Lobotomia (Livro II)

By andiiep

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Oi! Primeiro você tem que ler essa daqui: https://www.wattpad.com/story/31808631-psicose, pra depois ler essa... More

Sinopse e Explicação
Epígrafe
Um - O Recomeço
Dois - Psicose
Três - O Retorno
Quatro - Reconciliação
Cinco - Behind Blue Eyes
Seis - Foragido
Sete - Sorte
Oito - Exumar
Nove - Cambridge
Dez - Pistas
Onze - Reencontro Inesperado
Doze - Lembrança de um passado não muito distante
Treze - Strip
Quatorze - O investigador Josh Bethel
Quinze - Estampido
Dezesseis - Destino
Dezessete - Por Um Triz
Dezoito - Destino (parte 2)
Dezenove - Reconciliação (parte 2)
Vinte - O grande reencontro
Vinte e Dois - Funeral
Vinte e Três - Foragidos
Vinte e Quatro - Sensacionalismo
Vinte e Cinco - O Primeiro Encontro
Vinte e Seis - Cativeiro
Vinte e Sete - Sequestrada
Vinte e Oito - Ajuda
Vinte e Nove - Resgate
Trinta - Verdades Secretas
Trinta e Um - Êxodo
Epílogo
AJUDA AÍ, GALERA!

Vinte e Um - Luto

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By andiiep


Marteladas incessantes no crânio, um latejar insuportável no cérebro, no âmago, na alma...

Foi o que acordou Melissa pela terceira vez em três dias. Abrir os olhos era uma tortura chinesa, ela não queria. Sua vontade era dormir até que todo aquele tormento em sua mente finalmente tivesse um fim, ou até que entendesse o que estava se passando com ela... Toda aquela inconstância, todos aqueles sintomas de bipolaridade, toda aquela... Memória perdida.

Estava lutando para não entrar em desespero, lutando para não deixar transparecer para Corey que alguma coisa estava errada e que ela, como uma psiquiatra que era, não tinha a mínima ideia do que poderia ser. Não queria buscar uma resposta, em verdade, queria que apenas tivesse um fim. Que sua cabeça voltasse ao normal, que sua vida voltasse ao normal... Dormir até tudo passar, a melhor das possibilidades que sua covardia lhe apresentava. Uma voz insistente em sua cabeça, porém, lhe obrigou a abrir os olhos. A claridade foi cruel, e quando foi capaz de enxergar com clareza, a cena que encontrou lhe obrigou a acordar de vez.

Corey estava sentado na ponta da cama, as mãos apertando os lençóis com força entre os dedos. Sua respiração era tão forte que poderia ter acordado Melissa a qualquer instante. Talvez fosse, de fato, o motivo de ela acordar tão... Assustada.

-Corey? – chamou.

Ele pareceu não ouvi-la, pois não moveu um músculo que desse a entender que sim. Continuou como estava, estático, peito subindo e descendo com força, dedos maltratando os lençóis, como se eles fossem os culpados pelo que lhe atormentava. Melissa então ficou de joelhos na cama e se aproximou com cuidado. Ainda cautelosa, tocou os ombros tensos dele. Corey continuou como estava. Então ela notou o que atraía sua atenção. A televisão ligada, o volume bem baixo. Não era preciso ouvi-la para saber o que estava acontecendo ali.

Uma foto da irmã de Corey sorridente de um lado da tela, uma reprodução ridícula e mórbida da cena de crime de Barber Paay do outro lado.

Melissa levantou da cama e ainda com calma foi até a televisão e aumentou o volume. Corey só a notou então, desviando os olhos por um segundo da tela para fixá-los nela, um tanto perdidos, como se quisessem algum tipo de guia para onde ir. Naquele instante, ela não sabia para onde guiá-lo, também queria entender o que estava acontecendo. E agradeceu quando ele voltou sua atenção à tela outra vez.

"... filha de um dos sócios da maior construtora do Reino Unido, a Sanders&Paay, irmã do notório assassino Corey Sanders, dado como morto em outubro passado no St. Marcus Institute, onde cumpria pena e recebia tratamento psiquiátrico. A polícia ainda investiga se há alguma ligação entre esse crime e o cometido por Corey Sanders há quatro anos, no campus de Cambridge, quando foi encontrada nas mesmas circunstâncias sua namorada de infância, Barber Paay. Os oficiais da Scotland Yard responsáveis pelo caso disseram ainda que a probabilidade de se tratar de uma série de assassinatos é mínima, dado o fato de que Corey Sanders está, como dito anteriormente, morto. Amigos e familiares já prestaram depoimento e a Scotland Yard ainda não informou quais serão os rumos das investigações. Carolyne Anne Sanders tinha 22 anos, estudava Direito na Universidade de Londres e será enterrada amanhã no cemitério Abney Park, em Londres."

