Sirena

By Vecamayumi

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Ridley Duchannes nada tem de heroína de romances açucarados. Ela é uma Sirena e não hesita em usar seus poder... More

Capítulo 1 sem título
ANTES
Home Sweet Home
Symptom of the Universe
Master of Puppets
Learning to Fly
Sweet Child o'Mine
Welcome to the Jungle
Another Brick in the Wall
Stairway to Heaven
Use Your Illusion
Read Between the Lines
Hell of High Heels
Bleeding me
Appetite for Destruction
Rock of Ages
For Those About to Rock
Runnin' with the Devil
Metal Gods
Something to Believe In
The Divine Wings of Tragedy
Expendable Youth
Damaged Soul
Comfortably Numb
Wish You Were Here
Knockin' on Heaven's Door
Back in Black
Fly to the Angels
Fear of the Dark
We Are Stars
Some Kind of Monster
Flash of the Blade
Disposable Heroes
Oh Yoko!
Symphony of Destruction
DEPOIS- Fade to black

Dream of Mirrors

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By Vecamayumi


Só podia ser uma piada. Foi o que Ridley pensou. Mas a Ninfo, ou Pesadelo,

ou quem quer que fosse, não estava brincando. Segundo a Miss Templo do

Piercing, não só a vida de Ridley corria perigo, como seu quarto era a

cozinha.

O chão da cozinha.

O segundo era o pior dos problemas, até onde interessava a Ridley. Ela

estava acostumada a ameaças de morte, mas dormir num colchão simples

sobre um chão sujo de linóleo era novidade. Ridley desconfiou que as novas

colegas de apartamento estavam tentando puni-la e, se fosse o caso, eram

uma dupla de gênias sádicas. Ela jamais dormira no chão de nada, em lugar

algum, em toda sua vida.

Mesmo quando o próprio Abraham Ravenwood a manteve em uma jaula

dourada, literalmente, ela tinha um divã como cama.

Só para constar, Ridley não sabia ao certo se já estivera em uma cozinha.

Não era totalmente culpa dela. Em Ravenwood, a Cozinha não aceitaria esse

tipo de coisa.

Quando Link voltou do Lata-Velha com as três malas, uma caixa grande

cinza e sua velha bolsa de lona do time de basquete do Stonewall Jackson,

Rid estava deitada no colchão, totalmente vestida.

— Não existe a menor possibilidade de eu dormir nisto — declarou ela.

Link riu.

— Um colchão na cozinha. Tem certeza de que não quer dormir no Lata-

Velha?

— Que tal um táxi a caminho de um hotel em Manhattan? — Ridley não

estava brincando. O aviso de Necro a abalara.

Quem está lançando um Vindicabo contra mim? Talvez a mesma pessoa

que estava me vigiando do lado de fora do apartamento? Se eu não tivesse

imaginado aquilo tudo?

Ridley colocou o braço sobre os olhos, bloqueando todo mundo ao redor,

como se pudesse fazer tudo desaparecer.

Será que alguma coisa é verdade ou a Necromante só está brincando

comigo?

Link passou o braço em volta dela.

— Vamos. Onde está seu espírito de aventura, docinho?

— Não me chame de docinho. — Ridley o afastou com o ombro. — E

para você é fácil falar. Você sequer dorme.

— Gostaria de conseguir. Este dia foi longo demais. — Link colocou as

malas e a caixa que trouxe do carro na frente dela. A cozinha era tão

pequena que não tinha muito espaço para nada além do colchão.

Ele suspirou, caindo na espuma, ao lado dela. Em seguida, empurrou a

caixa cinza na direção de Rid.

— O que é isso, um presente? — Ridley detestava surpresas. Ela sempre

imaginava o pior.

Uma cabeça na caixa. Uma bomba. A mãe de Link, em miniatura.

— Acho que eu deveria ter contado — confessou ele timidamente. —

Mas eu não sabia que você vinha, lembra?

Rid alcançou a tampa e a empurrou para o lado devagar, como se

estivesse com medo de que, não importando o que estivesse na caixa, fosse

mordê-la.

No fim das contas, não errou por muito.

Lucille Ball a encarou, encolhida em um velho tapete de banheiro cor-derosa,

parecendo ter acabado de acordar de uma soneca felina de 24 horas.

— Está brincando? Você trouxe a gata?

Lucille uivou, igualmente ofendida.

— Tia Mercy disse que ela nunca visitou o norte. Tia Grace falou que

Lucille Ball ficaria melhor atravessando a Linha Mason-Dixon no céu. Então

Ethan prometeu pedir, e eu prometi que pensaria no assunto, e, quando dei

por mim...

