O amor é... Cego?

Od SinonDy

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Lynsay Sands Inglaterra, 1720 Amor Perigoso! Edward Cullen, o conde de Masen, sabia que a bela e estabanada l... Více

Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18

Capítulo 19 - Epílogo

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Od SinonDy

- Não fique aí parada, Anne. Entre!

Bella estava tentando ler, mas não conseguia se concentrar. Sua mente estava ocupada demais por outros pensamentos, a maioria deles sobre a mulher que no momento cruzava a biblioteca em sua direção.

Anne e Garrett eram as únicas pessoas além de Edward, Irina e Emmett que haviam estado na cidade e agora estavam em Masen, ou na vizinhança. Bella não acreditava que Irina ou Emmett pudessem ser responsáveis pela sequência de acidentes que sofrera, muito menos Edward. Sobravam então apenas Anne e Garrett.

A maior suspeita, sem dúvida, recaía sobre Anne. Garrett era idoso. Bella não conseguia vê-lo infiltrando-se na casa de Londres no meio da noite para pôr fogo no hall. Tampouco o imaginava escalando o portão dos fundos, como Edward fizera, para seguir seus passos e agredi-la na fonte.

Anne, por seu lado, não necessitaria de qualquer peripécia para se aproximar dela. Estava sempre ali e tinha informações privilegiadas sobre todas as suas atividades. Ela era realmente a mais provável suspeita.

Bella só não conseguia pensar em uma razão que justificasse que ela tivesse feito tais coisas. O fato é que gostava da moça.

Fechando o livro e deixando-o de lado sobre a escrivaninha, Bella levantou os olhos quando a criada parou em frente a ela. Seus olhos imediatamente se estreitaram. Ela nunca havia visto a criada daquele ângulo. Não com os óculos. Agora conseguia enxergar a pequena pinta sob o queixo dela. Ocorreu-lhe ter visto uma pinta igual àquela e exatamente no mesmo lugar. Dez anos antes.

Ela fixou o olhar por um breve momento sobre a pinta e então levantou os olhos para o rosto de Anne, examinando-o com
cuidado antes de dizer:

- O que foi, Jane?

- Só queria saber se a senhora quer uma xícara de chá ou de chocolate enquanto lê.

Bella comprimiu os lábios. Jane nem havia notado a troca de nomes. Aquela pinta era a prova suficiente para ela.

- Não se estiver envenenada como a torta, Jane.

A criada ficou tensa, visivelmente acuada.

- Sei que é você, Jane - Bella prosseguiu -, mas não sei o motivo por que está tentando me matar.

De punhos cerrados ao lado do corpo, Jane admitiu:

- Pelo que fez ao meu irmão...

- Alec - Bella murmurou, lembrando-se da figura imponente do homem de uniforme.

-... e a minha mãe - Jane continuou.

- Eu nunca vi sua mãe - Bella espantou-se.

- E a mim também - Jane acrescentou cheia de amargura. - Quando Alec foi sentenciado e preso, perdemos nosso sustento. Tive de largar o palco para pôr comida na mesa. Até então eu tinha uma vida tranquila. Foi uma experiência e tanto.

- Sinto muito que tenha sido difícil para você sustentar a si mesma e a sua mãe... - Bella começou a dizer, mas Jane não havia terminado.

- E de nada adiantou. Fiz tudo que pude pela minha mãe, mas ela morreu de coração partido por causa do escândalo e da prisão de Alec. - Jane levantou os olhos cheios de ódio para Bella e acusou-a em um tom descontrolado: - A senhora matou os dois.

- Eu...?

- Jurei para mim mesma que um dia a faria pagar.

Bella suspirou, olhando para Jane com pena.

- E você esperou todo esse tempo para se vingar!

- Para falar a verdade, eu nem esperava mais ter uma chance de me vingar - Jane admitiu, pegando uma espátula da mesa e brincando distraída com ela. - Mas, no começo da temporada, a senhora, lady Irina e as amigas dela foram assistir a uma peça em que eu estava trabalhando.