Quando a reportagem terminou, ainda que a televisão continuasse ligada, um silêncio mortal pareceu se instalar no quarto. Como se o mundo do lado de fora daquelas quatro paredes tivesse parado. Melissa tinha certeza de que o mundo de Corey havia parado de girar. Sabia do amor e carinho que nutria pela irmã, sabia da importância dela na vida dele, sabia o quanto ela significava... Seu coração sangrava por ele, por sua dor... E por ela.

O silêncio continuou por um longo instante. Longos minutos de pensamentos a mil, de questionamentos resumidos a um gigantesco "POR QUÊ?". O que estava acontecendo ali, afinal? No que haviam se metido? Parecia algo muito mais profundo do que um amigo incriminando o outro. Parecia algo maior do que Barber Paay, Corey Sanders e Danny Langdon. E a namorada misteriosa. E a pessoa que havia matado Danny Langdon. E a que havia atirado em Corey. Talvez fossem todos a mesma pessoa.

A cabeça de Melissa girou perigosamente e ela teve que se sentar para manter sua integridade. Suas mãos agarraram os lençóis da cama como Corey fazia, punindo-os pelos problemas que cada vez mais os encurralavam em um cerco sem saída. Quando algo parecia ter se encaixado naquela teia caótica de acontecimentos inexplicáveis, algo mais acontecia e os colocava de volta no início. Uma punição divina, foi o que Melissa concluiu, por falta de uma explicação melhor. Eles eram os mocinhos ali, as boas pessoas que tentavam entender a morte de outra boa pessoa, que tentavam provar a inocência de um inocente. Por que tudo conspirava contra eles, afinal?

Melissa soltou um longo suspiro, esperando que assim seu cérebro oxigenasse e ela conseguisse pensar melhor. Contudo chegou à conclusão de que não havia nada para pensar ali, ela não tinha qualquer teoria, qualquer explicação para a morte daquelas duas pessoas nas últimas 24 horas. Duas mortes que comprometiam seus objetivos, duas mortes que chamavam cada vez mais atenção para Corey – que ainda era dado como morto pela imprensa, ao menos – e para... Ela.

Alguém estava brincando com eles, se divertindo com dois ratos de laboratório perdidos em um labirinto. Parecia que estavam sendo guiados desde o início, manipulados, que nenhuma de suas ações havia sido fruto de seu livre arbítrio. Então notou que estava com a respiração tão descompassada quanto a de Corey, que estava... Com raiva. Porque tudo aquilo não tinha um fim. E nem parecia, ao menos, próximo do fim, como erroneamente acharam ao encontrar Danny Langdon. Havia mais um assassino à solta, e ele precisava ser encontrado, antes que as coisas saíssem do controle de vez.

Foi quando Melissa resolveu se manifestar. Corey não parecia propenso a tanto, ainda perdido em seus próprios devaneios, seus próprios questionamentos ainda sem resposta. Precisavam buscar a resposta.

-Corey? – ela chamou.

Ele não moveu um músculo. Então tocou-lhe o ombro com delicadeza outra vez, apertando com a pressão correta para chamar a atenção.

Corey demorou um ou dois segundos até reagir, mas o fez. Então encarou Melissa com aqueles olhos perdidos procurando por um caminho a seguir. Suas íris azuis brilhavam desfocadas e Melissa assistiu com pesar no coração uma lágrima fina e solitária escorrer pelo canto do olho direito dele. Foi como se uma marreta acertasse seu peito em cheio. Não disse mais nada, apenas se aproximou e o abraçou com força. Corey demorou, mais uma vez, um ou dois segundos para reagir, e quando o fez, retribuiu o gesto de Melissa com força, como se não quisesse que ela saísse de perto dele nunca mais. Então ele soltou a respiração que vinha prendendo até então e escondeu o rosto no pescoço de Melissa, buscando o refúgio que só ela poderia lhe dar.

Melissa sentiu mais uma lágrima solitária molhando seu ombro, e foi a última. Quando Corey se afastou e a libertou de seu abraço desesperado, suas feições haviam mudado drasticamente. Parecia outra pessoa. Parecia aquela pessoa em revolta do St. Marcus Institute, aquela que parecia querer entender por que havia sido posto sob tal provação. Sua testa estava franzida e os olhos levemente cerrados. A respiração já era compassada, porém um reflexo da raiva que tentava conter em seu peito.

-Corey, eu sinto tanto... – foi a única coisa que Melissa conseguiu dizer ante a situação.

Sabia ser muito pouco perante aquela nova tragédia. Sentir tanto não traria a irmã dele de volta. O que poderia fazer, afinal?

-Não... Não sinta. – Corey respondeu, e seu tom de voz era frio, duro, vazio... – Isso já foi longe demais.

