Refúgio - Um Amor À Prova De...

By crysthellem

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Desde pequena, o maior sonho de Bonnie era se mudar para a gigante Los Angeles junto com sua melhor amiga Val... More

Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23

Capítulo 1

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By crysthellem

Bonnie

Abri meus olhos lentamente quando ouvi ao longe o som irritante do despertador me dizendo que eu devia acordar. O sol já alcançava as cortinas brancas ao lado da cama, e o lençol cinza com flores rosas se destacava em meio ao quarto. Cobri meu rosto com o travesseiro pra evitar a luz, mas não tinha jeito, teria que levantar.

Suspirei frustrada, tirando o travesseiro da minha cara. Ainda não conseguia acreditar que as férias já tinham acabado e eu iria começar novamente a minha linda rotina entre faculdade e trabalho. Se bem que eu não pude ter o luxo de acordar mais tarde todas as manhãs por conta do meu emprego na livraria Clarke's Coffe & Books, na qual eu já trabalhava desde quando cheguei em Los Angeles há quase quatro anos, mas no final das contas foi bom ganhar um dinheiro a mais nesses três meses com a proposta que o senhor Simon deu a mim e a Caleb de que trabalhassemos nas férias no turno da manhã e da tarde até as aulas retornarem.

Alcancei o criado-mudo e desliguei o irritante despertador, me sentei na cama ainda sonolenta procurando com os pés as minhas pantufas de panda, levantei e andei lentamente em direção a porta, e assim que abri, caí de susto ao ver minha amiga parada me olhando com um enorme sorriso.

- Bom dia! Ops... te assustei? - disse Valentina me levantando do chão.

Ela ainda estava com seu roupão rosa, as pantufas de corujas e suas mexas loiras presas num coque frouxo com alguns fios levantados, e ainda assim ela continuava linda. Já eu, torcia para que nenhum cara me visse acordar pela manhã daquela forma.

- Que nada, eu caí pra testar se a minha bunda está grande o suficiente para amortecer uma queda, caso eu caia em algum lugar, e tive a conclusão que não.

Levantei de cima do tapete felpudo, alcançando meu roupão azul ao lado da porta.

- Engraçadinha. Vamos, se apressa, hoje retornamos pra faculdade - ela disse radiante, dando pulinhos de alegria e batendo palmas freneticamente.

- Eu sei e por que você está feliz com essa notícia? - Falei entrando no banheiro do corredor e alcançando minha escova no armário.

- É porque vou ver o Noah mais de uma vez por dia. - ela me seguiu, parando atrás de mim - Ele vai tentar conseguir algumas aulas de reforço junto comigo e sem contar que vamos nos ver nos intervalos, é chato ter que encontrar ele só no fim da tarde quando ele sai do trabalho.

- Mas e todas as noites que ele dormiu aqui? Não conta? Acho que desde quando vocês começaram a namorar, o Noah só não dormiu com você por uns... 5 ou 6 dias, e já estamos morando nesse apartamento à quase quatro anos, vocês estão praticamente casados. - coloquei o creme na escova e me abaixei na pia.

- Não exagera Bonnie, - ela cruzou os braços se apoiando na pequena porta - Já brigamos várias vezes e quando demos aquele tempo ele não deu as caras por aqui por mais de um mês. E faz mal eu querer estar perto do meu namorado por mais tempo? Ele vive ocupado na empresa do pai.

- Não, Tina, claro que não - falei após cuspir a espuma - Eu só não estou tão animada pra ir pra faculdade quanto você.

- Mas porque? É seu último ano, você devia estar feliz por que finalmente vai ter o seu diploma, e correr atrás de ser a jornalista que você sempre sonhou. Já eu, vou ter que esperar mais três anos pra pensar no meu anel de formatura.

- Eu sei, é que eu queria um pouco de férias, foi bom trabalhar dois turnos na livraria e ganhar um dinheiro extra, mas eu queria um descanso sabe?

- Hum, foi bom só pelo dinheiro extra ou o Caleb entra nisso, hein?

- Ta bom, confesso! - me virei de frente para minha amiga - Foi bom - ótimo - trabalhar com o Caleb nas férias também.

- Você gosta dele, Bonnie, e dá pra notar que ele gosta de você, porque um de vocês não toma uma atitude logo? E porque não pode ser você a fazer isso?

