Emburrados (Concluído).

By gabipizzol

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Logan Black, de acordo com as câmeras, é uma pessoa gentil, engraçada, amante da paz mundial, com quase um bi... More

Conheça os Black!
1x01 ♠ Piloto
1x02 ♠ Família Bucchi
1x04 ♠ Overdose de Amor
1x05 ♠ Olá, vaca.
1x06 ♠ Terroristas?
1x07 ♠ Templeton
1x08 ♠ Em família
1x09 ♠ Enfaixado
1x10 ♠ Cadê o noivo? (Parte 01)
1x10 ♠ Cadê o noivo? (Parte 02)
1x10 ♠ Cadê o noivo? (Parte 03)
Extra ♠ Pixels
Sorria, você está sendo printado!
Especial ♠ The Tonight Show with Jimmy Fallon
youtube.com/papodemacho
LOGUETES, EU PRECISO DE AJUDA!
Agradecimentos + Emburrados #2
Hello, Loguetes!

1x03 ♠ Berinjela

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By gabipizzol

Oi gente! Como vocês estão?

Finalmente o episódio três está saindo! Eu estou tendo bastante dificuldade de revisar os episódios durante a semana, então provavelmente nossos posts ficarão mesmo para os fins de semana, mas, nunca se sabe quando eu terei um tempo ocioso ao longo da semana, não é mesmo?

Ah, vocês não sabem, mas ontem foi meu aniversário e eu oficialmente sou velha agora, mas, o importante não é isso! O importante é que, ao longo dessa semana, Emburrados chegou ao #132 em humor! Quer presente de aniversário melhor do que esse? Claro que eu ainda aceito presentes, mas esse já está me fazendo definitivamente uma autora muito feliz! Obrigada, lindezas, por receberem tão bem a família Black <3

Espero que vocês gostem de mais um episódio e aguardo ansiosamente para postar o episódio quatro, que na minha opinião é um dos mais engraçados!

Beijos,

Gabs ♥

♠♠♠

Eu não entendo, de verdade, o que leva uma pessoa a me visitar. Sério! A pessoa tem plena consciência de que toda vez que vem me ver algo sai errado, um pequeno terremoto assola o Japão ou um vulcão adormecido desiste de seu sono de beleza e ainda assim, acha que é legal vir me visitar sem motivo nenhum.

E traz uma torta de berinjela.

QUEM FAZ TORTA DE BERINJELA PARA LEVAR PARA AS PESSOAS, QUEM?

Blanca Murray, é claro. Além da visita e da mais horripilante torta de que já se ouviu falar, traz de brinde quem? Fernand. Isso certamente é Satanás testando minha paciência. E ele vai descobrir algo que eu já sei: não possuo.

E, como tudo o que está ruim pode e vai piorar, adivinhem? Está chovendo horrores! Jamie, é claro, ficou em casa porque não quer pegar chuva no cabelo escovado. Então, quem é o otário que vai buscar os sogrões no aeroporto? Logan imbecil Black, é claro. E se querem uma dica, eu guardaria debaixo de sete chaves o dia em que eu falei mal de mim mesmo, porque não vai acontecer de novo. Sabemos que eu sou perfeito.

Eu havia acabado de chegar ao aeroporto e já estava ensopado dos pés à cabeça. Claro que eu tenho consciência de que eu fico tremendamente gostoso com essa camisa branca molhada e com essa calça evidenciando meu traseiro, mas, convenhamos: por mais gostoso que eu esteja, não é legal estar molhado quando a temperatura é de doze graus célsius.

— Pai, eu estou congelando. — Yusuke, que havia me acompanhado, graças a Zeus, reclamou ao meu lado com um rosto emburrado e os braços cruzados como se estivesse dando um abraço em si mesmo.

— Reclame disso com seus avós. — Eu disse e em seguida fiz um bico que poderia bater em alguém que estivesse a dois metros de mim.

— Ele não precisa reclamar com a vovó, não é Yuyu? — Blanca disse, surgindo do além como um demônio que pratica tele transporte (talvez o fato de eu não estar querendo encontra-la tenha feito seu aparecimento repentino ser ainda mais repentino, mas voltemos ao que interessa), soltando sua bagagem de mão e automaticamente agarrando as bochechas do meu filho e praticamente arrancando-as da cara da criança e, para completar, com uma vozinha de bebê (de 180 anos): — Como vai o bebê da vovó? Tá tão gor-du-chi-nho! Papai não tem te levado pra jogar futebol, não é mesmo? — Seus grandes olhos azuis se viraram em minha direção — Se bem, que no caso dele, ele seria a bola.

