Lobotomia (Livro II)

By andiiep

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Oi! Primeiro você tem que ler essa daqui: https://www.wattpad.com/story/31808631-psicose, pra depois ler essa... More

Sinopse e Explicação
Epígrafe
Um - O Recomeço
Dois - Psicose
Três - O Retorno
Quatro - Reconciliação
Cinco - Behind Blue Eyes
Seis - Foragido
Sete - Sorte
Oito - Exumar
Nove - Cambridge
Dez - Pistas
Onze - Reencontro Inesperado
Doze - Lembrança de um passado não muito distante
Treze - Strip
Quatorze - O investigador Josh Bethel
Quinze - Estampido
Dezesseis - Destino
Dezessete - Por Um Triz
Dezoito - Destino (parte 2)
Dezenove - Reconciliação (parte 2)
Vinte - O grande reencontro
Vinte e Um - Luto
Vinte e Dois - Funeral
Vinte e Três - Foragidos
Vinte e Quatro - Sensacionalismo
Vinte e Cinco - O Primeiro Encontro
Vinte e Sete - Sequestrada
Vinte e Oito - Ajuda
Vinte e Nove - Resgate
Trinta - Verdades Secretas
Trinta e Um - Êxodo
Epílogo
AJUDA AÍ, GALERA!

Vinte e Seis - Cativeiro

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By andiiep


Era dele.

Corey tinha absoluta certeza, agora que tinha se aproximado e pôde desfrutar de uma vista mais detalhada. Apesar de nunca ter estado tão próximo do automóvel em questão no estacionamento do St. Marcus, poderia identificá-lo sem problemas. Conhecia aquele para-choque levemente arranhado do lado direito. Aquele adesivo envelhecido de Medicina de Cambridge no vidro traseiro.

Ah, sim, Corey tinha passado alguns minutos de suas tardes de banho de sol lançando olhares furtivos ao Audi TT Coupé prata pensando em como era exagerado e chamativo em meio aos sedans e SUV's dos demais médicos. Como se ele quisesse deliberadamente chamar toda a atenção assim que descia e ajeitava a gola da camisa que, na verdade, não precisava ser ajeitada.

Agora aquele carro para o qual tantas vezes rolou os olhos estava ali, a alguns passos de distância, parado no estacionamento de Cambridge. Corey parou àquela distância segura e resolveu apenas... Esperar. Sim, ele viria, tinha certeza. E então começou a divagar...

O que aquele carro fazia ali, afinal? Brian não havia sumido. Não, ele estava atrás deles esse tempo todo... De algum modo deve ter encontrado um jeito de rastrear Melissa. O sangue de Corey ferveu quando concluiu isso. Seus punhos cerraram em protesto e ele quis muito quebrar um vidro, danificar a lataria, talvez furar os pneus... Eram tantas possibilidades, talvez devesse considerar todas... Entretanto, não teve tempo de colocar nenhum de seus planos em prática.

Repentinamente, o sinal de anúncio do final das aulas tocou. Um som muito familiar, bastante nostálgico... Corey se pegou apertando o peito enquanto a última nota ainda reverberava em seus ouvidos. Então a multidão de alunos começou a escapar pelas portas dos prédios. E caminhavam todos na direção da saída, na sua direção. Eles o veriam, eles o reconheceriam... Quem não reconheceria um rosto estampado em todos os jornais, no programa sensacionalista mais assistido do Reino Unido?

Quem não reconheceria, em Cambridge, o assassino de Cambridge?

Tinha que sair dali. Rápido. Mas não poderia deixar Brian escapar, não quando estava tão próximo... Queria ver a cara de Melissa quando provasse que tinha algo de errado com aquele médico maldito, nem que fosse o fato de que, de repente, resolvera persegui-la por aí... Corey sucumbiu a uma paralisia confusa por poucos instantes, então decidiu habilidosamente como resolver seu momentâneo problema.

