Águas de Março

By gisscabeyo

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Rio de Janeiro, berço do samba, das poesias de Drummond, da Boemia de Chico Buarque, das noites na Lapa, da G... More

Prólogo.
1 - Goodbye, USA. Olá, Brasil.
2 - Coisas que eu sei.
3 - Mais do que oculta.
4 - Não era pra ser tão fatal.
5- Oblíqua e Dissimulada
6 - Ano novo, desejo antigo.
7 - Nosso jogo é perigoso, menina.
9 - Boemia Carioca
10 - Quebrando tabus.
11 - Bom dia.
12 - Canto de Oxum
13 - Agradável e lento.
14 - Tempo ao tempo.
15 - Menina veneno.
16 - Contrapartida
17 - O que é meu, é seu.
18 - Colo de menina.
19 - Meu Pavilhão.
20 - Rua Santa Clara, 33.
21 - Sensações extremas.
22 - Aos pés do Redentor.
23 - Codinome Beija-flor.
24 - Cuida bem dela.
25 - Luz em todo morro.
26 - Queime.
27 - Azul da cor do mar.
28 - Revival
29 - Desague.
30 - Axé!
31 - Vamos nos permitir - part1.
Vamos nos permitir - part2.
32 - Idas e Vindas.
33 - A lua e o sol - part1.
34 - A lua e o sol - part2.
Bônus - Part. 1
Bônus - Part. 2
Spin off - part 1.
AVISO - LIVRO

8 - Infinito particular.

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By gisscabeyo

N/a: Boa noite, mores! Demoramos porque não estávamos com tempo, mas cá estamos. Esperamos que gostem. Podem ouvir a playlist enquanto fazem a leitura, se quiserem, ela está no spotify. Vou deixar o link nas notas finais. Nos falem o que estão achando, comentem, xinguem, qualquer coisa. UHSHUAASHU

Qualquer erro, eu (Gisele), conserto depois quando perceber. Estou com muuuito sono, então, relevem. Amamos vocês! <3



Camila POV

"Se tenho fome como logo o Pão de Açúcar, urro no topo da Urca. Se quero abraço, tenho o Cristo pra me abraçar. Tamborim pra ti tarol, escolados pelo sol. Rio e morro de amar."

Vide Gal – Marisa Monte.

: - Estou bonita?

Abri os braços e girei sobre os meus pés, fazendo com que minha saia rodada na cor branca ganhasse vida. Sofia me encarava com semblante de gente grande, batendo as pontas dos dedos no queixo, me avaliando.

: - Você está linda, Mila.

Ela deu um sorriso doce, largando de lado o controle do Xbox.

: - Hmm, bom saber. – Me aproximei dela e me curvei sobre o encosto do sofá, depositando um beijo em sua cabeça. – A irmã está de saída, não me espere acordada. Se comporte, não dê trabalho a babá.

: - Não é babá, eu já tenho dez anos, Camila.

Sofia resmungou ofendida, rolando os olhos. Ela era ou não era uma graça?

: - É babá e acabou. – Me ergui, ajeitando o cabelo por cima dos ombros. – Estou indo. Eu te amo!

: - Chata! – Eu já estava abrindo a porta quando a ouvi dizer. – Também te amo!

Os dias que se passaram desde o meu primeiro beijo com Lauren foram surpreendentes. Nunca antes havia me imaginado em uma situação como aquela. Estava acostumada a viver dias de presa, nunca de caçador. E do nada me descobri uma caçadora incansável, rondando a espreita o que eu muito queria ter. Lauren se tornou um doce vício, o gosto de sua boca, o peso de seu olhar, o calor de suas mãos, tudo isso formava o conjunto perfeito que me puxou pelas pernas. Eu estava louca por aquela mulher, de joelhos, sabe? E eu ficaria de quatro por ela em qualquer lugar. Estava descobrindo o sabor da emoção, do sentir dentro, bem fundo, nada superficial. Aquele sentimento que não precisa de título, que chega com força total e sem aviso, derrubando todos os conceitos definidos. Eu não estava me importando com a mudança drástica que houve em minha vida desde que Lauren entrou nela. Eu me importava com o que eu queria, evitava e muito me martirizar com perguntas que eu ainda não sabia as respostas. Viver era o importante, o resto que fosse para o inferno.

Dirigir sempre foi uma ótima distração, mas não estava funcionando muito bem naquele momento. Minha cabeça não saia do encontro que eu teria com Lauren dali a alguns minutos. Espera! Era um encontro, não era? Não havia outra definição para aquela situação. Lauren e eu teríamos um encontro, nosso primeiro com nós duas cientes disso. Não conseguia saber o que ela pensava sobre nós, era como se Lauren funcionasse sob limites. Havia um limite para tudo o que ela fazia e queria, nunca agia por impulso, o controle a rodeava o tempo todo. Era como um fantoche, escrava da limitação. Não existia aquele simples prazer de fazer as coisas sem pensar, simplesmente ir lá e pronto, fazê-las. Não existia o frio gostoso do medo de ter que encarar as consequências. Não existia a liberdade de viver como se o amanhã não existisse, para Lauren, ele sempre existia, e vinha carregado de trabalho e obrigações. Talvez o meu maior desejo, desde que a conheci, era ensiná-la que viver vai muito além disso.