Ela e Fernand riram. Estou achando tão hilário, tão hilário, que estou rindo por dentro. Falo pra ela ou não que se eu colocar a foto dela atrás do maço de cigarro todo mundo para de fumar?

— Engraçado, porque ainda assim tenho uma horda de fãs que me perseguem onde quer que eu vá, já você... — Não pude terminar, já que Yusuke, como o bom intrometido que é, me interrompeu.

— Poderia ser facilmente confundida com um abacaxi numa feira. — Foi o que ele disse antes de puxar as bochechas (que ficariam roxas um mês) das mãos de Blanca. — Sem querer ofender, vovó.

Filho, eu amo você. E é isso que dá chamar as pessoas de gorduchas, mesmo sendo avó delas. Quem fala o que quer... Espera, espera. É correto eu defender esse tipo de atitude? Quero dizer, eu deveria ser um bom pai.

Dane-se.

— Vamos para casa? — Blanca sugeriu, como se agora a minha linda casa fosse dela também. Por favor. — Jamie iria gostar de saber a educação que o marido dela dá aos filhos gorduchos. — Acho muito chato as pessoas sempre acharem que as coisas erradas que meus filhos fazem são obra dos meus ensinamentos. Eles esquecem que Jamie é a pessoa má da relação, não eu!

Vi Yusuke se preparar para falar que não era gorducho, mas nossos instintos ninjas se comunicaram e decidimos não falar nada.

Entramos no carro e prosseguimos num silêncio normal, mas o clima estava pesado. Porque Blanca estava no carro. Sentada à direita, no banco traseiro. E adivinhem só o que aconteceu?

Claro que o pneu traseiro direito ia dar problema e nós íamos ficar presos no meio do nada com uma chuva terrível! Isso porque o Yusuke é gorducho e eu sou uma bola!

Ah, me respeite!

— O que houve com o carro? — Fernand perguntou.

— Acho que foi alguma coisa com a roda. — eu disse. — Direita traseira.

— Você está me chamando de gorda? — Blanca perguntou.

Ah, por favor, eu?

— Vou ligar para o seguro. — eu disse, pegando o celular no bolso.

— Pra quê? — Fernand questionou, fazendo um gesto de dispensa abanando a mão direita — Nós dois podemos sair e consertar num minuto.

— Vovô, você já viu a chuva lá fora? — Yusuke disse, apontando com o polegar em direção ao vidro do carro. Essa fala de Yusuke gera uma tremenda ambiguidade. Por quê? Primeiramente, pode ser sinônimo de dizer " a chuva está muito forte, não dá pra ir lá fora", e na segunda hipótese, pode fazer menção à cegueira de Fernand. Qual é, não é preconceito! Vamos dizer apenas que ele não está mais na flor da idade, é bem possível que ele não tenha visto essa chuvinha que vai devastar a cidade e causar o dilúvio.

— Você acha que Logan sabe concertar um carro, Fernand? — Blanca perguntou, desdenhando totalmente da minha capacidade de consertar um carro. Infelizmente, talvez ela tivesse razão. Minha habilidade é ser lindo. — Tudo o que ele sabe fazer é segurar aquela coisa roliça e comprida. — ela olhou para Yusuke, pesando o efeito que o que ela havia dito teria na mente da criança, e corrigiu-se — O microfone — disse, sorrindo amarelo.

E vocês acham que eu não tenho motivos pra odiar dona Blanca, não é? Vocês não viram nada ainda. Mesmo.

Eis que, provocado pela língua ferrenha da minha sogra, eu e Fernand estávamos do lado de fora do carro procurando por algum defeito. Aparentemente o problema não era só a roda, mas também no motor. Porque quando Zeus te manda uma provação, ele capricha. Fernand estava com a cabeça enfiada por baixo do capô e olhava qual era o defeito, e eu? Olhava Fernando de bunda para cima.

— Achei! — Fernand disse, comemorando.

— Achou o problema? — perguntei — O que é?

