Convergência Sombria | Bonkai...

By Dark_Siren4

124K 7.6K 3.9K

Depois de fugir do Mundo Prisão de 1994, Bonnie acha que pode ter uma vida normal ao lado de seus antigos am... More

1. Eu me caso com um sociopata
2. O Ritual de União das Almas
3. Enfrento a fúria da minha esposa
4. Deixo Kai me tocar
5. Bonnie me dá um perdido
6. Acordando com Kai
7. Meu novo emprego e um cadáver
8. Canção de Ninar
9. Meus sentimentos e Minha sogra
10. Meu novo colega de quarto
11. Incêndeio um Espectro folgado
12. Um coração partido
13. O meu e o seu coração
14. Entre dois idiotas e minhas descobertas
15. Eu? Apaixonado? Quem diria
16. E o tiro saiu pela culatra
17. Um velho me ataca
18. Sou dele
19. Sem ele
20. Visito o cemitério
21. Sou flagrado
22. Ela me domina
23. Férias forçadas
25. Amigos e Respostas
26. A Flora e o Mar
27. Um lago de verdades
28. Para Sempre
29. Reunião de família
30. Nas Sombras
31.Conhecendo o inimigo
32. Possessão
33. Supernova
34. Em casa
35. O que falta em mim
36. Nós dois
37. Um pedaço de mim
Capítulo 38: Minhas Prioridades
Capítulo 39: O homem em chamas
Epílogo:
Antes que eu me vá...
Capítulo Bônus: Linhas de Sangue
Livro Novo!

24. A Revanche

3.3K 204 191
By Dark_Siren4

— Só pode ser brincadeira, não é? — murmurou Kai, desdenhando — Você?

Olhei para quem estava destinado a viajar conosco.

Ele vestia jeans surrados, botas e um casaco grosso e cinzento, com um cachecol vermelho em volta do pescoço. Tudo muito simples, mas que sugeriam boas marcas.

— Oi, Bonnie — disse Tyler e suspirou pesadamente — Oi, Kai — e o disse com uma tremenda má vontade. Pois é, nem todo mundo era obrigado a conviver com Kai como eu.

— Bonnie — murmurou Kai, me voltando para ele — Desfaça as malas, eles estavam zoando com a nossa cara.

Revirei os olhos.

— Para de ser dramático, Kai — murmurei, me soltando de suas mãos e me voltando para Tyler — Não me leve a mal, Tyler, mas não esperávamos que fosse você a viajar conosco.

— Na verdade, eu não vou com a sua cara depois daquela festa na casa do Damon — me interrompeu Kai, cruzando os braços sobre o peito.

Tyler respirou bem fundo.

— Cara, eu não tinha a mínima ideia do que estava fazendo — explicou — Eu comecei a me transformar do nada. E eu juro que minha maldição está controlada. Acho que alguém fez isso comigo, ou se lá, o quê.

Eu entendia que Tyler se sentia culpado por ter feito aquilo e sabia que ele não o fez por vontade própria. Foi obrigado pelo mesmo bruxo que estava perseguindo nossa Convenção.

— Está tudo bem, Ty — murmurei, colocando a mão em seu braço — Sabemos que não foi culpa sua e ninguém se machucou.

— Ei, eu me machuquei!— disse Kai, ficando ofendido.

Olhei para ele.

— Mas você mereceu, idiota — murmurei, o empurrando para dentro de casa — Vá pegar as malas. E não demore.

Kai saiu resmungando, algo sobre odiar lobisomens e querer dar palmadas no bumbum de alguém.

Maluco, pensei. Voltei a olhar para Tyler.

— Vocês são estranhos… — murmurou ele, sorrindo.

— Eu sei — respondi, sorrindo também — Tyler?

— Sim?

— Por que escolheram você para nos acompanhar? — perguntei de forma hesitante.

Ele deu de ombros.

— Porque eu era uma escolha muito improvável — explicou — Quem escolheria o cara que foi usado como arma de destruição em massa para proteger vocês dois? 

Olhando por aquele ângulo até tinha uma certa lógica naquilo.

— Ty, não me leve a mal — hesitei — mas o que nos garante que esse bruxo não o use de novo para nos atacar? É muito arriscado.

Ele sorriu com seus olhos negros repousando nos meus.

— Eu já dei um jeito nisso.

Franzi o cenho.

— Um jeito? Como assim..?— tentei dizer, mas fui interrompida com a chegada de Kai, que carregava nossas malas.

— Vamos ou vocês vão ficar de fofoquinha aí? — perguntou ele.

Franzi o cenho.

Kai estava muito esquisito...

Eu não disse nada, apenas fomos em direção ao carro de Tyler, que estava estacionado em frente a nossa garagem.

Kai assobiou, parando para apreciar o automóvel.

— Acho que posso repensar esse negócio de sermos amigos — murmurou ele, olhando para a picape preta e reluzente — Ok, eu posso perdoar você, Tyler, é só me deixar dirigir e tá tudo certo.

O lobo riu.

— Você acha que eu vou dar meu carro novinho, para um sociopata maluco que escapou de uma prisão bizarra de outra dimensão? — zombou Tyler.

— Sim — disse Kai muito convicto, como se aquelas coisas não fossem nenhum empecilho.

— Nem pensar — disse Tyler já abrindo a traseira para que Kai guardasse as malas.

— Você assaltou uma loja de artigos esportivos ou quê? — murmurou Kai, olhando, assim como eu, impressionado com todo tipo de parafernalha esportiva.

Tyler riu.

— Agora que sou um ex-lobisomem, preciso praticar exercícios para tentar controlar os meus genes licantropos. 

— Tipo uma mulher que faz ioga, para controlar a TPM? — brincou, Kai.

— Mais ou menos isso — Tyler assentiu.

Com muito esforço, Kai conseguiu apertar nossas malas junto com todas as coisas no bagageiro. Eu fui até o banco traseiro e estava prestes a abrir a porta do carro, quando fui impedida por Tyler, ele me olhava nervosamente. 

— O que foi? — perguntei, confusa.

— Bem… — disse, hesitante — É que não vamos ser apenas nós três...

Vi o modo como Kai franziu as sobrancelhas, desconfiado.

— O que quer dizer com isso? — questionou.

— Quer dizer que eu também vou, seu otário — murmurou alguém no banco de carona, saindo de dentro do carro. Escutei quando a porta bateu. 

Não consegui ver quem era, pois estava do outro lado do automóvel. A pessoa o contornou, parando diante de nós.

Ela não havia mudado nada.

