Céu Noturno (Finalizada)

By lexiifreitas

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O comum e o monótono não existem em Céu Noturno. Duas vidas completamente opostas, chances de se cruzarem? Mí... More

Coffee
Problemas a bordo
Bem-vinda a rua, posso ajudá-la?
Nova funcionária
Balada boa
Mar em chamas
Mais 1 em 7 bilhões
Hs2O
DNA NDA
Desistir
Agnes
O plano perfeito
A rosa
Epílogo

Desatando Nós

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By lexiifreitas


Christopher

Num impulso coloquei os braços embaixo de seu corpo e peguei-a no colo, descendo as escadas com cuidado, mas ligeiramente. Lizz vendo a cena arregalou os olhos e veio em minha direção.

— O que aconteceu?

— Eu não sei, ela não acorda. — Respondi indo em direção à porta. — Abra a porta, por favor, Lizz. — E assim ela fez. — Pegue nossas coisas e venha para o carro.

— Aonde vai levá-la? — Ela perguntou já atrás de mim segurando as chaves e as bolsas.

— Vou levá-la para a clínica, para o centro médico de lá. — Lizz abriu a porta traseira do carro e eu ajeitei seu corpo deitando Sophia no banco.

— Ela está morta? — Lizz perguntou sem entender completamente o que estava acontecendo.

Hesitei. Peguei no pulso de Sophia, a pulsação estava devagar, mas ainda estava lá, havia uma chance então.

— Não, mas temos que correr se quisermos salvá-la. — Ela concordou e entrou no banco do passageiro, virei a chaves e acelerei, seguimos de volta ao centro de New York na metade do tempo em que viemos para Manhattan.

Estacionei em frente à clínica, eu já sabia o endereço, passava por lá quando ia para a empresa, Lizz desceu e me ajudou a retirar Sophia do carro, ainda desacordada. Corri para portaria, uma enfermeira veio ao nosso encontro em passos rápidos.

— Precisam levá-la ao centro médico, eu falei com vocês há alguns minutos por telefone. — A senhora era de estatura baixa, magra, de cabelo louro preso num coque com um laço branco, um batom suave nos lábios, algumas rugas em volta dos olhos, imaginei que deveria significar alguns anos de experiência, eu esperava que isso ajudasse a salvar Sophia e o bebê.

— Qual é o nome dela? — Seus olhos estavam calmos, mas demonstravam atenção.

— Sophia. Sophia Locke.

Ela colocou uma prancheta em cima do sofá branco na sala de espera e deu sinal para outros dois enfermeiros, morenos e robustos que traziam uma maca. Os ajudei a colocá-la ali, e assim eles seguiram para encontrar o médico, não pude acompanhar, e por ali fiquei. Sentado e segurando a mão de Lizz enquanto esperávamos, duas vidas corriam risco.

Alguns minutos se passaram e a mesma enfermeira cruzou a grande porta de vidro, vindo em nossa direção.

— Como ela está? — Ela tirou a touca de algodão que usava na cabeça e respirou fundo.

— Fizemos os socorros, e um raio-X, a paciente teve uma intoxicação de remédios, sabem alguma coisa sobre o ocorrido?

Lizz me encarou e deu sinal para que eu contasse o que havia acontecido.

— Ela tentou se matar, cheguei a tempo e fiz ela vomitar o que havia ingerido, depois recolhi todos os comprimidos e frascos de remédios que ela havia pegado. — Suspirei passando a mão na testa e limpando gotas de suor.

— Parece que ela tinha alguns reservas então, mas ela está grávida, isso não é comum, sabe o motivo de ela ter feito isso? — Sua expressão revelava que ela já sabia a resposta. Meus pensamentos se confirmaram, quando ela fixou o olhar em minha mão entrelaçada com a de Lizz.

— Não. — abaixei o olhar e neguei com a cabeça. — Não faço ideia, ela vem tendo um comportamento estranho de uns dias para cá.

A enfermeira mordeu o lábio e fez algumas anotações em sua prancheta.

— Podemos vê-la?

— Infelizmente não, ela está descansando, o efeito vai demorar um pouco ainda, mas ela está bem, e o bebê também não corre risco, ela ficará sobre nossa observação durante um tempo, como já havíamos tratado, mas fiquem tranquilos que ela passará bem. Liguem sempre que quiserem vê-la, só preciso que assine alguns papéis para a internação, tudo bem?