Caleb é meu colega de trabalho e melhor amigo, conheci ele quando comecei a trabalhar na livraria, e fiquei caidinha por aquele par de olhos azuis. Pena que nunca passamos da amizade, e acho que nunca iriamos passar.

- Por que eu não quero estragar nossa amizade e correr o risco de levar um não. - respondi por fim.

- Você não vai levar um não do Caleb, Bonnie. Mas agora estamos sem tempo pra isso, vai se arrumar, te encontro na sala em 20 minutos.

- Sim senhora.

Sorri e fechei a porta quando ela saiu. Tirei meu roupão, em seguida o baby dool, e entrei no chuveiro. Em 25 minutos eu estava pronta usando uma saia jens escura e uma blusa vermelha um pouco solta. Felizmente meu cabelo amanheceu bem, e consegui deixar seu ondulado do jeito que eu queria. Me certifiquei no espelho mais uma vez, peguei minha bolsa e me deparei com Valentina saindo do quarto também.

Desde quando entramos no colegial, Valentina e eu planejávamos morar juntas e fazer os cursos dos nossos sonhos - eu jornalismo e ela direito. Então, assim que o ensino médio acabou, saímos da Georgia e com a ajuda de nossos pais, compramos as passagens e nos mudamos para Los Angeles. Com o dinheiro que eu guardava, paguei cinco meses adiantado o aluguel do nosso pequeno apartamento na parte oeste de da cidade e Valentina comprou seu carro.

Nosso cantinho era simples e acolhedor, com dois quartos, dois banheiros - incluindo a suíte da Valentina, uma sala ampla e a cozinha dividida por um balcão de mármore. Nada de extraordinário para alguém que mora em Los Angeles, mas era tudo o que eu e Valentina precisávamos.

Caminhamos para fora do nosso apartamento, descemos as escadas e assim que saímos do prédio fomos ate o seu Cruze vermelho estacionado do outro lado da rua. Nosso prédio ficava vinte minutos até a faculdade, então, já estávamos atrasadas.

Algum tempo depois, Valentina estacionou em frente ao campus e quando eu vi a universidade, aquela vontade radiante que minha amiga expressava pela manhã veio imediatamente para mim.

Sempre sonhei estudar jornalismo e agora eu iria começar meu último ano em uma das melhores faculdades do estado. Com as minhas notas do colegial e meu ótimo desempenho no teste de aprovação, ganhei uma bolsa de estudos que cobria metade da mensalidade, assim como Valentina, então, com o salário de vendedora e a pequena ajuda de meus pais, conseguia pagar a faculdade, dividir o aluguel, as despesas, e por sorte, sobrava alguma coisa pra mim.

Saí do carro e não notei nenhuma mudança desde a última vez que estive no campus, só alguns rostos desconhecidos.

- Ai Bonnie, sinto que hoje você vai encontrar o homem dos seus sonhos, tem vários calouros aqui e não são os de 18 anos, não. Olha aquele alí - Valentina apontou com a cabeça para um garoto de boné vermelho que estava parado na entrada da faculdade - Ele tem cara de ter uns 20 anos e é o maior gatinho.

Abri uma das grandes portas do prédio e caminhamos pelo extenso e lotado corredor.

- Para Tina, eu não vou ficar com qualquer carinha novo na faculdade. E quer saber, você está certa, hoje vou encontrar o homem dos meus sonhos...

- É disso que eu to falando - ela exclamou sorrindo

- ...quando eu for dormir. - completei, segurando o riso.

- Ah Bonnie, hoje você está muito engraçadinha, eu até pensei que... - nesse momento, Noah apareceu atrás de Valentina, lhe roubando um beijo. Eu adorava ver eles dois juntos, era um casal maluco, confesso, mas nunca vi duas pessoas se darem tão bem quanto eles - ...Tigrão, nossa que susto - ela colocou as mãos ao redor do pescoço do namorado - Já estava com saudade.

- Eu também, Corujinha, - disse Noah segurando a cintura dela - e hoje a noite não quero dormir sem você de novo.

Só então percebi que estávamos os três parados no meio do corredor da faculdade entre centenas de alunos apressados. Eu nem me importava mais em servir de vela para eles, era bom ver meus dois amigos felizes e seus amassos já tinham virado rotina na minha vida.

- Oi Bonnie - Noah soltou a cintura de Valentina passando a segurar em sua mão - como foram as férias?