Seus cabelos desciam por seus ombros em cachos louros selvagens e descontrolados. Usava o mesmo estilo de jeans desbotados e camisas de bandas de rock.

Seus olhos azuis recaíram sobre mim, me fitando seriamente.

— Oi, Bonnie — assentiu.

— Liv… — murmurei, ainda sem compreender — O que faz aqui?

Ela cruzou os braços e revirou os olhos.

— Parece que fui convocada para dar uma de babá de vocês — disse de má vontade — Agradeça a Jô que encheu tanto o meu saco que tive que ceder.

Olhei para Kai, que parecia ter perdido o dom da fala, coisa muito rara de acontecer.

Ele olhava de uma maneira estranha para Liv.

— Por que está aqui?— murmurou ele, falando finalmente — Pensei que tinha ido embora da cidade depois da morte do seu gêmeozinho.

As bochechas de Liv ficaram rubras de ódio. E seus olhos transmitiam todas as coisas que ela queria fazer com Kai. E garanto que não eram nada boas.

— Meus motivos não são da sua conta, aberração — rosnou, cerrando os punhos, tentando conter a raiva.

Kai lançou um olhar assassino para Liv. 

Eu sabia que ele não gostava de ser chamado assim, pois isso o magoava. Porém, entendi o que Liv sentia. Ela havia perdido Luke na Fusão com Kai. E como o irmão mais velho, ela não sabia lidar com a dor. Talvez fosse uma coisa dos Parker. 

— Olívia, sinceramente… — Kai, estava dizendo.

— Cala a boca! — explodiu Liv, vindo para cima de Kai, mas Tyler a segurou a tempo — Só o Luke, podia me chamar, assim! Você não tem esse direito, seu monstro! Você o matou! Me solta, Tyler! — ela o empurrou

Rapidamente, ela secou as lágrimas, que haviam descido por seu rosto.

— Não chegue perto de mim, Kai — ameaçou e voltou para seu lugar dentro do carro.

Kai olhava fixamente para as janelas pretas da picape. Talvez, tentando ver sua irmã mais nova. Ele tinha uma expressão torturada.

— Er… — fez Tyler, olhando para nós constrangido — Acho que é melhor nós irmos?

Vi o modo como Kai olhou para ele. E era algo parecido com: "Não abra a merda da boca, Lockwood."

— Tudo bem… — murmurou Tyler, entrando no carro.

Olhei para Kai, que parecia incomodado, remexendo a neve com o pé. Me aproximei dele, tocando em seu braço.

— Ei, tá tudo bem?— sussurrei, olhando intensamente em seus olhos cinzentos.

Ele me encarou e pensei que fosse brigar comigo por tentar ser legal com ele, mas não o fez.

Kai deu um pequeno sorriso, um pouco triste, mas ainda assim, melhor que vê-lo aborrecido.

— Está — respondeu ele.

— Certeza? — murmurei, tocando sua bochecha com a ponta dos dedos.

Ele revirou os olhos, sorrindo mais ainda.

— Claro, mamãe — respondeu.

Eu sorri também. 

Kai era lindo, mas quando sorria, provocava coisas estranhas em mim. Era uma sensação boa. Boa demais...

— Se continuar me encarando desse jeito vou acabar beijando você — avisou travesso, me arrancando de meus devaneios.

Senti o calor fluir para minhas bochechas e meu coração acelerou loucamente dentro do peito.

Kai sentiu isso, pois sorriu, mordendo o lábio — de propósito — me provocando.

— Você é um pervertido! — esbravejei, rubra de vergonha e raiva.

Marchei, furiosa, para a picape de Tyler. Abri a porta do passageiro  e me deparei com uma caixa imensa, cheia de equipamentos e coisas que eu desconhecia, que tomava conta de quase todo o assento traseiro.

Ouvi o som do vidro elétrico do banco do motorista ser aberto.  Olhei para o lado de fora, vendo Tyler inclinado por sobre a janela.

— Ei, Bon, esqueci de dizer que eu vou levar algumas coisas aí atrás, porque o porta malas está cheio — explicou.

— O idiota, aí — ouvi Liv resmungar — Cismou em levar todo um equipamento para acampar. Coisa que não vamos fazer.

Eu quase podia ouvir seus olhos azuis revirando.

— Eu gosto de estar preparado— murmurou Tyler olhando para dentro do carro — Você é que é uma nuvem negra, Liv.

— Vá se danar, seu lobo idiota — foi ríspida.

Era impressão minha ou Liv havia conseguido ficar mais selvagem que antes?  Ela deve estar sofrendo muito com a morte de Luke, pensei, solidarizando.

Coloquei as mãos nos quadris, encarando Tyler.

— E como espera que eu e Kai, caibamos nesse espaço minúsculo? — perguntei, arqueando uma sobrancelha.

Tyler se voltou para mim.

— Ué, você não pode ir sentada no colo dele? — questionou, como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo.

Ouvi o som dos passos de Kai se aproximando rapidamente.

— Sou totalmente a favor! — disse ele, ansioso — Afinal, você é um cara legal, não é, Tyler? Merece libertar esse seu lado, Scooby-Doo de vez em quando. E nada melhor do que fazer isso, acampando, né?

Me voltei para Kai, completamente descrente. Aquele safado estava se aproveitando da situação.

— Você… — tentei dizer, ficando rubra de raiva.

— Anda, Bonnie — murmurou Kai, passando por mim e entrando no carro.

Ele sentou no único espaço vazio do banco, se esparramando todo, tomando todo o espaço, que talvez pudesse servir para mim. Kai apoiou a cabeça, confortavelmente no encosto do banco de couro e olhou para mim, sorrindo maliciosamente. Deu um tapinha na perna, me encarando.

— Você vem, BonBon? — disse ele, com aquele sorriso cafajeste.

O fitei de maneira assassina.

— Anda, Bonnie, ainda temos muita estrada pela frente — pediu Tyler, me olhando.

Revirei os olhos, com um gemido de exasperação. Fui em direção à porta aberta. Me sentei no colo de Kai, fechando-a de maneira brusca.

Senti sua mão quente, deslizando por sobre meus jeans, acariciando minha coxa. Não perdi tempo. Dei um sonoro tapa em sua mão, vendo-o tirar de cima de minha perna.

— Ai, Bon! — reclamou ele.

Me virei, olhando em seus olhos azuis-cinzentos de maneira resoluta.

— Se tentar alguma coisa… — ameacei — decepo seus dedos.

Ele riu. E senti sua respiração quente em minha orelha.