— Claro. — peguei sua caneta emprestada assinando meu nome no rodapé das folhas que ela me apresentava.

Os pais de Sophia também teriam que assinar, então tratei de avisá-los antes que saísse da clínica.

Lizz me abraçou.

— Espero que eles fiquem bem. —Ela me disse com um olhar preocupado.

— Vão ficar. — afirmei. — Preciso comunicar aos pais dela sobre o que aconteceu. — Tirei o celular do bolso. — Espere aqui, vou ali fora telefonar e já venho te encontrar para irmos para a casa, está bem?

Ela balançou a cabeça e eu lhe beijei suavemente.


Sophia

Sentia uma dor latejante em minha cabeça, minha visão se alternava entre a luz e a escuridão enquanto eu tentava abrir os olhos lentamente, minha pupila demorou a se acostumar com o tom claro, onde eu estava? O que havia acontecido?

Senti uma pontada forte em minha cabeça e depois de um sufoco gritei de dor.

Ainda com a visão com pouco embaçada, mas já conseguindo avaliar o local, enxerguei uma mulher de branco parada ao meu lado me observando. As luzes florescentes da sala irritavam os meus olhos, eu estava deitada em uma cama, tudo ali era branco demais desde os lençóis até as paredes, no teto uma claraboia que deixava um pouco da luz do sol e o ar entrar, mas quase tudo era cercado com grades, ao lado da cama havia alguns aparelhos hospitalares.

— Onde eu estou? — Ofeguei e virei-me para a mulher.

— Senhorita Sophia, você está em uma clínica, vai receber tratamento durante um tempo até que melhore, não se preocupe. — Ela tentava manter a voz serena.

— Clínica? — Eu tentei levantar meus braços enquanto falava, mas não consegui, eles estavam presos por uma espécie de cinto ao lado da cama. — Solte meus braços! Eu vou embora daqui!

— Não posso, não agora. — Ela me encarou com a mesma serenidade que já me irritava. — Não será sempre assim, apenas preciso que se mantenha calma enquanto estiver em observação.

— Eu estou grávida. Grávida! — Destaquei a palavra ao dizê-la pela segunda vez. — Não podem me manter aqui! — Sacudi os braços tentando me soltar dos cintos, mas foi em vão.

Minha cabeça agora pulsava, eu enxergava com mais clareza, olhei o nome do local no uniforme da mulher que ainda me observava sem se mexer, acima do seu nome bordado no jaleco havia o nome de uma clínica psiquiátrica.

Clínica psiquiátrica? Você não é louca, Sophia! Precisa sair daqui. Precisa sair daqui. Você não é louca. Precisa sair daqui.

As mesmas vozes em minha cabeça voltaram a sussurrar, eu concordava ao ouvir as palavras em minha mente e fazia força para tentar me soltar.

— Me tirem daqui! — Eu dei um grito logo e fino, a enfermeira me encarou com os olhos arregalados, continuei os gritos aumentando o tom e debatendo-me na cama, eu ainda estava presa, e não sabia por quanto tempo.

Você é fraca, Sophia. Vai ficar presa aqui para sempre.

A voz sussurrou em minha mente e eu lhe dei uma resposta imediata.

— Não! Não! Não! — E soltei mais um longo grito, parei quando senti algo me furando, olhei meu braço, a enfermeira estava me aplicando uma injeção, assisti o líquido terminando na seringa até ela retirá-la.

Eu me sentia fraca, minha visão começou a embaçar novamente.

Te derrotaram mais uma vez.

A voz sussurrou mais uma vez, dessa vez ela estava certa, mas isso não significava que eu aceitaria isso, lágrimas saíram de meus olhos escorrendo pelo rosto até que eu fui levada de novo para o meu subconsciente.


Duas semanas depois...


Elizabeth

O sol em minha pele causava uma sensação gostosa. Fechei os olhos aproveitando tal conforto, parando na varanda de casa.

— Aproveitando o tempo, Senhorita Hazard? — Christopher enlaçou minha cintura por trás e depositou um beijo em meu pescoço.

Eu sorri e abri os olhos lentamente, virando-me para ele. Seu terno preto estava como sempre, bem arrumado, mas a gravata azul clara se destacava.

A cada dia que passava ele ficava ainda mais irresistível...

