Achei estranho a Dagmar ligar para minha casa só para avisar que esqueci o celular, é difícil ela fazer isso, normalmente ela esperaria até o dia seguinte para me devolver, mas ela deve estar de bom humor.
Assim que saí de casa avistei a van e caminhei até a mesma, logo abrindo a porta.
- Desculpa Luan, eles me obrigaram! -Disse Dagmar chorando com a marca de um tapa no rosto e com as mãos e pés amarrados como o resto da equipe.
- O que aconte... -Antes de eu terminar a frase ouço um barulho e me viro subitamente dando de cara com cinco homens apontando armas de grande porte para mim.
Antes que eu pudesse racionar, um dos bandidos colocou um pano em meu rosto e eu apaguei.
Acordo em um local estranho para mim, parecia algum tipo de quarto, vejo uma única janela e me arrasto até ela já que meus pés e minhas mãos estavam amarrados. Pela janela vejo que eu provavelmente estava no sótão de uma casa, mas uma casa no meio do nada já que só havia mato em volta da casa.
- Alguém? Socorro! -Grito mesmo sabendo que provavelmente não obterei resposta.
E se obter, tenho certeza que não vai gostar. -Avisou meu subconsciente.
- Luan? Está tudo bem com você? Eles te machucaram? -Kate entrou correndo no sótão logo me abraçando.
- O que faz aqui? -Pergunto confuso.
- Vim te salvar, que pergunta. -Respondeu Kate me soltando e me puxando para levantar.
- Eu fiquei com medo de nunca mais poder vê- la. -Confesso colocando uma mão em seu delicado rosto e outra em sua nuca, mas quando eu ia beija- la, ela tem um ataque de riso. - O que houve?
- Nossa, como é fácil te enganar. -Ela disse se afastando de mim e retirando as lentes de contato dos olhos revelando olhos castanhos claros.
- Você é a irmã dela, a que atirou nela e na nossa filha. -Quase rosnei a última parte.
- Em pessoa, acho que não fomos apresentados. Prazer, eu sou Ketelyn. -A cópia perfeita de Kate, se eu não contar os olhos e a maluquice, disse esticando uma mão para mim, mas eu não a cumprimento, o que faz ela rir.
- Você sabia que matou a nossa filha? Você sabia que a sua irmã nunca mais vai poder ter um filho? -Pergunto fazendo meu peito se apertar.
Falar na Nicolly ainda me machucava, muito, e a certeza de que nunca mais poderia ter um filho com a mulher que eu amo, doía ainda mais.
- Você deveria me agradecer, já imaginou uma criança com o temperamento da Kate andando por aí? Foi mais que sorte isso acontecer, foi milagre! -Ketelyn diz gritando como de fosse a melhor coisa do mundo.
- Sua vadia! -Grito indo na direção dela, mas ela da um chute certeiro nas minhas costelas me fazendo cair no chão.
- Meu querido, eu e Kate aprendemos a lutar juntas, somos iguais em tudo. -Avisou Ketelyn rindo.
- Você pode ser parecida com ela na aparência, mas nunca se compare a ela! -Digo me sentando no chão com a mão na costela.
- Por que não? É a verdade. -Disse Ketelyn rindo. - Somos iguais na aparência, no jeito de lutar, no jeito de pensar, até no jeito de matar somos iguais. Resumindo, somos iguais em tudo!
- Não, não são. Ela sabe o que é amar e ser amada, já você? Você é só uma louca! -Disparo mesmo sabendo o perigo que corria, e como resposta recebo um tapa no rosto.
- Tem razão, eu não sou igual a ela. Se você me desobedecer ou me responder, vai se ver com os meus capangas. -Avisa Ketelyn colocando uma algema em meu pulso e me prendendo próximo a janela. - Ah, pode gritar o quanto quiser, ninguém passa por aqui.
- A Kate vai me achar. -Digo a desafiando.
- Isso é o que vamos ver. -Disse Ketelyn rindo. - Minha irmã fica cega facilmente quando está com ciúmes, mas quando está com raiva e triste ao mesmo tempo? Ela fica cega, surda e muda, exatamente como eu percebi que ela estava quando liguei para ela perguntando se ela estava te procurando.
- Por que você está fazendo isso? -Pergunto irritado.
Só de imaginar minha Kate preocupada por minha causa, meu coração parece se rachar ao meio.
- Por que eu quero ver minha irmã sofrer! -Ketelyn disse rindo enquanto saía do comodo e eu ouço o som da porta sendo trancada.
...
Eu já perdi a conta de quanto tempo estou nesse sótão, mas eu diria que já se passaram um mês e alguns dias.
Os capangas de Ketelyn me trazem água e comida, que por sinal é um horror, mas ela só aparece quando está afim de me torturar. Ela me mostra o desespero de meus fãs, que já sabem que fui sequestrado, me mostra vídeos da delegacia, onde ela tem um infiltrado, que mostra que eles não tem nenhuma pista minha, e o pior, ela me mostra vídeos, gravados por um drone, da minha Kate chorando no jardim da casa dela ou no da minha, sempre sozinha.