— Para o que eu quero fazer com você — sussurrou, fazendo a pele de minha nuca se arrepiar — Não preciso dos dedos.

Engoli em seco, com meu coração acelerando. E aposto que Kai sentiu isso.

Assim seguimos viagem e já estávamos há uma hora na estrada.  Há muito que havíamos deixado Mystic Falls para trás.

Tyler dirigia calmamente e Liv não havia dito uma palavra desde que entramos no carro. E ao contrário da irmã, Kai falava pelos cotovelos.

Era impressionante como ele conseguia falar sem parar e nunca ficar sem assunto para conversar. Tive que admitir que ele era muito inteligente, pois conseguiu discorrer sobre diversos assuntos.

Acho que ficar quase duas décadas, naquele lugar não fez muito bem para ele, pensei. Eu passei pouco tempo sozinha, mas Kai ficou quase um terço de uma vida lá. E comecei a imaginar como deve ter sido triste ficar todos aqueles mesmos dias, sozinho, sem ninguém para conversar. Não era de se estranhar que agora ele falasse como se o mundo fosse acabar amanhã.

Kai estava no meio de um monólogo, pois nenhum de nós conseguia e tinha paciência para aturar sua falação constante.

— Ei, pessoal, o que é cinza, duro e difícil de quebrar? — perguntou ele, sorrindo bobamente.

Vi Tyler apertar os dedos em volta do volante, ficando impaciente.

— Me deixe adivinhar? — murmurou sarcasticamente — Uma pedra?

— Acertou de novo, cunhadinho! — murmurou Kai, sorrindo.

Vi o modo como Liv se remexeu no banco do carona. Ela e Tyler haviam terminado e estavam no meio de uma coisa complicada.

O lobo suspirou pesadamente.

— Será que porque já é quarta vez que você pergunta isso?— murmurou ele, de mau humor.

Não tinha ideia de como Tyler estava conseguindo se conter, pois era a pessoa mais explosiva — claro, que bem depois de meu marido falador — que eu conhecia. E Kai conseguia tirar qualquer um do sério.

O bruxo deu de ombros.

— Deve ser porque estamos no meio de uma região rural e não tem mais nada para se ver além de mato e pedras?— rebateu.

Liv suspirou audivelmente.

— Já chega, não aguento mais — reclamou, pegando um MP3, desenrolando o fio dos fones e os inserindo nas orelhas.

Ela aumentou a música até que pudesse se tornar audível para todos no carro. Era o jeito dela de escapar da tagarelice de Kai. Acho que Tyler gostou da ideia, pois achou uma estação de rádio em que tocava um rock clássico. Aumentou até que não pudesse mais ouvir nem o mínimo som que viesse daquele ser tagarela.

Seus olhos escuros estavam focados na estrada.

E… estranhamente, Kai parou de falar.

Ele nunca pára de falar, estranhei. Por que ele parou de falar?

Eu estava em uma posição desconfortável, sentada sobre as pernas de Kai, com o rosto apoiado em minhas mãos, e os cotovelos pousados em minhas coxas. E minhas costas já estavam queimando em protesto. Eu estava toda dolorida, mas não daria o braço a torcer.

Senti um toque leve em meu cabelo, enquanto os dedos de Kai, colocavam alguns fios atrás de minha orelha.

— Ei, Bon — disse ele, carinhosamente — Não quer se ajeitar um pouco? 

— Não — resmunguei.

Ele suspirou.

— Não seja orgulhosa, você já está a uma hora nessa mesma posição. Me dá dor nas costas só de vê-la assim.

Bufei.

— Então, fique com sua "dor empática" nas costas — disse eu, irônica.

Senti sua mão indo para minha nuca, acariciando.

— Por favor, amor, juro que não vou tentar nada — disse ele, e pude ouvir o sorriso em sua voz.

Mordi o lábio, sentindo sua mão quente acariciar meu pescoço. Eu não vou ceder..., pensei, tentando ser forte. Mas seu toque era tão suave que meus músculos estavam começando a relaxar por vontade própria.

Hesitante, virei meu rosto, olhando para seus olhos azuis.

— Você não vai tentar nada? — perguntei, desconfiada.

— Dou minha palavra de escoteiro, amor — disse ele, ainda sorrindo.

Ah, dane-se!, joguei tudo para o alto, sentando ereta. Senti os braços de Kai, cercando minha cintura gentilmente. Olhei-o, alarmada.

— Vem — murmurou, me puxando contra seu corpo carinhosamente — Encosta em mim.

Mal não vai fazer, não é?, tentei me convencer.

Encostei em seu peito, sentindo o calor de seu corpo contra o meu. Suspirei, sentindo a dor em minha coluna se esvair.

— Melhor?— perguntou Kai.

— Uhum… — assenti, relaxando.

Era uma sensação gostosa ter meu corpo junto ao dele dessa forma, como dormir com Kai. Era bom e confortável.

Senti seu coração batendo freneticamente em meu peito. Ele estava nervoso?

— Por que tem que ser tão teimosa? — sussurrou ele, estreitando seus braços em volta da minha cintura.

Olhei para Liv e Tyler, alarmada.

Eles estavam do mesmo modo, centrados em seus próprios pensamentos e apenas ouvindo música. Liv, inclusive começava a ressonar baixinho.

— Kai… — tentei dizer, com medo daquela aproximação.

Senti seu nariz roçando em meu pescoço, respirando devagar.

— Você é tão cheirosa — sussurrou, me fazendo ficar toda arrepiada — Eu amo seu cheiro. Me dá vontade de...

E senti quando ele plantou um beijo suave e carinhoso em meu pescoço. Mordi meu lábio, com mais força, tentando me conter.

— Pára, Kai...— sussurrei, tentando me controlar e tirar suas mãos de minha cintura, mas ele me segurava com firmeza.

— Você me deixa, louco, Bonnie — sussurrou, com uma voz selvagem, dando mais beijos carinhosos ao longo de meu pescoço.

Arfei, mordendo o lábio com mais força, tentando conter os gemidos que queriam saltar de meus lábios.

—Você… Você prometeu… — implorei.

Seu corpo tremeu com uma risada.

— Eu nunca fui escoteiro — disse ele, divertido — Então, tecnicamente falando, eu menti.

Senti meu rosto enrubescendo de raiva.

— Seu...! — tentei dizer, mas Kai, não me deu tempo para terminar meu xingamento. Seus lábios atacaram meu pescoço com voracidade. Me beijando, louco de vontade. Senti seu braço, apertando minha cintura dolorosamente, mas não me importei com a dor. Eu estava queimando de desejo.