— O problema não. –— ele respondeu — Achei o motor!

Reflitam comigo: O problema não. Achei o motor!

Não amigos, vocês não leram errado e eu também não estou surdo. Zeus pegou pesado no teste da paciência hoje. Eu estou perdido! Vou pegar pneumonia antes desse homem conseguir encontrar o problema do motor! Será que ele consegue ver o carro?

Sério, ele é legalmente cego, não é? Quer dizer, o motor do meu carro não é exatamente pequeno, sabe? É bem grande, na verdade. Bem grande mesmo.

Vi Yusuke com a maior cara de tédio dentro do carro, enquanto Blanca contava alguma das histórias hilárias do "Clube das Damas", ou melhor "Clube das velhas recalcadas fofoqueiras", que nada mais era que um clube onde velhas recalcadas fofoqueiras fofocavam, tipo, um bando de babuínos bobocas balbuciando em bando. Falo mesmo. E sim, eu acabei de citar Harry Potter.

Percebi que essa ida ao aeroporto pra buscar vovô e vovó estava sendo tão tediosa pra mim quanto para Yusuke. Pensei em Jamie sequinha em casa, conversando com Crystal enquanto comiam biscoitos e uma luz vinha do teto e as iluminava, acompanhada daquele "oh" dos filmes. E quis matar Jamie.

— Isso é um carburador, Logan? — Fernand perguntou, apontando para o eixo do motor. Eu vou pular de uma ponte! AGORA!

Uma hora depois (sim, sem nenhum exagero) Fernand finalmente se deu conta do óbvio: ele não sabia consertar o carro. Eu já estava mais que gripado, já sentia a formação mucosa que ia do meu pulmão ao nariz escorrendo em sua linda gosmentissice verde. Sim, eu sei que que essa palavra não existe, ok?

Entramos no carro tremendo de frio. Yusuke disse que eu estava roxo e riu de mim, o que é bem típico dele.

— Posso ligar para o seguro Fernand, ou ainda tem algo contra? — Perguntei, enquanto batia os dentes de frio. Perco o calor corporal mas não perco a chance de ser irônico.

— Pode. — ele disse.

Liguei para seguro, que disse que mandaria um guincho que chegaria em uma hora. Uma hora com esses dois dentro do carro. Zeus, o que eu fiz pra merecer tamanha provação? Só digo uma coisa: se eu não assassinar ninguém hoje, nunca mais cometo esse delito.

— Pai, estou com fome. — Yusuke disse.

— Sinto muito filho, mas eu não trouxe nem um amendoim para o carro. — eu disse.

— Mais um problema de vocês, homens. — Vovó disse com um sorriso superior plantado na face, no meio do bigodão chinês — Adivinha o que a vovó trouxe? — Se ela disser torta de berinjela, vou gritar eca. — Torta de berinjela!

— ECA! — Eu, Yusuke e Fernand gritamos em uníssono.

Blanca nos olhou espantada. E seus olhos encheram-se de lágrimas.

— Eu não acredito! — ela disse, chorando debilmente — Vocês não gostam da minha torta? Minha deliciosa torta?

— Não. — eu disse, já que as demais pessoas não pareciam dispostas a fazê-la sofrer — Eu sei que eu disse que gostava para te agradar, mas, você não está merecendo que eu te agrade, dona Blanca.

E ela chorou, de forma que Yusuke olhou pra mim de cara feia, me culpando por algo que eu não fiz. Ok, eu tinha feito, mas na hora de gritar eca todo mundo gritou, né?

— Vovó, não se ofenda. — Yusuke disse — É por consideração por você que nós fingimos gostar daquela coisa marrom com aspecto de isopor e cheiro repugnante.

— Vocês me enganaram! — ela fungou várias vezes antes de prosseguir — Vocês me fizeram de idiota! — conto pra ela que ninguém precisa fazê-la de idiota pra que ela o seja? — Me fizeram labutar por anos atrás de berinjelas deliciosas pra no fim me enganarem! Até você, que eu chamo de marido!

— Eu comi umas duas vezes, Blanca. — Fernand admitiu com um certo pesar transparencendo em seu rosto — Mas, depois disso, eu sempre dava a torta para o gato.

— Então é por isso que um gato sempre morre nas datas comemorativas! — eu disse, refletindo alto demais sobre o fato de que sempre, um dia após o natal ou coisa assim, um gato aparecia morto naquela casa.