-Entendo seus sentimentos agora, mas acho que está deixando o ódio e a dor subirem à cabeça...

-Pare de ser tão racional pelo menos por um instante, Melissa, e me deixe sentir minha dor em paz. E a minha indignação. E a minha... Confusão.

-Eu entendo, eu sei como se sente...

-Não, você não entende. Você não sabe como eu me sinto.

-Corey, seja razoável...

-Não são seus irmãos mortos daquela maneira, não são seus irmãos no noticiário nacional... Eu achei que soubesse o que estava fazendo, achei que soubesse no que estávamos nos metendo, mas acontece que... Nada mais faz sentido agora. – ele levou as mãos à cabeça e puniu seus fios de cabelo – Por que isso teve que acontecer com ela? Justo com ela? O que ela tem a ver com tudo isso, afinal?

Melissa apertou os lábios em uma linha fina e pesou bem as palavras antes de proferi-las. Não queria deixar Corey mais desequilibrado do que já se encontrava.

-Eu não sei, Corey... Eu não sei por que tudo isso aconteceu desde a morte de Barber... Para quem não os conhecia, não sabia do relacionamento de todos os envolvidos como eu... Bom, nada faz sentido. Parece só um monte de coincidências e de pessoas que se conheciam envolvidas em uma tragédia que acabou tomando proporções maiores... A única certeza que eu tenho agora é que se trata de algo muito maior do que os ciúmes ou o desequilíbrio de Danny Langdon...

Corey respirou fundo antes de responder:

-Tenho que concordar com você. Parece óbvio agora que não se tratava apenas de Danny Langdon e Barber... Isso já se tornou um tanto óbvio quando ele citou a tal pessoa que o influenciou, que o cegou de ódio... Mas qual o objetivo disso tudo, afinal? Será me atingir?

-Parece algo pessoal, de fato.

Corey parou e pensou por um instante. Seu cenho franziu outra vez. Ele pareceu mais uma vez absorto em seus próprios devaneios. Pareceu concluir algo, contudo, quando sua expressão se abriu e ele falou:

-Talvez não seja comigo, exatamente...

-No que está pensando?

-Na empresa do meu pai e de Paay.

-Você acha que tem algo a ver com negócios? – Melissa foi quem franziu o cenho dessa vez – De um crime passional para um crime por interesses? Quem poderia fazer isso? Por quê?

-Bem... Matando a herdeira de Paay e incriminando o filho mais velho de Sanders de um modo tal que não sairia da prisão, eu basicamente fui considerado um incapaz... Então morro. E logo depois dão um jeito de se livrar da última herdeira de Sanders...

Melissa precisou de poucos segundos para chegar à conclusão de que Corey talvez tivesse razão.

-Faz um pouco de sentido... Mas então eliminando os herdeiros da empresa...

-Os próximos são os donos.

-Você conhece alguém da empresa de seu pai que seria capaz disso?

-Bem, eu nunca me envolvi realmente nos negócios, tinha acabado de começar a faculdade, meu pai não colocava a par de todas as situações... Minha mãe e o pai de Barber são os mais indicados para responder a essa pergunta...

Melissa suspirou resignada com a expressão que tomou conta das feições de Corey. Já não era mais ódio, talvez um tanto de esperança, com certeza muita obstinação.

-Você não pode ir atrás deles.

-Mas você pode.

-Eu não... Não sei se é uma boa ideia, já me apresentei à mãe de Barber como outra pessoa, não acho que...

-Mas o pai de Barber não te conhece. E minha mãe conhece você e já confiou em você antes.

-Isso me parece um pouco arriscado demais... Quer dizer, de repente uma desconhecida aparece e pergunta 'ei, você acha que tem alguém dentro da sua empresa querendo tomá-la de você?'. Como isso pode ser possível?

-Bem, deve haver alguma manobra no conselho ou no contrato social, eu sei lá, Melissa, é a única explicação que eu consigo dar nesse momento para tudo o que está acontecendo.

-E por que Danny foi morto?

-Essa é uma pergunta para a qual eu não tenho resposta. Assim como não sei por que aquela pessoa atirou na nossa direção, não sei quem é G... Tudo parece estar interligado, contudo.

-Espero que sim. Não quero ter que lidar com dois assassinos, dois objetivos diferentes, dois malditos ferrando cada vez mais a nossa vida já completamente ferrada... – Melissa desabafou.

-Precisamos ir ao enterro de Carolyne. – foi o que Corey disse.

E seu tom foi duro e decidido, como se dissesse a Melissa 'não há nada que você possa fazer que vá me convencer do contrário'. Melissa entendia por que era importante para ele ir ao enterro da irmã, mas sabia do óbvio e iminente perigo de se arriscar a fazer algo assim.

-Josh Bethel estará esperando por você enquanto toma um suco de laranja de canudinho. As algemas já estarão prontas, na medida certa...