Bella piscou, surpresa.

- Só fui assistir a uma única peça em toda a minha vida. - Era uma peça baseada em contos de Shakespeare, mas ela nem se lembrava do nome. Também, sem os óculos não enxergara nada e até dormira um pouco. - Você estava trabalhando como atriz naquela peça?

Jane assentiu com a cabeça.

- Minha personagem morreu no segundo ato. Foi só porque, supostamente morta, eu fiquei deitada no chão que consegui vê-la em um dos camarotes. Durante o intervalo, dei uma escapada até o saguão para vê-la mais de perto e ter certeza de que era a senhora. Quando me aproximei, ouvi lady Irina comentar que a senhora estava precisando de uma criada de quarto. Eu estava bem atrás da senhora. Em um momento em que se virou, a senhora olhou diretamente para mim e não vi sinal algum de ter me reconhecido. Então percebi que estava sem os óculos. Tenho certeza - Jane prosseguiu - que não teria feito nada disso se o destino não tivesse me dado uma mãozinha. Fui para casa naquela noite exausta e aborrecida, e acordei no meio da noite com o cheiro de fumaça. Várias casas estavam em chamas, inclusive a minha. Dei um jeito de pular pela janela, mas não consegui pegar nenhuma roupa. Precisei roubar algumas. Perdi tudo no incêndio. Só quando amanheceu é que vi o que havia roubado. Parecia uma criada. - Ela deu uma risada. - Me pareceu quase providencial. Não entrei em contato com nenhum conhecido, deixei que todos pensassem que havia morrido no incêndio e resolvi me candidatar ao emprego de sua criada.

- Você não ficou com medo de ser reconhecida? - Bella perguntou curiosa. - Se não por mim, por outra pessoa. Como artista seu rosto certamente era conhecido.

- Não necessariamente. Ninguém presta muita atenção aos criados. Minha única preocupação era se conseguiria o emprego. Não sabia nada sobre o serviço, mas acho que minha profissão me ajudou bastante. A tarde, já era sua nova criada pessoal.

- E aí começaram os acidentes - disse Bella. - É então a você que devo agradecer pelo tombo na escada?

- Ao meu sapato, foi nele que tropeçou. Eu o calcei depois e desci correndo para ver se a senhora estava bem.

- E a queda na frente da carruagem?

Jane sacudiu a cabeça.

- Aquilo foi mesmo um acidente. Não fiz nada para provocá-lo.

- A torta envenenada?

- Acho que não acrescentei veneno suficiente.

- A pancada na minha cabeça e o tombo na fonte?

Jane cerrou os dentes com muita raiva.

- Contratei o pai do menino que trouxe o bilhete. O trato foi que ele lhe desse uma pancada na cabeça para apagá-la. Acho que ele se entusiasmou demais e quis me impressionar - concluiu secamente.

Bella ficou pensativa e então perguntou:

- E o incêndio?

- Tranquei a porta de seu quarto e pus fogo em um quebra-luz do hall; sabendo que o fogo iria se propagar rapidamente, voltei correndo para a cama para que tivessem de me acordar quando descobrissem.

Bella suspirou e disse.

- Também perdi minha mãe e sei como é difícil, Jane. Mas você está culpando a pessoa errada. Todo aquele escândalo foi provocado por seu irmão. E se ele morreu na prisão, a morte dele não tem nada a ver comigo.

- Não tem nada a ver com a senhora? - Jane ecoou revoltada e, apontando a espátula para ela, disse: - Ele morreu na prisão... onde a senhora o colocou. Ele jamais deveria ter ido parar em uma prisão. Era um bom homem, generoso e doce e...

- Me parece, Jane - Bella a interrompeu, espantada -, que você esqueceu que seu irmão me raptou e me forçou a casar com ele para passar a mão na minha herança. Eu custo a acreditar que um homem bom, generoso e doce agiria assim.

- Ele a amava.

