Convergência Sombria | Bonkai...

By Dark_Siren4

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Depois de fugir do Mundo Prisão de 1994, Bonnie acha que pode ter uma vida normal ao lado de seus antigos am... More

1. Eu me caso com um sociopata
2. O Ritual de União das Almas
3. Enfrento a fúria da minha esposa
4. Deixo Kai me tocar
5. Bonnie me dá um perdido
6. Acordando com Kai
7. Meu novo emprego e um cadáver
8. Canção de Ninar
9. Meus sentimentos e Minha sogra
10. Meu novo colega de quarto
11. Incêndeio um Espectro folgado
12. Um coração partido
13. O meu e o seu coração
14. Entre dois idiotas e minhas descobertas
15. Eu? Apaixonado? Quem diria
16. E o tiro saiu pela culatra
17. Um velho me ataca
18. Sou dele
19. Sem ele
20. Visito o cemitério
21. Sou flagrado
22. Ela me domina
23. Férias forçadas
24. A Revanche
25. Amigos e Respostas
26. A Flora e o Mar
27. Um lago de verdades
28. Para Sempre
30. Nas Sombras
31.Conhecendo o inimigo
32. Possessão
33. Supernova
34. Em casa
35. O que falta em mim
36. Nós dois
37. Um pedaço de mim
Capítulo 38: Minhas Prioridades
Capítulo 39: O homem em chamas
Epílogo:
Antes que eu me vá...
Capítulo Bônus: Linhas de Sangue
Livro Novo!

29. Reunião de família

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By Dark_Siren4

Havia um gotejar irritante que não me deixava dormir em paz. Suspirei, me remexendo no colchão desconfortável. Era duro demais.

Deslizei minha mão por uma superfície arenosa e áspera, procurando por Kai. Queria dormir abraçada com ele.

Ouvi um som estranho e metálico.

— Bonnie?

 Parecia a voz de Kai.

— Hum… — resmunguei, mexendo a cabeça. Doeu. Uma dor de cabeça horrível.

— Bonnie? — chamou e sua voz era alarmada. Me perguntei por que ele não me tocava. Kai vivia me tocando — Amor? — chamou outra vez.

Me remexi, abrindo os olhos devagar.

Demorou um pouco para focar nas coisas, mas logo minha visão melhorou.

— Kai? — disse, tentando me levantar e encolhi com a dor em minha cabeça. Toquei meus cabelos e vi meus dedos manchados de sangue. Muito sangue.

Havia um cheiro metálico, farejei, encontrando a origem. Olhei para meu ombro, vendo a camisa branca de Kai, ensopada de meu sangue fresco.

— Bonnie? Meu Deus, como você está?! — perguntou Kai, alarmado.

Olhei em volta o procurando.

O lugar onde nos encontrávamos parecia com uma caverna. Uma luz suave, irradiava do alto. A lua.

Voltei meu olhar para o interior do lugar, procurando por Kai. Havia sombras em lugares estranhos...

O vi parado em um canto.

Meus olhos encontraram aquele azul lindo, mas eles pareciam assustados e cheios de preocupação.

— Bon… — disse ele, tentando se levantar e vir até mim, mas foi bruscamente puxado de volta, caindo no chão de terra. Ele grunhiu de raiva, como um animal enjaulado.

E vi as correntes atadas aos seus pulsos, que estavam completamente ensanguentados.

— Oh, meu Deus! — murmurei horrorizada, tentando me levantar. Minha voz estava rouca pela falta de uso. Porém, fui bruscamente contida e olhei para minhas mãos, vendo as correntes atadas aos meus pulsos, me prendendo à parede rochosa.

— O que é isso? — questionei, ficando assustada — Kai, onde estamos?

Ele balançou a cabeça em sinal de negativa.

— Eu não sei, Bonnie — explicou,  tão confuso quanto eu — Lembro de estarmos no carro. Ele caiu no barranco. Capotamos e… mais nada. Eu apaguei.

Engoli em seco. Meus olhos percorreram a caverna novamente.

— Liv e Tyler não estão aqui — respondeu minha pergunta silenciosa. Olhei para ele assustada.

— Kai e se eles estiverem… — tentei dizer, mas a palavra não queria sair.

Ele me fitou com pesar.

— Espero, realmente, que não estejam — suspirou, trincando o maxilar.

Silenciei, tentando controlar minha mente preocupada que imaginava toda sorte de coisas ruins para meus amigos.

Suspirei, buscando acalmar o turbilhão.

— Kai… — disse eu.

— Sim?

— Eu acho que o vi — engoli em seco — Alistair.

Ele me deu um olhar muito sério.

Rapidamente, comecei a me explicar, dizendo que não tinha visto seu rosto. E não fazia ideia de como ele era. Kai ouviu tudo em silêncio.

Ele mexeu os pulsos, pensando.

— Como ele nos encontrou? — questionou — Estávamos longe de Mystic Falls e escondemos nossa aura. Não havia possibilidade de nos achar.

Me remexi.

— Ele pode ter seguido, Ezequiel — murmurei, rapidamente.

Kai negou com a cabeça.

— Ezequiel é um homem muito inteligente, nunca teria entregado nossa posição assim.

Engoli em seco.

— Kai? — sussurrei — E se Alistar o obrigou a dizer? E se ele o machucou? E se...

Eu mal conhecia Ezequiel, mas me compadecia de sua dor, pois ele já havia perdido sua neta para aquilo, agora podia ter perdido sua vida por nossa causa.

