A Filha De Romeu e Julieta

By Flavyc

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Quem diria que Romeu e Julieta teriam uma filha? Amora é uma garota um tanto problemática, que adora looks ex... More

Autora Falando
Prológo
Capítulo 2 - E tudo está bem, quando acaba bem!
Capítulo 3 -A viagem e vida nova...
Capítulo 4 - Conhecendo o meu pesadelo...
Capítulo 5 - Desabafando
Pedido de Desculpas
DISPONÍVEL NA AMAZON

Capítulo 1 - Minha Vida

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By Flavyc

"Se as pessoas dissessem como realmente se sentem, as ruas estariam inundadas de lágrimas."

Pretty Little Liars

Onze anos depois do acidente...

- Meus pais morreram, tiveram uma história semelhante a de Romeu e Julieta. Fui criada pelo meu padrinho Paulo, amigo do meu pai, e sua esposa Tereza, juntamente com o filho deles, Peter. Essa é a história da minha vida, não quero contar os detalhes mórbidos. Acho que Shakespeare deve ter previsto o futuro contando sobre a morte dos meus pais, com algumas diferenças, por exemplo: sou filha deles, fiquei órfã. Isso não tinha na história, não é? O que digo é que o amor é inútil, tão inútil quanto esse trabalho de casa! Tudo bem – dou de ombros com o sorriso intacto.

E, não! Definitivamente não estou bem. A professora nos fez escrever um trabalho sobre nossas vidas e das nossas famílias, obrigou a ler na frente de toda a classe. Poderia ter mentido ou inventado qualquer outra coisa. Não estava com cabeça para mentir, precisava desabafar para melhorar o ânimo, talvez diminuísse o buraco no meu peito. Agora, ao ver o olhar de pena de todos da minha sala, muitos não sabem sequer meu nome, dá vontade de gritar de raiva. Detesto que sintam pena de mim. Contar uma história triste não significa que precisam me tratar como se eu fosse uma pobre coitada. Qual é?

- Amora, não sabia dessa história, sabia que você foi criada pelo seu padrinho Paulo e a esposa dele, que faleceu alguns anos atrás – a professora, Janaína, faz uma pausa respirando fundo, como se quisesse evitar o assunto. Reviro os olhos por ela ter feito lembrar também de Tereza. Ótimo, não tem como esse dia ficar pior!

- Mas não sabia de tudo isso, sinto muito...

- Pois é, não costumo contar minha vida inteira para as pessoas - mexo nas minhas tranças, irritada – Resumi a história, como você pode perceber. Eu não estava lá para lembrar os mínimos detalhes. Até porque não estava a fim de contar para um bando de curiosos – falo com desdém.

Janaína olha surpresa, um tanto brava, não diz nada. Volto o olhar para os babacas à minha frente, todos estão de boca aberta, parece que falei uma mentira. A turma permanece em silêncio.

- Espero que tenha ficado bom, tenho que tirar uma boa nota.

Bate o sinal. Pego a bolsa e saio da sala junto com os outros alunos, sem me dar ao trabalho de esperar para ouvir o que ela tem a dizer.

Peter deve estar me esperando. Chego ao estacionamento, no pátio. Ele está na moto rodeado de garotas, o que não é novidade nenhuma. A jaqueta de couro preta e os óculos escuros lhe dão um ar de mistério, a calça jeans surrada o deixa extremamente gato. Todas o olham como idiotas, inclusive eu. Dificíl não olhar para ele. Peter é lindo. Ele tira os óculos para mostrar que consegue ser ainda mais charmoso. Seus olhos azuis, indescrítiveis, com tons de verde. Tenho quase certeza que é humanamente impossível ter olhos como aqueles.

O típico Bad Boy.

- Terminou de paquerar as garotas? Podemos ir embora ou devo pegar um táxi?! – pergunto alto o suficiente para chamar sua atenção, os olhares se voltam em minha direção.

- Seu irmão estava apenas conversando com a gente – diz uma garota de cabelos castanhos curtos, alta, com um vestido justo verde água. Se não me engano é uma das colegas de Peter, está grudada no braço dele como se fosse cair se o soltasse.

Tento ignorar a raiva que cresce em meu peito por tamanha idiotice.

- Ele não é meu irmão! – enfatizo a última palavra e a empurro de leve. A garota quase cai. Bom, com aqueles saltos gigantes, maiores do que as próprias pernas, quem é que não iria cair, não é mesmo?!

- Vocês têm o mesmo sobrenome – ela protesta e cruza os braços.

- Até te explicaria, mas não vou perder meu tempo tentando explicar o que não é da sua conta – ela fica chocada.

Peter ri e a garota o olha com raiva, joga o cabelo para trás do ombro com pose de superioridade.

- E aí amor, vem sempre aqui? – Peter pergunta debochado e a provocação em sua voz me dá vontade de socá-lo. Pego o capacete e desvio o olhar para seus olhos azuis verdes que, por mais que deteste admitir, são os mais lindos que já vi.

