— Jessy!
Monique grita da janela do meu quarto.
— Já estou indo — grito de volta.
Desci as escadas correndo e vejo minha família reunida na mesa da cozinha.
— Bom dia filha!
— Bom dia, mãe — beijo a bochecha dela.
— Bom dia, meu amor!
— Bom dia, pai — dou um abraço apertado no meu pai.
— Pedro, querido, venha tomar seu café — minha mãe grita.
Meu irmão Pedro aparece na escada esfregando os olhos vermelhos de tanto ter dormido à noite inteira.
— Mãe... A Monique vai embora hoje, eu vou ajudar ela com a mudança, tá bom?
— Tudo bem, querida. Mas primeiro tome seu café.
— Não estou com fome, obrigada.
Peguei meu casaco porque estava um pouco frio, e fui para casa ao lado. Toquei a campainha e o pai da Monique abriu a porta.
— Bom dia, querida. A Monique está lá encima, no quarto. Pode entrar, só não repara na bagunça.
Entrei e cumprimentei a dona Emília, mãe da Monique, que estava empacotando algumas caixas. Subi as escadas e fui até o quarto dela e bati na porta.
— Pode entrar!
Entrei e ela estava empilhando várias caixas, o quarto já estava quase todo vazio.
— Oi — eu disse entrando.
— Oi, bom dia.
Sento na cama dela e vejo algumas fotos encima da cama.
— No que eu posso ajudar? — perguntei.
— Pode levar essas caixas lá em baixo?
— Claro!
Peguei duas caixas que estavam muito pesadas e desci as escadas. Assim que o pai dela me viu, pegou as caixas e levou para o carro.
— Filha, sairemos em vinte minutos — dona Emília diz passando em frente ao quarto.
— Ok, mãe — Monique responde amargurada.
Depois de alguns minutos, eu e ela acabamos de levar as caixas lá pra baixo.
— Então... Isso é uma despedida? — pergunto colocando as mãos nos bolsos do meu casaco.
— É, eu acho que sim.
Ela me abraça e eu não consigo segurar as lágrimas que descem pelo meu rosto.
— Promete que vai ligar sempre?
— Eu prometo — ela diz, me abraçando cada vez mais forte.
Monique segura meu rosto com as duas mãos, e enxuga minha lágrimas.
— Eu não vou me acostumar nunca — digo, triste.
— Nem me fale — ela diz, e me abraça forte novamente.
— Eu já ia esquecendo — coloco a mão no bolso do casaco e tiro um cordão que eu comprei pra ela.
— É lindo — ela diz, emocionada.
O cordão tinha um pingente de coração, que podia colocar duas fotos.
Eu coloquei uma de quando agente tinha sete anos, e outra que a gente tirou na semana passada, quando ela disse que iria se mudar para outra cidade.
As lágrimas desceram pelo rosto dela e ela me abraçou de novo.
— Claro que eu também comprei uma coisa pra você.
Ela pega a mochila dela e tira um quadrado com um embrulho preto.
— Só abre quando eu for embora — ela diz. — Eu também escrevi isso.
Ela pega um envelope vermelho todo enfeitado com guitarras roxas.
— Obrigada, meu amor. Obrigada, por tudo!
— Obrigada a você minha, Butter — Monique passa o dedo pelo meu nariz.
Fazia muito tempo que ela me chamava de Butter. Esse era meu apelido de infância, eu não gostava muito, mas depois de um tempo, eu acabei não me importando mais e as pessoas esqueceram.
— Vamos Monique — o pai dela grita da sala.
— Eu já estou indo! — ela grita de volta
— Vamos? — seguro a mão dela.
— Eu vou sentir falta desse lugar — ela fala. — O meu quarto, o meu espaço, meu jardim e até mesmo da visão da janela pra essa lata de lixo.
Eu sorrio e passo o braço pelo ombro dela enquanto descemos as escadas.
Eu fiquei na calçada, olhando o pai dela colocar as últimas malas no carro, depois Monique entra no carro e bate a porta forte, mas antes de partir, ela ainda diz:
— Adeus, Butter.
— Adeus, minha melhor amiga — eu digo, porém, ela já não podia mais ouvir, o carro já tinha partido.
As lágrimas voltam a descer no meu rosto. Entro correndo em casa e subo as escadas. Minha mãe grita alguma coisa, mas eu ignorei e continuei correndo para meu quarto.
Tranquei a porta e deitei na cama., fiquei lá chorando, até lembrei da carta e do meu presente.
Peguei o envelope, e comecei a ler.
"Olá, minha Butter!
Se você está lendo isso, é porque eu realmente fui embora e você não imagina o quando eu estou triste por ter que te deixar aqui. Mais o que eu posso fazer?
Pensei em te sequestrar só pra te levar comigo, mais isso é impossível. Mas eu vou te levar sempre comigo, porque você sempre vai estar no meu coração. Esse presente, é só mais uma das provas que eu te amo. E que você Jessy Logger, sempre vai ser a minha melhor amiga, a melhor pessoa que eu conheci.
Vou morrer de saudade das suas loucuras, e das tardes que passamos no parque ouvindo nossas músicas, e vendo os garotos que passavam. Há há! Acha que eu esqueci?
Se cuida e não esquece sua amiga maluquinha.
Mona!”
Quando terminei de ler, já estava me derretendo em lágrimas. Nada seria como antes. Eu não teria mais a companhia dele todos os dias pra ir até a escola, nem teria mais a minha melhor amiga para me dar conselhos e jogar vídeo gamer todas as tarde.
Peguei o presente e rasguei o papel. Era um álbum de fotografia. Na capa tinha escrito: "Meus Melhores Momentos".
Abri e comecei a ver as fotos. Ela não esqueceu de nenhuma. Tinha fotos de quando éramos criança. Eu nem sabia que ela tinha fotos minhas de quando eu era pequena. Eu amei o álbum, a cada página, tinha uma foto e uma frase.
Peguei meu celular e mandei uma mensagem pra ela.
"Eu amei o presente! Muito obrigada. Já estou com saudades!"
Guardei meu celular, agarrei o álbum e peguei no sono.
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Reescrevendo o livro pra repostar para vocês, meus amores ❤️