- Amava minha herança e bolou um plano para se apossar dela - Bella rebateu impaciente. - E, como acontece com todos os planos malfeitos, o dele deu errado. Foi pego e teve de pagar por isso.

- Não haveria nenhum preço a pagar se o casamento tivesse sido consumado. Graças à bondade dele, ele a deixou descansar aquela noite e foi esse gesto de bondade que o matou - disse Jane com amargura e lágrimas nos olhos.

- Bondade coisa nenhuma! - Bella rebateu irritada.

- Caso tivesse tido um pouquinho da bondade dele o teria salvado - Jane insistiu. - Mas não teve nenhuma.

- O que você queria que eu fizesse quando os homens de meu pai nos encontraram? - Bella argumentou, completando com toda a honestidade: - Mas mesmo que eu pudesse fazer alguma coisa por ele, não sei se faria. Ele era um estranho para mim e, quando os homens de meu pai apareceram, fiquei sabendo que era tudo uma farsa para ele se apossar de minha herança.

- Como pode dizer isso? Ele a amava. Ele me disse que se apaixonou por você no momento em que a viu.

- Então ele mentiu para você também - retrucou Bella, com firmeza. - Provavelmente para que você aceitasse o plano dele e o ajudasse. Nós nunca havíamos nos encontrado, como ele poderia afirmar que me amava?

Bella viu a confusão estampada no rosto de Jane. Precisava convencê-la, por isso, acrescentou:

- Além disso, ouvi da própria boca dele. Eu tive um pesadelo na noite em que nos casamos e, assustada, fui procurar por ele. Quando abri a porta entre nossos quartos, ele estava falando para a criada, acho que era Gianna o nome dela, que ela tinha seios maravilhosos. Quando a moça perguntou por que ele havia se casado comigo, muito bondosamente ele respondeu que embora me faltassem encantos, me sobrava dinheiro. Então começou a elogiá-la, disse que ela era a razão de não ter querido consumar o casamento comigo, que a consumação ficaria para a noite seguinte, mas que estaria pensando nela. Sem fazer barulho, fechei a porta, porque Alec começava a fazer o serviço completo com ela. Acho que a gula de seu irmão não se restringia apenas a dinheiro. Se ele tivesse conseguido se controlar, teria consumado o casamento comigo e estaria salvo. - Bella encolheu os ombros, cansada. - Por isso, só posso ser eternamente grata de não ter sido tão atraente e ter dado tempo dos homens de meu pai chegarem.

- Mentiras, mentiras. Tudo mentira - Jane gritou, levantando a espátula ameaçadoramente.

- Será que são? Você estava lá. Eu não poderia ter sido mais dócil e passiva, de Londres a Gretna Green, até a última manhã. Você lembra como fiquei brava então, e como exigi que voltássemos para casa? Primeiro seu irmão disse que eu estava apenas cansada, mas quando insisti, ele me bateu. Lembra-se disso?

Jane mostrou-se hesitante, como se as lembranças de Bella lhe avivassem a memória. Ela abaixou um pouco a espátula e murmurou:

- Lembro.

Jane visivelmente se debatia internamente e seu rosto expressava toda a sua confusão. Bella se levantou.

Com o rosto tomado de raiva, Jane novamente apontou a espátula para Bella.

- Não, a senhora está querendo me confundir. Alec nunca mentiu para mim.

- Nunca, nem mesmo para livrá-lo de um problema? - Bella notou que a expressão de Jane estava coberta de dúvida.

- Meu Alec nunca faria o que a senhora está dizendo. Ele a amava.

Bella sentiu pena da moça. Era notório que ela se sentia traída e assustada. Procurou então tratar os sentimentos dela com delicadeza.

- Talvez o Alec que você conheceu não mentisse. Mas seu irmão foi para a guerra, passou anos testemunhando coisas que mal podemos imaginar. Dizem que a guerra faz um homem mudar. Talvez o Alec que voltou não fosse mais o seu Alec.