Copacabana era sempre lotada, não importava a hora e nem o dia, era quase impossível achar uma vaga para estacionar perto da orla. Estava me aproximando do Mud Bug quando ouvi meu celular apitar, indicando uma notificação. Segurei o volante com uma mão só e me estiquei para o lado, pegando o aparelho em cima do banco do carona. Abri um sorriso involuntário ao ler o nome na tela. Era uma mensagem dela.

"Estou em uma mesa no fundo, cheguei faz algum tempo.

Você está demorando e estou ficando impaciente, Camila."

: - Ah, Lauren...

Comentei comigo mesma enquanto soltava uma risada, largando o celular sobre minhas coxas. Eu já comentei o quanto amava aquele temperamento? Ele me fascinava. Nunca conheci uma mulher tão intensa quanto Lauren, talvez tenha sido isso que me fez ficar de quatro por ela.

Quando estacionei o carro há alguns metros do Mud Bug, podia ver que estava lotado, e posso afirmar que estranho seria se não estivesse. Peguei minha bolsa e o celular, caminhando em passos calmos na direção da entrada. Eu não tinha pressa, apesar de estar severamente ansiosa. As pessoas se abarrotavam ao lado de fora do estabelecimento, acomodadas em mesas e cadeiras, bebendo canecas enormes de chop enquanto curtiam a boa música ao vivo que vinha de dentro. Assim que entrei, vasculhei o local com os olhos, desviando vez ou outra de quem queria entrar e sair. De longe, avistei Lauren, ainda que de costas para mim, eu podia reconhecê-la em qualquer lugar. Sorri de canto e mordi o lábio inferior enquanto me aproximava, puxando a pequena bolsa vermelha pendurada em meu ombro, para frente. Quando cheguei perto o bastante, espiei por cima de seus ombros e vi que ela vasculhava a caixa de e-mails no celular. Eu não disse? Sempre ocupada. Neguei com a cabeça e me curvei para frente, em suas costas, chegando minha boca bem pertinho de sua orelha direita.

: - Eu viro as costas por cinco minutos e você já está trabalhando, Lauren?

O corpo de Lauren estremeceu inteiro e ela deu um pequeno salto no banco, virando para trás com os olhos arregalados. Eu soltei uma risada e passei para a sua frente, colocando minha bolsa em cima da mesa alta.

: - Você quase me mata. – Ela respirou fundo, negando com a cabeça. – Não faça mais isso.

: - Quando eu resolver te matar, pode apostar que não será desse jeito. – Observei suas bochechas ganharem um tom vivo de vermelho no mesmo instante, o que me fez sentir vontade de beijá-la enquanto me sentava. – Bem, Olá!

Coloquei meus cotovelos sobre a mesa e juntei minhas mãos, apoiando meu queixo nelas.

: - Olá! – Lauren sorriu de canto. – Você está linda!

: - Eu gosto do jeito que como você é gentil. – Sorrimos uma para a outra, mantendo o olhar por algum tempo. – Ainda não pediu nada para beber? Tem cerveja de todo o mundo aqui.

: - Estava esperando você, prefiro beber acompanhada.

: - Então vamos pedir logo, minha garganta está seca. – Desci do banco em que estava sentada e parei ao lado dela, que me encarava com uma expressão suave e ao mesmo tempo misteriosa. Com calma, ergui a mão esquerda e coloquei uma mecha de seu cabelo atrás de sua orelha, sem me importar com o que aquilo iria parecer. Lauren observou meu gesto, não se afastou, mas também não sei dizer se isso lhe agradou. – O que quer beber?

Perguntei ao abaixar minha mão, bem perto, perto o bastante para beijá-la e me perder nela por alguns segundos, mas não o fiz.

: - Uma cerveja seria bom, vou deixar que escolha qual quiser.

: - Certo, gringa. – Pisquei um dos olhos para ela, vendo-a negar com a cabeça e sorrir de canto. – Eu volto já!

Fui em direção ao bar e preciso dizer que, naquela madrugada, voltei a ele muitas outras vezes. Peguei de tudo um pouco, desde cerveja a copo d'agua. Lá pelas duas da manhã, nossas risadas já estavam altas, nossos olhos se demoravam um no outro por mais tempo, sorrisos nasciam e morriam nos lábios que eu tanto queria beijar. Nossa conversa fluía mais íntima, eu sabia um pouco mais dela, e ela um pouco mais de mim. Vez ou outra nossas mãos se esbarravam sobre a mesa e a eletricidade sacudia meu corpo como em um choque. A música de fundo era cantada por nós, que entre um trecho e outro, ríamos como se alguma piada tivesse sido contada. Em algum momento que não consigo me lembrar, puxei meu banco para ao lado do dela, sentando-me novamente com a mão direita descansando em uma de suas coxas. A corri para cima, depois para baixo sobre o jeans escuro. Seus olhos encontraram os meus, quentes como aquele início de Janeiro, e eu soube que ela não moveria um músculo para me impedir. Parecia não ter forças para isso e mesmo que tivesse, eu iria insistir. Embarcamos em mais uma conversa, o copo de água em minha mão já quase vazio me lembrava o quanto o álcool exigia de mim. Virei o resto, me livrando do recipiente. Por conta da música ao vivo, tínhamos que falar praticamente uma no ouvido da outra, e aquilo estava me deixando louca.