Corey rolou os olhos.

-Você acha que eu não considerei essa possibilidade?

-Não é uma possibilidade nesse caso, Corey, é uma certeza. Ele sabe que você está por aí, ele me disse isso...

Corey franziu o cenho outra vez, e seu tom obstinado se tornou confuso, e então o ódio retornou ao seu lugar favorito.

-Como é?

Melissa suspirou antes de responder:

-No dia em que ele apareceu no hotel e eu conversei com ele e você não me deixou dizer porque resolveu ter uma crise de ciúmes – Melissa cutucou e arrancou dele uma careta antes de continuar: -Ele disse que sabe que você está vivo e que vai descobrir o que estamos procurando... Talvez ele só estivesse blefando, talvez ele não tenha a mínima ideia do que eu estou fazendo, não sabe que você está vivo coisa nenhuma... Mas convenhamos que ele tem motivos pra pensar assim, seu corpo não está no cemitério onde foi enterrado.

-Isso não quer dizer muita coisa...

-Quer quando um policial está obcecado com alguma coisa. Ele está obcecado por você, por mim, por toda essa história...

-Ele é bom demais para ser verdade. – Corey rolou os olhos – Ainda acho que Brian anda passando informações para ele...

-Corey, Brian não sabe de nada, já disse que Kate jamais lhe diria algo, ela sabe que ele não gosta de você, sabe que faria de tudo para vê-lo atrás das grades novamente, caso tivesse conhecimento da sua fuga...

-As paredes no St. Marcus têm ouvidos, Melissa, achei que tivesse aprendido isso durante o tempo em que esteve lá.

-Prefiro parar de criar teorias da conspiração, parar de aumentar uma confusão que já tem um tamanho maior do que podemos lidar.

-Não sei por que ainda tento, você sempre defende o aquele doutorzinho de merda.

-Não estou defendendo Brian, Corey, estou tentando colocar racionalidade na sua cabeça. E não comece com essa história novamente, acho que já discutimos sobre isso o suficiente para deixar as coisas bem claras.

Corey bufou irritado, porém escolheu, para alívio de Melissa, não continuar com aquela velha discussão em particular. Não abandonou uma nova, contudo.

-Que seja, não abro mão de ir ao enterro de minha irmã. É o mínimo que posso fazer por ela diante de tudo o que ela fez por mim nos últimos meses. Carolyne arriscou sua própria liberdade para me ajudar a sair daquele necrotério, formulou um plano com Kate para que tudo isso desse certo e me escondeu em uma praia remota na Escócia.

-Eu sei, eu entendo tudo isso, Corey, sua irmã era uma pessoa sensacional, não há palavras que possam expressar a gratidão que eu sei que sente por tudo isso e por todos os anos em que estiveram juntos... Mas você não pode se arriscar a perder tudo o que ela se arriscou para que você conquistasse.

-Não estamos barganhando aqui, Melissa. Eu vou, você querendo ou não.

Melissa rolou os olhos e foi sua vez de bufar indignada. Como a teimosia dele a irritava... Queria poder pegar a cabeça dura dele e bater na parede até que entendesse o quanto sua ideia era ridícula, perigosa e precipitada.

-Você não estará desrespeitando a memória dele se não for, Corey. Você precisa entender que se for a esse enterro, será preso, e então tudo estará perdido.

-Como pode ter tanta certeza de que serei preso?

-Como pode ter tanta certeza de que não será preso?

-Só precisamos de um bom plano. Obviamente eu não vou me enfiar entre as pessoas no funeral. Só quero estar presente, de algum modo... E gostaria de ter você ao meu lado, claro... Além do fato de que seria a oportunidade perfeita para falar com minha mãe, meu pai ou o pai de Barber...

-Eu estou aqui para você, Corey. Mas não concordo em se arriscar dessa maneira. Além do mais, precisamos resolver o que fazer com relação às informações que arrancamos de Danny Langdon... Não podemos deixar isso morrer...

Corey parou por um instante. Então estabeleceu aquela ligação impossível de ser quebrada ou contornada entre seus olhares. Ele a domava daquela maneira, Melissa sabia muito bem, e há algum tempo havia desistido de lutar contra aquilo. Apenas deixou que as íris azuis de Corey faiscassem em sua direção, na tola esperança de que, daquela vez, ao menos, saísse vencedora.

-Eu sei que precisamos fazer isso, sei que precisamos encontrar a pessoa que Danny citou, precisamos encontrar seu assassino para obter respostas, mas e se tudo estiver interligado? Eu preciso disso, Melissa. – foi o que ele disse, e seu tom de voz soou profundo e tocou o coração de Melissa.