Sua mão subiu por minha coluna, até minha nuca, afastando meus cabelos. Senti seus dentes mordendo e arranhando. Não consegui me conter e soltei um gemido, agarrando seus cabelos macios, mantendo-o perto de mim.

Ouvi seu gemido rouco. Minha respiração já estava totalmente ofegante. E sentia nossos corações batendo fora de ritmo. Seus lábios subiram para minha orelha, enquanto ele me mordia. 

Gemi outra vez. E de forma brusca, Kai, segurou meu maxilar, virando meu rosto para o dele. Sua boca roçava na minha devagar, me torturando. Ele gemia, louco para me beijar. E com puxão, Kai colou seus lábios nos meus. E eu gani, sentindo seus lábios macios e deliciosos...

O carro deu uma freada brusca, quase me arremessando para frente.

— Chegamos — disse Tyler, desligando a música no rádio.

Liv acordou sobressaltada, já olhando feio para seu ex-namorado.

— Você enlouqueceu? Está tentando me arremessar pela janela? — murmurou, irada.

Eu estava completamente ofegante e vermelha. Tentei tirar os braços de Kai de minha cintura, e dessa vez, ele os tirou sem relutar.

Olhei para Tyler e Liv, que já estavam começando uma discussão.

— Onde exatamente nós estamos?! — gritou Kai, me fazendo levar um susto e fazendo sua irmã e Tyler pararem de discutir.

Olhei para o lado de fora.

Estávamos em uma estrada deserta. Havia um pouco de neve no acostamento, mas já estava meio derretida. E um sol fraco brilhava entre as nuvens cinzentas. E encostado na beira da estrada, muito velho, estava um posto de gasolina.

— Tudo bem, pessoal — disse Tyler — Quem quiser sair para comprar alguma coisa ou ir ao banheiro, agora é o momento, porque daqui em diante, não vamos parar mais.

Tyler desceu do carro, indo abastecê-lo com gasolina.

Adiantei-me, descendo do veículo, praticamente fugindo de Kai.

— Liv — perguntei, quando ela desceu da picape — Quer alguma coisa de lá? — apontei para uma loja de conveniência ao lado do posto deserto.

— Não — respondeu ela, encostando na porta do carro.

Assenti, indo em direção à loja. Ao entrar, pude ver um cara magrocom um boné sujo atrás do balcão da loja.

Ele me olhou de uma forma nojenta.

Revirei os olhos, procurando o banheiro.

A loja tinha produtos de todos os tipos, desde guloseimas à bebidas e peças para carros. Eu e uma velhinha de óculos, éramos as únicas clientes da loja. Avistei uma porta branca, com um uma bonequinha estampada nela, indicando o banheiro feminino.

Entrei nele, rezando para que fosse ao menos um banheiro digno de ser utilizado.

— Ok — suspirei, aprovando.

O banheiro tinha três boxes pequenos, uma pia grande de granito e um grande espelho, diante da mesma. Era, aparentemente, limpo.

Na verdade, eu não queria ir ao banheiro, só queria ficar longe da influência de Kai. Ele me deixava completamente louca, não conseguia controlar minhas reações perto dele.

Meu Deus, não acredito que ficamos nos agarrando na frente da irmã dele e de Tyler..., pensei, enrubescendo. A minha grande sorte, foi que a tagarelice de Kai, fazia qualquer um parar de prestar atenção nele, se não a essa altura, teria que aguentar as piadinhas de Tyler e Liv.

Fui até a pia, vendo meu reflexo no espelho.

Eu estava mais vermelha que um tomate, com os cabelos meio desgrenhados e com um brilho exagerado nos meus olhos verdes.

Me senti excessivamente quente, apesar de estar um pouco frio lá fora.

Tirei o casaco preto e alguma coisa chamou minha atenção em meu pescoço. Olhei mais de perto no espelho. Enrubesci de vergonha e raiva.

Aquilo, definitivamente, era um chupão. E já estava entrando em um estágio de roxo escuro. E havia mais um entre meu ombro e o pescoço.

Tive até medo de tentar ver minha nuca, pois me lembrava claramente da mordida de Kai.

— Desgraçado… — resmunguei, ficando louca de raiva.

— Não é educado ficar xingando as pessoas. Ainda mais pelas costas — disse alguém.

E quase desmaiei com o susto, vendo o reflexo de Kai no espelho. 

Ele estava parado atrás de mim, encostado em uma postura relaxada — de braços cruzados e um pé encostado na porta de um dos boxes.

— E por falar em costas… — disse ele, sorrindo maliciosamente — Belas marcas, essas, no seu pescoço.

Voltei para ele com raiva.

— Você fez isso de propósito? — Ok, eu estava muito irritada.

Ele sorriu, ainda mais.

— Na verdade, não — murmurou daquele modo cafajeste — Mas, até que foi uma ótima ideia, não? Agora, todos os homens vão saber que você é minha.

Cruzei os braços, ficando irada.

— O que você é? Alguma espécie de animal?— murmurei, louca de raiva— Tá achando que eu sou o quê? Sua fêmea para sair me marcando como se fosse uma propriedade?!

Ele se desencostou da porta, vindo na minha direção. Tocou minha bochecha, me olhando.

— Claro, que é — disse, me olhando intensamente — Você é minha fêmea. Só minha.

Comecei a ofegar.

Minha cabeça estava rodando, mas me contive.

Deus, como ele consegue me excitar desse jeito?, perguntei.

Dei um tapa em sua mão, o afastando de mim. Passei por ele, indo em direção a saída.

— Vem cá — disse ele e senti, subitamente, seus braços fortes em volta da minha cintura, me segurando contra seu corpo.

Tentei me soltar de seus braços, mas ele era bem mais forte que eu.

— Que merda, Kai, me solta! — resmunguei.

O senti inspirando em meus cabelos.

— Fala isso de novo — pediu ele, rindo.

— O quê, seu bastardo? — questionei.

— Merda — e riu outra vez — Adoro ver como você consegue ser uma menina má.

— Você é desprezível! — exclamei, ficando mais irritada — Me solta agora! 

— Não — sussurrou ele, em minha orelha.

Subitamente, Kai me levou até a pia.

Vi seu reflexo.

Ele estava parado atrás de mim, com os braços em volta da minha cintura, com um olhar determinado em seus olhos azuis. E eu… parecia uma criancinha assustada.

— Você acha… — sussurrou ele, mordendo minha orelha, me deixando louca — Que iria me beijar daquele jeito no meu quarto… — e senti sua mão descendo para o meu bumbum, apertando dolorosamente, mas de uma forma que fez meus joelhos tremerem— … e que eu deixaria por isso, mesmo?