: - Não! Você foi a primeira mulher que eu beijei.

Respondi a pergunta que ela havia me feito, que se resumia em se eu já havia ficado com alguém do mesmo sexo. Lauren pareceu surpresa com minha resposta, e acho que eu conseguia imaginar o por quê.

: - Isso é uma novidade. – Ela disse no meu ouvido de novo, aumentando o tom sob o som alto da música e das cordas do violão. – Eu realmente imaginava que você já havia feito de tudo nessa vida, Camila. E por favor, não me leve a mal.

: - Tudo bem, relaxe! – Eu ri um pouco, dando um leve aperto em sua coxa. Seu hálito quente contra a minha orelha estava me fazendo insana. Perdi as contas de quantas vezes me aproximei mais, apenas para sentir seus lábios roçarem a minha pele. – Eu era hétero até você aparecer, Lauren. Mas não posso te culpar por isso. Eu gostei e muito de descobrir que posso desejar uma mulher loucamente.

Fui direta, não era a minha praia enrolar. Queria que ela soubesse o quanto eu estava curtindo tudo aquilo, em estar com ela sempre que dava, ainda que tivesse de lutar por um beijo ou dois, não importava, eu me sentia extremamente bem. Ela me fazia bem.

: - Sinto um pouco de inveja de você, Camila. – Não gostei de seu olhar caído, muito menos da forma em que ela sorriu tristemente. – Eu não sei. Talvez esteja sendo dramática.

: - Você não tem que sentir inveja de mim por nada. – Me virei de lado no banco alto, ficando assim de frente para ela. – Você é uma mulher incrível, independente, inteligente, bonita. Só precisa ver a vida com mais amor, entende? Com mais desejo e menos trabalho.

: - Você fala como se fosse fácil se desprender assim das obrigações.

Lauren negou com a cabeça, soltando uma risada sem humor. Eu sorri para ela com pesar.

: - Mas é, basta você querer. – Peguei uma de suas mãos sobre seu colo, acariciando com delicadeza. – A vida passa rápido, Lauren. Você deveria lembrar sempre disso.

Eu estremeci um pouco quando ela ergueu a mão para acariciar meu rosto, me fazendo fechar os olhos e esquecer que estávamos no meio de um bar lotado. Seu toque era quente e suave, como se ela tivesse medo de me tocar. Quando voltou a falar, bem mais perto, senti seu hálito cheirando a álcool e menta, uma mistura fatal demais para mim.

: - Você é cheia de vida. É desesperador me sentir uma garotinha outra vez quando estou em sua presença.

: - Por quê?

Perguntei a encarando, concentrada no verde de seus olhos, que brilhavam sob a baixa iluminação do ambiente. Lauren ficou em silêncio um tempo, apenas me observando, e ignorando a minha pergunta, ela se afastou, recolhendo sua mão e respirando fundo. Queria gritar um "NÃO", pedir para que me tocasse de novo, mas não queria estragar tudo. Dentro de mim, um sentimento de frustração horrível me deixou enjoada.

: - Estou um pouco bêbada. – Ela desviou o assunto, secando um pouco do suor que havia se formado em sua testa. - Vou ao banheiro um instante, está bem? Volto logo!

Apenas concordei com a cabeça, um pouco desanimada. Quando Lauren sumiu no meio das pessoas ali presentes, eu apoiei meus cotovelos sobre a mesa e enfiei o rosto no meio das minhas mãos, tomando uma respiração profunda. Eu tinha que ter paciência com Lauren e muito jogo de cintura, mas ao mesmo tempo em que tinha isso em mente, não conseguia entender o motivo dela me afastar tanto. Parecia sentir medo de mim, fazendo com que eu me perguntasse se havia algo errado comigo. Ao mesmo tempo em que ela mostrava me desejar, deixava claro que não estava de acordo com aquilo. Mas ao contrário do que poderia pensar, eu não iria desistir de quebrar aquela barreira que ela insistia em manter entre nós. Eu a queria e sempre fui mulher de lutar por tudo o que quis. Se Lauren não queria ter nada comigo, era bom que me dissesse com todas as letras, ou eu iria até o fim para tê-la pra mim.

Enquanto ela não voltava do banheiro, me ocupei em beber o resto da garrafa de água que havia comprado, precisava ficar ao menos um pouco sóbria para dirigir. Meus pensamentos estavam confusos, misturando-se a letra da música que era cantada ao vivo naquele momento, que por coincidência ou não, era perfeita pra mim, pra nós.

: - Deixa de tolice, veja que eu estou aqui agora... – Eu cantava com os olhos fechados, concentrada no que eu sentia, embriagada sim, mas não menos ciente de que estava fodida. - ... Inteira, intensa, eterna, pronta pro momento e você cobra...

Ana Carolina era uma merda mesmo, ela tinha uma música para cada momento da minha vida. Diabo de mulher! Abri os olhos, sacudindo a cabeça em sinal de negação.

: - Que merda, Camila...

