Era mais um dia cinza na vida de Marry. Depois de tudo o que acontecera em sua vida nesses últimos anos, sua vida se tornara monótona e cinza, pois quem um dia fizera seus mundo explodir em cores agora estava longe.
Marry caminhava meio a multidão de pessoas da tão movimentada Londres e seus olhos. Pessoas tão preocupadas com seus próprios problemas que esqueciam até sorrir ou dar bom dia. Sempre girando em órbita do seu próprio mundo.
A morena permanecia com seus olhos na calçada, observando seus tão surrados alls stars. Distraindo-se com seus pensamentos. Ela esbarra com alguém.
Harry era um garoto cheio de vida. Sempre com um sorriso contagiante em seu rosto. Ao esbarrar naquela pequena garota com roupas mais largas do que deveriam e seus tênis surrados, que lhe davam um ar punk. O garoto de olhos verdes sentiu uma estranha vontade de protegê-la.
-Me desculpe- falou a garota, em uma voz baixa- Não te vi.
-Tudo bem- falou Harry, dando um sorriso - Você se machucou?
-Não- murmurou Marry, desconfortável- Tenho que ir.
Mas quando iria se afastar, Harry segurou seu pulso. A garota gemeu de dor, devido aos cortes recém-cicatrizados em seu braço. Ele a soltou instantaneamente, pedindo desculpa.
-Está tudo bem - ela sorriu fracamente.
-Posso te pagar um café?- Harry a convida. Marry franze o cenho em confusão- Quer dizer, como desculpas pelo esbarrão.
-Não é preciso- ela fala balançando a cabeça negativamente- Eu realmente preciso ir.
-Por favor- ele insiste- Não vai demorar, eu juro. Conheço um pequeno café, aqui perto. Estava indo pra lá quando esbarrei contigo.
-Ok- Marry suspira derrotada.
O garoto sorri vitorioso. Harry e Marry caminham lado a lado silenciosamente em direção ao estabelecimento. A garota perdida em seus pensamentos suicidas e infelizes, o garoto se perguntando o porquê das tão famosas borboletas em seu estômago e essa incessante vontade de proteger a garota, que ele nem sequer sabia o nome, ao seu lado.
Em poucos minutos eles chegam ao seu destino. A Coffee and Flowers era uma pequena cafeteria, que passava despercebida ao olhar apressado das pessoas, mas se olhasse com mais cuidado, poderia encontra-la. Seu interior era quente , ao contrário das ruas gélidas de Londres, o que vez com que a pele de Marry se arrepiasse.
-O que vai querer?- perguntou Harry, quando eles se sentavam em uma mesa mais ao canto.
-Humm... - Marry franze os lábios em uma fina linha- Acho que só um café.
-Ok- Harry dá de ombros e vai ao caixa fazer o pedido.
Os olhos de Marry vagueiam por todo o espaço, analisando-o. Era um lugar aconchegante, mas quase vazio devido ao horário. Havia cadeiras de madeira com estofados em vermelho parecendo mais sofás de tão grandes, dignos de filmes dos anos 70 e mesas igualmente de madeira.
Harry rapidamente volta ao seu lugar, na frente de Marry, já com seus pedidos em mãos.
-Aqui- falou, entregando - lhe uma xícara de café fumegante e um muffin de banana.
-Obrigada- murmura, bebericando um pouco de café.
-De nada- ele sorri- Será que posso saber seu nome?
Não - pensa.
-Marry.
-Prazer, Harry.
Ele estende sua mão, ela hesita por alguns segundos, mas acaba apertando.
Aquele simples toque de mãos, foi como se suas almas estivessem se reencontrando, depois de muito perdidas a procura uma da outra.
E pela primeira vez em muitos anos, Marry sorriu. Sorriu sinceramente, de orelha a orelha. Harry retribuiu.
Mas ao olhar para o pulso da garota, seu sorriso se desvaneceu. Olhando o seu braço cheio de cicatrizes, ele percebeu, tinha que salva-la.
Ao perceber o olhar do garoto em seu pulso, Marry apenas encolhe os ombros, tentando puxar seu braço se volta. Mas Harry a impede. Ele o agarra gentilmente, erguendo a manga de sua blusa e beija suas cicatrizes.
-Não faça mais isso - Ele olha diretamente em seus olhos- Me deixe salvá-la.