— Exatamente isso, Senhor Docsoon..

— Sentirei sua falta hoje. — Sussurrou e sorriu.

— Mas já está na hora do almoço! E logo você estará de volta e eu também...

— Ter você na empresa alegra meu dia e me acalma.— Beijou-me e amoleci em seus braços correspondendo avidamente.

— Dia lindo em New York! Vocês já estão prontos?! Porque eu... Ah! —Doon que vinha todo animado em nossa direção, pronto para mais um dia de trabalho, arregalou os olhos e riu. — Isso que eu chamo de amasso!

Me desagarrei de Christopher e senti minhas bochechas esquentarem. Ouvi a risada deles e ri junto.

— Então... Acho que está na hora de vocês irem. Não quero atrasá-los.

Doon riu e veio me abraçar.

— Safada. — fez uma careta bem humorada.

Bati em seu ombro levemente e ri.

— Vá logo. — Resmunguei.

Christopher beijou minha testa e em seguida arrastou Doon em direção ao seu carro.

Suspirei e o sol já não me reconfortava mais. Minha tarde seria um pouco diferente longe da empresa, eu iria à clínica, mas não contei para ninguém, não queria preocupá-los.

***

No fim da tarde eu já estava exausta. Acabei parando no centro e comprei algumas roupas. Logo elas seriam necessárias.

Estava me preparando para ligar o carro e ir para casa quando o som do toque do meu celular me assustou. Olhei o nome no identificador de chamadas e sorri.

Christopher...? — Ajeitei o celular na mão e botei a bolsa no banco de trás.

Ah minha Lizz... Como eu amo a sua voz. Onde você está?

Dirigindo, fui até a clínica, mas não se preocupe.

À clínica? — Seu tom logo mudou de leve para preocupado.

Sim, mas não se preocupe, eu já estava indo para casa agora...

Não!...Eu estou saindo daqui, achei que poderíamos jantar fora, o que acha?

Claro! Apenas me diga onde te encontrar.

Perto do Central Park, te levei lá uma vez, lembra-se?

Sim. — As lembranças dos nossos momentos lá me inundaram — Te encontro lá.

Então até daqui a pouco.

Até...

Desligamos e suspirei.

Ah meu Christopher... O que fará comigo?

Eu estava ansiosa. Mas não adiantava me lamentar. Agora não tinha mais volta.

***

Quando estacionei, vi Cristopher parado do outro lado da calçada me esperando com um sorriso em frente ao restaurante, talvez estivesse ali fora porque dirigi devagar propositalmente. A ansiedade fazia minhas mãos tremerem.

— Eu já ia te ligar... — sussurrou em meu ouvido ao me abraçar.

— Ah, tinha um pouco de engarrafamento, bem típico, não?

— Verdade. Vamos jantar?!

Meu estômago se revirava e aquele simples detalhe me fez suspirar.

O restaurante era uma mistura de comida japonesa, chinesa e coreana. Tudo delicioso, eu mal sabia escolher o que comer. Christopher me acompanhava na dúvida.

— Se eu ficar gorda, inchada a ponto de você não gostar mais de mim a culpa será toda sua. Isso é maravilhoso! — Peguei um rolinho primavera e mergulhei no molho agridoce, comendo em seguida.

— Seremos dois então... — sorriu e eu o acompanhei, levando um guardanapo à boca.

Terminamos o jantar em silêncio, eu estava aflita e pelo que pareceu, ele não havia notado. Pagamos a conta e Christopher começou a caminhar comigo em direção ao Central Park.

New York iluminada era uma visão impressionante. Tudo estava meio vazio e o clima uma maravilha.

— Uma caminhada para gastar calorias?

— Claro, já estou com dor na consciência por ter comido tanto...

Rimos e continuamos a andar abraçados.

— Sabe... Ainda é tão estranho como minha vida mudou. — Olhei para os meus pés.

— O que quer dizer? — Senti certa aflição em sua voz.

— Apenas que estou feliz, muito feliz. E agradeço por ter você em minha vida. — Eu lhe disse parando e olhando no fundo de seus olhos.

