Acordei e parecia que eu tinha ficado mais cansada ainda, olhei de um lado para o outro e vi o mesmo homem de antes... Joshua.
-Quanto tempo eu dormi?
-Bastante, um pouco mais de 12 horas. -suspirei e me sentei no colchão.
-Você dormiu no chão?
-É... algo assim. -ele respondeu, me encarando.
-Ainda não gosto disso, ficar conversando com um estranho.
-Se você lembrasse, eu não seria um estranho.
-Lembrasse do quê?
Antes que ele pudesse responder seu semblante mudou, ele fez uma careta de dor e colocou a mão na cabeça.
-Qual o seu problema? Você está bem? Não que eu importe, só não quero que seu cérebro exploda aqui na minha frente sem eu ter ao menos uma câmera pra tirar uma foto.
Ele não respondeu, a dor ainda parecia estar forte. Alguns minutos de silêncio depois ele já estava normal novamente.
-Sabia que você é super meiga e delicada?
Apenas dei de ombros e lancei meu melhor olhar de "eu sei disso". Novamente o silêncio tomou conta do lugar todo, eu conseguia ouvir meus batimentos cardíacos.
-Então por que está aqui?- ele perguntou tentando quebrar o clima.
-Bati em um otário que jogou refrigerante em mim.
-Digo... por que está nesse reformatório?-Joshua se corrigiu.
-Assaltei uma loja com um bando de idiotas que me deixaram para trás e depois espanquei um policial até a morte... e você?
-Na verdade foi um engano... Me acusaram de ter assassinado a minha ex namorada, mas não fui eu, alguém armou para mim.
-Você não parece ser um garoto responsável, nem ao menos uma boa pessoa. -disse sarcástica e gargalhando da cara de tacho que ele fez.
-Olha quem fala... a garota que espancou um policial até a morte. -disse, rindo também.
-Eu não sei o que aconteceu... de repente eu não tinha mais controle sobre mim mesma, eu não consegui segurar a raiva e simplesmente aconteceu, quando voltei a realidade foi quando ganhei isso aqui. - falei abaixando a manga da blusa e mostrando o curativo para ele.
-Então você tem problemas para controlar a raiva?
-Na verdade eu não sei... provavelmente... aquele policial estava me apalpando, de repente eu não comandava meus pensamentos, foi... Bom. -disse olhando para o chão.
-Você diz que foi bom a sensação de matar um homem ou de poder descontar sua raiva?
-Foi bom ter perdido a sanidade por alguns minutos, e descontar a minha raiva, mostrar que eu não vou abaixar a cabeça pra aquelas pessoas.
-Você tem razão. -ele diz de repente.
-Do que está falando?
-Não sou exatamente uma boa pessoa... mas não matei minha ex, eu apenas era um traficante de 2°, quando me pegaram, me mandaram direto para cá, como se eu fosse virar uma pessoa melhor... mas na verdade isso aqui foi bom para mim, até um tempo.
Fiquei ali parada olhando para ele, não sei porquê mas ele parece o tipo de pessoa que eu aturaria no dia-a-dia.
-Não sei porquê mas você me parece o tipo de pessoa que eu aturaria no dia-a-dia. -revelei.
-Sério? Nossa... me sinto honrado. -disse fazendo uma reverência.
Sem ao menos avisar ou falar algo, me deitei e voltei a dormir.
***
-Hey acorda garota... sua comida, melhor ir com calma porque só vai receber mais amanhã. -o segurança falou, deixando uma bandeja com arroz, carne e purê de batata junto com uma caneca de alumínio com água, no chão.
-E a bandeja do Joshua? -perguntei.
-Quem?
Me virei e olhei por toda a sala mas não vi Joshua, como ele saiu?
-É... Nada não, até amanhã- eu disse confusa. -Espere... Achei que só ia ganhar pão e um copo d'água.
-Se quiser eu posso trazer para você. -respondeu, me encarando com o rosto sem expressão.
-Ah já entendi, vocês só falam as coisas para assustar as pessoas dessa droga de lugar... Inteligente. -falei, pegando a bandeja.