E senti uma palmada forte em meu traseiro. Aquilo doeu muito, mas meu Deus... como era gostoso! 

Meus joelhos bambearam visivelmente e tive que me apoiar contra a pia, mordendo o lábio com força para não gemer.

— Você gosta disso?— me perguntou, parecendo louco de desejo, beijando meu pescoço deliciosamente.

— Ah, sim… — gemi, me rendendo completamente.

— Quer mais?— perguntou ele, voltando a morder minha orelha.

Minha respiração vinha descontrolada.

Antes, eu não acreditava nesse lance de combustão espontânea, mas estava achando que eu estava muito próxima de arder em chamas, apenas com ele me beijando daquela forma.

— Ah, meu Deus, sim… — implorei.

E me preparei para levar outra palmada no bumbum, gemendo em antecipação. Porém, suas mãos começaram a subir por meu abdômen, me pegando de surpresa.

—Kai...— implorei — Eu quero mais...

Ele riu.

— Calma, minha bruxinha apressada — sussurrou ele, me dando um beijo carinhoso no rosto.

Suas mãos subiram até meus seios, parando ali.

Comecei a ofegar.

Ele apertou meus seios, voluptuosamente, me fazendo gemer mais alto.

— Ah, Kai! Por favor..— e gemi, outra vez, com mais um apertão.

Apoiei minhas mãos contra a pia, sentindo meus joelhos cederem.  Kai deixou que eu me apoiasse contra seu corpo quente. Senti seus lábios devorarem meu pescoço, mais uma vez. E inconsciente, comecei a mover meus quadris, contra os dele.

— Merda, Bonnie… — gemeu ele, apertando meus seios com mais força.

— Ah, meu Deus! — ofeguei mais ainda, sentindo sua ereção, contra meu bumbum, me deixando mais excitada.

Sua respiração estava completamente descontrolada e seu coração batia frenético junto com o meu.

— Caralho, eu não aguento mais!— resmungou ele, me virando de frente para ele. Seus braços, envolveram minha cintura, me pegando com força.

— Kai… — eu gemi.

Ele roçou seus lábios nos meus, ofegante desesperadamente.

— Porra — e me beijou.

Mas foi um beijo cheio de volúpia e desejo. Não conseguimos controlar os gemidos que vinham misturados ao beijo. Agarrei seus cabelos com força, o prendendo a mim.

As mãos de Kai desceram para meu bumbum e pensei que ele fosse me apertar outra vez, mas não. Kai me ergueu e eu enrosquei minhas pernas em sua cintura. Ele me sentou na pia e começou a beijar meu pescoço, outra vez.

— Ah! Não para… — implorei, queimando com seu toque.

Suas mãos subiram por minhas costas, por baixo de minha blusa, descobrindo minha pele. 

Ele gemeu outra vez.

Eu por minha vez, desci o zíper de seu casaco, arrancando-o de seu corpo. Deslizei minhas mãos por debaixo de sua camisa, sentindo os músculos definidos de seu abdômen.

Kai agarrou minhas coxas, me fazendo deslizar pela pia, indo de encontro ao seu corpo. Ele me apertou com força, enquanto eu enrolava mais minhas pernas em sua cintura.

Sua boca desceu de meu pescoço, indo devagar para o decote em minha blusa. Arqueei as costas, dando mais espaço para ele. Sua mão que estava em minhas costas, foi para a frente de minha blusa, desabotoando os dois primeiros botões.

Ele arfou um pouco ao ver um pedaço da renda cor de rosa de meu sutiã.

— Eu quero você — sussurrou ele, parecendo louco de desejo — Agora.

E arfei ao sentir uma mordida, acima do decote.

— Ah, minha nossa, Kai! — gemi, arfando desesperadamente.

E sabia o que eu queria.

Naquele momento, só pensava em ser dele. Queria que Kai me possuísse ali mesmo. Não me importava que estivéssemos em um banheiro de um posto de gasolina na beira da estrada.

Não me importava que Liv e Tyler estivessem nos esperando. E não me importava que eu e ele fossemos totalmente incompatíveis com o que nós éramos. Apenas pensava no quanto queria sentir seu cheiro, seu beijo e seu toque.

Agarrei seus cabelos, enquanto ele desabotoava minha blusa...

— Caham! — fez alguém.

Abri os olhos lentamente.

Merda, agora não!, pensei, já ficando rubra de vergonha. Kai virou a cabeça lentamente, olhando confuso para quem havia nos atrapalhado.

E vi uma mulher pequena com um vestido floral. Seu cabelo era de um roxo acinzentado. A velhinha que estava na loja.

Ela nos olhava de forma reprovadora.

— Hã… Oi — disse Kai, sorrindo amistosamente.

Isso até seria bem cordial... se ele não estivesse com a cara metida entre meus seios.

— Olá — disse ela, de forma grosseira.

Soltei minhas pernas que estavam em volta de sua cintura. E Kai afastou o rosto do meu decote.

A velhinha olhou de forma mais reprovadora para minha blusa. Olhei para baixo, confusa, e fiquei mortificada de vergonha ao perceber que ela estava parcialmente aberta, revelando toda minha lingerie.  Abotoei a blusa rapidamente, sentindo minhas maçãs do rosto em chamas.

— Pois é… — disse Kai, constrangido.

A velhinha ainda nos encarava com os braços cruzados.

— Vocês não têm vergonha? — disse ela — No banheiro feminino, sério? Tem um motel a dois quilômetros daqui. Não poderiam ter esperado mais um pouco?

Kai se afastou de mim. E pude ver pela forma que ele sorria, que estava se divertindo perversamente com aquilo.

— Na verdade, não — disse ele, indo em direção à velhinha — Qual é seu nome, senhora?

— Gertrude — respondeu ela, inflexível.

— Então, Gertrude — disse Kai, indo para o lado dela, colocando o braço em seus ombros pequenos — Como pode perceber, somos recém casados.

Um brilho surgiu nos olhos da velha.

Ela sorriu, como se o fato de sermos casados amenizasse um pouco a situação.

— E bom, a minha esposa, que a propósito se chama, Bonnie… — disse, apontando para mim — Aliás, eu sou Malachai, mas pode me chamar de Kai — disse ele apertando a mão da senhora — Bom, ela é uma garota muito impaciente, se é que me entende. E meio que me arrastou para dentro desse banheiro. E eu vivo dizendo para ela que não podemos ficar transando em lugares públicos, mas ela não escuta. E como eu sou louco por ela, acabo cedendo.