Ele poderia fazer o que quisesse, ela sabia que era difícil vencê-lo. Ela não tinha forças. Faria o que fosse necessário para vê-lo... Feliz? Satisfeito? Confortado? Não sabia o que ele pretendia, de fato, ao ir ao enterro da irmã, porém era seu objetivo final, era o que sabia.

-Você já foi a esse cemitério?

-Sim, é o cemitério em que meus avós paternos estão enterrados... É o cemitério em que meu corpo, tecnicamente, está/estava enterrado.

-Você sabe onde ela será enterrada?

-Sei. – Corey assentiu com pesar.

-Há algum lugar seguro para você se esconder?

-Acho que sim.

-Você acha? Precisamos de certezas aqui, Corey.

-Não tenho certeza se estarei vivo amanhã, doutora...

Melissa revirou os olhos, impaciente.

-Vamos falar sério, Corey...

-Estou falando sério. Eu acho que sei onde posso estar e acompanhar o enterro. Você pode confiar em mim?

-Eu sempre confio em você.

Corey abriu um pequeno sorriso.

-Obrigado, doutora.

Melissa correspondeu ao seu sorriso. E então finalmente sentiu que era seguro se aproximar dele novamente e dar outro abraço de conforto de que sabia que necessitava. Corey não quebrou o contato visual quando ela sentou ao lado dele e pôs os braços em volta de seu pescoço. Ele envolveu a cintura dela com ternura e outra vez afundou o rosto em seu pescoço e inspirou seu cheiro com força.

-Eu realmente sinto muito. Mas a morte dela não foi em vão, vamos descobrir o que está acontecendo e levar os culpados à polícia.

-Espero que sim. – foi o que Corey respondeu e então se afastou para encará-la mais uma vez – Obrigado por estar comigo. Preciso de você agora mais do que nunca.

-Eu não vou te abandonar, Corey.

-Eu sei, doutora, mas às vezes eu penso que nunca te agradeci o suficiente por tudo o que está passando por minha causa.

-E não estou pedindo nada em troca, a não ser sua felicidade. Vai dar tudo certo. – foi o que disse e então depositou um demorado selinho nos lábios quentes dele.

Corey sorriu em seu beijo, abraçando-a mais uma vez. Foi quando o celular de Melissa tocou. Corey esticou o braço e o pegou da cômoda da televisão. Quando olhou no visor sua expressão se transformou. Era desgostosa.

-Falando no diabo... – disse, estendendo o aparelho na direção de Melissa.

Ela entendeu a razão da careta de Corey quando leu o nome "Brian" piscando.

-Você vai atender?

-E não vai parecer estranho se eu não atender?

-Não, só vai parecer que você não quer falar com ele.

-E por que eu não falaria com ele?

-Porque ele é um idiota?

Melissa torceu os lábios e revirou os olhos, ignorando o olhar ressentido de Corey quando apertou o botão verde e atendeu a ligação.

-Melissa? – a voz de veludo de Brian falou do outro lado.

Ela adotou um tom simpático quando o respondeu:

-Olá, Brian.

Corey resmungou ao seu lado 'viva-voz!' e Melissa não teve tempo de negar. Ele tomou o aparelho de sua mão e apertou o botão para autorizar o viva-voz. Brian estava no meio da frase.

-bem com você?

Melissa fez uma carranca mal humorada para Corey e colocou o telefone sobre a cama.

-Tudo bem. E você? Como está?

-Ocupado, mas bem...

-Seus pacientes andam te dando muito trabalho?

Quando perguntou isso Corey rolou os olhos e fez menção de vomitar. Melissa o repreendeu com o olhar mais uma vez.

-Bem, não exatamente... – ele soltou um suspiro um tanto ressentido – Você acha que podemos nos encontrar? Preciso conversar com você, é muito importante.

Assim que Brian terminou de falar os olhos de Corey cortaram Melissa, tão ansiosos pela resposta como o próprio Brian deveria estar. Diziam a Melissa que seria melhor se recusasse o convite. Corey sempre diria para manter a devida distância de Brian. Porém Melissa sabia que levantar suspeitas era a última coisa que gostaria de fazer e um encontro casual com Brian em uma cafeteria seria um motivo para tirar o investigador Josh Bethel de sua cola. Eles eram grandes amigos, afinal, o que poderia colaborar para a causa de Melissa e especialmente para a causa de Corey.

Só teria que convencer Corey de que o encontro com Brian o beneficiaria, de alguma forma...

-Tudo bem, no que está pensando?

Corey rolou os olhos quando Melissa finalmente respondeu e soltou um bufar irritado. Sim, ela sabia que ele ficaria irritado, mas também tinha que aprender a ser mais maduro quando o assunto na roda era Brian Peters. Afinal de contas, ela estava com ele, o fugitivo, não o médico seguro e perfeito.

-Um almoço amanhã, talvez?

Imediatamente Corey negou com a cabeça. Havia o enterro na irmã dele.