- Noah, deixa de graça, você passou todos os dias das férias junto com a gente. - sorri enquanto voltamos a caminhar pelo corredor - Mas, respondendo sua pergunta, foram boas na medida do possível.

Os dois sorriram e depois se encararam trocando beijos rápidos. Noah era mais alto que nós duas, seus cabelos castanhos escuros eram da mesma cor dos seus olhos, o corpo moreno e sarado eram o toque final para "homem dos sonhos" da minha amiga. Assim que um pôs os olhos no outro, não tinha dúvida, era paixão, romance, amor na certa.

Quando me aproximei do mural de avisos, vi que eu iria ter todas as aulas com a minha turma mesmo, por ser o último ano, mas não dei importância, afinal já estava quase acabando mesmo. Minha sala principal seria a L7 e após me despedir dos dois, caminhei até ela.

A primeira aula foi normal, alguns assuntos dos anos passados só que mais reforçados, e os novos fizeram alguns alunos suspirarem de tensão, inclusive eu. O último ano não seria tão fácil assim.

Encontrei Valentina e Noah na cantina, sentados na nossa mesa de sempre que ficava perto da janela de vidro. Antes de me sentar com eles, fui até o balcão pegar a comida. Percorrendo o camimhos de volta, ouvi alguém me chamar e assim que me virei, colidi com alguma coisa larga e musculosa, e quando dei por mim, minha comida estava divida entre o chão e a roupa daquilo que eu atropelei.

- Droga. Garota, não repara por onde anda? - disse o dono da coisa larga e músculosa que na verdade era seu peito.

A camisa branca da coisa, quer dizer, do cara, estava manchada de torta de morango e suco de laranja.

- Nossa, moço me desculpa, é que eu estava...

- Você está cega ou o que? - ele me olhou e parou por um instante antes de continuar - Agora vou ter que trocar de roupa por causa dessa... caipira de quatro olhos.

Aquilo foi a gota d'água, ninguém nunca tinha tirado sarro do meu sotaque e aquele playboy não seria o primeiro.

- Escuta aqui, playboy. Eu não quis jogar a minha comida em você. Em nenhuma hipótese eu iria desperdiçar uma torta de morango, ainda mais por um garoto mesquinho e mal educado.

- Argh - ele gruniu - se já não bastasse tudo na minha vida eu ainda tenho que aturar garotinha do interior? Era só o que me faltava... - e o carrancudo saiu falando algo que não pude ouvir, me deixando ali, plantada.

O zelador veio em minha direção, retirando gentilmente a bandeja da minha mão. Com vergonha e irritação, agradeci a ele e caminhei em passos firmes até a mesa com Valentina e Noah, que pelo visto, não tinham presenciado a cena de agora a pouco, e assim que minha amiga viu minha expressão, seu semblante ficou preocupado.

- O que aconteceu, Bonnie? Você parece brava - perguntou Valentina quando sentei na cadeira ao seu lado.

- Brava? Acredita que sem querer eu esbarrei em um cara, sujei a camisa dele com a minha comida e o filho da mãe me chamou de caipira, Valentina. CAIPIRA! E ficou me insultando depois.

- Calma, Bonnie. Já passou. Esquece isso. O bom é que você não se sujou. - ela frisou, comendo um pedaço de bolo.

- É verdade, eu devo ter exagerado, mas o cara tava todo nervoso e estressado que não me aguentei. Foi só uma comida na camisa.

- Relaxa, Bonnie. Se eu ver esse cara juro que dou uma surra nele - Noah falou após tomar seu suco.

- Valeu Noah.

Minha barriga roncou e só então percebi que não tinha comido nada o dia todo e graças aquele brutamonte fiquei sem minha comida. A raiva que eu senti por ele a poucos minutos voltou, mas não quis demonstrar para meus amigos, não quando eu queria pedir um pouco da comida deles.

Quando eu ia abrir a boca pra pedir algo, o sinal do fim do intervalo invadiu toda a cantina e meus amigos levantaram no mesmo instante.

Tudo bem, eu comeria no almoço.

¤

Quando a aula acabou, peguei carona com Valentina até a livraria. Decidi ir logo depois da aula para reorganizar algumas coisas que tinha deixado pendente, e assim que cheguei dei de cara com um sorriso lindo de um garoto que não saia da minha cabeça a um certo tempo.