Um soluço escapou dos lábios de Jane e ela caiu sentada em uma poltrona na frente da escrivaninha, soltando da mão a espátula que escorregou ao seu lado.

- Nossa, o que eu fiz! - ela gemeu, desarvorada.

- Nada que seja irreparável - Bella garantiu, tendo o cuidado de dar um passo para trás da mesa. Parou, porém, assustada quando a moça deu uma risada amarga e pegou novamente a espátula, pressionando-a dessa vez contra o próprio pulso.

- Por favor, não se aproxime, milady. - Balançando a cabeça, ela olhou para a espátula com um olhar de total desamparo.

- Não faça nada precipitado, Anne... Jane. Vai dar tudo certo.

- Fácil dizer isso para quem não vai ter de enfrentar uma prisão.

- Você não irá para a prisão - Bella assegurou.

- Como não? Vi o suficiente sobre prisão em minhas visitas a Alec. Prefiro morrer.

- Eu não vou denunciá-la.

- Mas eu tentei matá-la...

Bella soltou um suspiro impaciente.

- Bem, acho que você não tentou com muita convicção. Estou ainda aqui.

Jane fungou e, ao levantar a cabeça, tinha esperança nos olhos, como se Bella lhe tivesse dado algo que poderia redimi-la.

- É verdade, ou não é? - Bella já começava a se exasperar. - Como dizem, eu estava cega como um morcego e desamparada feito uma criança a maior parte do tempo. Se você tivesse querido mesmo me matar, estou certa de que teria conseguido. Em vez disso, você só se saía mal. Entretanto, como criada, sempre foi muito eficiente. Acho que você não teve coragem de me matar.

- Não mesmo - Jane admitiu, com outro soluço. - Eu queria magoá-la, queria que sofresse, mas não conseguia... - Fazendo uma pausa, ela falou baixinho, como se estivesse falando consigo mesma: - Acho que pouco importa se a senhora vai me denunciar ou não. E só um questão de tempo, seu marido me denunciará. Ele vai querer me ver na prisão.

Bella teve um estremecimento ao se dar conta de que Jane estava certa. Edward iria querer que ela fosse punida, com toda a certeza. Sua mente começou a funcionar, procurando uma saída para a moça e, então, seu rosto se iluminou.

- América!

Jane fitou-a, lívida.

- América?

- Você pode ir para lá. Eu pagarei a passagem. Lá você poderá ter um novo começo, sem temer que seu passado possa assaltá-la.

- Eu não tenho condições...

- Eu pago sua passagem - Bella insistiu, inclinando-se sobre a escrivaninha e puxando urna folha de papel para escrever um bilhete. - Também lhe darei dinheiro suficiente para começar um pequeno negócio, uma pensão talvez...

- Por quê? - Jane perguntou incrédula. - Por que a senhora...?

- Porque nós duas sofremos nas mãos de seu irmão, Jane. Ele enganou a nós duas e ambas sofremos por isso nos últimos dez anos. Você mais do que eu. Além disso, lembro perfeitamente como você foi boa para mim naquela viagem, me confortando e garantindo que tudo ficaria bem. - Bella assinou o nome no bilhete e o estendeu à moça. - Aceite! Pegue! Vou pedir ao cocheiro para levá-la a Londres. Vá recolher suas coisas e leve esse bilhete ao banco para pegar o dinheiro e viajar de navio para a América.

Vendo que Jane hesitava, embora esperançosa, Bella tentou persuadi-la:

- Você pode iniciar um negócio lá e ter uma nova vida, como uma mulher respeitável. Algum dia, se você progredir, como desejo, poderá me pagar.

Tais palavras pareceram ser decisivas. Ainda que relutante, Jane pegou o bilhete.

Sorrindo, Bella tirou a espátula da mão dela antes que ela mudasse de ideia, colocou-a sobre a mesa e então pegou Jane pelo braço para acompanhá-la até a porta da biblioteca, temerosa demais que Edward pudesse chegar a qualquer momento.

- Há alguma coisa daqui que você precise?