- Você sempre está aqui? – pergunto entrando no jogo dele.

- Bom, eu estudo aqui! – ele responde ligando a moto.

- Então... Eu não virei mais! – sorrio irônica, ele ri e ouço os suspiros das garotas.

Kevin nos observa de longe, coloco o capacete e subo na moto.

Chegamos em casa. Peter tira a jaqueta e vai para a cozinha. Jogo a mochila no chão e pulo no sofá ligando a televisão.

- Como foi a aula? – ele pergunta gritando da cozinha.

- Ma-ra-vi-lho-sa, e a sua? – lembro com ironia tentando não pensar sobre o assunto.

- Incrível, adivinha? Terei que escrever um poema e ler na frente de toda a classe, sobre boas e más maneiras, só porque me comportei mal com uma "colega" na sala de aula – seu sorriso sorrateiro aparece triunfante - Ainda bem que é a última semana de aula, não aguento mais, obrigado férias!! - ele diz dando graças e eu confirmo com a cabeça.

- Pelo menos você não teve que contar a história da sua vida com trinta pares de olhos curiosos te fiscalizando e escutando atentamente cada parte triste da sua vida – digo tentando não demonstrar a tristeza na voz. Peter ergue uma sobrancelha me olhando curioso.

- Sei como você deve estar se sentindo agora, sabe que pode contar comigo – balanço a cabeça afirmativamente.

- É só que... É como se revelasse todos os meus segredos para todas as pessoas do mundo em um alto falante. É horrível!

- Imagino. Por que contou? Sabe que não precisava e mesmo assim contou. Por quê? – ele indaga sentando no sofá ao meu lado.

- Achei que se parasse de mentir sobre minha vida para as pessoas aliviasse um pouco o vazio. Meus pais lutaram tanto por algo que acreditavam, no fim não valeu a pena, foi tudo em vão! – ressalto indignada.

Mesmo depois de tantos anos ainda é difícil de acreditar o quanto a vida é cruel. Peter passa a mão pelo meu ombro para confortar.

- Sei como é difícil para você acreditar que algo tão bonito como o amor possa terminar desse jeito. – ele me puxa para um abraço fazendo com que me sinta segura.

Seu cheiro de hortelã com chocolate impregna minha roupa dando a sensação de estar protegida.

Peter não é como um irmão. Temos o mesmo sobrenome, moramos na mesma casa e fomos criados como irmãos, porém nunca o vi como um. Às vezes acho que temos um tipo de ligação. Peter sempre aparece no melhor momento, quando mais preciso. É quase um dom dele que agradeço imensamente. Vivemos brigando, discutindo, provocar um ao outro é, com certeza, nosso passatempo favorito. Ele adora atormentar e não perde uma oportunidade de me irritar, mas quando estamos tristes apoiamos um ao outro. E adoro isso.

A verdade é que quando falam sobre amor desligo no minuto seguinte, não gosto de ouvir mentiras como se fossem verdades. O amor só faz a gente sofrer! Fim. Prefiro não sentir nada, por ninguém, sei que vou acabar me machucando! Não é um pensamento mordaz. É a realidade! Não acreditar no amor é melhor do que sofrer por ele. Até porque acreditar em algo que não existe é como ter uma morte lenta e dolorosa enquanto está vendado. É achar que está voando pelo abismo e na realidade está caindo.

- E aí, está com fome? – ele pergunta me soltando.

Agradeço sorrindo por ele mudar de assunto e confirmo com a cabeça.

- Olá crianças, tudo bem com vocês? – Paulo chega.

Tira o casaco colocando no cabideiro e vem até nós. Deposita um beijo na minha bochecha e dá dois tapinhas nas costas de Peter.

- E aí pai – Peter responde deitando no sofá e repousando os pés em cima das minhas pernas. Folgado.

- Bom, na verdade não está tudo bem não... – empurro os pés de Peter fazendo o mesmo quase cair do sofá. Ele joga uma almofada me fazendo rir.

Fico séria no minuto seguinte fazendo com que os dois prestem atenção. Paulo me olha confuso e intrigado esperando o motivo.

- O que houve Amora? – ele pergunta preocupado.

- Seu filho vai ter que escrever e ler um poema para a sala toda e eu não vou poder ver – debocho de Peter rindo. Ele me fuzila com os olhos atacando mais uma almofada, Paulo apenas sorri. Olha atentamente as cartas em suas mãos.

- Amora, querida, tem uma carta aqui para você! – diz me entregando um envelope.

Desconfio. Não recebo cartas, para isso tenho celular. Quando abro a carta e começo a ler fico completamente em choque. Os dois me olham esperando que eu diga alguma coisa, não consigo dizer nada.

- O que foi Amora? – Peter pergunta olhando curioso.

- Meu avô... – engulo em seco para tirar o nó da garganta - Quer que eu vá passar um tempo com ele, duas irmãs e sobrinhas na sua mansão em... New Jery – perco toda a cor e eu... Eu não estou entendendo mais nada.

Como esse homem sabe da minha existência? 

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