- Boo - disse Caleb, vindo em minha direção, mas seu sorriso desapareceu assim que se aproximou - O que aconteceu com você? Está com uma cara péssima.

Nossa, que ótimo, além de tudo Caleb iria me ver naquele estado. A culpa é toda daquele playboy mal humorado. Odiei ainda mais ele.

- Oi Caleb. É que eu ainda não comi.

- Ainda não comeu? Bonnie, você está pálida. Vem, vou te dar algo pra comer.

Ele segurou minha mão, o acompanhei até o café da livraria e me senti no céu quando saboreei o gosto daquele cupcake maravilhoso que só a Caren sabia fazer.

- Obrigada Caren, eu tenho uma história de amor com a sua comida. Quando você vai aceitar minha proposta de cozinhar pra mim sempre?

A ruiva de olhos claros sorriu timidamente e me olhou com um olhar amigável.

- Já disse que qualquer dia apareço no seu apartamento, Bonnie. E vou preparar pra você uma pizza que só a minha família sabe fazer. Segredo de estado.

- Pizza é meu ponto fraco. Já espero ansiosamente.

- Estou convidado também? - Caleb se manifestou ao meu lado pegando o pedaço do meu cupcake.

- Claro Caleb. - falei comendo mais um pouco - Vamos combinar.

- Boa tarde. Falando sobre comida de novo? - disse o senhor Simon, o dono da livraria e tio de Caleb, se aproximando do balcão do café. Um senhor de um pouco acima de 40 anos, pele clara, cabelo grizalho e uma barriga tão engraçada quanto seu humor.

- E tem assunto melhor, senhor Simon? Comida é vida - respondi após tomar um pouco de suco.

- Não sei por que a Bonnie não está obesa, senhor Simon - disse Caren - Nunca vi uma garota gostar tanto de comida e não engordar uma grama.

- Eu também me pergunto isso, Caren - disse Caleb me olhando com um sorriso que chegava aos olhos.

Correspondi.

- Ta bom, chega de falar de mim. Vamos trabalhar que agora eu estou bem alimentada e pronta pro batente.

Senhor Simon sorriu para nós e se retirou para seu escritório em seguida.

A tarde foi bastante movimentada, cheia de clientes procurando lançamentos ou livros didáticos para pesquisa. Eu adorava trabalhar na livraria, em primeiro porque eu amava ler, segundo porque eu tinha total acesso aos lançamentos de todos os livros da minha preferência - e de graça - , e terceiro que eu me sentia acolhida por todos ali, principalmente por Caleb, que durante todo o turno sempre me fitava quando podia, e não vou negar, fazia o mesmo também com maior prazer.

Depois que o movimento diminuiu, Caleb sentou ao meu lado enquanto eu lia a sinopse de um livro novo.

- Ouvi dizer que esse livro é ótimo. - ele falou.

- Deve ser mesmo, adoro os livros dessa autora, vai ser minha próxima leitura.

- Como foi hoje lá na faculdade Boo? - ele perguntou alcançando um livro ao lado.

- Normal para o primeiro dia, tirando que senti sua falta lá. Por você não foi?

- Achei melhor ir só amanhã, primeiro dia é sempre chato. Mas fui burro em não ter ido, teria a oportunidade de ficar perto de você por mais tempo - ele fez uma cara de decepção, mas sorriu em seguida.

Sorri tímida.

- Era melhor você ter ido, meu professor passou varias materias hoje e ouvi dizer que o seu também.

- Eu me viro. Mas obrigado pelo conselho.

- Amigos são pra essas coisas - disse olhando para o livro.

Caleb não respondeu, apenas se acomodou na poltrona e folheou o livro.

No final da tarde, antes que eu pudesse ligar para Valentina ir me buscar, avistei o carro dela parando em frente à livraria, e minha amiga saltou toda alegre em minha direção.

- Pra que toda essa animação, Tina? - falei andando até seu carro.

- Nós vamos a uma festa! - ela cantarolou.

- Festa? Na segunda?

- Sim, o Noah foi convidado, é na casa de um amigo dele. Vamos! Temos que nos apressar e escolher sua roupa.

Eu estava prestes a dizer não, mas eu estava muito tensa esses dias. Uma festa não seria uma má idéia. E que mal faria eu me divertir um pouco? É só uma festa. O que poderia me acontecer?

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