anda no meu lugar, no carona, quando Jane os leva para casa.

Nossa motorista não responde, mas pisa fundo no acelerador ao chegarmos numa reta e freia bruscamente. A cabeça de Alan balança para frente num arco perfeito antes de jogá-lo para trás, com um barulho oco no banco.

- Cinto. Agora – demanda Jane. "Como se ele não soubesse disso", resmunga para si mesma.

- Você faz isso toda vez e nunca perde a graça! – A gargalhada alta de Alan quase abafa o clique do cinto de segurança. – Isso não é justo, Jane. A gente sempre bebe e você fica só no refrigerante. Depois você leva a gente em casa e ainda tem que dirigir de volta para aquele lugar tão... tão... longe... lá do outro lado mundo. – Sua voz oscila entre preocupada e triste. Alan parece ser um daqueles bêbados. – Semana que vem, você bebe e eu levo todo mundo para casa nesse carrinho de mão.

- Só nos teus sonhos, Alan – murmura Jane.

- E vocês dois, hein, pessoal? – Alguns segundos depois, Alan cutuca meu braço e vejo que está fazendo o mesmo com o de Jane. – O que está rolando aí? Uns amassos? Um rala e rola?

- Fica quietinho, amiguinho – diz Jane.

- Ei, Jane. – Ele volta a cutucar o braço da garota. – Esse aqui, ó! – Suas mãos nervosas batem em mim. – Ele é um cara legal. Todo mundo achou esse aqui um cara legal. Não vai quebrar esse aqui também, tá? Até porque Bernardo prometeu me passar uns jogos legais, então espera algumas semanas pelo menos, tá?

Jane não responde e estaciona o carro em frente a uma casa verde, do outro lado da nossa cidade pequena. Meu apartamento não fica longe daqui.

- Vai. Tá entregue – diz Jane. Alan solta o cinto e abre a porta, mas em vez de sair, se empoleira em nossos bancos. Num movimento rápido, segura o maxilar de Jane e a beija na bochecha, o que a faz grunhir:

- Você fede, Alan! – Jane passa a mão no rosto, enquanto Alan beija minha bochecha com a mesma amabilidade.

- E você também! – rebate. Ele sai do carro e, ao passar pelo lado do motorista, enfia a mão na janela aberta e bagunça os cabelos de Jane. Sem pressa, ele cruza a frente do carro, rumo à porta de casa.

- Oh, que gracinha... ele já me ama! – digo, assim que Jane acelera o carro na rua quase vazia. Ela deixa escapar um meio sorriso. – Mas concordo com ele, não vai me quebrar, tá? Porque é bastante provável que volte para assombrar seu traseiro teimoso.

- Então você pretende dar uma de Gasparzinho para cima de moi? – diz Jane, passando a marcha.

- Não preciso ser um fantasma para assombrar seu traseiro... teimoso, certo? – digo, mal-intencionado. Tiro uma mecha de cabelo de seu rosto. Ela fecha os olhos, inclinando-se levemente para minha mão. – Se você prometer não me quebrar, prometo não fazer o mesmo com você.

Estendo minha mão, para que possamos fechar negócio. Num trato, isso é o que deve ser feito.

- Você entende que preciso tirar uma mão do volante para apertar a sua? - pergunta marota.

- Vamos fazer uma exceção... a única. – Jane estica sua mão direita para fecharmos o acordo. Seguro-a, trazendo-a à boca num beijo rápido, para não infringirmos muito a lei. Jane diminui a velocidade e estaciona a algumas ruas de distância do meu prédio.

- Levante e brilhe, raio de sol. – Jane estica o braço para cutucar a perna de Paulo e acordá-lo. Tudo o que ele faz é resmungar e deitar-se no banco traseiro. Jane xinga baixinho e sai do carro, abrindo a porta de trás do lado da cabeça de Paulo. Saio do veículo em seu encalço, caso precise de ajuda.

- Garrafa de água do porta-luvas? – pede, apontando para o lugar. Encontro a garrafa entre vários objetos pequenos e indefinidos. Num movimento rápido, ela desatarraxa a tampa e segura a boca da garrafa com o dedão. Sem piedade, Jane entorna a garrafa sobre o rosto pacífico de Paulo.

- Bom dia, flor do dia – diz monotonamente. Paulo se levanta abruptamente, procurando algo ao seu redor. Talvez seu sono bom. Segurando Paulo pelo braço, ela o ajuda a desembarcar com custo. Tomo seu lugar sob os ombros de Paulo e caminhamos devagar até o prédio.

- É o do lado – diz Jane, corrigindo minha rota para o prédio amarelo pequeno. Ela tira a mochila e a guitarra do garoto da mala impassível.

- Eu sei andar – reclama Paulo.

- É claro que sabe, mas eu estou com dificuldade. Se importa se eu ficar desse jeito um tempinho a mais?

- Tudo bem, cara... te ajudo sem problema – diz, dando tapinhas em meu ombro. Paulo bêbado é algo e tanto: sua timidez foi diminuindo de acordo com a quantidade de álcool que ingeriu, até restar quase nenhuma.