— Ei, ei… — disse Kai, interrompendo minha histeria — Ele está bem, Bonnie. Ele é um Ancião. Sabe o que isso quer dizer?

Neguei com a cabeça.

— Ele é muito forte — explicou — Quase como nós dois.

Assenti, tentando me acalmar.

Toquei as algemas de ferro em meus pulsos. Dei alguns puxões, tencionando tirá-las, mas não saíam.

Comecei a pronunciar um feitiço para arrebentá-las.

— Bonnie, não faça isso! — avisou Kai, alarmado.

Porém, foi muito tarde.

Senti os grilhões esquentarem como as brasas queimando minhas mãos e pulsos. Gritei de dor, sentindo a queimação em minha pele. Arfei, chorando e tremendo. As correntes começaram a esfriar de novo, deixando minha pele queimada.

Tentei engolir o choro.

Olhei para Kai, vendo-o ofegante de raiva, parecendo a ponto de matar alguém.

— Desculpe… —sussurrei, tentando não chorar mais.

Ele ofegava, irritado e possesso.

— Bonnie, não se desculpe! — disse eufórico de raiva — Foi ele quem fez isso, conosco! Eu juro por Deus, que vou matar esse desgraçado!

Funguei.

A expressão de ódio de Kai foi dando lugar ao pesar.

— Como você está, meu amor? Está doendo muito? — perguntou, preocupado. Seu corpo ligeiramente inclinado na minha direção como se quisesse me tocar.

Neguei, apesar da dor estar me matando.

— Não — menti — Vai passar, amor.

Ele ainda não estava convencido. Vi seus olhos vacilarem para meus pulsos machucados.

— Não tente fazer nenhum feitiço, Bonnie — avisou — Nem os de cura, ouviu?

E mostrou os próprios pulsos marcados. Assenti.

— Você… está com dor? — questionei, ficando preocupada com ele de imediato. Olhei, tentando achar algum ferimento grave.

Ele estava com alguns respingos de sangue na camisa e mais sangue descendo de um corte na testa, mas, aparentemente, estava melhor que eu.

— Eu estou bem — disse ele — A única coisa que acaba comigo de verdade é vê-la machucada ou com dor.

— Você é um idiota super protetor e machista — tentei brincar para diminuir o estresse.

Ele sorriu minimamente.

— Eu quero abraçar você — disse ele, me olhando com intensidade.

— Eu também quero abraçar você — murmurei, deixando meu sorriso à mostra, pois sabia que ele gostava.

Aquela mínima distância era uma tortura. Queria abraçá-lo e beijar seus lábios.

— Cinquenta e nove… — murmurou Kai, olhando para mim de forma carinhosa.

— O quê? — questionei, ficando confusa.

Ele sorriu.

— Faz cinquenta e nove dias que nos casamos — disse, me olhando de uma forma linda.

— Nossa, parece que estamos juntos a mais tempo — eu sorri para ele.

— Sim — assentiu — Amanhã é nosso aniversário de dois meses. Vamos sair daqui. E amanhã, eu vou levá-la para jantar, Ok? 

Sorri mais ainda, gostando da ideia. Nós nunca tivemos um encontro de verdade. Seria uma bela primeira vez.

Mesmo que tudo parecesse estar desmoronando, Kai sempre conseguia ser extraordinário. E eu amava isso nele.

— Ok — assenti com a cabeça.

E estava prestes a dizer mais alguma coisa, quando fui interrompida por um som alto que fazia um grande eco pela caverna vazia.

Eram palmas. Ouvi uma risadinha, que não era de Kali.

Olhei ao redor de toda a gruta, vendo uma figura saindo das sombras.

— Olá, Bonnie, querida — disse a voz, doce e irritante.

Fiquei pasma.

— Sofia? — murmurei, completamente incrédula, vendo a garota de cabelos louros cor de areia e olhos amendoados parada à minha frente.

Arqueei uma sobrancelha, a encarando.

— Por que isso não me surpreende? — questionei, irônica.

Ela riu.

— Talvez, porque saiba que eu sou mais inteligente do que você pensava? — rebateu.

Eu ri.

— Você se aliou a um maluco e acha que isso é ser inteligente?

Ela cruzou os braços numa pose.

— Você quer falar sobre quem é aliada à um maluco, aqui? — ela riu — Você é casada com um.

E voltou-se para Kai, sorrindo daquela forma irritante. Sofia caminhou, rebolando e deixando que a barra de seu vestido preto fizesse uma trilha no chão de terra. Ela abaixou-se em frente a Kai, jogando os cabelos longos por cima do ombro.

— Oi, lindo — disse ela, acariciando o maxilar de Kai com as pontas dos dedos — Vejo que as coisas não acabaram bem para nós, não é? Mas se você for bonzinho e colaborar, quem sabe, eu ainda posso reconsiderar algo entre nós? Deixo isso ao seu encargo.

Ela sorriu tocando os lábios dele.

Kai sorriu de volta para ela de um modo encantador e lindo.

— Sofia?

— Sim? — disse, ainda tocando o rosto dele.

— Eu estou com uma dor de cabeça horrível, meus pulsos estão em carne viva e tenho duas costelas quebradas — explicou, meigo — E sabe o que me faria feliz agora? 

— O quê? — disse ela, tirando os cabelos dos ombros nus, os deixando à mostra.

Kai sorriu, parecendo feliz.