Eu ri sozinha, esfregando o rosto com as mãos. Bebi mais um pouco de água e quando estava fechando a garrafa, encontrei Lauren voltando, as mãos nos bolsos de trás da calça e o olhar em mim. Esperei até que ela tivesse perto o bastante e abri um sorriso, por alguma razão que eu não sabia, sempre queria confortá-la. Lauren retribuiu, com menos empolgação, mas retribuiu.

: - Você está bem?

Perguntei enquanto ela voltava a se sentar, a observando para verificar se havia algo errado.

: - Melhor, joguei uma água no rosto. – Ela sorriu um pouco envergonhada, as bochechas coradas. – Nunca fui muito tolerante ao álcool.

: - Estou percebendo isso. – Enquanto a olhava, uma ideia um pouco louca me passou pela cabeça. Mordi o lábio inferior e busquei meu celular sobre a mesa, verificando as horas. Quase três da manhã. Encarei Lauren com ansiedade, mais animada do que deveria. – Quer saber? Vamos embora daqui, vou te levar em um lugar especial.

: - O quê? Como assim? Já está tarde Camila, e... – Ela ia falando enquanto eu descia do meu banco, guardando o celular no bolso e pegando o cartão para pagar a conta. – Camila, está me ouvindo?

: - Estou, mas vou fingir que não. – A peguei pela mão, começando a puxá-la na direção do bar. – Não me importo com a hora, vou te levar onde quero nem que tenha de te amarrar.

Minha voz saia quase aos berros, a música alta me impedia de falar mais baixo. Fui empurrando as pessoas a minha frente para poder passar, ouvindo Lauren argumentar em minhas costas. Será que ela podia fazer o que eu queria sem ficar arrumando desculpa ao menos por um momento?

: - Nós temos que ir pra casa, Camila.

Larguei a mão dela quando cheguei ao caixa, encostando meu corpo na lateral do seu para sussurrar em seu ouvido.

: - Fica quieta.

Depois de dizer, a encarei alguns segundos e lhe dei as costas, esperando na pequena fila. O rosto de Lauren estava vermelho feito um tomate, suas narinas agitadas, indicando sua respiração pesada. Como boa escorpiana, claro que Lauren não gostava de receber ordens. Mas ela precisava lembrar que eu era a leonina ali, e entre nós duas, era ela quem sempre iria obedecer. Funcionava como lei da vida.

Depois de mais uma briga para decidir quem iria pagar a conta, eu entreguei meu cartão ao atendente e finalizei o pagamento. Saímos do bar e entramos em meu carro com ela resmungando o quanto eu era mandona e coisa e tal. Eu só conseguia sorrir, não conseguia fazer nada mais além disso. Apesar de querer e muito.

: - Onde é que nós vamos?

Aquela era a quarta vez que Lauren me perguntava, me encarando com uma expressão que lembrava a de uma criança irritada.

: - Não pode esperar até chegarmos lá? Você nasceu de oito meses? – Suas sobrancelhas se ergueram e ela bufou, olhando pela janela. – Birrenta!

: - O quê?

Neguei com a cabeça, dobrando na esquina a esquerda.

: - Esqueça, gringa.

: - Oh, God!

Adorava quando ela falava em inglês, fiquei imaginando se ela soltaria aquelas frases em seu idioma oficial na cama também. Sacudi a cabeça para me livrar dos pensamentos.

Mais alguns minutos no trânsito e nós nos aproximamos do destino que eu havia escolhido. Fazia algum tempo que eu não ia ao lugar, e nada melhor do que voltar na companhia de Lauren. Quando entrei com o carro na rua principal, ela olhou para mim com o cenho franzido.

: - Camila... onde está me levando?

Eu percebi que ela estava um pouco assustada, mas não podia julgá-la, quem era de fora e, às vezes, até quem era de dentro, sentia receio.

: - Sabe onde estamos?

Perguntei apenas para perturbá-la, pois era ciente de que ela não sabia. Fui prestando atenção na rua estreita, observando as pessoas atravessando na frente dos carros para entrarem em barraquinhas e botecos.

: - É claro que não sei, por isso estou perguntando.

: - Aqui é o Vidigal. Morro do Vidigal. – Estacionei o carro e tirei o cinto, olhando para ela. – É uma das favelas pacificadas aqui do Rio, e que virou ponto turístico. – Abri minha bolsa e peguei meu celular, o enfiando no meio do meu decote. – Possui a vista mais bonita do Rio de Janeiro, bem lá em cima, e é pra lá que nós vamos. Quero que veja o que vi.

Lauren me encarava incrédula, como se não acreditasse que estávamos ali.

: - Nós vamos subir a pé? Por que não podemos ir de carro?

: - E perder a emoção de vivenciar tudo isso, de ver com os seus próprios olhos e sentir com suas mãos o outro lado do Rio de Janeiro, aquele que quase ninguém quer ver? – Soltei uma risada baixa, abrindo a porta do meu lado. – Não mesmo. Vem! Me deixe te mostrar que a beleza de verdade está bem aqui.