A velhinha balançou a cabeça, parecendo compreender o "sofrimento" de Kai.

— Eu entendo, querido — murmurou carinhosamente — Meu marido, também era fogoso, assim.

Olhei para aqueles dois completamente incrédula. Desci da pia, bufando de raiva e vermelha de tanta vergonha.

— Você… — murmurei, ameaçadoramente para Kai, que se limitou a sorrir e dar de ombros.

Saí marchando do banheiro furiosamente com uma vontade imensa de espancar Kai. Caminhei para fora da loja, indo em direção ao posto.

— Ei, Bon! — chamou, Kai, vindo atrás de mim — Espera, amor. Eu estava brincando.

Não dei importância para aquilo, fui em direção ao carro, onde Tyler e Liv estavam conversando e terminando de abastecê-lo. Os dois viram quando nos aproximamos e pararam de conversar. 

— Já estão prontos? —perguntei, sendo um pouco grosseira.

— Claro, só estávamos esperando vocês… — disse Liv, e seus olhos recaíram em meu pescoço e meu decote — O que aconteceu, aí? — murmurou apontando.

Tyler, também ficou olhando para as marcas em minha pele. Fiquei fortemente ruborizada, sem saber o que dizer.

— Eu... hã… — disse eu, debilmente, sem saber o que dizer.

— Ela está com alergia — murmurou Kai, descaradamente — Sabe, ao perfume.

Liv semicerrou os olhos, ainda olhando para as marcas roxas em minha pele.

— Ela não estava com essas marcas, quando saiu daqui — murmurou ela, desafiadoramente — E desde quando perfumes mordem pessoas?

E apontou para a marca arroxeada em meu seio esquerdo. Estava na cara, que aquilo era uma mordida.

Senti meu rosto arder de vergonha.

Olhei para Kai, que continuava calmo, olhando desafiadoramente para os olhos azuis de Liv.

— E vocês dois desenvolveram alergia ao mesmo perfume? — perguntou ela, olhando sugestivamente para o pescoço de Kai, ainda tinha as marcas roxas de cinco dias atrás, que já estavam enfraquecendo.

— Pois é, né? — disse ele, dissimulado — Que coisa louca, não?

Liv não parecia nem um pouco convencida, mas não disse nada, apenas entrou em seu lugar no carro.

Tyler terminou de abastecer e assumiu seu lugar na frente.

E aquele Parker safado sentou atrás, todo esparramado e ficou olhando para mim de modo sugestivo, sorrindo como um idiota.

Entrei no carro, sentando bruscamente em seu colo.

— Ai, Bonnie! — resmungou ele — Vai com calma, aí. Preciso disso pra poder brincar com você.

Revirei os olhos.

— Vai se ferrar, idiota— rebati.

Ainda estava irada com ele, por ter feito com que eu perdesse o controle daquele jeito e depois ficar fazendo piada sobre aquilo.

— Não fique brava comigo, amor — pediu ele, acariciando meu pescoço.

— Tira a mão de mim, seu idiota sem vergonha — ameacei.

Ele suspirou pesadamente, acatando minha ordem de imediato.

E mais duas horas depois paramos no meio de uma encruzilhada que ligava duas cidades, para fazer um feitiço para encobrir nossas auras e a de Tyler. Desse modo, aquele bruxo não poderia nos encontrar.

***

Já estava quase anoitecendo e ainda estávamos viajando. 

A temperatura começou a cair e quando procurei meu casaco, me dei conta de que o havia esquecido no banheiro do posto de combustível.

Resultado: eu tremia feito vara-verde.

Kai percebeu isso, pois tirou seu próprio casaco e o colocou sobre mim, fazendo uma espécie de cobertor. O tirei rapidamente de meus ombros.

— Você ainda está irritada comigo? — perguntou ele, um tanto magoado.

— Cala a boca — resmunguei.

Mais um tremor me percorreu.

— Droga, Bonnie — disse ele — Não seja orgulhosa. E colocou o casaco sobre mim outra vez.

— Eu não quero — respondi, tirando-o outra vez.

— Então, pelo menos encosta em mim, descansa um pouco. Eu aqueço você — disse ele, sem um pingo de malícia ou segunda intenção, parecendo verdadeiro.

— Não — falei, ainda emburrada com ele. 

Eu estava sentada na mesma posição de antes e minha coluna protestava, mas eu não queria ceder.

— Bonnie, me desculpa, por ter sido um idiota? — murmurou ele, acariciando meus cabelos, gentilmente. E claro, que fiquei mole na hora. Eu e minha incapacidade de lidar com carícias e mimos.

— Você me perdoa, amor? — pediu ele, com sua mão descendo para meu pescoço, acariciando devagar e calmamente.

Fechei os olhos, tentando me controlar.

— Sim, Kai — a resposta, simplesmente saltou da minha boca.

Ele suspirou, satisfeito. Senti seus braços me envolvendo e me puxando contra seu corpo. E seu calor me preencheu.

Suspirei, me aconchegando em seu peito.

— Obrigado, amor — sussurrou em meu ouvido.

Acho que depois disso, adormec8 e acordei um tempo depois com o sacolejar da picape.

Eu estava toda encolhida sobre algo quente e macio. Me aconcheguei mais, sentindo seu perfume de almíscar. Abri os olhos, vendo que estava toda encolhida no colo de Kai. Com o rosto escondido sob seu queixo. Seu casaco estava sobre mim, aquecendo e seus braços estavam em volta do meu corpo.

Olhei para um Kai completamente adormecido. Ele tinha aquela expressão fofa, com as sobrancelhas juntas, parecendo preocupado com alguma coisa e os lábios entreabertos. Sorri minimamente.

Detestava ver o quanto ele estava cansado e exaurido por causa daqueles pesadelos.

Mas ele que os provocou, reprovou minha consciência, que andava meio sumida.

Ele está diferente agora, pensei, tentando defendê- lo.

Bastou o Parker pegá-la de jeito e você já está defendendo ele?, alfinetou ela. Revirei os olhos, parando de falar comigo mesma. Afinal, Kai que era doido e não eu.

— Estamos chegando — ouvi Tyler dizendo.

Olhei para ele, dirigindo calmamente pela estrada escura. Pude ver a faixa de terra que os faróis iluminavam. Liv dormia profundamente no banco da frente.

Suspirei me aconchegando no peito de Kai.

— Bonnie… — sussurrou, em meio ao sono.