-No almoço estarei ocupada. O que acha de um café da manhã às 8?

-Tudo bem, pode ser. Encontro você onde?

-Pode ir ao meu prédio, nos encontramos lá embaixo. – Melissa frisou bem a parte em que ele deveria ficar lá embaixo, que não poderia subir.

Corey não ficou mais tranquilo com isso.

-Ótimo! Até amanhã, então... Mas posso esperar para vê-la de novo.

Corey fez menção de pegar o telefone e jogar contra a parede ao ouvir o que Brian disse, contudo Melissa o impediu a tempo. Pegou o telefone na mão e lhe respondeu com a cordialidade que deveria. Não estava ansiosa por vê-lo, afinal.

-Até amanhã, Brian. – disse e finalizou a ligação.

-Meu primeiro objetivo quando minha inocência for provada será deixar os dois olhos sedutores dele roxos o suficiente para que não possa colocá-los em cima de você por um bom tempo.

Melissa revirou os olhos, impaciente com os ciúmes já velhos e infundados de Corey com relação a Brian.

-Também não gostaria de discutir algo que já foi discutido muitas vezes. Não tenho interesse nele, Corey, e essa é a última e única coisa que direi sobre Brian. Além do fato de que me encontrar com ele para um café, que seja, te beneficia e muito.

-Não entendo como um encontro seu com um cara que claramente quer ficar com você outra vez me beneficiaria...

-Ele é amigo de Josh Bethel, Corey, isso pode significar alguma coisa... Além do mais, você não sabe se ele quer ficar comigo novamente...

-Ah, mas é claro que não... "Mal posso esperar para vê-la" – Corey fez uma imitação do sotaque pomposo de Brian – Vai por mim, Melissa, eu sou homem, eu sei identificar quando um está querendo algo mais.

-Ele não quer nada além de conversar.

-Você não pode ser tão ingênua...

-Não sou ingênua, só prefiro não pensar o pior das pessoas...

-Ah, eu penso o pior de pessoas que querem roubar a minha mulher.

Melissa cruzou os braços e abriu um pequeno sorriso.

-Não me lembro de você ter oficializado nada comigo, Sanders.

Corey engoliu em seco e respondeu sem jeito:

-Não achei que precisássemos de rótulos. Especialmente depois de tudo o que passamos...

-E se eu gostar de rótulos?

-Eu não gosto. – Corey abriu um sorriso de lado também – Parece estar bem claro aqui que você é minha e que eu pertenço a você de corpo, alma e coração.

O sorriso de Melissa aumentou porque gostou de ouvir aquilo, afinal.

-Quando tudo isso acabar, acho que deveria pensar em rotular algumas coisas. – foi o que disse.

Corey assentiu, entendendo o recado, aparentemente.

-Então marcou esse encontro com Brian só para dar o bolo nele depois?

Melissa riu.

-Já disse que faço isso para te ajudar.

-Tudo bem, vou fingir que entendo que vai a um encontro com Brian Peters apenas para o meu benefício.

-E por que outro motivo seria? Nada além disso e talvez um café de graça.

-Espero que sim. – foi o que Corey disse, então deu um beijo na testa de Melissa e saiu para o banheiro.

Melissa e Corey retornaram a Londres ainda naquela tarde, logo após o almoço. O cuidado ao redor de seu prédio foi redobrado antes que sentissem que estava seguro sair do táxi. Não parecia, mais uma vez, haver alguém de tocaia à espera, nem mesmo o investigador Josh Bethel, que milagrosamente ou preocupantemente havia sumido desde o último encontro no hotel na beira da estrada em Chelmsford.

Ambos estavam cansados e com fome e só comeram e dormiram até que Melissa quebrou o pacífico silêncio que os rodeava, logo após baixar o volume da televisão que transmitia um programa de talentos.

-Você não acha que deveríamos ir atrás de alguma pista sobre o que Danny Langdon disse?

-Acho. Mas acho que temos que fazer uma coisa de cada vez. Não vou desistir de ir ao enterro de minha irmã, se é que isso que está pensando em dizer...

-Não, eu só... Talvez estejamos deixando passar algo importante, sabe? Sinto que estamos deixando de fazer algo aqui...

-O que você acha que podemos fazer?

-Não sei... Ir até Cambridge novamente? Ver se alguém da época de vocês ainda está lá, alguém que possa nos dizer quem era a namorada de Danny ou talvez a pessoa com quem se envolveu, um amigo que vocês não conhecessem?

-Acho que esse é o próximo passo. Depois de irmos ao enterro de minha irmã e você falar com meus pais.

Melissa assentiu de lábios apertados e certa pitada de relutância.

-Pode ser nossa última chance de encontrar alguma coisa...

-Ainda podemos retirar algo da conversa com meus pais, se nossa teoria estiver correta...