— Cale a boca, seu projeto de quadrupede! — Blanca gritou, mas continuou chorando.

Pois é amigos, Blanca veste Prada.

Vocês entenderam o sentido figurado disso né? Eu quis chama-la de diabo, porque não sei se a Prada vende roupas pra idosos tamanho extra G.

— Você está chorando Blanca? — Fernando disse — Matou meus gatos por anos! Meus gatinhos! — E então Fernand começou a chorar. — Meus gatinhos! Felpudos, fofinhos, branquinhos, gorduchos, alimentados com whiskas sachê, com aquele cheirinho peculiar, que falavam 'miau' comigo todo dia! Meus bichaninhos amados!

— Ora homem, se controle. Eram apenas gatos. — Blanca desdenhou, como se matar gatos fosse algo natural do ser humano. Talvez fosse para ela, já que era meio ser humano e meio demônio.

— Que você matou com berinjelas. BERINJELAS. — Fernand enfatizou.

Se você quer ler toda essa discussão, acesse... certo, você não vai ler toda a discussão simplesmente porque eu não ouvi, e como sou eu quem narro, você não vai ler nunca. Beijos aí.

A uma hora que o guincho demoraria se transformou em duas horas. Você acha que a chuva cessou? Estou até rindo.

— Pai, vai lá fora e conserta esse carro. Eu preciso comer alguma coisa. Meu estômago com toda a certeza do mundo está tentando devorar algum órgão próximo! — Yusuke disse com as mãos sob a barriga de forma dramática — Estou me sentindo terrivelmente atraído por aquele marrom esverdeado da torta da vovó!

Notando que a situação estava ficando séria, eu resolvi ir ver o que estava acontecendo com meu carro. Saí e logo a chuva começou a perfurar minha carne. Abri o capô. Olhei cada parte do motor e nada parecia errado. Chutei a lataria da porcaria do carro com toda a força que reuni.

Praguejando, fui convicto entrar no carro. E quanto eu puxei a tranca, adivinhem?

Blanca tinha me trancado do lado de fora.

Eu odeio essa mulher.

A chuva estava bem fria e meia hora depois, eu estava do lado de fora fazendo a 'dança sexual do acasalamento' que aprendi na tv, enquanto esfregava minha bunda molhada no vidro do lado de Blanca, que fazia de tudo pra não olhar, mas, amigos, minha bunda é sensual demais. Ela não conseguia parar de olhar pra tamanha perfeição.

Yusuke ria compulsivamente. Chateado, chutei de novo o carro.

A partir daí tudo aconteceu muito rápido.

Blanca falou com Yusuke, que ocupando o banco do motorista, virou a chave. E adivinhem? O carro ligou.

E adivinhe de novo: Eles foram embora e me deixaram na chuva!

Maldita foi a hora que eu inventei de ensinar Yusuke a dirigir sem a permissão de Jamie! Por que eu não escuto a minha esposa maluca? Uma em cada duzentas bilhões de vezes ela tem razão.

Mas com Zeus é muito bondoso, só fecha uma porta quando vai abrir outra, adivinhem(estou achando que vocês são videntes, tem que adivinhar tudo):

— Aquele é Logan Black? — uma loira gritou de dentro de um carro.

— É sim! Com essa bunda enorme, só pode ser! — as duas saíram do carro e me abraçaram compulsivamente, ficando todas molhadas como eu e passando as mãos em lugares impróprios que deveriam estar dez por cento menores devido ao frio. E que Jamie nunca fique sabendo disso.

Bom, o fato é que essas mãos-bobas me renderam uma carona para casa. Abri a porta da frente e deparei-me com Blanca sentada no meu sofá tomando um chá, Yusuke jogando vídeo game e Fernand lendo o jornal. Jamie estava de jeans com um blazer rosa bebê, e chegou me abraçando.

— Só te perdoo por estar molhando todo o meu carpete porque minha mãe me contou! — Minha esposa disse sorridente demais para alguém cuja mãe tinha largado o marido sozinho e desamparado no meio do dilúvio.

— O que sua mãe te contou, Jay? — perguntei enquanto apertava os olhos de forma ameaçadora na direção de Blanca. Quer dizer, eu acho que era ameaçadora. Nos filmes funciona.