— Seu grande plano era fugir para Nova York para se tornar um astro do

rock com a gata da tia-avó de seu melhor amigo como parceira? — Ridley

olhou de Lucille Ball para Link.

— Achei que pudesse ser legal, sabe, um rosto familiar.

— O rosto de uma gata?

Lucille Ball uivou novamente. Link tentou fazê-la se calar, mas Lucille o

mordeu na mão.

— Morda a ela, não a mim! Não sou eu que odeia você. — Link tentou

fechar a tampa novamente, mas Lucille saltou e foi para o colchão.

Ele a segurou, mas ela fugiu de suas mãos, desaparecendo pela

rachadura na porta.

— Espero que as janelas estejam fechadas. Caso contrário, terei de

contar para as Irmãs que perdi Lucille antes mesmo de ela ter a chance de

ver a Estátua da Liberdade.

— Não se preocupe. — suspirou Ridley. — Ninguém tem sorte suficiente

para se livrar dessa gata.

— É? — Ele soou esperançoso.

— Acredite em mim, eu tentei. — Rid quis parecer furiosa, mas começou

a rir; em seguida, Link gargalhou, e logo os dois estavam rindo tanto que

mal conseguiam respirar.

Ridley se jogou novamente no colchão, e Link se abaixou para perto dela.

Ficaram deitados ali, olhando para o teto.

— Quer ficar abraçada para se aquecer? Sabe, calor humano? — Link

esfregou o braço de Rid.

— Estou com calor. — Ridley afastou o braço dele. Ver Lucille a fez se

sentir melhor. Mas a gata tinha desaparecido e, com ela, seu bom humor.

— Queimaduras de Terceiro Grau. Não dá para discutir com isso — falou

Link, sorrindo para ela.

— Está tarde. Quero dormir. — Ela escapou do abraço de Link.

— O que foi que Necro disse quando viemos ver o quarto que a irritou

tanto? — perguntou ele.

— Nada.

— Pode me contar.

Ah, certo.

Alguns minutos depois, Link desistiu. Ele desapareceu na sala de ensaio,

e Ridley ficou olhando para o teto, imaginando se aquele era o verdadeiro

castigo por aquela noite no Sofrimento.

Ela ouviu a voz de Link e, em seguida, a risada de uma menina.

Supertramp. De novo.

Momentos depois, o baixo começou a vibrar, seguido pela bateria. Logo a

multidão cantava.

Ridley puxou o travesseiro para cima da cabeça.

— Li-ink Floyd. Li-ink Floyd. Li-ink Floyd. — Não dava para ignorar. Rid

virou de lado.

Será que essa noite tem como melhorar?

Ela não se deu ao trabalho de tirar os sapatos. Queria estar pronta para

fugir ao primeiro sinal de confusão (já era difícil bastante correr com salto

dez). Além disso, o colchão cheirava a piscina velha. Não era exatamente o

tipo de lugar onde alguém quereria se despir.

Ridley caiu num sono inquieto, sozinha num colchão duro, numa cidade

cheia de ameaças e mentiras, enquanto seu namorado estava com outra

garota.

Apenas o brilho verde fraco em seu Anel de Ligação iluminava o

caminho.

O vento salgado em seu rosto era agradável, fazia cócegas como beijos.

— A brisa está soprando o sol para longe, Reece. — Quando ela olhou para

cima, viu pontos solares e dois pequenos pontos escuros no horizonte.

Esfregou os olhos.

Continuavam ali, depois das palmeiras, por toda a areia.

— Veja. O que é aquilo? — Ridley se sentou, ainda chupando os dois cubos

de açúcar que tinha roubado da bandeja de chá da vovó. Nos 14 verões que

ela, os irmãos e Lena passaram visitando a avó, nunca fora pega.

— Quer dizer "quem"? — perguntou sua irmã mais velha, Reece, enquanto

amarrava o biquíni com mais força que o normal. Porque agora podiam ver

que os pontos escuros estavam se movendo ou, mais precisamente, andando.

Eram duas pessoas — duas figuras escuras seguindo a costa da Bathsheba

Beach.

— Tudo bem. Quem são? — Os olhos de Rid se cerraram. Continuou

sugando, mas agora os cubos estavam tão pequenos que mal conseguia sentir

o doce.

— Criaturas da Costa perdidas, provavelmente. Por que não pergunta a

eles? — Criaturas da Costa era o termo inventado por vovó para todos os

curiosos que vagavam de um lado a outro na extensão de areia em frente à

casa.