- Não, não trouxe muita coisa comigo. A maior parte de minhas coisas está em Londres.

- Então vá arrumá-las antes de partir - disse Bella, abrindo a porta da biblioteca e indo com Jane até o hall. - Tudo ficará bem. Ouvi dizer que há bastante progresso na América, mas você pode ir para a França, se preferir. Você tem muitas opções. Nem precisa me dizer qual escolherá. Tudo ficará bem.

Vendo que Eleazar transitava pelo hall, Bella o chamou e pediu que mandasse o cocheiro preparar a carruagem e a levasse para frente da casa. Depois foi com Jane até a porta da frente e saiu, parando em um degrau.

- Também não precisa deixar a Inglaterra, se não quiser. Juro que ninguém irá persegui-la pelo que aconteceu aqui.

Jane a encarou com um tímido sorriso nos lábios.

- É por isso que não consegui machucá-la.

Bella levantou uma sobrancelha de forma inquisidora, e Jane explicou:

- A senhora é muito boa. Vi como muitas damas tratam os criados. A senhora não é como elas. Sempre foi gentil comigo, levando em consideração minhas opiniões, como se fôssemos iguais. - Ela deu um sorriso mais aberto. - Cheguei até a desejar que meu irmão tivesse conseguido consumar o casamento. Teríamos sido como irmãs então.

Bella arregalou um pouquinho os olhos.

- Sim, teríamos. Na verdade, fomos por alguns dias. - Ela sorriu também e abraçou a moça. A carruagem já havia aparecido, vinda dos estábulos. - Se precisar de ajuda, me procure - Bella cochichou no ouvido dela.

- Obrigada - Jane sussurrou, com lágrimas nos olhos, apertou a mão de Bella e subiu na carruagem.

- Leve-a para onde ela quiser ir - Bella recomendou ao cocheiro quando fechava a porta e se encaminhou de volta para casa, parando nos degraus da escadaria para ver a carruagem partir.

- Você tem um coração muito mole.

Bella voltou-se abruptamente ao ouvir as palavras ditas em voz grave e deu com o marido parado no degrau atrás dela. Lorde McCarty estava à porta, atrás de Edward.

- Há quanto tempo vocês chegaram?

- Há bastante - respondeu ele, repetindo: - Você tem um coração mole demais, esposa.

Ignorando a crítica delicada do marido, ela se voltou para ver a carruagem que já descia a alameda.

- Vocês continuam amigos?

- Claro! - Edward respondeu prontamente, dirigindo o olhar para Emmett que falou simultaneamente:

- Ainda não decidi.

Bella esboçou um sorriso, depois, passando pelo marido, deu o braço a Emmett e o fez entrar.

- Vamos lá, milorde, perdoe meu marido por essas acusações falsas. Você deve saber muito bem como ele fica abobado quando se trata daqueles que ama. Veja só, ele nem percebeu ainda que estou de óculos.

Bella sentiu que o marido tropeçou atrás dela; ela parou, achando graça, e voltou-se para dar a mão a ele.

Edward estava pálido e olhava fixamente para a armação de metal dos óculos de Bella.

- Você está conseguindo me enxergar?

- Sempre consegui, milorde. Posso simplesmente vê-lo um pouco melhor - Bella esclareceu em tom carinhoso.

Vendo-o tão perturbado, Emmett reagiu de maneira impaciente.

- O cego tem sido você, não? Será que até agora não entendeu que sua mulher é míope e que de perto ela enxerga?

- Creio que meu marido achava que eu não conseguia ver nada - Bella brincou.

Os três permaneceram calados por um momento, então Bella se voltou para Emmett e sugeriu:

- Talvez, milorde, você possa ir até o salão e se servir de um drinque?

- Tenho uma ideia melhor. Acho que vou voltar para Wyndham e deixar vocês a sós. - Dito isso, ele beijou a mão de Bella, despediu-se de Edward e caminhou até a escadaria que haviam acabado de subir.