Pegou o celular clandestino no bolso e ligou o dispositivo de rastreamento em caso de roubo enquanto caminhava rapidamente na direção do carro. Com discrição, abaixou ao lado dele e encaixou o aparelho na saia larga do para-choque, torcendo para que ficasse ali até sua próxima parada. Em seguida, levantou com calma, colocou as mãos nos bolsos dos casacos, virou as costas e se infiltrou no meio do mar de alunos como se nada tivesse acontecido.

Está frio, chovendo e o céu sem lua parece mais escuro que o normal. Quase como um sinal me dizendo para recuar, sussurrando que não, não é uma boa ideia. Talvez, de fato, não seja... Mas concluo que já cheguei longe o suficiente para o ato de desistir me tornar uma pessoa covarde. Com isso, não posso viver. Com as consequências de minha recém decidida conduta... Bem, provavelmente.

Abro o guarda-chuva enquanto espanto os últimos resquícios de receio de meu corpo.

Ela merece, afinal...

Com um curto aceno de cabeça, como se precisasse de uma autoconfirmação exterior, saio do prédio e tento não me molhar muito. A chuva parece aumentar à medida que caminho pela calçada. Gela meus ossos. Não há muitas pessoas na rua e agradeço a privacidade inesperada que a chuva e o frio me dão. A ausência de olhos me observando casualmente, mesmo sem saber o que minha mente planeja, de algum modo me ajuda a continuar.

Não, ninguém vai saber.

Apenas eu.

E o executor de meu trabalho sujo.

Não hesito mais quando chego à ruela combinada. É mais um beco sujo lotado de lixo e caixas vazias dos estabelecimentos cujas saídas se encontram ali.

Ao lado de uma porta de ferro vermelha, logo o avisto.

Protege-se da chuva com um boné e a touca da blusa de moletom surrada na cabeça. Fuma um cigarro distraidamente e expira para o céu a fumaça que escapa de seus lábios. Ele encara a chuva que cai com um perturbador interesse. Ele todo é perturbador, sereno demais para uma pessoa com seu passado. Isso me irrita, de alguma forma, e quase viro as costas e vou embora dali.

Talvez não seja uma boa ideia...

Quando me apronto para dar o primeiro passo em direção à avenida iluminada, ele percebe minha presença, e já não tenho mais como fugir. Não posso desistir. Não quando ele abre um sorriso cheio de dentes amarelos e maldoso em minha direção. Não quando tudo o que meu inconsciente sussurra em meus ouvidos soa como "covardia". De fato, até o som da palavra em minha mente é insuportável.

Solto um longo suspiro e me liberto do breve momento de hesitação. Ela já não está mais comigo quando dou os passos que me separam daquele ser humano estranho. É um caminho sem volta, mas não é a primeira vez... Provavelmente já tenha me acostumado à ideia.

-Muito boa noite. – aquele sorriso ainda brinca nos lábios dele.

Meus músculos se retesam em protesto. Não é agradável estar por perto dele.

-Boa noite. – respondo e meu sorriso é duro.

Não é como se fosse manter uma amizade com ele, embora necessite de seu absoluto silêncio a meu respeito. O homem já sabe demais, afinal, e pode me colocar onde não quero estar.

-Então? – ele pergunta enquanto traga o cigarro.

A fumaça corre sorrateira pelo ar, chega ao meu nariz e embrulha meu estômago.

Solto outro suspiro, mas não hesito outra vez. Não mais. Com a mão livre busco no bolso interno do casaco a foto e a estico na direção dele. O sorriso some quando analisa a foto de perto. Até joga o cigarro fora, pega o papel com as duas mãos e aproxima de seus olhos negros e cerrados.

-Não tem alguma coisa errada aqui? – ele aponta, confuso.

O cenho está franzido, tanto que ele parece envelhecer alguns anos. Olha da foto para mim com insistência.

-Não, não tem nada errado.

-Mas...?