Olhei para ele, sorrindo como uma boba. Ele está sonhando comigo, pensei, praticamente dançando de felicidade. Kai está sonhando comigo!

E quando dei por mim, estava tocando sua bochecha, sentindo a maciez de sua pele alva. Pude ver algumas sardas claras em seu nariz, as sobrancelhas grossas e definidas. E aqueles lábios...

Ele é tão bonito, pensei, levemente ofegante. Vê-lo daquela forma, tão sem máscaras e desprotegido, provocava sentimentos estranhos em mim. E eles eram muito fortes...

— Bonnie, chegamos — murmurou Tyler, estacionando o carro.

Eu estava tão imersa e perdida na beleza de Kai, que me assustei, quando meu amigo chamou.

— Hã… Ok — murmurei.

— Acorda o Kai — pediu ele, mas não parecia muito feliz com aquilo.

O vi sacudir Liv levemente.

— Não… Luke, me deixa dormir, mais um pouco… — disse ela, ainda dormindo e se virando no banco do carro.

Tyler e eu trocamos olhares preocupados. Liv ainda não havia superado a morte de seu irmão, e ainda sonhava com ele. Aquilo era realmente triste.

Tyler a sacudiu um pouco mais.

— Tyler? — murmurou ela, sonolenta — Já chegamos?

— Sim.

Olhei em volta através da janela, mas estava muito escuro e não dava para ver um palmo à frente. Suspirei, olhando para Kai novamente.

Não queria acordá- lo. Ele parecia tão bem. Foi o sono mais longo que ele já teve em dias. Porém,  era necessário.

Toquei seu ombro, o sacudindo com delicadeza.

— Kai, acorda — chamei, mas ele não se mexeu — Kai.

Ele vivia tendo aqueles pesadelos e não queria que ele acordasse assustado mais uma vez. Toquei em sua bochecha carinhosamente.

— Kai — ele  se remexeu um pouco — Kai —  Dei um beijo em seu rosto, e ele começou a se mexer — Ei, acorda — murmurei, dando outro beijo em sua bochecha.

— Hum… — fez ele se espreguiçando — Bonnie?

E abriu os olhos azuis-cinzentos.

— Boa noite, dorminhoco — disse eu sorrindo para ele.

Ele sorria também, me olhando de um modo estranho.

— Eu tive um sonho muito bom — explicou, me olhando de maneira divertida — Espero que o fato de eu estar acordado, valha a pena.

E claro que fiquei rubra de vergonha, pois sabia que ele havia sonhado comigo. 

— Você fica linda quando enrubesce desse jeito — sussurrou, me prendendo naquele mar cinza.

Desviei os olhos, sem saber o que dizer.

Descemos do carro e Tyler nos levou até um pequeno chalé de construção baixa, todo em madeira e pedra. Era lindo, como uma casa de contos de fadas.

Ele nos deixou na varanda.

— Toma — disse ele, dando o que pareciam ser chaves na mão de Kai.

Franzi as sobrancelhas.

— Você e  Liv não vão ficar conosco? — perguntei, subitamente nervosa.

Tyler sorriu torto.

— Não, vamos ficar no outro chalé — e apontou para além de uma grande clareira, onde havia uma pequena cabana como a nossa — Liv já está lá — explicou — E se precisarem de qualquer coisa é só ligar.

E saiu, indo em direção ao outro chalé.

— Já que estamos em uma lua de mel forçada — disse Kai, encostado contra a porta — Quer que eu a carregue para dentro?

Revirei os olhos.

— Kai, estou cansada — murmurei com um mal humor súbito — Abra logo a porta.

Ele riu e abriu 

Levamos nossas malas para dentro.

Estávamos em uma pequena sala, com uma decoração rústica, porém aconchegante. Havia uma lareira, dois sofás e duas outras poltronas. Uma estante cheia de livros no canto. Tudo ali era muito reconfortante.

— Ah, não… — gemeu Kai, parecendo desesperado.

O encarei, alarmada.

— O que foi?

Ele caminhou até o centro da sala com as mãos nos cabelos.

— Meu Deus… essa coisa pré-histórica vai ser a nossa TV?

E segui seu olhar.

Havia uma televisão super antiga, daquelas de madeira e com um grande tubo atrás. Vi alguns botões ao lado da tela, sinal de que não tinha controle remoto. Eu ri.

— Você está chocado com isso? — perguntei, colocando as mãos nos quadris — Aliás, essas TVs não são da sua época?

Ele olhou para mim, parecendo bravo.

— São, mas não quer dizer que eu goste — explicou ele e  se abaixou para ligar a coisa — Tomara que tenha...

A TV acendeu em um noticiário e a imagem era péssima.

— Não tem TV à cabo?! — Ele parecia chocado.

Saí da sala, deixando Kai e suas loucuras.

Como pude me casar com um homem tão infantil?, perguntei, andando pelos cômodos.

Ao todo o chalé tinha uma cozinha de tamanho médio e bonita. Um banheiro. Até aí, tudo bem.

Mas só tinha um quarto...

E isso não era tão bom assim.

Me perguntei porque estava tão preocupada com aquilo, já que eu e Kai, dormíamos juntos o tempo todo.

Mas, estranhamente, eu sentia que tinha algo acontecendo entre nós. Algo que nem nós percebemos...

— Bonnie, tem um vídeo cassete! — resmungou Kai lá da sala — Tem como ficar pior?!

— Bom, pode não haver fitas — gritei de volta — Isso sim seria um pesadelo.

O bruxo soltou uma imprecação. E claro, aquilo me fez rir. Kai tinha seus momentos.

Cinco dias foi o suficiente para eu descobrir que Kai era o ser mais hiperativo do mundo. Ele simplesmente não conseguia ficar quieto um minuto sequer.

Falava o tempo todo, estava sempre tentando consertar alguma coisa na nossa cabana. E ele fez faxina em todos os cômodos da casa. Duas vezes. Em um único dia.

Depois de nosso "atracamento" no banheiro daquele posto de gasolina, Kai ficou completamente descarado.  Não fazia a mínima questão de esconder o quanto estava atraído por mim. Em um desses dias, eu estava na cozinha preparando o almoço, quando ele chegou por trás de mim de surpresa, com a boca bem perto da minha orelha e sussurrou: 

— Imagine, você, sem toda essa roupa?

Na mesma hora, o despachei da cozinha sob a ameaça de bater nele com uma colher de pau. E idiota como ele era, achou a idéia maravilhosa, pois curtia aquele lance — sob suas palavras — sadomasoquista. Porém, saiu rindo.

