— Este lugar é um inferno — murmurou Ridley de seu assento no chão
frio e úmido do porão.
— Você acha? — Link se sentou ao lado dela, olhando para o teto, onde
alguma espécie de cano vazava através das tábuas e placas de gesso.
Não apenas um inferno. Uma prisão, pensou ela. Quase dava para ouvir
os ratos correndo por trás dos barris.
Como vim parar no porão sujo de uma boate no Brooklyn? Temendo pelo
meu futuro? Me escondendo de Silas Ravenwood?
Esperaram em silêncio. Não havia muito que falar em um momento
como aquele.
Vinte e quatro horas de planejamento não facilitaram a noite. A banda
foi para a boate em um silêncio tenso. O porão mofado abaixo da Sirene
continuava úmido, frio e deserto. Nox ia de um lado para o outro como se
fosse noite de inauguração.
Não era.
Não havia Conjuradores se escondendo. Nem Sirenas brilhantes
vendendo Néctar dos Deuses. Nem atendentes do bar, nem banda.
Não naquele andar da boate, que fora isolado do resto do mundo,
exatamente como Nox prometera a Silas.
O armazém fazia o Subterrâneo parecer o Lugar Mais Feliz da Terra.
Ridley podia sentir a batida do baixo pulsando pelas paredes. O DJ da
casa estava cobrindo para Nox. Cada ruído a fazia pular.
— A música começou — comentou Link, escutando.
— É. — Não vai demorar, pensou ela.
— Deveríamos estar lá. — Link soou nostálgico.
— Hoje não, não deveríamos.
— Acho que não.
Rid sorriu para ele.
— Você teve uma boa jornada, Shrinky Dink.
— É. Sirensong. — Ele falou o nome como se o estivesse arquivando em
seu cemitério de bandas fracassadas.
Quem Atirou em Lincoln. Os Holy Rollers. Meatstik. Sirensong.
Rid cutucou uma unha rosa brilhante.
— Não foi tudo só por causa de Nox, sabe. Nem tudo.
Link não mordeu a isca.
— Claro. Também foi a lira Sirena da mãe dele.
— Link.
— Acho que não há como descobrir agora. — Link suspirou e olhou para
ela. — Não tem importância, Rid. Precisamos sair daqui e ficar seguros. —
Tirar você daqui e deixar você em segurança. Era isso que ele estava
pensando. Ridley conhecia Link bem o suficiente para saber disso, não
importa o quão bravo estivesse com ela.
Ela sempre foi sua prioridade. Cuidar dela. Fazer a coisa certa para ela.
Gostar dela. Ridley não entendia por que tinha demorado tanto a acreditar.
YOU ARE READING
Sirena
FantasyRidley Duchannes nada tem de heroína de romances açucarados. Ela é uma Sirena e não hesita em usar seus poderes para enfeitiçar o que cruzar seu caminho, sejam Conjuradores das Trevas, Incubus ou Mortais. Desde que sua família lhe virou as costas, s...