-E se não estiver? E se não tiver nada a ver com a empresa?

-Bem... Então nossa última e única esperança estará, de fato, em Cambridge. – Corey finalizou a conversa, puxando Melissa para seu colo e depositando um beijo em sua bochecha, outro em sua testa e por um fim um longo e demorado em sua boca. O que acalmou os ânimos e receios dela sobre tudo – assassinatos, assassinos e crises de amnésia e bipolaridade -, ao menos naquele momento.

Melissa não dormiu bem naquela noite, como não vinha dormindo nos últimos dias. Sabia que ver a morte cruel e brutal de Danny Langdon acontecer aos poucos diante de seus olhos e se sentir impotente, sem ser capaz de salvá-lo, a havia afetado. Mas havia algo mais a afetando. Melissa não sabia dizer desde quando. Talvez desde quando desmaiara no banheiro. Talvez desde que Corey havia retornado. Talvez desde a última visita de Barber... Melissa tinha quase certeza de que Barber e seus truques sobrenaturais tinham algo a ver com aquilo... Claro, preferia culpar o fantasma a um possível distúrbio psicológico. Seria irônico demais se autodiagnosticar dessa maneira.

Precisava da ajuda de outro psiquiatra e não conhecia nenhum no mundo em quem confiasse o suficiente para relatar o que estava passando. Parte de sua noite em claro passou considerando a possibilidade de contar a Brian, em seu café da manhã no outro dia, o que estava acontecendo. Mas então se lembrou da última vez em que resolvera contar sobre os acontecimentos sobrenaturais que a vinham perseguindo no St. Marcus e o tipo de reação dele. Não parecia seguro. Então estava por ela mesma, pois contar a Corey seria a última coisa que faria antes de conseguir resolver seu problema sozinha.

Corey acordou antes de o despertador tocar. Parecia mais ansioso do que Melissa. Ele teria um dia cheio e ela compreendeu o fato de que parecia mais introspectivo e fechado do que seu normal. A ficha de que a irmã estava morta pareceu ter caído outra vez naquela manhã e pareceu tê-lo feito esquecer que dali uma hora Melissa teria que se encontrar com Brian. Só lembrou quando ela já estava pronta para sair pela porta:

-Aonde vai? – perguntou, colocando a xícara de café sobre a bancada da cozinha.

-Tomar café com Brian...

Corey revirou os olhos e retomou seu tom impaciente.

-Tinha me esquecido disso.

-Tudo bem, não vou demorar. – ela disse e deu-lhe um beijo demorado nos lábios – Fique bem.

-Última chance de deixá-lo esperando...

Melissa deu uma leve risada e não considerou parar para ter aquela conversa outra vez. Corey então limitou-se a assentir, ainda impaciente, e não viu quando ela saiu pela porta.

Brian estava na frente do prédio, como Melissa havia orientado no dia anterior.

-Prédio bacana... – ele comentou quando ela se aproximou.

-Mas você já sabia disso, não é?

-Bem, sim... Imagino que sejam apartamentos de bom tamanho...

Melissa cerrou os olhos antes de responder. Ele não subiria naquele dia. E nem em qualquer outro.

-Sim, eu vivo confortavelmente. – e sorriu então. – Vamos?

Brian assentiu, aparentemente desapontado com o fato de que Melissa estava decidida a mantê-lo longe de sua casa... Nem que Corey estivesse morto, as circunstâncias eram distintas e mostrar seu reduto a qualquer homem que não fosse ele estava fora de questão.

Foram até a mesma cafeteria em que tomaram café da última vez. Brian se encarregou de ficar na fila e pedir café e muffins. Melissa se encarregou de encontrar uma mesa. Uma sensação nostálgica se apoderou dela. Lembrou-se da viagem a Eastbourne para um café, quando Brian fez sua primeira investida. Havia acabado de chegar ao St. Marcus, havia acabado de ouvir a voz de Corey pela primeira vez... Era um momento confuso. Ficou pensando se não existisse Corey, se teria ficado com ele... Quando ele se aproximou da mesa com aquele sorriso ridiculamente encantador, enquanto se perguntava se ele fazia aquilo de propósito ou era apenas parte de seu charme incontestável, chegou à conclusão de que talvez tivesse ficado com ele, afinal... E sua vida estaria muito mais fácil naquele momento. Sem fugas da polícia, sem perseguição a assassinos, sem mistérios a serem desvendados, sem Barber Paay lhe infernizando, mas sem Corey Sanders. Algo que não poderia conceber, logo notou.

-Então... O que precisa me dizer de tão importante? – Melissa iniciou o assunto, antes que se perdesse demais em seus devaneios.

Brian não ficou dando voltas, para seu alívio, e foi direto ao assunto. Parecia especialmente ansioso.

-Você soube da morte da irmã de Sanders?