Kai conseguia ser a pessoa mais irritante que eu conhecia.

Mas de uma forma esquisita, nós estávamos nos dando muito bem. Não sei se era o ar do campo e das montanhas, mas eu e Kai estávamos realmente aproveitando a presença um do outro.

Obviamente, agora dormimos oficialmente no mesmo quarto. E às vezes passamos a madrugada toda conversando. Falávamos sobre tudo. 

Sobre aquele bruxo, sobre nossos amigos, sobre coisas engraçadas. Eu simplesmente não estava mais conseguindo ficar séria na presença dele. Kai estava sempre me fazendo rir. Tudo era assunto para uma longa conversa, exceto nossa relação. Eu não queria entrar nesse assunto e ele parecia perceber isso, pois nunca mencionava algo relacionado, mas nunca deixava de tentar dar em cima de mim. Mais de uma vez tive que fugir dele, pois sempre que Kai se aproximava muito, eu tinha medo de perder o controle.

E quando não estava com ele, estava com Tyler e Liv, caminhando pelo campo e falando sobre um monte de coisas, mas não gostava muito de ficar com os dois, pois brigavam o tempo todo. E sabia que faziam aquilo porque ainda sentiam algo um pelo outro, mas eram orgulhosos demais para admitir.

E eu não tinha vocação para ficar de "vela".

***

Eu estava aproveitando a tarde, deitada na espaçosa cama de casal.  A luz do sol — não a fria e invernal de Mystic Falls, entrava pela janela do chalé, deixando o quarto de cores quentes muito mais caloroso. Virei a página do livro em minhas mãos. 

"Orgulho e Preconceito" era de meus romances preferidos.

Estava na cena em que Elizabeth conhece o Sr. Darcy em um baile e onde ali formam uma opinião apressada sobre a personalidade do outro.

— Não acredito que você esteja me trocando por Jane Austen —resmungou Kai, com o queixo apoiado em minhas costas. Acabei descobrindo que o melhor modo de mantê-lo de boca fechada, seria se o deixasse ficar perto de mim, mas acho que meu plano não estava dando certo.

—Shh! Eu tô lendo — disse eu, tentando me concentrar.

O ouvi bufar, mas ele não disse mais nada. Senti sua mão deslizando por debaixo de minha blusa. Subindo e descendo pelas minhas costas. Deixando minha pele toda arrepiada. 

— Para com isso — murmurei, sentindo meu coração dar uma guinada forte.

Ele riu.

— Se divirta aí, que eu me divirto aqui.

Tentei não dar importância para aquilo e forcei meu cérebro a se concentrar na leitura outra vez, porém, estava sendo impossível com Kai me tocando daquela forma. Senti sua mão quente e deliciosamente áspera subindo e descendo por minhas costas, me deixando louca.

— Kai — soltei, ficando subitamente brava com ele — Eu estou tentando ler. O nosso acordo foi: você fica quieto e eu o deixo ficar aqui.

Ele riu.

— Mas, eu não estou fazendo nada, Bon… — murmurou com a voz mais descarada de todas — Não tenho culpa se você não resiste a mim.

Virei a cabeça, por cima do ombro, o encarando. Kai me olhava com o mesmo ar divertido, mas podia ver aquela flama azulada queimando em seu olhar.

Fiquei irritada com ele. E mais irritada ainda por não conseguir controlar o que eu sentia por aquele sociopata de uma figa.

— Cala a boca, idiota — murmurei, ficando rubra de raiva.

Ele sorriu de maneira diabólica.

— Você sabe como pode me calar — disse ele, olhando de um modo totalmente canalha para minha boca.

Engoli em seco.

Me virei, fechando o livro em minhas mãos, querendo sair da influência enlouquecedora que era seu olhar. Ele bufou.

— Estou cansado disso — resmungou.

E rapidamente, arrancou o livro de minhas mãos. Ouvi o som do baque que ele fez ao ser jogado porta afora do quarto, caindo no chão. Comecei a me virar para perguntar o que diabos tinha dado nele, porém, Kai foi mais rápido, me virando de barriga para cima e colando seu corpo ao meu.

Ele se deitou sobre mim, cuidadoso, mas ainda assim firme, impedindo minha fuga.

— O que você está fazendo? — questionei, confusa e assustada.

Tentei empurrá- lo de cima de mim, mas claro, ele era bem mais pesado que eu. Kai foi mais rápido, segurando minhas mãos acima de minha cabeça, contra os travesseiros.

— Me solta, Kai! —rosnei.

Entretanto, aquele sociopata desgraçado, já não escutava o que eu dizia. Kai olhava para meu corpo, mordendo o lábio daquele modo que me enlouquecia. Ele parecia estar avaliando todas as possibilidades do que poderia fazer comigo.

Senti seu coração acelerar em meu peito, juntamente com o meu.

Ele aproximou seu rosto.

— Você quer realmente me trocar por um livro idiota?— sussurrou ele, roçando seus lábios contra os meus.

Arfei, desesperada.

— Droga, Kai, me solta… — sussurrei, sentindo um desejo abrasador me tomar.

Ele riu.

— Não até concluirmos nossos assuntos inacabados — sussurrou ele, mordendo meu lábio inferior de forma provocante e deliciosa.

— Ah… — gemi.

Sabia que seria apenas uma questão de tempo até ceder a aquele desejo louco. E nesse momento, Kai teria tudo o que queria de mim.

♡♡♡♡♡

Nota da Autora : 

Olá queridos, 

Pois é, o menino Kai tá ficando cada vez mais impaciente com a nossa BonBon. Será que dessa vez rola? Ou a Bonnie vai conseguir escapar dele de novo?

Cenas nos próximos capítulos ;b

Beijinhos xxx. Até mais! o/

Continue Reading

You'll Also Like

36.7K 2.2K 34
Após derrotar um velocista do futuro, o Flash acaba encontrando o amor nos braços de sua amiga, Caitlin Snow. Mas, a chegada de uma garota misteriosa...
18.9K 1K 33
↷✦;Wanda está tentando seguir em frente depois de ter feito a realidade para conquistar vision e Steve está tentando seguir em frente depois de Peggy...
984K 51K 143
Nós dois não tem medo de nada Pique boladão, que se foda o mundão, hoje é eu e você Nóis foi do hotel baratinho pra 100K no mês Nóis já foi amante lo...
100K 5.7K 24
5 anos após a guerra, cada um seguiu seu caminho. Hermione virou uma auror renomada, assim como Harry e Ron. O que ela não sabia é que nem todo mundo...