— Você — murmurou, com o sorriso desaparecendo em um olhar frio e cruel — Sufocando no seu próprio sangue, vadia.

A expressão de Sofia se fechou, formando uma carranca. Ela ficou de pé bruscamente, levantando a mão como se fosse dar um tapa no rosto de Kai. Ele a encarava de maneira fria e seu olhar não vacilou uma única vez.  Um tapa não era algo que o intimidava.

Sofia desceu a mão.

— Não! — gritei, não querendo que ela o machucasse mais.

Sua mão parou a centímetros da bochecha de Kai, que não parecia nem um pouco assustado. Sofia olhou para mim, aborrecida por tê-la atrapalhado. Ela me fuzilou com os olhos cor de avelã, porém, seu olhar se voltou para Kai e em seguida para mim de novo.

— Bater em você não é a solução, não é, lindo? — disse ela, sorrindo perversamente — Ainda mais, porque você ignora a dor, mas… será que a Bonnie é forte como você? 

Vi a respiração de Kai, acelerar, enquanto ele olhava para Sofia. Ele parecia desesperado.

— Não — disse ele, enquanto Sofia vinha na minha direção — Não, não, sua vadia, deixa ela em paz! Não toca nela! — gritava desesperado.

Ela o ignorou completamente.

— Bem, Bonnie, vamos ter um papo de garotas aqui — murmurou ela, sorrindo.

Revirei os olhos.

— Eu sou a garota aqui — cuspi — Você é só uma cadela.

Sofia abriu um sorriso cruel.

— Sabe, eu ainda estou muito aborrecida pelo que aconteceu naquela festa — explicou com um ar ressentido.

Eu sorri, a provocando.

— Se está se referindo a surra que lhe dei na frente de todos, sabe, não entendo seus motivos para ficar tão aborrecida, querida? — murmurei, com um sorrisinho — Afinal, aquilo foi apenas uma forma de educar uma cadela nojenta feito você.

Seu sorriso se desfez. 

A vi ficando gradativamente vermelha. Seus punhos estavam fechados ao lado do corpo.

Ignorei aquilo.

— E como vai o nariz? — provoquei — Pelo que me lembro você não estava tão bonita assim. Fez plástica? Acho que ficou muito melhor, então de certa forma lhe fiz um favor...

Sofia soltou um grito estridente, me dando um sonoro tapa no rosto. Senti a ardência se espalhar por todo o lado esquerdo da minha face.

— NÃO! — gritou Kai, desesperado e furioso — SUA DESGRAÇADA!

Arfei, tentando conter as lágrimas, que a dor trouxe. Voltei meu olhar para Sofia, que sorria satisfeita.

— Você bate feito uma prostituta — murmurei, rindo — Acho que é melhor deixar Kai fazer isso por você...

TAP!

Outro tapa, dessa vez no lado direito do meu rosto. Senti o gosto de sangue.

— SUA MALDITA! — berrou Kai, parecendo um animal enjaulado — EU VOU TE MATAR!! EU VOU MATAR VOCÊ!

Senti uma lágrima descer pelo meu rosto e comecei a rir histericamente. Olhei para Sofia, que não parecia satisfeita com a minha reação, ofegante de ódio.

— Você pode fazer melhor, Crossv— provoquei, sentindo meu rosto arder — Estou decepcionada.

Ri mais, vendo ela erguer a mão para me dar outro tapa. Me preparei. Sua mão veio em direção ao meu rosto. 

— Sofia, chega — disse uma quarta pessoa.

Sofia parou a mão a centímetros do meu rosto. Abri os olhos, vendo sua cara feia para quem falava com ela.

— Isso não é justo, papai, ela me provocou! — gritou, batendo o pé, no chão como uma menina mimada.

Olhei para o lugar de onde parecia ter vindo a voz. E vi Trevor Cross, surgindo das sombras como a filha.

Ele continuava bonito da mesma forma, com os olhos escuros e os cabelos negros, só que dessa vez trajava jeans, botas e uma camisa preta. E parecia carregar uma coisa do tamanho de uma criança. Não. Era maior que uma criança.

Era... Lily?!

Ela estava desacordada.

Meu coração deu uma guinada assustadora.

— Sabe que ele não ficará satisfeito se a vir toda quebrada, não é? — reprovou Trevor, carregando sua filha mais nova para o centro da caverna, colocando-a perto do que se parecia um pedestal? O homem acorrentou os tornozelos da garota, impedindo uma provável fuga.

— Ela mereceu — resmungou Sofia, saindo de perto de mim.

— Não importa o que aconteceu — brigou o homem — Devemos obedecê-lo.

Sofia revirou os olhos, mas assentiu.

— Me ajude, aqui — murmurou, se agachando ao lado da filha mais nova.E rapidamente, começaram a despir Lily, deixando-a apenas com a lingerie de renda branca.

— O que estão fazendo com ela? — questionou Kai, ficando tão perturbado quanto eu ao ver aquela cena.

— Não é da sua conta, Malachai — bufou Trevor — Sofia, querida, avise que já estamos quase prontos.

Sofia assentiu, saindo da caverna.

— Trevor, o que está acontecendo? — Kai perguntou, o desafiando — Por que Alistair nos quer, a mim e Bonnie? E o que Liliana tem haver com isso?

Trevor levantou-se, olhando de forma fria para Kai.

— Saberá  quando for o momento.

Kai revirou os olhos.

— Se vão nos matar, pelo menos, tenham a misericórdia de dizer o que está acontecendo — reclamou.