- Você conseguia mesmo me enxergar antes? - Foi a primeira coisa que Edward perguntou ao ficarem sozinhos.

- Sim, milorde.

- Quando foi a primeira vez que você conseguiu?

- Na noite em que o conheci, quando você se inclinou para falar comigo. Você chegou tão perto que pude ver bem seu rosto e esses seus lindos olhos verdes.

Edward virou a cabeça, inconscientemente escondendo o lado de seu rosto em que tinha a cicatriz.

Aproximando-se mais dele, Bella estendeu a mão até o queixo dele, fazendo-o encará-la, e depois, pondo-se na ponta dos pés, beijou a cicatriz que ele tanto odiava.

Edward estremeceu ao toque e a expressão de seu rosto era de medo.

- Então você se casou comigo por pena?

- Por pena? - Bella quase riu alto ao ouvir aquilo. - Que vergonha, milorde! Dizer isso o insulta. Você é um homem atraente.

- Sou um monstro. Um simples olhar para meu rosto fez com que várias mulheres desmaiassem.

Bella deu de ombros.

- Talvez logo depois do ocorrido, quando o ferimento ainda era recente e estava muito exposto, muito vivo. Mas já se passaram dez anos. Está bem cicatrizado e se ajustou ao seu rosto. Agora é simplesmente uma parte de você, só uma linha que desce pela sua face. Acho que é muito maior em sua mente do que em seu rosto.

- Não é, não. Eu vi as mulheres se encolherem de medo.

- Nesta temporada, milorde?

Edward hesitou e ela balançou a cabeça triunfante.

- Acho que não. Imagino que uma ou duas mulheres até tentaram se aproximar de você enquanto estávamos em Londres - ela acrescentou, ao se lembrar da proposta indecente que lady Denali fizera a ele.

Edward bufou.

- Só estava buscando uma nova experiência com um ser excêntrico.

- Custo a acreditar - contradisse-o Bella, conduzindo o marido pela casa em direção ao escritório. - Mas sabe, acho muito bom que você continue pensando desse jeito. Assim, nunca vou precisar ter medo de que você me seja infiel.

Edward bufou novamente, seguindo-a até o escritório.

- Você não precisa ter medo disso, de qualquer modo. Não tenho qualquer interesse em outras mulheres. Aprontei tudo o que devia muito tempo atrás.

- Hum. - Bella caminhou até a escrivaninha e se sentou na beirada dela. - Então você acha que eu o quero porque desejo excentricidade na cama?

Edward enrugou a testa.

- Agora que você me viu direito, você ainda me quer?

- Eu já lhe disse, marido. Eu o vi na primeira noite em que nos conhecemos e muitas vezes depois disso. E sempre o quis.

- Me ver de maneira embaçada e me ver perfeitamente e de perto são duas coisas diferentes.

Bella ponderou por um momento.

- É verdade, milorde. Você está certo, são duas coisas diferentes. Isso significa então que você não vai me querer agora porque uso óculos novamente?

Edward piscou.

- Não é a mesma coisa. Você pode tirar os seus óculos.

- Não se eu quiser ver - Bella rebateu, depois escorregou da escrivaninha e começou a desabotoar o vestido. - Talvez devamos fazer um teste.

- O que você está fazendo? - Edward perguntou assustado, dando a volta para fechar a porta quando ela começou a se despir.

- Bem, me parece, milorde, que estamos diante de um dilema. Eu não tinha óculos quando nos casamos, portanto você poderá me achar verdadeiramente feia com eles. Sem ter os óculos, eu também não conseguia vê-lo perfeitamente mesmo de perto, portanto não sabia se depois iria achá-lo muito repulsivo. Acho que está na hora de resolver esse problema e saber se nosso casamento tem alguma chance.

Edward arregalou os olhos ao vê-la descer o vestido dos ombros e deixá-lo cair aos pés. Seu espartilho e as anquinhas tiveram o mesmo destino, deixando-a, como no dia em que nasceu, completamente nua na frente dele. Exceto pelos óculos.