— Que você resolveu fazer cooper! — Jamie bateu palmas. Eu mal podia acreditar que ela tinha caído em algo tão claramente mentiroso. Eu, fazendo cooper? Não nesse mundo. — Sabe quando foi a última vez que você foi à academia ou calçou um tênis de corrida? — Eu nem me lembrava, sou gostoso por natureza, preciso marombar não. — Você nunca foi! — Não disse, sou gostoso demais pra isso — Estou tão feliz!

Blanca sorriu ironicamente pra mim, e eu desejei do fundo do meu coração poder arrancar cada dente daquela boca enrugada! Se é que não é uma dentadura! Velha xexelenta! Nem acredito que alguém tão repugnante possa ter dado a luz a uma pessoa tão maravilhosa quanto Jamie! É isso que dá casar com uma pessoa perfeita: vem com o diabo de brinde.

— Só tenho que dizer que essa corrida nem vai valer muito a pena, porque adivinhe o que mamãe trouxe? — ela deu uma piscadela pra mim — Torta de berinjela!

Suspirei audivelmente quando Jamie disse isso e abriu a vasilha liberando o odor repugnante (lê-se catinga infernal) que provinha daquela torta horrenda e quase desmaiei quando o cheirinho invadiu minhas narinas.

— Jay, eu já disse pra sua mãe que eu não gosto... — apontei para a coisa marrom dentro da vasilha, com cara de nojo — Eue não gosto dessa coisa.

— Pois é amor, ele já me disse. — Blanca disse, dando de ombros como se não tivesse armado um berreiro ou me trancado para fora do carro quando eu disse isso. Agora ela queria fingir ser alguém civilizado — Mas eu já tinha notado, porque se ele comesse mais minha torta sem gordura, sem carboidrato e sem açúcar não estaria assim tão rechonchudo. — disse, me analisando minuciosamente, como se a minha porcentagem de gordura aparecesse a ela enquanto ela olhava para mim como se fosse me engolir — Está tão gordo que chega a estar com uma bunda de tamanho anormal. Não quero nem pensar no tanto de celulite hospedada nesse traseiro enorme. — desdenhou — E eu aposto que fica comendo bolachas escondido!

Semicerrei os olhos para Blanca. Quem ela achava que era para falar da minha bunda? Tudo bem que minha bunda é tão grande que sai dos lugares dez minutos depois de mim, mas quem é Blanca Murray para falar da minha bunda? Uma velha com recalque porque foi desbundada a vida toda! Vou contar pra ela o que a filha dela acha da minha bunda...

E outra coisa: a minha bunda certamente tem menos celulite do que ela tem no braço! Sim, amigos, ela tem celulite no braço. E também tem bigode, se vocês querem saber.

Chateadíssimo com o que Blanca disse, resolvi dar o troco. É claro que você sabe que falar não faz bem o meu estilo, não é?

Peguei a vasilha com a torta das mãos de Jamie e...

E... (ai, eu me amo).

Enfiei o rosto de Blanca dentro! Sim, eu tinha acabado de enfiar a cara de Blanca na vasilha cheia de torta! E sim, foi o momento mais feliz da minha vida... Até eu lembrar que provavelmente esse seria o motivo do meu divórcio.

Vi Jamie, incrédula, cobrir a boca com as mãos, enquanto Blanca tirava com as mãos as partes pastosas da torta que haviam agarrado em seu rosto, pena que, provavelmente, a maior parte estaria presa entre as rugas e que essas partes ela nunca conseguiria limpar.

— Logan Bradley Black! — Uau, sogrona sabe meu nome todo. Já sabemos que ela não sofre de Alzheimer — Eu vou tornar a sua vida um inferno! Nem que pra isso eu tenha que viver trezentos anos!

— Caramba! — eu disse, fingindo surpresa — Só faltam dois!

— Jamie, como foi que você teve coragem de casar com esse idiota? E de coabitar com ele? Não conseguiu coisa melhor não? — Blanca perguntou a Jamie, que mantinha a boca em um formato perfeito de "o".

— Com você como sogra, acha que muitos se candidataram? — Perguntei um pouco mais sarcástico do que gostaria — Pense em quantos caras correriam só de ver a sua torta. Eu tê-la comido durante todos esses anos foi a coisa mais linda que eu já fiz pela Jamie!