Trevor se aproximou, parando de frente para ele.

— Tão impaciente… — falou, e pude ouvir o sorriso em sua voz — Você não mudou nada.

— Acredite — disse Kai — Você também, não. Continua o mesmo idiota convencido.

Trevor riu de forma maldosa.

— Isso vindo do cara que apanhava de mim na escola — murmurou, parecendo saudoso daquela época.

Olhei para Kai sem entender.

Ele retribuiu o olhar, preocupado comigo. Eu devia estar péssima, mas não me importei.

— Isso porque você nunca me enfrentava sozinho — alfinetou Kai — Sempre trazia as suas vagabundas com você. Opa, quer dizer, seus amigos. Aliás, quem pegava quem ali? 

Ele riu. Trevor continuou o encarando pacientemente, como um sorriso lidando com o filho mal educado.

— Sempre usando a ironia e as piadinhas para se defender, não é, Malachai? Se eu me lembro bem, o que o colocava em frias, era essa sua incapacidade de não manter a maldita língua dentro da boca.

Kai deu mais uma risada, adorando aquilo.

— Por quê? Quer que eu coloque ela dentro da sua boca? — brincou — Porque eu sempre estranhei essa sua fixação em mim, só pode ser amor.

Vi a forma como os ombros de Trevor ficaram rígidos de raiva. Aquilo me deixou nervosa.

— Kai, pare com isso — pedi.

— Deveria escutar sua esposa, rapaz — disse Trevor, se virando na minha direção e colocando seus olhos escuros em mim — Ela sabe o que diz. Acho que ela deveria conhecer um pouco da nossa história, não é, Bonnie? 

O encarei com ódio. Ele se aproximou mais, olhando para mim.

— Sabe, querida, seu marido — murmurou se agachando de frente para mim, deixando seus olhos na altura dos meus — tinha um probleminha de saúde...

— Cala a boca! — gritou Kai, ficando furioso. Trevor não se abalou.

— Acho que era asma, porque ele sempre estava com uma bombinha para a doença — explicou — E um dia, eu e meus amigos, que também eram parte da Convenção, achamos que seria engraçado roubar a bombinha dele e provocar um ataque de asma, apenas para ver quanto tempo ele aguentava.

— Seu filho da puta! —urrou Kai, ofegante de raiva.

Olhei para Trevor cheia de ódio. Ele me ignorou, perdido no próprio ego.

— Nós o encurralamos no vestiário masculino da escola depois do treino. Um dos caras o segurou, enquanto eu pegava a bombinha na mochila dele. Eu a quebrei e nós começamos a provocá-lo apenas para vê-lo começar a se engasgar e sufocar sem ar para respirar. Depois, achamos que seria engraçado prendê-lo em um dos armários apenas para vê-lo implorar para sair dali. Ele lutou muito mesmo, quase desmaiando, mas estávamos em número maior e ele foi posto em um armário. Não demorou muito para que ele começasse a gritar e implorar para tirá-lo dali de dentro. Acho que se passaram cinco minutos, até percebermos que ele havia parado de gritar. Meus amigos começaram a achar que deveríamos tirá-lo dali, já que ele era filho do líder da Convenção e estavam com medo do que Joshua poderia fazer conosco, se acontecesse algo grave com seu primogênito. O que eles não sabiam era que eu queria que ele morresse ali. Assustado e sufocado. Eu nunca havia entendido como aquele garoto fraco poderia ser nosso líder algum dia, sempre achei que aquilo era um desperdício. Mais alguns segundos e eu me livraria dele para sempre, mas nosso treinador apareceu e acabou com tudo. E quando tirou Malachai de dentro do armário, juro para você, querida, ele estava azul como um defunto. O treinador fez uma massagem cardíaca nele, o trazendo de volta. Claro que nossos pais foram chamados, mas nada de grave aconteceu conosco. E Joshua nem se deu ao trabalho de nos punir pelo que aconteceu. Prova de que ele sabia o quanto o filho era um inútil.

Eu olhava para Trevor enojada daquele tipo de ser humano que ele era.

— Você não é metade do homem que Kai é — murmurei friamente, o fulminando com os olhos — E aposto que sempre soube disso, por isso o perseguia — E cuspi em seu rosto — Eu tenho nojo de você — rosnei.

Trevor ficou vermelho de raiva, limpando a saliva. Ele se levantou de súbito, me dando um enorme tapa no rosto. Levar um tapa de Sofia doía, mas de seu pai foi totalmente diferente. Caí no chão, segurando minha bochecha dolorida, com um zumbido em meu ouvido. Haviam pontos pretos dançando diante de mim. Aquilo queimava.

Segurei o choro que tentava sair, sentindo o sangue escorrer pelo canto de minha boca.

— NÃO! NÃO! EU VOU MATAR VOCÊ! AH, SEU DESGRAÇADO, VAI SE ARREPENDER! EU VOU TE MATAR! EU VOU ARRANCAR SUA CABEÇA! SEU FILHO DA PUTA DESGRAÇADO! — Kai urrava louco de ódio, tentando se soltar das correntes, se arrastando pelo chão. Pude ver o sangue pingando de seus pulsos lacerados, mas ele parecia onça-pintada de sentir dor naquele momento. Ouvi o som de algo estalando e não fazia ideia do que era. Kai continuava tentando se soltar.

Trevor riu, voltando-se para meu marido furioso.

— Agora sei, porque gosta dela — murmurou — É uma selvagem como você. Tem sorte de não ser minha esposa. Eu a colocaria na linha.