Não esperei que ela respondesse, apenas coloquei meus pés para fora e sai do carro. Olhei ao meu redor, e a sensação que eu tinha era extremamente revigorante. A aquela hora da madrugada, o Vidigal ainda estava todo aceso, seus bares e barraquinhas abertas, pessoas nas ruas e aquele cheiro do churrasquinho de espeto mais gostoso da Cidade. Vidigal era morro de todo mundo, dos ricos, dos pobres, dos maus e dos bons. Um local cheio de caminhos sinuosos e casas ainda no tijolo, que no passado era palco de tiroteios fora de hora e tráfico de drogas. Também dono de Hostel, hotel, pensão, restaurante e uma variedade de estabelecimentos para recepcionar gringos e cariocas. Outro lado do Rio de Janeiro que, a maioria das pessoas insistiam em não querer saber. Mas eu queria, eu sempre queria.

Quando Lauren saiu do carro, eu andei até a frente do veículo e estendi minha mão direita para ela, a convidando para se aproximar. Ela hesitou um pouco, mas sabia que não tinha escolha. Quando ela pegou minha mão e começamos a andar, vi nascer em seu rosto uma curiosidade vivaz, seus olhos observavam com atenção todos as coisas ao seu redor. Nossa caminhada duraria uns quinze minutos até o topo do mirante, um espaço aberto que nos dava uma visão privilegiada das praias do Leblon e Ipanema. A subida, feita de escadas com corrimão, diminuíam o cansaço. Tudo aquilo era cenário de um povo que sofreu ou sofria demais, mas também ostentação de quem vinha de fora e, por alguma razão, não queria sair mais. Enquanto caminhávamos, eu ia contando para Lauren um pouco da história do Vidigal, recebendo inúmeras perguntas que fiz questão de responder com empolgação.

: - Sabia que David Beckman comprou uma casa aqui no valor de um milhão de reais, com vista para o mar?

Perguntei a ela quando paramos um pouco para respirar, onde Lauren se curvou para frente e apoiou as mãos nos joelhos, puxando a respiração de forma rápida. Eu acabei rindo da cena.

: - Ele deve ter tido bons motivos para isso, eu imagino. – Lauren se ergueu novamente, levando a mão ao peito. – E coloca bons nisso.

: - Sim, ele teve. – Voltamos a subir, olhando ao redor, dando licença para algumas pessoas que desciam. – David foi só mais um dos milhares de gringos que compraram casa aqui. Soube que Kanye West andou rondando e que pretende construir mais um hostel. Viu? Eles ficam loucos com essa Cidade, e não importa se é dentro ou fora de uma favela.

Aquela era toda uma verdade. Mais cinco minutos de subida e nós chegamos no Mirante, arrancando de Lauren um suspiro de alívio e uma listra de suor em sua testa. Havia apenas algumas pessoas por lá, debruçadas na grade e admirando o que nós fomos admirar.

: - Vem, Lauren!

Eu chamei animada quando corri na direção da borda, sentindo a brisa fresca soprar contra o meu rosto e enviar uma onda de alívio para o meu corpo quente.

: - Espera, Camila! Espere!

Olhei para trás e a vi andar com calma, parecia tão cansada quanto minha vó ficaria se andasse cinco minutos a pé.

: - Olhe para isso. – Eu comentei apaixonada quando Lauren parou ao meu lado, colocando suas mãos na grade ao lado das minhas. – Olhe para tudo isso. Não é a coisa mais linda que você já viu em toda a sua vida?

Embaixo de nós, as casas e barracos do Vidigal formavam com suas luzes acesas o céu mais estrelado que eu já havia visto em toda a minha existência. O mar ao fundo, negro sob a noite, completando a beleza tão estonteante daquele lugar. De lá de cima podíamos ver a Zona Sul com outros olhos, do outro lado da moeda. Era diferente quando víamos de lá, era como se fizesse parte de uma realidade distante, de um país que não era o nosso. Mas estávamos ali, o mesmo Brasil, o mesmo Rio de Janeiro. Todos nós fazíamos parte da mesma nação, dividindo a mesma natureza, a mesma paisagem, vista apenas de pontos diferentes. E preciso dizer, era muito mais bonita vista lá de cima, com olhos de simplicidade.

: - Valeu a pena andar tudo isso. – Lauren suspirou, o vento levando as mechas de seu cabelo para trás. – Jamais vou esquecer essa visão, menina. – Ela me olhou com carinho, como se agradecesse por tê-la levado até ali. – É realmente a paisagem mais bonita que já vi em todos os meus trinta e três anos.

Quando ela votou a olhar para frente, eu abri um sorriso enorme e dei alguns passos para o lado, nos aproximando mais.

: - Simples e rico ao mesmo tempo. – Lauren ia dizendo perdida em seu encantamento. – Cada detalhe pequeno faz de tudo isso tão grande, tão confortante. As pessoas, essas casas, a forma de que nada parece ter fim. É uma experiência avassaladora estar aqui, desse lado.

Ergui meus olhos para admirá-la, nunca me cansava de observar o quanto ela era bonita. Lauren me hipnotizada, não havia nada nela para não adorar. O jeito em que ela falava sobre as coisas, com devoção, amor, me fazia sentir que estava ali o sentido de tudo.