Jane passa por nós, carregando as coisas de Paulo, e aperta três vezes seguidas o interfone ao lado da porta de madeira. Do outro lado da linha, uma voz pergunta se é Jane aqui embaixo e ela confirma. A porta zune, mas Jane não sobe.

- Você vai ficar bem sozinho? – pergunta Paulo, passando o braço por cima da minha cabeça. A sinceridade (e o álcool) em sua voz, me diz que ele realmente acredita estar me ajudando.

- Vou tentar – respondo.

Sem pressa, Paulo pega sua mochila e guitarra que estavam com Jane e entra no corredor estreito. A luz acende e ele acena com uma mão chifrada. Jane volta para o carro, mas espero até Paulo terminar de subir o primeiro lance de escadas para fechar a porta do prédio. Seguro o suficiente.

- Sua vez, estrelinha. – Jane volta e segura meu braço, nos guiando até o carro. Nossos braços enlaçados me fazem sorrir. Beijo os nós dos seus dedos antes de entrar no carro. Jane me olha com curiosidade e hesita alguns segundos até sentar no banco do motorista e voltar para a rua. Com o carro vazio, me sinto à vontade e em casa. Entendo porque Paulo cochilou feito pedra nesses dez minutos. Eu poderia ter feito o mesmo se não morasse logo ali.

- Entregue – diz Jane, ao estacionar o carro na portaria. Ela destrava a porta, mas não me mexo.

- Você é bem-vinda para passar a noite de novo.

- Duas vezes é perto demais de se tornar um hábito.

- Um bom hábito – acrescento. – Já está tarde e você tem um longo caminho pela frente. Que tal um café?

- Tomei no mínimo seis latas de refrigerante nas últimas três horas. Meus níveis de cafeína estão ótimos para viajar.

- Tem certeza? – pergunto. Jane assente, me agraciando com um meio sorriso.

- Me avise quando chegar em casa – peço, mas pela forma como entorta a cabeça sei que não pretende avisar, então continuo:

- Caso contrário, serei obrigado a tomar medidas drásticas... espere e verás. – Seguro seu queixo, num gesto teatral, trazendo-a para mim. Como não há resistência, beijo a ponta do seu nariz lentamente. Seu tremor é quase imperceptível. Quando Jane tenta levantar o rosto para aproximar seus lábios dos meus, eu me afasto.

Isso deve mandar um sinal bom o bastante por hoje.

Sem esperar qualquer reação, saio do carro e entro no prédio. Seu Adalberto (que agora está no turno noturno) me espera com um sorriso, que lhe devolvo. O senhor grisalho não sabe, mas boa parte da expressão estampada em meu rosto é por causa de Jane e seu olhar estarrecido ao deixá-la no carro, implorando por mais.

Fazê-la acreditar que ela quer aquilo que eu quero, será o único jeito de conseguir algo com Jane.



----

Human@s!

OBRIGADA PELAS 1K VISUALIZAÇÕES. VOCÊS SÃO DEMAIS! PROMETO!

AGORA, PLAYLIST!

OK, CHEGA DE CAPS... mas leia com o entusiasmo, porque estou escrevendo com entusiasmo bastante para ser a melhor representante de \m/ do mundo.

Ou talvez a mais hiperbólica.

O link abaixo vai te levar ao mundo que ouvi em repetição infinita ao escrever o livro, com exceção da primeira música, que descobri semana passada. Tentei organizar as músicas por desenvolvimento dos personagens (B,J) e de suas relações (B+J). Tentei também NÃO colocar todas as minhas músicas favoritas da semana (sem nenhum motivo em especial, a não ser divulgá-las). Espero que gostem! :)

goo.gl/rb3a3H


HORA DA HISTÓRIA (paralela)

#FicaDicapraVida: se você estiver num ônibus, ouvindo músicas que você baixou, mas não conhece, NÃO, repito, NÃO, COMECE A GARGALHAR DO NADA. A senhora desconhecida ao seu lado pode não somente te olhar estranho, como também te recomendar visitar um pastor ou uma reunião do A.A. Ela também pode se benzer quando você continuar rindo (da situação, não mais da música).

Você pode perguntar, o que tem de tão engraçado numa música? Eu responderia, muitas coisas, desde a péssima escolha de instrumentos até versos clichês que me fazem vomitar (ou quase). Mas a música em questão é a primeira da playlist. Se você procurar a letra original/tradução, a primeira coisa que você vai pensar é: Miranda tem problemas mentais.

Eu não discordaria.

Porém, human@, se prestar bem atenção, talvez você possa perceber a sutileza: A MÚSICA ESTÁ CONTANDO A HISTÓRIA DE BERNARDO (+ Jane, só que da perspectiva dele).

Qual a pegadinha? Eu só ouvi a bendita música no mesmo dia em que terminei de escrever a história. MESMO DIA. MESMO DIA. [gargalhada histérica, para não endoidecer com a ironia].

Eu sinto que eu deveria adicionar uma moral para essa história, então aqui vai:

MORAL*: Incomode uma senhora sempre que quiser ouvir música boa.

FIM DA HISTÓRIA (paralela)

* Não sou muito boa com morais da história. Ou em geral.

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