Kai parou de lutar, olhando de forma fria para Trevor.

— Assim como fazia com Ellen? — disse ele, o provocando — Por que, pelo que me lembro, ela tinha uma quedinha por mim.

Trevor o fulminou com os olhos escuros. Kai sorriu de forma diabólica.

— Era por isso que você me odiava, não é? — ele riu — Porque você sabia que sua namorada era louca por mim. E se eu estalasse os dedos, ela daria um pontapé nesse seu traseiro e viria correndo para mim. Até me lembro, que depois que você e suas cadelinhas fizeram aquilo comigo, eu me vinguei. Armei para que Ellen o pegasse transando com Cassie Raymonds atrás da arquibancada do ginásio. Ela o humilhou na frente da escola toda e você chorou como o maricas que é — Kai riu, histerico — E a doce Ellen ficou com pena do coitadinho do Kai indefeso e vivia tentando ser minha amiga. Teve até uma noite, em que ela invadiu meu quarto, e começou a tirar a roupa, querendo transar comigo. E se eu quisesse, poderia ter fodido ela a noite toda, mas sabe, por que eu não o fiz? Porque eu sabia o quanto ela era doce e gentil e não merecia caras feito você e eu. E todos sabem que ela só voltou para você, porque, como o fraco que é, implorou para que ela o fizesse. E ela só o fez por pena. Sério. Ela me disse.

Kai deu outra risada, debochando maldosamente da expressão furiosa de Trevor. Este que arfava, descontroladamente, cerrando os punhos. Kai continuava com o sorrisinho maldoso. E perdendo toda sua pose de homem educado e refinado, Trevor, começou a avançar furiosamente em direção a Kai, que não parecia nem um pouco intimidado.

— Que isso, Trevinho… — brincou — Não vamos levar para o lado pessoal.

Trevor o agarrou pelo colarinho da camisa, mas Kai continuava sorrindo perversamente. Vi horrorizada, enquanto Trevor cerrava o punho o erguendo acima da cabeça e em seguida o descendo com força, na direção do rosto de Kai. Ele o acertou em cheio no rosto, fazendo Kai cambalear.

— NÃO! — gritei, me jogando para frente, tentando me soltar das correntes.

Um filete de sangue descia dos lábios de Kai, mas nada abalava seu sorriso. 

— Você ainda bate como uma garotinha — riu Kai, parecendo um pouco tonto.

Trevor deu outro soco.

— NÃO! SOLTA ELE! —gritei, sentindo lágrimas descerem por meu rosto, enquanto eu brigava com as correntes, sentindo—as cortando meus pulsos.

Kai estava abalado, mas ainda ostentava o mesmo sorriso.

— Sério… —murmurou, tossindo e cuspindo sangue — Bonnie bate melhor que você. Já viu o tamanho dela?

Outro soco.

Comecei a proferir todos os feitiços que podia me lembrar, mas as correntes deveriam conter algum feitiço que me impedia e começaram a queimar minhas mãos.

— O que foi?! — Kai parecia um lunático — Não é tão bom sem as suas vagabundas?! Você piorou muito, lembro que sua esquerda era ótima...

Trevor urrou, perdendo o controle e dando socos consecutivos no rosto de Kai — que era muito forte, aguentando aquilo, mas ele não seria forte para sempre.

— PÁRA! PARA! PARA! — exclamei, chorando desesperada, não aguentando ver Kai sendo machucado daquela forma — SOLTA ELE, TREVOR! SEU DESGRAÇADO! NÃO!

Trevor só parou depois que o viu, praticamente desmaiando.  Ele o largou e eu vi Kai desabando no chão de terra todo ensanguentado e com hematomas por todo o rosto.

Chorei mais ainda.

— Kai… —Solucei — Kai… Meu amor…

Ele não deu sinais de ter me ouvido.

Trevor estava caminhando para longe dele.

Kai tossiu, resfolegando um pouco. Ele estava… rindo?

— Eu deveria ter fodido gostoso com ela… — riu, tentando ao menos se sentar, parecendo ter dificuldades.

Trevor se virou, ficando furioso, e deu um pontapé no estômago de Kai, fazendo-o cair deitado, arfando de dor. Ele não parou, dando outro chute na barriga de Kai.

— Corno… — riu meu marido, quase sem ar.

Trevor urrou, agarrando Kai pelos cabelos, preparando o punho para mais um soco, que com certeza finalizaria aquela situação. Eu gritava, implorando para que ele parasse, lacerando meus pulsos nas algemas.

Trevor desceu o punho.

— Tem certeza que quer continuar?

Trevor parou o movimento bruscamente, congelando. Sua expressão era de choque.

A voz que perguntou aquilo era baixa e profunda, como uma tempestade, mas ainda assim calma e mortal.

Trevor logo tratou de largar Kai, nervoso e assustado.

Não dei importância para mais nada, só queria que Kai ficasse bem. Apenas me importava com ele. Tentei me arrastar pelo chão, mas a distância era muito grande.

— Kai? Amor, fala comigo — chamei, implorando e chorando — Amor? 

Ele continuava desmaiado.

Arfei, chorando mais.

— S-Senhor… — gaguejou Trevor, assustado.

Levantei meu olhar, seguindo onde seus olhos escuros estavam focados.

