Na manhã seguinte, eu acordei e olhei em volta do meu novo quarto temporário me sentindo frustrada.
- Não foi um sonho. - exclamei, para o silêncio.
Levantei e percebi que tinha um uniforme dobrado no canto da minha cama.
Peguei o uniforme e desci às escadas para tomar banho no primeiro andar. Adivinha? Meu quarto não tinha banheiro.
Mas alguém estava usando o banheiro de baixo.
- Preciso usar o banheiro. - falei, batendo na porta.
Fiquei surpresa quando o Bruno abriu a porta.
- Esta ocupado. - ele anunciou.
Suspirei.
- Você tem um banheiro no seu quarto, Bruno. - exclamei, ficando irritada.
Ele sorriu, despreocupado.
- A água desse chuveiro é mais quente. - falou, passando as mãos nos seus cabelos loiros.
Revirei os olhos impaciente.
Esse garoto ia se arrepender de ter me irritado.
Ok, que tinha outros mil banheiros naquela mansão, mas aquilo ficou pessoal.
- Você não vai sair? - perguntei, e sorri maliciosa.
- Não. - afirmou.
- Ok, então. - empurrei ele para dentro do banheiro e fechei a porta.
- O que você vai fazer? - ele perguntou e se encostou na pia curioso.
- Vou tomar banho. Já que você não quis sair vou tomar banho na sua frente. - eu falei sorrindo.
- Você não tem coragem. - ele me desafia.
Eu não ia mesmo tomar banho na frente dele, mas vou deixar ele pensar que sim.
- Dúvida?- perguntei.
- Sim. - ele levantou uma sombrancelha.
Eu me aproximei dele, coloquei minhas mãos na parte de baixo da minha blusa e levantei um pouco ela, só o suficiente para mostrar um pouco da minha barriga.
- Não, você não vai ter esse prazer de ver meu corpo. - sorri e abaixei minha blusa.
- Eu não queria. - ele fala indo até a porta.
- Sei.
Quando ele saiu do banheiro eu tomei banho e vesti meu uniforme.
Deixei a merda do meu cabelo solto e nem passei maquiagem.
Sai do banheiro e caminhei até a cozinha sentindo muita fome.
Bruno estava lá usando seu uniforme escolar masculino que caiu horrivelmente bem nele.
- Comam rápido, se não vocês vão se atrasar. - minha mãe fala.
- Você que vai levar a gente? - eu perguntei me sentando na mesa.
- Sim, a gente vai no meu carro. - sorriu, parecendo orgulhosa.
- Espero que não fique muito perto na escola. - Bruno, exclamou, e tomou um pouco do seu suco de laranja.
- Por que eu faria isso?
- Porque sou a única pessoa que você conhece aqui. Óbvio. - falou, e levantou da mesa. - Vou esperar no carro.
Quem esse idiota pensava que era?
Assim que minha mãe estacionou o carro em frente ao colégio, Bruno não perdeu tempo e já foi falar com seu grupo de amigos.
Eu entrei na escola à procura da minha sala, mas estava tão distraída que acabei caindo em cima de um garoto.
- Desculpa. - ele fala, me ajudando a levantar.
- Você por acaso é cego? - eu perguntei já em pé.
Duas quedas em menos de 1 hora.
Hoje era meu dia de sorte.
- Mas foi você quem caiu em cima de mim. - ele respondeu, ofendido.
Bruno se aproximou naquele momento.
- O que foi, Caio? - Bruno pergunta. - Ela já está te incomodando?
- E se eu tiver? O que você tem com isso? Por acaso é namorado dele? - perguntei.
- Cara, eu gostei dela. - Caio fala. - Brava e linda
- Chega de papo furado. - eu me afasto deles.
Eu tinha que ir atrás da minha sala. Quando encontrei ela, me sentei lá no fundo.
Mas para a minha surpresa o Bruno e o Caio eram da minha sala.
- Me mata logo. - Bruno murmurou.
Então a professora entrou na sala.
- Bom dia alunos. - a professora sem dente falou.
Todos falaram bom dia, menos eu.
Eu fiquei olhando para boca dela e então comecei a rir.
A professora se aproximou brava.
- Qual a graça? - ela me encara.
- Eu lembrei de uma piada aqui, mas esquece. - sorri.
- Você é a aluna nova? - ela perguntou.
- Sim. - respondo.
- Vou ficar de olho em você, garotinha - ela avisa e se afasta.
Eu olhei para o Bruno e o mesmo estava rindo.
Imbecil.
Na hora da saída, eu e o Bruno ficamos esperando minha mãe do lado de fora da escola.
- Que porra é essa que está no meu pé? - ele perguntou.
Eu olhei para baixo e vi um gato. Quando o Bruno ia espantar ele, eu peguei o mesmo no meu colo.
- Oi coisa, fofa - eu falei,beijando o gato.
- Inacreditável. Não sabe se esse animal veio do esgoto, se tem doenças e a primeira coisa que faz é beija-lo. Deveria conhecer a palavra higiene, Helena. Ela é bem importante.
- Engraçado que eu daria o mesmo conselho para as garotas que ficam com você.
Bruno me olhou por alguns segundos e então sorriu não parecendo ofendido.
- Talvez você até seja interessante. - exclamou. - Mas isso não vai lá pra casa.
- Vai sim. - sorri.
Minha mãe chegou e eu coloquei o gato embaixo da minha blusa e entrei no carro.
Achei que o Bruno ia contar, mas não, ele ficou calado.
Chegando em casa, eu corri para o meu quarto, tirei o gato de baixo da minha blusa e coloquei em cima da cama.
Ele era branco com manchas acho que amarelas, sei lá que cor era aquela.
- Oi fofo, como você é macho, seu nome vai ser Fofo.
Alguém bateu na porta do meu quarto, eu coloquei o fofo embaixo da minha cama e fui ver quem era.
- Cadê o saco de merda? - Bruno perguntou.