— Você não vai falar nada, Fernand? — Blanca perguntou ao marido, que estava claramente estagnado diante de toda aquela situação.

— Não costumo discutir com verdades absolutas, querida. — foi o que meu sogro respondeu.

Blanca saiu enfurecida da sala e Jamie, depois de me lançar um olhar cortante de reprovação, foi atrás dela. E eu? Fui conversar com o causador de toda essa confusão: Yusuke.

Cheguei ao quarto, onde ele tinha uma agenda telefônica (que diabos estaria ele procurando? Se você disse "um telefone", sinta-se idiota. O que quero dizer é o que ele está procurando numa agenda que ninguém usa há décadas?) e o telefone. Olhou pra mim assim que eu encostei meu tronco no batente da porta. E engoliu em seco.

— Explique-se. — Pedi assim que seus olhos verdes encontraram os meus — Que traição foi aquela? Como você dirige um carro aos doze anos e me deixa a pé?

— Ela... ela... — ele disse e soluçou, o que me fez perceber que ele estava falando de Blanca — Me ameaçou!

— O quê? Como assim ela te ameaçou? — Questionei.

— Ela disse que me faria comer a torta se eu não dirigisse! — Chantagistazinha barata, fazendo terrorismo com uma criança! — E eu não saio desse quarto até que vovó faça você comer a torta todinha!

— Não vai ser preciso. — Contei dando de ombros, como se não fosse grande coisa — Eu acidentalmente coloquei o rosto da sua avó na torta.

— Você o quê? — Yusuke começou a rir escandalosamente — Eu não acredito! Vovó não morreu intoxicada, não?

— Ela tem experiência com veneno. — eu disse, depois parei pra pensar. Estou envenenando meu filho contra a própria avó! Mas se tratando de Blanca, nem me sinto culpado. Falo mesmo.

— Mas agora estragou meu plano. — Yusuke disse.

— Que plano? — perguntei. Confesso que me arrepiava a ideia de saber o que aquela pequena mente estaria aprontando. Seria mais fácil Jamie me perdoar se eu não soubesse de nada, não é mesmo?

Sorriu maquiavélico. E eu estremeci. Por quê? Vindo de Yusuke poderia ser qualquer coisa imaginável! E não imaginável!

— Vovó, no carro, estava conversando com o vovô e dizendo que o único genro que ela odiou mais que você foi o Memo. — Yusuke deu de ombros — Então eu o chamei para almoçar aqui.

— VOCÊ O QUÊ? — Dei um pequeno berro lembrando de que, ainda outro dia, ele estava com a boca na boca da minha esposa e agora Yusuke, meu bebê que deveria me amar incondicionalmente, estava planejando trazê-lo para minha casa de novo!

— Qual é, pai! — Yusuke disse — É um ótimo plano! Memo, trouxa como é, vai fazer a vovó te amar eternamente! Eu só precisava de uma torta de berinjela...

— De uma torta? — Blanca perguntou, chegando ao quarto tão de súbito que eu comecei a me questionar de a simples menção à "torta de berinjela" a fazia aparecer — Então está com sorte! Fiz uma extra!

ECA! Mas até que era um bom plano. Blanca ia ter que me pedir perdão de joelhos. E eu ia adorar cada segundo disso. Ah se ia.

— Vamos, Logan. — Blanca chamou — Jamie exige que eu almoce com meu genro preferido. — sorriu, pegando Yusuke pela mão. Ele piscou para mim como quem dizia que o Plano "Amor da vovó" estava começando.

E sobre Blanca, o que eu tenho a dizer? Falsa. Ela ai viva andando pelo mundo e os raios ainda caem em árvores. A vida não é mesmo justa. E nem os raios. Pobres árvores.

Desci as escadas bem atrás de Yusuke e Blanca, e quando cheguei ao ultimo degrau, a campainha tocou. Mas p*ta merda, Memo sai de casa até debaixo do dilúvio pra ver a Jamie? Se ele soubesse que uma deliciosa torta o espera...

Jay foi abrir a porta e nem disfarçou a cara de surpresa e de "que diabos você está fazendo aqui"? ao encontrar Guillermo parado ali, encarando-a.

— Memo? Que surpresa! Que diabos você está fazendo aqui? — Ela perguntou enquanto o olhava de modo surpreso.