Bufo em irritação. Qual a necessidade de discutir?

-Não estou te pagando? Muito bem, por sinal?

-Sim.

-Por que está questionando, então? Há algum problema?

-Nenhum, a não ser pra você.

Reviro os olhos.

-Só... Faça o que estou te pagando para fazer, tudo bem? – digo e retiro do outro bolso o valor requisitado por ele.

Quando vê as notas todas juntas enroladas por um elástico, ele se cala. Estico em sua direção, ele pega o maço e coloca no bolso traseiro de sua calça jeans surrada e agora molhada.

-Sem problemas. – ele ergue as duas mãos na altura dos ombros. – Mas tem certeza de que é uma boa ideia?

Ele fala, e algo revira em meu estômago. Ah, sim, a maldita hesitação retorna, e eu respiro fundo, na tentativa de colocar todos os pensamentos em seus devidos lugares, trazer à tona todos os meus motivos. E então lembro dela, do rosto dela... Tudo estará em paz quando aquela maldita psiquiatra enxerida estiver morta e enterrada. Meus planos voltarão aos eixos e tudo estará perfeito, como eu sempre planejada. A hesitação passa e eu respondo:

-Sim, é uma ótima ideia.

Viro as costas, mas não consigo dar o primeiro passo.

-Espere! – ele me chama – Você não me disse onde ela vai estar...

-Na Universidade de Cambridge, amanhã de manhã. – informo, sem olhar para trás, então finalmente saio dali.

A consciência em paz e ansiosa. É a melhor das ideias.

Levou algum tempo até que Melissa fosse capaz de acostumar os olhos ao ambiente estranho. A primeira coisa que viu foram as paredes velhas de madeira suja e mofada. Havia rachaduras aqui e ali também, e eram o que deixava a precária iluminação entrar. A meia-escuridão a deixou em um recém-descoberto estado de claustrofobia. Era abafado também, logo notou, quando lembrou-se de respirar. E cheirava a coisas velhas, mofo e algo... morto. Seu estômago embrulhou e ela engoliu em seco.

Foi quando notou que estava amarrada a uma cadeira que quase não suportava seu peso. Então lembrou-se da última coisa que havia acontecido antes de acordar ali, naquele ambiente estranho e desconhecido. Foi quando o pânico veio. Havia sido... Sequestrada?

Sim.

Sequestrada.

Seu coração disparou, assim como a velocidade de sua respiração. Uma dor lancinante atingiu sua cabeça, provável efeito colateral do clorofórmio que seu sequestrador havia utilizado para deixá-la desacordada. Então veio o enjoo e então a ansiedade. E a curiosidade. E o medo.

Quem diabos a teria sequestrado? Por que a teria sequestrado? Não conseguia pensar em alguém que teria motivos para isso. Josh Bethel queria ter uma conversa séria com ela, mas não a sequestraria para isso. Certamente não. Danny Langdon estava morto. Brian... Estava desaparecido, e Melissa não queria acreditar que ele tenha arranjado motivos para fazer aquilo com ela. Restava... 'G'? Talvez tenham se descuidado, talvez 'G' estivesse atrás deles, enquanto eles estavam atrás dela... Dele? Melissa mordeu os lábios e fechou os olhos, na intenção de que a calmaria da escuridão a ajudasse a pensar. Mas tudo o que se passava por sua cabeça era que... Iria morrer ali. Com certeza.

O pânico não teve tempo de se espalhar como pretendia, contudo. Seu futuro provável assassino já estava ali, notou, quando a porta de madeira velha rangeu e revelou uma sombra.

A identidade do sequestrador não demorou a ser revelada e o queixo de Melissa caiu de forma teatral quando fitou aqueles olhos verdes que tão bem conhecia.

Brian estava ali, impassível em músculos, confusão e determinação. Ele deu um passo à frente e disse:

-Tenho algo para te perguntar.

____________

Nota da Autora: sim, é curtinho assim mesmo. :(  

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