— Eu também, Lizz, você mudou tudo... Meus conceitos... Me fez perceber muitas coisas, me fez crescer, me fez saber o que é amar de verdade, o que é ser feliz. O que é compartilhar sentimentos, pensamentos e situações. Eu amo cada parte de você... E por isso... E-Eu... — Ele gaguejou, suspirou e em um único movimento ajoelhou-se a minha frente, com uma caixinha aberta estendida, dentro havia uma linda aliança dourada com brilhantes na parte da frente. Simplesmente perfeita. — Você me daria à honra de compartilhar a minha vida contigo? De ser...Minha esposa?

Meus olhos se arregalaram e engasguei com a minha própria saliva. Eu não esperava por aquilo! Meus olhos se encheram de lágrimas e varrendo o local com um rápido olhar lembrei-me que há meses atrás fora exatamente aqui que trocamos o nosso primeiro beijo.

— Oh Meu Deus... Eu aceito, quer dizer, nós aceitamos. — Enxuguei as lágrimas com as costas da mão e esperei sua reação.

— Nós? — Seu rosto se contorceu em confusão.

— Estou grávida, Christopher. — Sorri e mordi o lábio em seguida. Isso não estava nos planos, o que ele acharia?

— Você... O que? Grávida... Grávida mesmo? — riu de forma nervosa. Observei-o mais atentamente e percebi que seus olhos estavam marejados.

— Sim... Eu sei que não estava nos planos, mas hoje quando eu disse que fui à clínica, fui fazer o exame. —Abaixei a cabeça e torci os dedos uns nos outros.

— Então era isso. — Ele me olhou e vi um brilho em seu olhar que jamais havia visto antes.

Arquejei de surpresa quando fui pega em um abraço de urso. E pelo fungar que ouvia, ele estava chorando.

— Obrigado. — Ele sussurrou ainda em um abraço protetor. — Não se preocupe, não estava nos planos, mas é muito melhor! Vamos... Vamos ser ótimos pais.

Ele havia gostado!

Abracei-o de volta, permitindo que toda a felicidade que fora encoberta com a preocupação viesse à tona. Seriamos pais! Uma vida dependeria totalmente de nós daqui a alguns meses.

— Isso é tão assustador! — Apertei-o ainda mais contra mim.

— Eu sei! — riu — E maravilhoso!

— Sim, é ótimo.

Ele afastou seu rosto em seguida, olhando em meus olhos por longos minutos.

— Você me faz tão feliz... — beijou-me.

Era isso que sempre quis para minha vida, ter uma família, ser amada por alguém e saber que poderia dar ao meu filho tudo que eu não consegui ter.

— Você também... Eu te amo tanto. — Resmunguei e o beijei. — Amo vocês dois. — Eu disse levando a mão à barriga, ele colocou sua mão sobre a minha e abriu um sorriso. Depois suas mãos deslizaram por minhas costas e apertaram minha cintura.

— Então quer dizer, que vocês aceitam? — Estendi minha mão direita e Christopher calmamente tirou a aliança da caixinha, guardando-a no bolso. Calmamente, ele deslizou o aro para o meu dedo. Eu ria como idiota, assim como ele. Logo nos beijamos como uma forma de selar o compromisso.

— Sim. Mil vezes sim!

Balançou a cabeça em descrença e pude ver algumas lágrimas deslizando por suas bochechas novamente.

— Tive medo da minha escolha, sei que não gosta de coisas chamativas.

— Como sempre você acertou em tudo. Ela é perfeita!

Sorriu e apalpou minha barriga de leve mais uma vez.

— Mal posso esperar...

— Nem eu.

Trocamos mais um beijo e começamos a caminhar abraçados de volta para o restaurante, onde estavam os carros.


Christopher

O sol brilhava intensamente naquela manhã. Tudo parecia mais vivo, o mundo todo parecia piscar ao meu redor. Era incrível como a minha vida tinha mudado desde a manhã em que fui ao You are. You eat. Com a simples intenção de tomar o meu rotineiro café. Naquela manhã, o destino começava a escrever a minha história.

Conhecer Lizz foi a melhor coisa que poderia ter me acontecido e embora tenha tido dias tenebrosos com nuvens negras, ela sempre aparecia como o meu sol particular para tornar tudo melhor. E agora o meu Sol me daria mais um motivo para brilhar... Eu realmente não esperava a notícia da gravidez, estava tão preocupado e tenso com o pedido de casamento que não percebi que ela também estava envolta em sua camada de nervosismo. Eu deveria saber que estava preocupada com algo, escondendo algo.