De acordo com a Ketelyn, ela está de isolando de tudo e de todos, só vive sozinha, mas eu torço para isso ser apenas mais um meio de ela me torturar.
- Bom dia, cantorzinho. Já acordado? -Perguntou Ketelyn entrando no sótão. - Deixa eu adivinhar, pensando na minha irmã?
- Eu já mandei você a merda essa semana? -Pergunto irônico.
- Ai, como ele está grosso hoje. -Diz Ketelyn rindo. - Devia ser mais amável comigo hoje já que eu vou deixar você ouvir a voz da sua Kate.
- Até parece. -Digo revirando os olhos.
- Nossa, não confia em mim. -Ketelyn finge estar magoada e começa a digitar no celular enquanto um capanga entrava no comodo. - Impessa que ele fale enquanto eu converso com a minha irmã, depois será a vez dele.
- "Alô?" -Ouço a voz de Kate que mais parecia um murmuro roco por causa do provável choro.
- Oi irmãzinha. Não desistiu de achar seu cantor não, não é? -Perguntou Ketelyn sorrindo e quando eu tento gritar o capanga dela amordaça minha boca.
- O que você quer, Ketelyn? Você já matou o meu amor. -Disse minha pequena soluçando.
- Eu? Imagina. A morte dele seria tão pouco para você. -Diz Ketelyn rindo.
- Ele está vivo? -Perguntou Kate em um grito e ouço várias vozes se aproximando dela. - Espera aí gente! Ela está mentindo! Ela só quer alimentar a esperança para que eu sofra ainda mais.
- Será? -Perguntou Ketelyn fazendo um sinal para o capanga que me desamordaça e me solta.
- Kate! -Grito tirando o celular da mão de Ketelyn. - Meu amor, meu amor eu estou vivo!
- Ai, meu Deus! É você mesmo! -Gritou Kate e consegui imaginar o lindo sorriso em seu rosto. - Meu amor, eu tive tanto medo de te perder.
- Você não imagina o medo que eu estava de nunca mais te ver. -Assumo sorrindo.
- Chega! -Disse Ketelyn revirando os olhos e puxando o celular da minha mão. - Está com papel e caneta? Vou te falar o endereço para que você, sem a polícia, claro, venha negociar.
Ketelyn saiu do cômodo logo sendo seguida pelo capanga e eu fiquei no mesmo lugar temendo sobre o que ela armava para minha amada dessa vez. Depois de um tempo, alguns capangas entraram no sótão, colocaram um capuz na minha cabeça e me arrastaram para fora da casa me colocando de joelhos no chão, mas quando tiraram meu capuz, acabei sorrindo por poder ver minha família, minha amada e a família dela mais uma vez.
- Luan, vai ficar tudo bem! -Disse Kate se aproximando.
- Claro que vai. -Diz Ketelyn colocando uma espada em meu pescoço. - Basta ele não se mover.
- Ela está com uma espada! -Gritou Bruna abraçando Rodrigo, se recusando a olhar.
- Katana. -Kate e Ketelyn corrigiram antes de revirarem os olhos por falarem juntas.
- O que você quer, Ketelyn? -Perguntou Kate levando as mãos a cabeça.
Minha Kate não aguentava mais tudo aquilo, podia ver nos olhos dela.
- Você sabe que é o seu sofrimento. -Disse Ketelyn rindo. - Mas eu descobri que não conseguiria isso sozinha, então fui atrás de um aliado.
De repente a porta de um dos carros que tinha por ali é aberta e três homens de terno, provavelmente seguranças, saem de dentro dela sendo seguidos por alguém completamente inesperado.
- Titto? -Edgar pergunta confuso como todos nós.
- Eu avisei, você não sabe do que sou capaz para me vingar. -Felipe Titto disse passando por Kate e quase a vejo pulando no pescoço dele.
- Lembra que eu disse que você merecia algo pior que a morte do seu amor? Aí está. -Diz Ketelyn sorrindo para Kate.
- Do que você está falando? -Pergunta Kate confusa.
- Você tem duas escolhas. Escolha um, você passa metade das boates para o meu nome, a outra metade para o do Felipe e se casa com ele, se tornando noiva, empregada e submissa dele. Assim, seu amor vai estar vivo, mas você não poderá tê- lo, ou, ao menos, vê- lo. Ou... -Ketelyn afastou a Katana e aproximou novamente de meu pescoço com um sorriso maléfico desenhado em seu rosto. - Eu mato seu cantor e você sofre pelo resto da vida sabendo que a escolha foi toda sua.
- Para nós dois, tanto faz. Você sofre do mesmo jeito. -Diz Felipe rindo e minha Kate olhou para a família como se pedisse permissão.
- Eu aceito, eu me caso com o Titto e dôo as boates para vocês. -Kate disse em um murmuro.
- Não, amor, por favor! -Pedi a olhando, mas ela desvia o olhar do meu.
- Só pode ser brincadeira! Você está desistindo de tudo por um cantorzinho ridículo? -Perguntou Ketelyn me levantando e Kate olhou em meus olhos antes de responder.
- Estou desistindo por Amor.
Até final de semana que vem, anjos!
Beijos da Cah.