Ele me ignorou e saiu. Sentei no colchão apoiando minhas costas na parede e comecei a comer, aquela gororoba era horrível.
Terminei de comer e comecei a pensar no Joshua, quando foi que ele saiu? Isso é tão estranho porque aquele segurança loiro me disse que ninguém saia, meus pensamentos foram interrompidos pelo barulho de alguém tossindo falsamente.
-Sentiu saudades? -Joshua perguntou, se aproximando.
-Como você saiu daqui?
-Não saí... Eu estava aqui o tempo todo.
-Ah sim, eu sou cega né?
-Não... estou brincando. -ele disse, sorrindo nervoso.
-É sério, da próxima vez que sair, me leve junto, já estou de saco cheio de ficar aqui dentro e só se passaram 2 dias.
-Isso é realmente um saco, mas não dá pra te levar comigo.
-Por quê?
-Eles iriam perceber, não acha?
-Como se eu me importasse...
-Deveria, cada vez que se comporta mal aqui, consegue mais um semana de brinde.
Revirei os olhos e me deitei na cama
-E como é que eles não perceberam que você saiu?
-Talvez eles tenham percebido, só não quiseram demonstrar.
-Qualé... Não sou idiota, eles não perceberam, posso ter muitos problemas mentais, mas burra não sou.
-É, você está certa, mas essa história é pra outro dia, quem sabe eu te conto na próxima vez que você vier para cá?
-E quem é que te garante que eu vou voltar? -perguntei com ironia.
-Eu sei que vai e eu duvido que vai demorar muito. -respondeu arqueando as sobrancelhas de modo desafiador.
-Vai se ferrar. -falei não conseguindo pensar em uma coisa melhor.
-Tão adorável. -disse me encarando.
Fiquei deitada olhando para o teto até ouvir a porta da cela sendo aberta novamente.
-Vem, está na hora de sair daqui.
Quando olhei para ver quem era meu salvador, vi o "Diretor" parado na porta
-Já se passou uma semana?
-Não, mas você vai sair.
-Ah é verdade, é como a história do pão, apenas para assustar... Se eu fosse vocês usaria outra tática pois essa não funcionou comigo.
-É só esperar, depois de um tempo começa a funcionar, vai por mim.
Revirei os olhos e sai da sala sendo seguida pelo Sr.Rechonchudo.
-Faz quanto tempo o Joshua está naquela sala, quer dizer tirando as vezes que ele sai? -perguntei sem me virar para trás.
-Que Joshua? -ele perguntou confuso. -Parece que seus problemas mentais são mais sérios do que eu imaginava.
-Não tem nenhum segurança aqui agora, te aconselho a não falar isso! -disse com raiva.
-Tudo bem, senhorita Turner, não quero te aborrecer, mas o que estou falando é sério, na sua ficha consta déficit de atenção e problemas para controlar a raiva.
-Que se dane, eu realmente não me importo e se alguém ficar sabendo disso nessa droga de reformatório, eu vou matar um por um.
Ele não respondeu, apenas continuou andando até sairmos do prédio. Ele fez questão de me seguir até o meu quarto. Quando chegamos, entrei e fechei a porta na cara dele. Quando me virei, dei de cara com Sydney sentada em sua cama, me olhando confusa.
-O que você está fazendo aqui?
-Nem parece que está feliz em me ver. -falei sarcástica
-Não faz uma semana que você foi para lá... por que já voltou?
-Pergunta pro idiota que se intitula diretor dessa droga
-Ele te tirou de lá? -ela perguntou com um tom de dúvida.
-Não, na verdade eu saí voando e dei com a cara no teto, aí desisti e usei meu poder de transportar para sair de lá.
Bufei e terminei nossa conversa me jogando na minha cama.
***
Oi pessoal, tudo bom? Gostaram do capítulo? O que estão achando do misterioso Joshua, hein? O que estão achando dele com a Savannah? Dêem suas opiniões e obrigada por lerem esse capítulo.