Melissa tomou um longo gole de café antes de responder. De certo modo, tinha certo receio de que o assunto de Brian fosse aquele. Um assunto do qual ela não queria tratar.

-Eu vi o noticiário ontem... Muito triste.

-Sim. – Brian assentiu – E suspeito... Não acha?

Melissa abriu um sorriso nervoso.

-Bom, toda morte brutal é suspeita, imagino eu... O que está pensando?

-Não sei, é só que... Bem, é exatamente o que foi feito com Barber, entende? Então eu fico pensando...

-Vai me dizer que acha que Corey está vivo também? – Melissa logo interpôs.

Brian pareceu se surpreender com a abordagem dela e levou um tempo para recompor as feições austeras.

-Eu... Quem te disse isso?

-Bem, seu amigo investigador tem me infernizado constantemente com isso.

-Ele acha que Corey está vivo?

-Aparentemente... – Melissa revirou os olhos.

-Eu não acho. Por enquanto. Mas acho que tudo isso é maior do que a gente pensava...

-Talvez... – Melissa deu de ombros – Mas eu realmente gostaria de ficar de fora de suas especulações, se estiver tudo bem pra você.

Brian torceu os lábios, claramente descontente com Melissa.

-Tem certeza? Acho que poderia me ajudar em algumas coisas...

Ela deu outro gole em seu café antes de perguntar:

-O que anda fazendo, Brian?

-Bem, eu estive curioso a respeito do túmulo vazio de Corey, admito e andei investigando por conta própria algumas coisas... Em respeito a Barber, você deve entender.

Melissa franziu o cenho e respondeu:

-Por que só agora resolveu fazer isso?

-Não sei... Acredito que os acontecimentos do ano passado tenham me levado nessa direção... Você tem que concordar comigo que muitas coisas são estranhas aí. Especialmente agora que a irmã de Sanders apareceu morta numa reprodução da cena de Barber.

-É estranho em um nível que não sei explicar, mas Brian, acredito que seja melhor deixar isso para a polícia... Não quero me meter em nada, quero ficar longe de confusões... E ainda assim a Scotland Yard parece ficar no meu pé.

-Sinto por isso. – Brian tomou um gole de seu próprio café – Sua ajuda seria bem-vinda.

-O que andou descobrindo? – Melissa perguntou, especulando informações para sua própria investigação.

-Nada concreto. – ele balançou a cabeça – Não sirvo para ser policial.

Melissa riu.

-Imagino que a Medicina seja seu caminho, Brian.

-Talvez... – ele deu de ombros – Assim como é o seu, uma das psiquiatras mais talentosas que já passaram pelo St. Marcus.

-Duvido muito...

-Não duvide da sua capacidade, Melissa, ela sempre foi destacada por mim enquanto esteve lá... Você conseguiu fazer Corey Sanders falar, algo que todos os psiquiatras vinham tentando fazer há anos... Isso é algo para se comemorar.

-Bem, talvez... Mas não sei até que ponto foi um grande mérito.

Brian maneou a cabeça.

-Digamos que qualquer homem teria quebrado seu voto de silêncio por você...

Melissa revirou os olhos.

-Acho que está exagerando.

-Você sabe que não estou, sabe que é linda... – e abriu um sorriso.

Então Melissa suspirou e tomou o último e longo gole de seu café antes de responder:

-Você tem uma visão distorcida de mim. – disse e abriu um pequeno sorriso – Mas agradeço o elogio, como sempre.

-Eu... – ele esticou a mão por cima da mesa e pegou a de Melissa. Ela o afastou com o máximo de delicadeza e educação que conseguiu imprimir em seu gesto. Brian baixou a cabeça e seu sorriso se transformou em um tímido, quase irônico, Melissa poderia arriscar.

-Eu não vou desistir.

-Não vou pedir que faça nada, Brian, depois de tanto tempo... Achei que isso tudo tivesse sido superado.

-Eu também achei... Mas depois que a vi naquele dia... Bem, há certas coisas que um homem simplesmente não pode controlar.

Melissa pensou por um tempo em sua resposta, e decidiu que a melhor seria se esquivar da investida dele. Mais uma vez.

-Espero que tenha sorte em suas investigações particulares.

-Eu também. – ele logo respondeu, sem perder a pose – Acho que Barber merece ter a verdade revelada e eu vou fazer isso por ela. Custe o que custar.

_____________________

Oi, gente! Desculpem não ter postado ontem, ando com alguns problemas e acabei me esquecendo. Mas o capítulo está aqui! Fico imensamente feliz de ver que estão gostando tanto de Lobotomia. Muito obrigada pelo carinho, pelos votos e comentários, vocês são sensacionais. <3

Entrem no grupo da história: https://www.facebook.com/groups/489365231128850/

Milbjs,

Ands.

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