Tomei sua mão com a minha, entrelaçando nossos dedos sobre a grade. Ela me olhou no mesmo instante, depois desviou seus olhos para nossas mãos unidas. Queria dizer a ela o que eu pensava, o que achava de nós. Queria fazer qualquer coisa que ela pedisse, intensificar o que eu estava sentindo. Queria que ela soubesse que eu seria capaz de qualquer coisa para conquistá-la, ter um pouco mais dela pra mim. Queria que Lauren parasse de temer e me deixasse fazê-la viver. Que mal havia em ser feliz, independente da forma? O problema não estava no jeito em que a felicidade aparecia, ele estava quando escolhíamos não vivenciá-la.

Não sei por quanto tempo ficamos ali em silêncio, apenas curtindo o momento, a paisagem e a companhia uma da outra. Aos poucos, o sol foi nos dando a graça de seus primeiros raios, clareando de forma delicada o céu do Vidigal.

: - Lauren...

Chamei seu nome sem desviar os olhos do mar, dando um leve aperto em sua mão. Demorou um pouco até que ela me olhasse, parecia tão perdida em pensamentos quanto eu.

: - Sim...

Sua voz soou baixa, como se ela tivesse respondido apenas para si. Mordi meu lábio inferior, fechando os olhos por alguns segundos antes de voltar a abrir. Meu coração batia acelerado, como se eu tivesse corrido uma maratona. Talvez não entendesse o que estava ocorrendo comigo, mas entender era desnecessário, eu só queria viver aquilo e se dependesse de mim, era o que iria acontecer. Tomei uma respiração longa, virando meu rosto na direção do dela. Seus olhos, em um tom de verde mais claro, me causavam um frio na barriga, como se eu fosse me jogar em um precipício e me perder em seu infinito particular. E não havia nada mais que eu pudesse querer na minha vida a àquela altura, além de me perder nela.

: - Eu não sei o que você está pensando, muito menos o que vai chegar a pensar algum dia... – Umedeci os lábios com a língua, engolindo a saliva que havia se formado em minha boca. – Só tenho noção do que eu penso, e queria que você soubesse que eu vou insistir em você.

: - Camila...

Ela começou, mas eu a interrompi, largando sua mão para poder me virar de frente para ela, vendo-a vira-se de frente para mim, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.

: - Eu não me importo com rótulos, e nem mesmo quero dar nome a tudo isso, eu apenas quero você. Eu quis você desde o primeiro momento em que nos vimos, e sei muito bem que você também me quer, posso enxergar isso nos seus olhos, no seu corpo... – Me aproximei mais dela, com calma, erguendo a mão para acariciar sua bochecha esquerda. Lauren fechou os olhos sob meu toque, soltando uma respiração longa. – Eu te desejo, gosto de estar contigo, de curtir com você momentos que antes curtia sozinha. Gosto dos seus papos, da sua impaciência e de seu interesse por conhecimento. Eu gosto de você, Lauren. Vamos aproveitar uma a outra sem cobranças, sem títulos, sem medo... Me deixe ficar na sua vida dessa forma e descobrir com você o que for para ser descoberto.

Nunca fui de não ter noção do que dizia, e naquela hora, tive certeza de que nunca antes fui tão ciente de minhas palavras. Meu corpo estava trêmulo, minhas mãos suavam, meus olhos sedentos por algum traço de redenção, minha boca aguando por aqueles lábios que, por muitas noites, fizeram parte dos meus sonhos mais intensos. Quando dei por mim, meu corpo estava colado ao dela, uma de minhas mãos acariciando seu pescoço e a outra a mantendo grudada em mim. A respiração de Lauren era fugaz, e quando ela negou com a cabeça lentamente ao fechar os olhos, com a expressão mortificada, eu soube que ela iria recuar.

: - Eu não posso, Camila... Nós... Não está certo. – Seus olhos se abriram, suas mãos, por inconsciência ou não, foram parar na minha cintura. – Você é a melhor amiga de Taylor, uma menina de vinte anos que eu vi ainda criança, totalmente livre e que forma o conjunto de tudo o que eu não sou e nunca fui. Eu não vou negar, e mesmo que eu negasse, você saberia que estou mentindo. Gosto da tua presença, do jeito que você desperta o melhor de mim, da sua boca... – Lauren deslizou o dedo por cima de meus lábios, massageando e me arrancando arrepios. Fechei os olhos, queria parar de ouvir o que ela estava dizendo e apenas sentir. – E de quando me beija com esse jeito de menina safada, capaz de qualquer coisa para ter o quer. Isso me fascina, mas ao mesmo tempo me faz sentir um medo terrível de cair nisso e não sair mais. Tenho muitas coisas dentro de mim que não sei como expor, Camila, como superar. Não quero e não posso machucar você ou me machucar.

: - Me deixe te ajudar. – Eu estava implorando, não me importava o que aquilo iria parecer na frente das pessoas ou na frente dela. – Me deixa te mostrar que é fácil esquecer, Lauren, ser livre... Me dá permissão pra isso.

Senti suas mãos me empurrando com leveza, e logo tratei de aumentar o aperto de meu braço esquerdo em sua cintura, mantendo-a no lugar.