Era em um ponto mais escuro da caverna, onde a luz da lua não chegava. Parecia um breu feito das mais puras trevas. Porém, estranhamente, haviam dois pontos luminosos, quase como se fossem… olhos? Brilhando na mais densa escuridão, como um predador. Se ele não tivesse dito nada, eu nunca saberia que ele estava ali. Era como se as sombras convergissem para ele, para aquele local. Uma convergência sombria.

Vi o punho de Trevor tremer um pouco.  Ele tinha medo dele?  Comecei a pensar que se aquilo assustava Trevor Cross, não deveria ser algo bom.

— O que pensa que está fazendo, Trevor? — questionou a voz, de forma aveludada, mas ainda assustadora, como uma cascavel sob as areias de um deserto.

— E-Ele mereceu — gaguejou Trevor, tentando parecer mais confiante, falhando miseravelmente.

— Mereceu? — perguntou.

E eu quase podia sentir sua insatisfação pairando no ar. E mesmo eu, tremi de medo.

Trevor engoliu em seco, assustado.

— Acho que teremos que conversar sobre isso, Sr. Cross — disse calmamente, mas senti a ameaça palpável no ar.

Vi a figura apavorada do homem, ele havia empalidecido. Naquele momento, Trevor Cross parecia insignificante, do tamanho de um inseto.

Me senti estranha, como se pudesse sentir aquela presença se deslocando.

Não ouvi sons de passos, mas podia jurar que ele se movia pelas sombras da caverna. Tremi, sabendo que estava muito próximo. Esperei em transe pela expressão de um monstro ou um demônio, mas tudo que pude ver foi a face diabólica de um anjo.

Ele saiu das sombras, se revelando.

— Alistair? — sussurrei, em choque.

Ele não era nada do que eu pudesse imaginar. Era alto, muito alto, com cabelos louros e desgrenhados. Sua pele parecia pálida em contraste com a camisa preta e o jeans informal.

Seus olhos cinzentos como uma tempestade escura pousavam aparentemente calmos em direção a Trevor, que tremia dos pés à cabeça.

— Poderia me explicar por que ele — e apontou com a cabeça para Kai— mereceu?

Trevor estava paralisado.

Alistair, caminhou em volta dele, o cercando. Seu caminhar era intimidador. Ele era belo como uma serpente que poderia destilar seu veneno a qualquer momento.

Trevor encolheu um pouco.

— Sabe… — começou Alistair — Nas dinastias antigas do Japão, existiam os samurais. Que eram considerados guerreiros. Nada importava mais que a honra de um samurai para com seu imperador. E quando essa honra… — E parou de em frente a Trevor, o encarando com os olhos frios de sua mãe — ...era manchada — sibilou — O samurai, não suportando a vergonha de conviver com aquilo se suicidava. 

Trevor estava imóvel como um animalzinho, hipnotizado pelos olhos de Alistair. O homem sorriu.

Inclinei a cabeça, tentando assimilar aquilo. Era a coisa mais linda que eu já tinha visto. Seus olhos continuaram a encarar os de Trevor sem desviar uma vez sequer.

— Mas sabemos que você não possui nada equivalente a honra, não é, Trevor? — perguntou, com um sorrisinho debochado.

O homem moreno franziu os lábios, como se quisesse rebater o comentário. Alistair, continuava a encará-lo como se sua tentativa de parecer mais corajoso o divertisse. O olhar de Trevor não durou muito, pois o desviou, engolindo o que queria dizer.

— Foi o que pensei — Alistair, sorriu.

E saiu caminhando para longe de Trevor, indo em direção a Kai. Comecei a tremer de medo, não queria que ele o machucasse.  Alistair parou na metade do caminho, erguendo o dedo no ar, como se tivesse se lembrado de algo.

— Mas antes… — disse.

Um grito cortou o ar.

Vi Trevor caindo de joelhos, gritando desesperadamente, com as mãos dos dois lados da cabeça. Ele gritava como se sentisse uma dor insuportável, como se seu corpo estivesse em chamas ou algo do tipo. Vi o sangue pingando de seu nariz e dos orifícios das orelhas.

Olhei para aquilo horrorizada, me encolhendo e implorando para que aquele pesadelo acabasse logo. Alistair pareceu ler meus pensamentos, pois parou seja lá o que estivesse fazendo com Trevor.

— Isso é para que você aprenda a me respeitar, quando eu disser que é para me obedecer — murmurou Alistair com uma voz muito fria.

Os gritos de Trevor foram cessando até que sumiram. O homem se levantou trôpego, indo se apoiar na parede da caverna, com o olhar do mais puro ódio para seu carrasco, porém não disse mais nada.

Alistar voltou a caminhar em direção a Kai.

— Não! — gritei — Não machuca ele, por favor!

Alistair se virou na minha direção, com um sorriso de canto.

— Senhorita Bennet — murmurou, de modo cavalheiro — Não se preocupe, estava apenas, querendo dar um olá para meu camarada Kai, que não vejo há muito tempo — Eu ainda olhava apavorada para ele — Não se preocupe — murmurou, dando uma piscadela. E me lembrou Kai fazendo isso.

Ele se aproximou de um bruxo desacordado. O vi se agachar de frente para ele. Alistair estendeu a mão em direção ao rosto ensanguentado de Kai.

— Não, por favor, não… —implorei.

Seus dedos tocaram o alto da testa de Kai, onde pousou a mão.

— Não...

Ele pronunciou algo em uma língua que eu nunca tinha ouvido. Não era o clássico latim. Era algo tão antigo, que mesmo que eu não conseguisse compreender, fez com que os pêlos de minha nuca se arrepiarem. Foi muito rápido e acabou.