E então o que eu achava que não poderia ficar ainda melhor após ela dizer o seu "Sim" ficou, recebi a notícia que vem preenchendo o meu coração com um amor incondicional: Lizz grávida de um filho meu.

O pensamento pesou em meu coração e a saudade irracional de tê-la em meus braços me fez sair correndo de minha sala a sua procura. Ela estava saindo da sala de Megan com alguns papéis na mão, quando a peguei em meus braços esmagando meus lábios nos dela.

— Já disse que te amo? — Sussurrei. Ela riu contra meus lábios e rolou os olhos.

— Só umas mil vezes, mas mesmo assim é sempre bom ouvir. — abriu um lindo sorriso.

— Eu te amo. — Eu estava agindo como um completo bobo apaixonado, como Megan gostava de dizer, mas quem se importava? Eu tinha tudo e não cansava de aproveitar esta felicidade que a vida estava me proporcionando.

— Eu também te amo, Christopher. E se todas suas visitas forem assim, pode vir me visitar mais vezes.

Rimos.

— Elizabeth, você foi fazer essas porras desses papéis ou resolveu... — resmungou Brandon saindo da sala estupefato e se interrompendo ao nos ver. — Pra que papéis quando se tem Christopher Docsoon nessa empresa? — Ele rolou os olhos ao nos olhar ali abraçados.

— Exatamente. Christopher, você deveria colaborar mais conosco, sabe? Afinal, além da empresa, nós estamos trabalhando no seu casamento. —Megan saiu de sua sala e passou um braço ao redor dos ombros de Brandon.

— O quê? Trabalhando no meu casamento?

— Sim, estávamos planejando a decoração, o vestido, arranjos... Mas sua presença sempre deixa Lizz mole demais, então saia.

— Ah! Irmãnzinha, eu já te disse o quanto te amo? — Soltei Lizz delicadamente e abracei minha irmã de forma exagerada, que riu em meus braços.

— Bom, você tem demonstrado pouco o seu amor nessas últimas semanas. — Megan fez um de seus típicos beicinhos tristes.

— Sim, eu sei, me desculpe. Minha cabeça tem estado a mil, mas amanhã eu prometo que teremos nosso momento e sairemos juntos, só você e eu. O que acha? — segurei suas mãos e sorri ao ver o seu rosto se iluminar. Eu sentia falta disso. Megan sempre foi muito alegre e calorosa em tudo o que fazia, raramente a via triste e se a via, logo depois já estava feliz novamente só para ver as pessoas felizes ao seu redor. Era realmente incrível como ela conseguia me alegrar depois de um dia cansativo ou dar conselhos com os problemas que eu tinha. Era uma pessoa que nunca me abandou em nenhum momento de minha vida e que sempre esteve lutando em minhas batalhas junto comigo... Eu agradecia a quem quer que estivesse olhando-nos do céu, por tê-la em minha vida.

— Eu te amo, irmãzinha. — A frase saiu repentinamente, enquanto eu olhava para os olhos sempre brilhantes de minha irmã. Meu peito pesou com a saudade imensa que sentia de sua presença em meus dias.

Ela suspirou compreendendo o que minhas palavras ocultavam e concordando com o mesmo.

— Também te amo. — Murmurou me abraçando. O momento apesar de parecer convencional, era tão íntimo que meus olhos arderem com as lágrimas que eu segurava. Eu a estava a agradecendo.

— Ai que brilho! Eles são tão lindos. — Disse Brandon agarrado o braço de Lizz, fingindo secar lágrimas. Lizz concordou com um sorriso ao seu lado. Olhei para Megan e ela pareceu pensar no mesmo que eu.

— Nós também te amamos Brandon, polêmica ambulante! — Rimos e fomos abraçar os dois.

A nova copeira, Caroline, que estava passando e viu a cena nos olhou surpresa.

— Venha Caroline! — Brandon a chamou — Nós também te amamos mesmo que seu café não supere o da Lizz. — E rindo nós quatro corremos para abraçar a pobre mulher enquanto ela parecia nada entender. Hoje o dia estava realmente lindo! O amor reinava.

***

Os meses se passaram melhores do que eu poderia imaginar.