: - Vem cá... Não foge de mim. – Encostei minha testa perto de sua têmpora esquerda, deslizando meus lábios pela pele de sua bochecha. Sua respiração batia desesperada contra o meu rosto. Ela tremia. – Não me afasta, não faz assim porque só vai me deixar mais viciada ainda em você. Descobri que gosto do seu temperamento difícil mais do que deveria.

: - Não complica as coisas pra mim, por favor! – Foi a vez dela implorar, sua voz soprou no meu ouvido apenas como um sussurro. Mordi o lábio quando ela deslizou a mão em minha cintura, me deixando quente. – Vamos deixar tudo como está.

: - Então me diz que não quer. – Sussurrei de volta, arrastando os lábios até sua orelha, voltando com eles para sua bochecha. Lauren suspirava, nossos seios pressionados me enviando vibrações desesperadoras, e eu não sabia dizer se estava arrepiada por conta da brisa fresca, ou de sua pele quente na minha. Nem ai para quem estava ao nosso redor. – Fala que não temos nada a ver e que você quer que eu desista de você, e eu desisto. Mas fala com todas as letras.

Lauren não disse nada, e eu sabia que ela não tinha nada a dizer. Seus ombros se abaixaram e ela soltou uma respiração longa, amolecendo o corpo ao redor do meu braço. O sorriso que brotou no meu rosto fez minhas bochechas doerem, onde eu olhei para ela com a empolgação e a excitação saltando pelos olhos.

: - Você será a minha ruína, Camila.

Enrolei os dedos nas mechas de cabelo perto de sua nuca, segurando o olhar que ela oferecia. O céu já estava quase todo claro, e eu podia ouvir de longe os pássaros cantarem, anunciando mais uma manhã no Vidigal e a chegada de uma nova emoção em mim.

: - Eu serei o que você quiser que eu seja, Lauren. – Aproximei nossas bocas. – O que quiser que eu seja...

Repeti antes de beijá-la, me jogando de cabeça naquela sensação de esplendor que me dominava sempre que nossos lábios se tocavam, se encaixavam. Seus braços rodearam minha cintura com força, como se ela quisesse fundir nossos corpos. Nossas línguas deslizavam em sintonia, como se pudéssemos descobrir nossos mais profundos segredos através de um beijo. Me ergui um pouco nas pontas dos pés e rodeei seu pescoço com os braços, querendo senti-la em mim o máximo que podia. Estávamos perdidas uma na outra ali, no topo do Vidigal, no início daquela manhã, sobre o mar da zona sul e no meio de pessoas que nunca havíamos visto na vida. E era exatamente aquele momento que respondeu a pequena duvida que se formou em minha cabeça desde quando chegamos ali: Eu não sabia como Lauren iria se comportar dali para frente, mas ela não iria me impedir de insistir para que houvesse um 'nós".

Lauren e eu ainda ficamos um bom tempo no Vidigal, tomamos café em um dos restaurantes e depois curtimos o sol da manhã na orla de Ipanema. Não vou esconder, trocamos beijos longos e intensos dentro do meu carro no estacionamento de seu prédio, e só não fomos um pouco mais além porque ela, claro, me afastou. Quando ela iria perceber que me negar alguma coisa só me deixaria mais excitada ainda? Maldição de mulher! Ao acordar aquela tarde, todas as cenas não saíam da minha cabeça. Ainda havia cheiro de Lauren no meu rosto, em minha roupa, e eu fiquei encarando o teto do meu quarto como uma idiota, com um sorriso derretido no rosto. Meus braços estavam abertos sobre a cama, e eu fechei os olhos para sonhar acordada um pouco mais.

: - Boa tarde!

Levei um susto ao ouvir a voz de Taylor presente em algum lugar do meu quarto, me fazendo abrir os olhos para procurar. A achei sentada em minha poltrona, os braços cruzados embaixo dos seios e a expressão carrancuda.

: - Que porra, Taylor. – Respirei fundo para acalmar meu coração. – Que merda você está fazendo aqui?

: - Já fui recebida de uma maneira melhor por você, viu? – Ela resmungou ofendida.

: - Desculpa! – Me desculpei enquanto me sentava, passando a mão pelo cabelo que mais parecia um ninho de passarinho. – Mas sabe que não gosto quando me assusta. Por que não me ligou avisando que vinha?

: - E eu liguei, quinze vezes, mas me diz se você atendeu. – Okay, Camila! Mancada. Suspirei com os ombros caídos, jogando a cabeça para trás e ouvindo meu pescoço estalar. – Você desapareceu ontem a noite e a manhã inteira, vim até aqui saber se estava viva e seu pai me disse que você chegou em casa as dez da manhã, e olha só que engraçado, Lauren chegou no mesmo horário, alguns minutos antes para ser mais exata.

: - Como sabe que ela chegou esse horário?

Ergui as sobrancelhas, com o lábio inferior mordido.

: - Porque eu liguei pra ela avisando que iria passar a tarde lá, e ela me disse para ir mais tarde porque ela estava acabando de chegar da rua e que iria descansar um pouco. – Ah, merda! Por que Lauren tinha que abrir a boca dela? Rolei os olhos, rindo como se tivesse sido pega fazendo alguma besteira. – Vamos, desembucha. Onde você e Lauren foram ontem à noite? E por que diabos não me chamaram?