— O garotinho de nome estranho me convidou para almoçar. — Memo disse.

Jamie deu de ombros, deixando Memo entrar. A reação dela não foi nada comparada a reação de Blanca ao ver Memo. A velha só faltou saltar da cadeira com uma faca e ataca-lo. Ela só não o fez porque não achou uma faca, porque eu bem vi a mãozona enrugada deslizando pela mesa em busca de uma.

— E o Domenico? Não quis se juntar a nós? — Perguntei.

— Eu convidei. — Memo respondeu enquanto puxava uma cadeira para se sentar — Mas ele disse que tinha tido coragem o suficiente para entrar aqui uma vez, mas que nunca mais teria.

— Você deveria ter seguido o exemplo... — Blanca murmurou.

— O que disse? — Memo perguntou, olhando para Blanca.

— Ela disse que hoje está fazendo um ótimo tempo! — Jamie adiantou-se, tentando manter um clima de paz antes que Blanca pudesse fazer alguma coisa.

Todos nós olhamos pelos vidros da casa que davam para fora, e olhamos para Jamie, concluindo que ela não era boa em inventar desculpas. Quer dizer, o dilúvio estava instaurado ali fora e ela quer falar de bom tempo?

Todos nos sentamos à mesa, exceto Blanca, que havia ido buscar a iguaria para Memo experimentar, a meu pedido, é claro (risada maléfica aqui).

Jamie havia preparado uma deliciosa macarronada. Havia uma grande variedade de molhos sobre a mesa, em recipientes metálicos que eu não sei o nome. Ela servia a todos, mas pra mim nem perguntou: macarronada ao molho branco. Meu preferido.

Ela já ia servir Memo, mas... (sou obrigado a admitir que eu nesse momento eu quase gosto da Blanca).

— Ei Memo, não vai querer experimentar a minha torta? — Blanca fez uma inútil tentativa de sorrir, já que sua feição parecia mais a de alguém que estava rosnando.

— Eu iria comer a macarronada da Jamie... — Tentou desviar da iguaria de Blanca.

— Sabe, vovó sempre dá preferência a genros que preferem a comida dela a da minha mãe, e bem, meu pai odeia essa torta... — Yusuke disse.

Yusuke havia colocado lenha na fogueira. Isso bastou para que Memo colocasse metade da torta no prato e parecesse bem apto a comê-la, ignorando o odor, a cor, a aparência e a viscosidade.

Jamie e Blanca conversavam sobre cozinhar (paixão das duas, talento de Jamie). Vi Memo espetar um pedacinho da torta com o garfo.

— Eu sempre gostei de cozinhar, mãe. — Minha adorável esposa disse — Aprendi com você! — MENTIRA! Ela não podia ter aprendido com Blanca simplesmente porque Blanca não sabe fazer isso.

Vi Memo cheirar a torta que havia espetado no garfo e fazer careta.

— E qual é a sua especialidade na cozinha, Jay? — Blanca perguntou.

Memo levou um pedaço da coisa verde e pastosa até a boca, e mastigou.

— Massas. — Jaime disse, sorrindo — e a sua?

— Abrir a geladeira — Memo disse, cuspindo a torta no prato (PORCO!) — Isso está uma droga! Nunca comi algo tão repugnante na vida!

— E a sua especialidade é frango, não é querido? — Blanca ironizou, fazendo referência ao fato de Memo ser goleiro. Eu e Yusuke, claro, quase tivemos asfixia de tanto rir.

Blanca 01 x 00 Memo. Vai sogrona!

Memo calou a boca e se forçou a continuar comendo a torta, enquanto encarava Blanca com a feição mais malvada que ele julgava poder fazer, que pra mim mais soava como "sou uma purpurina incompreendida!". Ai.

Eis que para quebrar o clima pesado, Fernand entra no cômodo com três gatos no braço.

— Gatos? — Blanca perguntou, simples, com as sobrancelhas erguidas.

— Sim, comprei um gato pra compensar o falecido pela torta de berinjela. — Fernand explicou.

— Mas você comprou três! — ela disse.

— É que estou com problemas de memória! Fui à loja três vezes! Eu acho. — Fernand disse, colocando os gatos no chão. Rolei os olhos enquanto ele lavava as mãos e se sentava a mesa. Realmente, Fernando estava com perda de memória, Jamie já me dissera.