Um dos pontos escuros estava indo diretamente para a baía azul.

— Estamos a leste demais para nadar. Eles vão se afogar com a corrente.

Alguém deveria avisar.

— Mortais? — Reece deu de ombros. — Nem olhe pra mim.

Apesar de as populações Mortais e Conjuradores conviverem em paz há

séculos, o código básico parecia ser deixar cada um na sua.

Se você se afogasse, se afogava.

Que será, será.

— Tudo bem. — Ridley saltou do antigo assento de vime e foi andando na

trilha de areia que se estendia entre canteiros de grama até a Bathsheba

Beach.

— Chapéu — gritou Reece da varanda acima, mas Ridley simplesmente a

dispensou.

O terraço que envolvia a Abadia Ravenwood, a casa de Barbados da vovó,

era talhado de pedra, um contraste gracioso com as acentuadas falésias

litorâneas abaixo. A casa guardava a fronteira da ilha — a baía e a

Bathsheba Beach — desde os anos de 1600. A Abadia Ravenwood era mais

velha até mesmo que a Fazenda Ravenwood; como tantos outros, os

ancestrais de Ridley pararam em Barbados a caminho das Carolinas há

muito tempo.

Centenas de anos sem nada acontecendo, Ridley pensou.

Isso era muito, muito tempo.

A não ser que você adorasse passar horas decorando gráficos de

ancestrais familiares, mapas de constelações, diários de ervas e jardins,

histórias de Conjuradores. E a história da Abadia, é claro, razão pela qual

Ridley conhecia o equivalente a uma enciclopédia de informações sobre a

casa de veraneio da vovó. Reece, Ridley e Lena estudaram tudo, exceto os

Feitiços em si, que não tinham autorização para ver. Mesmo a pequena Ryan

não era poupada de horas na biblioteca da Abadia.

— É como se ela quisesse que a gente aprendesse sobre poder só para

garantir que jamais teremos nenhum — reclamou Ridley quando chegaram

neste verão.

— Não diga essas coisas. A vovó nos ama. — Reece franziu o rosto,

parecendo preocupada.

Mas ela sempre parece preocupada, Ridley pensou.

— Como eu posso saber? Ela nunca é gentil comigo. Às vezes, acho que me

odeia. — Soava estranho finalmente dizer essas palavras em voz alta.

— Não odeia — respondeu Reece, envolvendo Ridley em um abraço

fraterno. Esses momentos não aconteciam com frequência, e Rid saboreou

enquanto pôde. — Acho, às vezes, que vovó tem um pouquinho de medo de

você.

— De mim? Por que de mim?

Reece simplesmente colocou a mão na bochecha de Ridley e olhou em seus

olhos, como se pudesse enxergar ali respostas para todas as perguntas da

irmã.

— Eu gostaria de saber.

Mas vovó sequer estava presente naquele dia. Ela havia ido com mamãe

para a extremidade leste das ilhas para olhar algumas cavernas anciãs que

ela acreditava terem alguma coisa a ver com o futuro da família.

Por que alguém passaria um dia inteiro olhando uma caverna? Ridley

não fazia ideia. Mas, enquanto corria pela trilha, tentou não pensar em nada

além do sol, do céu e dos girinos que encontrou no lago perto de seu quarto

na noite anterior.

O verão tinha de ser divertido.

Todo o resto poderia ser ignorado agora.

Ela iria salvar as Criaturas da Costa e depois contar para vovó durante o

jantar. Para o tio Macon também. Eles a achariam corajosa e generosa.

Diriam a Reece e Ryan para serem mais parecidos com ela, e depois dariam a

Ridley uma porção extra de sobremesa. Ridley já planejara tudo.

— Ei! Criaturas da Costa! Saiam da água!

Um menino de cabelos claros ficou de pé. Ele saiu da onda cheia de

espuma, em direção a ela. Uma menina, parecendo mais nova e com cabelos

mais escuros, estava sentada à beira da água, na areia.

— Do que você me chamou? — Os olhos do menino brilharam.

Ridley fungou.

— A água é perigosa. Se você se afogar, minha avó vai ter de chamar a

polícia. E ela odeia a polícia.

— Não vou me afogar. — O menino de cabelos claros e olhos escuros

sorriu. Ele não podia ser muito mais velho que ela. Era bronzeado e alto, mas

não alto demais. Nem velho demais.

Era só um menino.

— Você não devia estar aqui. É uma propriedade privada — avisou ela.

— Ninguém é dono da praia ou do oceano. — Ele cruzou os braços.

— O que está fazendo aqui?