Lizz - agora de sete meses - irradiava sua alegria aonde quer que passasse. A notícia alegrou a todos e até o Senhor Karl Turrão partilhava da mesma alegria, que ainda se desculpava conosco por ter nos julgado tanto e acreditado em Sophia. Era irracional não ver o bem que Lizz fazia não só a mim, mas também a família que ele tanto amava.

Sophia estava indo bem com a internação, sempre que podíamos íamos visitá-la. Parecia que a breve chegada de seu bebê a animava e a ajudava na recuperação, mesmo que seus surtos para sair de lá fossem presentes em sua rotina.

Quando a barriga de Lizz começou a ser visível, é claro que ela parou de comparecer a clínica - não que Sophia exigisse vê-la, mas era uma vontade de Lizz, uma preocupação. Não queríamos correr o risco de ter novamente mais algum ataque de Sophia.

Lizz, eu, Brandon e Liam estávamos sentados no sofá da nossa sala olhando revistas sobre casamentos e bebês, isso estava se tornando rotina.

— Eu gosto desse, ele é divino. — Brandon apontou para algo na revista.

— Não quero nada chamativo, Doon. O simples me cai bem melhor. —Lizz sempre dizia a mesma coisa, fazendo com que começasse uma discussão que vinha tomando conta das últimas semanas: Simples X Glamoroso. Era divertido ver Brandon perder a cabeça com as opções mais naturais de Lizz, ele realmente é uma figura.

Estava submerso em pensamentos quando ouvi o meu celular tocar. Olhei o endereço da chamada surpreso, era a mãe de Sophia.

— Senhora Locke?

Christopher! Oh ainda bem que você atendeu o celular! Sophia está tendo o bebê agora e não para de chamar o seu nome, estamos levando-a para o hospital, por favor, venha para cá!

A notícia me deu um choque e interrompeu o momento.

— Estou a caminho! — Peguei um papel para anotar o endereço e desliguei.

— O que aconteceu? —Lizz levantou-se em alerta.

— Sophia vai ter o bebê. — Todos ficaram em silêncio.

Resolvi que seria melhor eu ir sozinho até lá, então dirigi até o hospital onde já estava planejado para Sophia ter o bebê, ela vinha fazendo seu pré-natal na clínica, mas eles não tinham o devido suporte para fazer o parto, então quando chegasse a hora Sophia iria para o hospital.

Encontrei com os pais dela na recepção e logo fui encaminhado para a sala onde Sophia se encontrava. Ela estava em uma maca com vários médicos e enfermeiros a sua volta. O parto normal estava sendo difícil e seus gritos ecoavam pela sala. Coloquei a roupa e adereços necessários para poder ficar na sala ao seu lado sem lhe oferecer nenhum risco.

— Está tudo bem, Sophia, aguente firme! — Estimulei-a ao seu lado. Seus olhos cansados se viraram preguiçosos para me encarar.

Seus cabelos molhados pelo suor e sua face brilhosa, delatavam sua exaustão. Seus olhos ganharam um brilho estranho ao me ver ali. Sophia agarrou fortemente minha mão e gritou novamente fazendo força. Os médicos lhe gritavam palavras de incentivo e consolo, a sala toda era preenchida pela agitação do parto.

— Vamos Sophia, falta só mais um pouco!

Seu aperto de mão estava ficando cada vez mais fraco e ela respirava com dificuldade. No que pareceu sua última tentativa de esforço, Sophia trincou os dentes, voltou a segurar minha mão firmemente e empurrou mais forte. O choro da criança ecoou pelo quarto e todos suspiraram aliviados.

Olhei maravilhado para cena e não pude deixar de imaginar quando fosse realmente meu filho ali. Meu filho com Lizz.

O aperto da mão de Sophia se foi totalmente e agora quem a segurava era apenas eu, seu corpo descansava pelo excesso de esforço, seus olhos estreitamente abertos e o rosto embora brilhoso, me lembravam a velha Sophia que eu conhecia, e não a que voltaria à clínica após o parto. O problema é que embora parecessem pessoas diferentes, eram a mesma, apenas de personalidade alternativa.

— Você conseguiu, ele é lindo. — sorri.

— Louis. —Ela hesitou e soltou um sorriso torto com dificuldade ao olhar o bebê no colo do médico. — Louis Locke. —Depois de dizer o nome de seu filho eu vi uma lágrima escorrer por seus olhos antes que ela adormecesse.

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