— Macarronada! — Fernando disse, enquanto Jamie o servia — E torta. — ele olhou pra torta de Blanca — Vou sair pra comprar um gato!

— Pai, o senhor já comprou três. — Jamie disse ao mesmo tempo em que colocava molho vermelho sobre o macarrão que ocupava o prato à frente de Fernand.

— É mesmo? — Fernand perguntou.

Bom, o almoço seguiu normalmente. Jamie parecia satisfeita em ser elogiada por todos, exceto Memo, que não pode nem experimentar suas delícias. Ah, como é doce a vingança! Todos havíamos acabados de almoçar, e Memo havia (eca) comido toda a torta que colocou em seu prato (eca).

— Querida — Blanca disse a Jamie — Pegue uns amendoins pra mim, sim? Como todos os dias depois do almoço. Nem sei por que gosto tanto!

— Todo elefante gosta. — Memo disse.

Blanca olhou pra ele. E bom, novamente, a partir daí tudo aconteceu muito rápido.

Blanca escutou o comentário de Memo e olhou pra mesa. Memo. Mesa. Memo. Mesa. Memo. Mesa. Torta.

Bom, o resultado foi que Blanca (sem criatividade, me copiou) pegou a torta na travessa e jogou em Memo, deixando-o verde-musgo de cima a baixo. Memo ficou enfurecido, e jogou todo o molho branco em Blanca. E Yusuke se empolgou, pegando a travessa com macarrão e jogando no cabelo de Memo (percebam que nem deu pra notar a diferença, porque Memo já tem cabelo de macarrão parafuso mesmo...).

E é claro que Jamie ficou furiosa. Se tem algo que ela odeia é que sujem a cozinha dela. E o que ela fez? Pegou o molho de tomate e jogou todo na minha cabeça, alegando que eu era o culpado de tudo. Yusuke chama Memo para casa e a culpa cai em mim, percebem como o mundo é injusto?

Fernand olhou pra Memo, que atirava aos punhados queijo ralado em Blanca.

— Isso no seu rosto é torta de berinjela? — perguntou — Vou sair para comprar gatos!

Bom, ninguém estava prestando muita atenção em Fernand mesmo, então...

Depois de muita comida agarrar nas paredes, teto, chão, armários e tudo o mais que havia na cozinha e de Blanca expulsar Memo da casa aos tapas, finalmente a guerra sessou.

— Eu não acredito no que você fez, Logan! — Jamie berrou. Acho que perdi a hora em que eu comecei a guerra. — Não quero olhar para essa sua cara um mês! — ela olhou para Yusuke e Crystal — Vamos crianças. Seu pai e sua avó vão limpar a cozinha.

Dizendo isso, Jamie saiu do local. Eu e Blanca começamos a limpar aquela zona, e enquanto eu esfregava as paredes, comecei a pensar que talvez eu fosse ser um divorciado daqui a alguns dias. E percebi a gravidade do meu problema.

— Sua filha é louca. — disse a Blanca.

— Eu te disse para não casar com ela doze anos atrás. — Blanca ralhou.

— Dizer que ela é tão pequena que em uma foto três por quatro sai o corpo inteiro não foi seu melhor argumento, sogra. — comentei — Sabia que vai ser a responsável pelo meu divórcio?

— Façamos o seguinte. — Blanca propôs — Se eu te ajudar com Jamie, você para de falar mal de mim para meus netos?

Eu cogitei responder "nunca", mas pelo meu amor a Jamie, eu e Blanca fechamos o acordo.

— Veja só, Blanca! — Fernand disse, passando pela porta com mais três gatos no colo —Comprei um gato! –— ele disse, largando os bichanos no chão e olhando pra parede— Isso é torta? Vou sair pra comprar um gato!

Bom, eu e Blanca havíamos fechado o acordo, ela sairia de casa com as crianças, Fernando e os vinte e oito gatos, deixando a noite para mim e Jamie. Nada mais justo, afinal, nada disso havia sido culpa minha.

E a muita noite romântica de desculpas com a Jay prometia... A culpa não é minha se sou um marido perfeito, porque amigos, mamãe passou açúcar em mim.

Errar é humano. Colocar a culpa em alguém, então, nem se fala.

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