O homem se levantou.

— O que fez com ele?! — sibilei, assustada e com ódio — Se fez algo com Kai vou fazê—lo pag…!

E Kai arfou, sentando-se rapidamente.

— Merda! — reclamou — Minha cabeça...

E abriu os olhos azuis, alarmado e quando me encontrou, ficou mais aliviado.

—Bon… Quem é esse cara?! — perguntou, percebendo a presença do homem à sua frente.

O loiro sorriu para ele, amigável.

— Prazer, Alistair Nessboth, seu primo — se apresentou como se estivesse em uma situação corriqueira do dia a dia.

Kai o encarou por alguns segundos, parecendo confuso.

— Marcus? — perguntou — Marcus Smith?!

Olhei de Kai para Alistair, sem compreender. Este que sorriu para o primo.

— Tem boa memória, garoto — aplaudiu ele.

Fitei Kai com a pergunta em meus olhos.

— Deve estar se perguntando "O que diabos, está acontecendo aqui?", não, Bonnie? Posso chamar você de Bonnie, não é, meu bem? Claro, que posso, estamos em família, aqui — riu ele, como se acorrentar seus parentes fosse muito normal — Respondendo sua pergunta: Sim, eu e Kai já nos vimos.

Kai estava tão perdido quanto eu.

— Deixe-me explicar — continuou — Eu estava curioso sobre meu querido primo e fui visitar o Mystic Grill, onde ele trabalha, sob o nome de Marcus Smith. Até inventei uma história de que estava ali para conhecer a cidade. E Kai caiu direitinho. Claro, que isso se deve ao fato de ele não se lembrar de mim.

Eu olhava para ele, não conseguindo esconder minha raiva. Ele havia nos atormentado por meses.

Kai parecia um pouco melhor, ainda machucado, entretanto, com um aspecto bem melhor. Seja lá o que Alistair fez, o ajudou. Mas algo dentro de mim, se perguntava porque ele havia feito aquilo. E nada me demoveu da conclusão de que era por causa de seu enorme coração.

— O que quer de nós? — questionou Kai, desafiando.

Alistair voltou a encará-lo com um sorrisinho debochado. 

— Tudo no seu tempo, Kai.

Vi o modo como Kai trincou o maxilar com raiva.

Ouvi sons de saltos, batendo contra a rocha. Olhei para a escuridão, vendo Sofia sair dela. Devia haver uma entrada ali em algum lugar. Ela sorria.

— Aqui está você, Al — murmurou de um jeito charmoso — Fiquei procurando-a por todos esses túneis, quase me perdi...

— Sofia — advertiu, olhando seriamente para a garota—  Não vê, que estou no meio de um reencontro de família?

Sofia olhou de cara feia para mim e Kai, como se não gostasse que tirassemos a atenção de seu querido Al. Revirei os olhos. Sofia se aproximou de Alistair, colocando os braços em volta de seu pescoço. Senti meu estômago revirar.

Eu odiava aqueles dois.

— Por que você nos quer, Alistair? — questionei, querendo me poupar daquela cena.

Ele voltou a cabeça em minha direção, sorrindo. Tirou os braços de Sofia de seu pescoço, deixando-a irritada. Ele se aproximou de mim.

Comecei a tremer de medo.

O homem agachou-se em frente a mim.

— E quem não iria querer Malachai Parker, um bruxo que trucidou seus irmãos, em busca de poder? 

Ele estendeu a mão, em direção ao meu rosto. Mantive a expressão fria, não querendo demonstrar o quanto ele me assustava. Seus olhos, como os de Theodora, nunca desviavam de seu objeto de foco; no caso eu.

— E quem não iria querer Bonnie Bennett? Uma bruxa tão forte, mortal e… — senti seus dedos tocarem meu rosto e eles eram frios — linda. 

Me remexi, incomodada com seu olhar.

— Então, não quer nos matar? — questionei, entendendo — O que quer, então?

Ele sorriu diabolicamente.

— Se eu fosse você, não seria tão curiosa — murmurou — Pode não gostar da resposta.

— Você não é — rebati, arqueando uma sobrancelha — Então, me diga. O que pretende com tudo isso? 

Ele sorriu mais.

— Agora entendo porque ele gosta tanto de você — disse, se referindo a Kai — Há algo de tão instigante nessa sua resistência. 

Ouvi um suspiro irritado.

— Tire as mãos imundas da minha mulher — ouvi Kai dizer.

Alistair se afastou de mim, rindo.

— Já tirei — murmurou erguendo as mãos, como se estivesse se rendendo.

Olhei para Kai, que parecia revoltado. Estava vermelho de tanta raiva.

— Ciúme é algo tão sublime, não? — riu Alistair, como se aquilo fosse uma piada. 

Kai cerrou os punhos, irritado.

— Não toque nela ou eu mato você — grunhiu ele.

Seu primo cruzou os braços, o encarando com um sorriso divertido. 

— Na posição em que está, não ficaria ameaçando ninguém, priminho.

Kai sorriu daquela forma diabólica.

— Na posição em que você está, não ficaria tocando na minha mulher — disse — Pois em algum momento, eu vou me soltar e aí vou arrancar cada um desses dentinhos bonitinhos da sua boca.

O louro trincou o maxilar.

— Até acreditaria se não estivesse tão patético agora.