Engolindo em seco, ele contemplou aquele corpo, detendo os olhos nos seios de Bella, em seu abdome lisinho até chegar aos pelos pubianos aninhados entre as pernas. A atenção dele foi desviada pela exclamação de aborrecimento que Bella soltou. Ao levantar os olhos, ele viu que ela segurava com as mãos em concha os próprios seios e os contemplava com uma expressão contrariada.

- Era o que eu temia - disse Bella infeliz, e Edward sentiu o coração parar ao ouvir essas palavras. Mas, em seguida, ela explicou: - A mera ideia do prazer que seu corpo pode proporcionar ao meu fez com que meus seios ficassem pesados e doloridos e meus mamilos se empinassem como para receber um beijo.

Edward engoliu em seco novamente, seus olhos fixando-se na prova das palavras dela; suas mãos apoderaram-se daqueles seios intumescidos, com os mamilos enrijecidos. Então ela tomou uma das mãos dele de seu seio e deslizou-a sobre o ventre até seu ninho entre as pernas. Edward ficou incrédulo quando os dedos dela desceram um pouco mais e desapareceram nesse ninho por um breve instante.

- Oh, Deus!

Edward fitou-a ao ouvir aquele suspiro, e ela explicou:

- Parece que já estou molhada só da carícia de seu olhar. Isso não está funcionando nada. Como posso testar o efeito de sua cicatriz quando todo o seu corpo, sua mera presença, me afeta desse jeito?

Tirando a mão dele de seu seio, ela o puxou.

- Aproxime-se - sussurrou, e Edward quase tropeçou no próprio pé para obedecê-la. Deu um passo à frente, segurou a mão que ela lhe estendia e parou em dúvida ao vê-la fixar os olhos nele. - Não, isso parece que não está ajudando muito, milorde. Embora possa ver sua cicatriz de forma bem clara, não consigo ignorar o resto de seu corpo para conseguir testar somente o efeito da cicatriz em mim.

Os olhos de Bella procuraram os do marido e ela arqueou a sobrancelha.

- Quero ver o homem que eu amo fazer amor comigo.

Edward congelou sob o efeito dessas palavras.

- Você me ama?

Bella também silenciou e a expressão de seu rosto foi se suavizando ao ver a esperança e a alegria no rosto dele.

- Claro que o amo. Como poderia não amá-lo?

- Mas...

- Não há "mas", marido - Bella o interrompeu. - Eu simplesmente o amo. Amo sua aparência, seu sorriso, seus olhos, até sua cicatriz. Amo tudo em você.

Edward se colocou entre as pernas de Bella e a beijou. Bella fechou os olhos novamente por um segundo e se forçou a abri-los, sorrindo para ele.

- Eu o amo, Edward. Vou repetir isso até que você se canse de ouvir.

- Nunca vou me cansar de ouvi-la dizer isso. Eu também a amo muito, Bella. Amo tudo em você. Seu corpo, seu coração, sua alma, seu sorriso, sua mente e até esses seus olhos ceguinhos. Você é dona do meu coração. Você me fez rir novamente. Você deu um sentido à minha vida. Com óculos ou sem óculos, vestida ou despida. Amo-a todinha e sempre amarei. - Ele se inclinou para dar um beijinho na testa e completou: - Mas, por Deus, neste momento, eu a amo mais nuazinha.

Bella riu.

- Fico tão feliz. Agora, por favor, faça amor comigo que não estou aguentando mais esperar.

Rindo, Edward puxou os quadris dela contra seu corpo e penetrou vigorosamente no universo úmido e quente do corpo dela, fazendo-a vibrar a cada movimento de reafirmação de seu amor.

Ela o havia visto com os óculos e ainda o desejava, ainda o amava da mesma maneira. Era sua parceira, seu amor, sua vida. Ele não sabia o que havia feito para merecê-la, mas jurou fazer de tudo a seu alcance para vê-la sempre feliz.

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