— Estou com minha irmã — respondeu ele. — Estamos entediados.

— Sei como é isso.

— Estamos presos aqui enquanto meu avô passa o dia fora.

Ridley assentiu.

— A minha também. Quero dizer, minha avó.

— Ele está em uma caverna estúpida.

— A minha também — contou Ridley, com uma sensação estranha no

estômago.

Ela queria correr dali. Queria correr o mais depressa possível, por toda a

trilha e pelas escadas, passando pelo corredor até o quarto. Queria se

esconder embaixo da cama; só não sabia por quê.

Me beije, ela pensou. É isso que quero.

Quero que ele me beije.

Meu primeiro beijo.

E quero que seja aqui, na praia, com esse menino de olhos escuros.

Os olhos dela estavam arregalados. O menino sorriu, os dentes afiados e

brancos, enquanto os olhos eram redondos e escuros. Ele inclinou o rosto

para perto do dela.

Seu desejo estava prestes a ser concedido.

Então ele sussurrou, tão baixinho que ela quase não conseguiu ouvi-lo com

o barulho da brisa do mar.

— Você quer que eu a beije, não quer?

— Não — respondeu ela. Mas era mentira.

— Sabe por que você quer que eu a beije? — perguntou ele.

Ela não disse nada.

— Porque eu quis que quisesse.

Então ele chegou a cabeça para trás e começou a rir. Ridley começou a

chorar.

— Não me confunda mais com um Mortal — avisou ele. — Não sou uma

Criatura da Costa, ou o que quer que tenha dito. Sou um dos mais poderosos

Conjuradores vivos.

— Você bem que gostaria — respondeu Ridley, subitamente corajosa. —

Você é só um menino Conjurador bobo. E minha avó é mil vezes mais

poderosa que você.

Ele deu um passo arenoso em direção a ela.

— É? Prove.

A briga era tão empolgante quanto o beijo.

Quanto o beijo poderia ter sido, ela lembrou a si mesma.

Ela fechou os olhos.

Me beije.

Quero que me beije.

E, como se ele estivesse escutando, trouxe o rosto para perto do dela, com

os olhos arregalados, como se ele próprio não conseguisse acreditar.

Ela sentiu seus poderes relaxando sobre ele, envolvendo-o. Ela nunca os

tinha utilizado antes, não assim. Não tão conscientemente em outra pessoa,

mas, sobretudo, não em outro Conjurador.

Ela gostou de como se sentiu — forte, independente, invencível.

Ele levou os lábios aos dela... cada vez mais perto.

Agora ele estava com os olhos fechados.

— Isto é para você — sussurrou ela, a voz tão baixa e rouca quanto a dele

momentos antes. — Para que você nunca se esqueça. Meu nome é Ridley

Duchannes, e ninguém me diz o que fazer. Se eu quiser que você me beije,

acredite em mim, você vai querer me beijar.

O menino ficou sem fala.

— É isso que você quer?

Ele assentiu.

— Mais que tudo?

Ele assentiu outra vez.

— Ótimo.

Então ela bateu no rosto dele com toda força, virou e correu de volta pela

trilha.

Ridley se sentou no colchão, com a sensação de que tinha acabado de se

lembrar de alguma coisa importante. Só quando ouviu Link tocando Burger

Boy na sala de ensaio foi que percebeu onde estava — e por quê.

A multidão já havia sumido, e Floyd também. Tudo que Rid conseguia

ouvir era Link.

— Patty, oh, Patty, you're not a real Fatty/and you're only kinda

bratty/my ham-burger Patty.

Ridley deitou novamente no colchão, olhando para as rachaduras no teto

até o set de músicas terminar e o sol estar no alto. Qualquer que fosse o

critério, foi uma das noites mais longas de sua vida.

Ela colocaria Link nessa banda Conjuradora e depois o tiraria rapidinho.

Devil's Hangnail. Tanto faz. Ela não deixaria que ele arruinasse a própria

vida por causa dela, nem por causa de ninguém. E ela com certeza não

deixaria a vida ser arruinada por uma estúpida dívida de jogo.

Ou pela sensação louca de estar sendo observada. Ou pela ideia ainda

mais louca de que estava sendo ameaçada por uma Necromante com um

Feitiço Vindicabo de um mundo invisível.

Ou, o mais louco de tudo, pela ideia de que uma garota roqueira

chamada Floyd poderia roubar seu namorado.

Link Floyd? Nunca vai acontecer.

Porque seu nome era Ridley Duchannes, e ninguém lhe dizia o que fazer.

Ninguém.

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