Fiquei encarando Taylor como se ela fosse uma piada pronta. Sua expressão estava fechada, e eu conhecia bem. Ciúmes. Pulei da cama e fui na direção do banheiro, vestindo apenas um conjunto preto de calcinha e sutiã. A vi se levantar da poltrona e me seguir.

: - Não posso sair com sua irmã?

Perguntei ao parar de frente para a pia, pegando minha escova de dente e colocando um pouco de pasta. Taylor se encostou em minha porta, me encarando incrédula.

: - Desde que me leve, sim. – A encarei com cara de tédio, enfiando a escova na boca. – Ah, qual é, Camila. Me diga onde vocês foram, e por que foram. Sou irmã dela e sua melhor amiga, tenho o direito de saber.

Apoiei a mão direita na pia e me concentrei em escovar os dentes com a esquerda, pensando no que responder a ela sem entregar as coisas. Cuspi a espuma em minha boca, lavando a escova.

: - Nós estávamos conversando e ela disse que queria sair um pouco, distrair a cabeça e decidimos ir ao mud bug, foi uma decisão de última hora.

Guardei a escova no pote e me curvei para enxaguar a boca, ouvindo Taylor bufar.

: - Porra, Camila! Você sabe que eu amo aquele bar. – Taylor adentrou mais em meu banheiro, parando em minhas costas. Olhei para ela através do espelho, abrindo um sorriso forçado para verificar a limpeza de meus dentes. – Eu fiquei em casa sozinha ontem, Normani foi trabalhar e vocês não tiveram a capacidade de me chamar.

: - Da próxima vez a gente te chama.

: - Vai se foder! – Eu soltei uma risada, secando a boca e o rosto na toalha pendurada ao lado. – Ficaram até dez da manhã no mud bug? Porque pelo o que posso me lembrar, ele fecha muito antes disso.

: - Não, Tay, não ficamos lá até essa hora. – Levei as mãos até minhas costas, abrindo o sutiã e o retirando de meu corpo, me preparando para tomar uma ducha. – Quando saímos do mud bug, ainda era cedo e eu resolvi levar Lauren até o Vidigal para que ela pudesse conhecer. Ficamos lá até o amanhecer e depois andamos um pouco pela praia.

: - Essa história está muito mal contada. – Taylor sentou-se na tampa do vaso sanitário, e eu entrei no box depois de retirar a calcinha. Liguei a ducha e entrei embaixo do jato forte de água. – Você e Lauren estão muito amiguinhas ultimamente. O que estão escondendo de mim?

: - Não estamos escondendo nada de você, criatura chata. – Resmunguei entre uma risada, sentindo os músculos do meu corpo relaxarem sob a água quente. – Não podemos ser amigas? Sair, curtir? Ou você prefere que Lauren e eu não sejamos nada, apenas conhecidas?

: - Eu não disse isso...

: - Pensei!

Peguei o sabonete, fazendo espuma para passar em meu corpo.

: - Só quero que me levem da próxima vez, poxa! Odeio saber que minha melhor amiga e minha irmã estão saindo sem mim.

: - Pelo amor de Oxalá, Taylor, da próxima vez vamos te arrastar até para o caralho, está bem assim?

Esbravejei, deslizando as mãos pelas coxas para ensaboar.

: - Melhor assim. – Sua resposta saiu animada, me fazendo rolar os olhos pela décima vez. – Termine logo esse banho e vamos dar um mergulho, depois vamos até Santa Teresa comer alguma coisa e seguir para o apartamento de Lauren, preciso dar um esporro nela também. Estou te esperando na sala.

Não respondi nada, apenas esperei que ela saísse do banheiro e fechasse a porta, me deixando sozinha com aquele frio na barriga de estar fazendo algo escondido. Me peguei sorrindo, fechando os olhos ao voltar para debaixo da água quente que insistia em não levar o cheiro de Lauren embora.

Quando sai do banheiro enrolada na toalha, peguei meu celular sobre a mesa do notebook para checar as horas. E lá estava, uma mensagem dela no wpp.

"Boa tarde, Camila! Espero que tenha dormido bem.

Obrigada por ontem à noite, aquela experiência maravilhosa de provar o outro lado da moeda não sai da minha cabeça.

Nos vemos logo."

: - Nos vemos daqui a pouco, na verdade.

Eu respondi ao acaso, rindo comigo mesma enquanto digitava a minha resposta.

" Você é quem não sai da minha cabeça".

Enviei e coloquei o celular de volta sobre a mesa, correndo para me arrumar antes que Taylor voltasse para me puxar pelo cabelo. O melhor de todo aquele jogo com Lauren era presenciar suas reações a mim, e eu mal podia esperar para ver como ela iria reagir ao me pegar em sua porta, ao lado de Taylor, depois de me dizer com beijos e toques que me queria o tanto que eu a queria. Mais do que isso, esperava que tivéssemos alguns momentos sozinhas para que eu pudesse mostrar a ela o quanto podia ser gostoso estar comigo. Eu só queria permissão para me jogar nisso de cabeça, e ela havia me dado. Ainda que lutasse contra seu próprio desejo, uma hora ou outra Lauren iria perceber que não adiantava se esconder, eu sempre a encontraria.

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