Kai continuou quieto, apenas olhando daquela forma assustadora para Alistair. O tempo que passei com Kai me fez esquecer desse seu lado. Eu sabia que ele era muito perigoso, mesmo que estivesse se contendo.

E aquilo me assustava.

Sofia olhou para a abertura circular no teto, mirando para o céu noturno.

— Está quase na hora, Al — anunciou, ainda irritada.

Ele olhou para Sofia e acariciou seu rosto devagar, a fazendo sorrir como uma boba.

— Vou precisar que me ajude, Sofi — sussurrou, usando toda a intensidade de seus olhos sobre ela — Estará ao meu lado? 

Ela sorriu, parecendo uma criança com um doce.

— Sim — sussurrou, completamente entregue.

Alistair retribuiu o olhar, a pegando em um beijo cheio de volúpia e desejo. Ouvi Sofia gemer, agarrando os cabelos dele.

Olhei para Kai, que observava a cena um pouco horrorizado. Seus olhos recaíram sobre mim, e ele imitou—os me mandando beijinhos e revirando os olhos. Segurei a risada.

Alistair afastou Sofia de forma brusca. Deixando-a um pouco ofegante e vermelha.

— Trevor nem preciso perguntar a você, não é? — disse o louro subitamente, sem olhar para ele.

Vasculhei a caverna, vendo Trevor, encostado contra a parede rochosa, envergonhado e cheio de ódio.

— Estou ao seu lado — disse de má vontade.

E Sofia, não parecia nem um pouco preocupada com seu pai. Ela estava cega por Alistair.

O louro começou a caminhar em direção a Lily, desmaiada e seminua, no outro extremo da caverna. Seu olhar era determinado. Fiquei apavorada de que ele pudesse fazer algo contra ela, porque apesar de seu pai e sua irmã, Liliana não era como eles. Ele se aproximou da pequena garota, encolhida no chão da caverna.

Vi um hematoma circular em seu maxilar. Talvez, Trevor a tenha desacordado com um soco. Ele ficou de joelhos tocando, os cabelos de Lily, tirando as madeixas cor de areia de seu pequeno rosto.

O vi tirar algo de dentro do bolso da calça.  Parecia um pequeno punhal.

— Não! Sai de perto dela, seu monstro! — gritou Kai.

Ele tentou lutar contra as correntes, mas não conseguia se soltar.

— Alistair, não a machuque, por favor! Deixe ela fora disso! — implorei. 

Ele nos ignorou, posicionando o punhal.

— Por favor, não! — gritei.

E ele cortou a própria mão.

Vi com um enorme alívio seu sangue escorrer para fora do corte. E ele fez algo estranho, estendeu a mão acima da cabeça de Lily, deixando o líquido vermelho pingar na testa da garota.

Ele guardou o punhal, colocando um dedo em cima da mancha de sangue, espalhando-a. Fazendo uma espécie de desenho.

E se parecia muito com um daqueles símbolos. Ele se ergueu, ficando de frente para Lily.

— Phasmatus incendia! — invocou, fazendo um fogo crescer ao redor do corpo da garota em um círculo perfeito. E não parou por aí. Outras luzes se acenderam. Velas à frente de Lily.  Eu não as tinha percebido ali.

Elas iluminavam… um altar?

Olhei horrorizada para imagem à minha frente.

Ela parecia ser feita de uma madeira ou rocha muito antiga. Era escura e desgastada, mas seu efeito era chocante. Eu poderia passar horas olhando para aquilo e ainda assim não saberia descrever o que era aquela coisa ou ser. Era a mistura da coisa mais grotesca e terrível. E ainda assim, conseguia ser tão bela e magnífica que parecia inumana. Definitivamente, aquilo era algo que os olhos humanos não deveriam ver.

— Bonnie! —ouvi Kai gritar, parecendo desesperado.

Olhei para ele assustada, desfazendo aquela conexão assustadora.

— Suas mãos.... —disse ele, horrorizado.

Olhei para baixo, vendo que eu havia me deslocado para frente, como se tivesse me jogado, desesperada. E vi meus pulsos queimados, pingando sangue pelo esforço que eu havia feito para me soltar das correntes.

Mirei Kai, espantada.

— Não olhe para ela — avisou, falando da estátua.

Eu assenti, encostando de novo na parede, tentando não olhar para aquilo outra vez, apesar de ter uma vontade imensa de fazê-lo.

Me concentrei em Alistair.

— O que é isso? — questionou Kai, olhando para ele — Essa estátua, Alistair? 

O homem se voltou para ele., subitamente irritado.

— Dá para parar de me chamar, assim?! — explodiu.

Eu me assustei com o grito.

— Tá, eu também não gosto de Malachai, mas não precisa ficar bravo… — começou Kai.

Alistair começou a rir, parecendo um maluco.

— Do que está rindo? —questionei.

Ele parou, olhando para mim de forma séria.  Seus olhos cinza estavam nos meus.

— Eu não sou, Alistair —disse ele, com um sorriso cruel nos lábios.

Aquilo me pegou de surpresa.

— Se não é Alistair… —murmurou Kai com as sobrancelhas franzida — Quem é você, então?

♡♡♡♡♡

Nota da Autora:

Hello, amados!

Essa reunião de família tá melhor que Natal, não? Todo mundo destilando ódio e treta. Nem vamos mencionar o lado podre da família Cross, a única que presta ali é a coitadinha da Lily.

E esse final? O Al não é o Al? Pois é, meu povo, bora pro próximo!

Beijinhos xxx. Até mais!

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