A Rainha da Primavera - 2ª Ed...

By KarenSoarele

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Essa história inclui um audiobook. Leia enquanto acompanha escutando! :) *** Em um reino em decadência, um gu... More

Prefácio
Capítulo 1 - Arautos do Destino
Capítulo 2 - Monotonia Cinzenta
Capítulo 3 - A Dádiva da Deusa
Capítulo 4 - O Sequestro
Capítulo 5 - Cai a Máscara
Capítulo 6 - Malve
Capítulo 7 - Amitié
Capítulo 8 - Perigo na Masmorra
Capítulo 9 - Batalha no Salão dos Quadros
Capítulo 11 - O Medalhão / Epílogo
Mensagem da autora

Capítulo 10 - O Golpe Derradeiro

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By KarenSoarele

Que tal ouvir o audiobook enquanto acompanha a leitura? Clique no vídeo acima ou acesse aqui: http://www.papodeautor.com.br/a-rainha-da-primavera-capitulo-10/

– NÃO! – Flora gritou, enquanto a espada de Brodderick Carnell descia, em alta velocidade, em direção ao pescoço de Fausto Valaskes.

Mas seu grito foi abafado por uma voz juvenil:

– PELA PRINCESA!

Antes mesmo que a espada atingisse seu objetivo, Brodderick Carnell interrompeu o golpe e se virou violentamente, lançando uma cotovelada para trás. Só então Flora percebeu o recém-chegado. Era um garoto, não devia ter mais que quinze anos. Chegou sorrateiramente enquanto toda a atenção estava voltada para o príncipe Fausto, e, no momento exato, perfurou as costas de Brodderick com seu pequeno punhal. Mas aquilo não seria suficiente para aniquilar o general inimigo, e agora o rapaz jazia inconsciente, depois de tomar uma cotovelada de Brodderick, que o arremessou a metros de distância, batendo a cabeça na parede de pedra do castelo.

– O que significa isso?! – Brodderick ficou boquiaberto perante a valentia do pequeno e insignificante aldeão.

De seus comandados, o mais velho se aproximou a fim de dar cabo à vida do garoto, mas, no momento em que o faria, uma foice voou em sua direção e ele precisou se esquivar. Em pé sobre o parapeito da sacada, um fazendeiro brandia seu forcado. Não possuía treinamento militar, mas braços fortes para escalar a hera que recobria a parede abaixo da sacada, e coragem para enfrentar a morte, se preciso, na defesa daquilo em que acreditava.

– PELA PRINCESA QUE DÁ A VITÓRIA A HYNNELDOR! – Gritou ele, e jogou-se sobre o soldado mais velho.

O homem logo foi morto, mas outros surgiram do mesmo lugar. Eram lavradores, comerciantes, oleiros, que, ao descobrir o retorno da princesa, perderam o medo, desistiram da fuga e retornaram para enfrentar os inimigos. Homens recolheram as espadas abandonadas em campo de batalha, mulheres e crianças se armaram de paus e pedras. Uniram-se, todos, e serviram de reforços aos soldados remanescentes.

Isso deu a Flora a oportunidade de se aproximar de Fausto e fazê-lo levantar-se. Ao seu lado, um grupo de pescadores afastava dela os inimigos que tentavam se aproximar. Mas não era uma tarefa fácil, e muitos morreram carbonizados pelo fogo mágico criado pelos soldados de Vulcannus.

Irritado, Brodderick arrancou de suas costas o punhal ensanguentado e, em suas mãos, criou uma flama tão poderosa que derreteu a arma. Enquanto a batalha entre soldados e homens do povo se desenrolava ao seu redor, caminhou sem pressa até o menino que tanto o incomodara. Ele agora estava retomando a consciência, mas, se dependesse de Brodderick, não seria por muito tempo.

Enquanto o general inimigo pensava em uma morte dolorosa para o garoto, Dimitri surgiu em sua frente. Metade de seu rosto estava banhada em sangue, andava com dificuldade e fraquejava ao segurar uma única espada na mão esquerda, em posição defensiva.

– Terell, você vive me dando trabalho... – Disse ele ao garoto, em um tom melancólico. – Fuja daqui e volte para casa, ou Malve vai me matar!

– Quando me contou que você veio pra cá, a minha mãe sabia muito bem que eu te seguiria! – Retrucou ele.

Abaixo da sacada, toda a cidade voltou a se agitar. A descoberta do retorno da princesa desaparecida trouxe a Amitié um novo sopro de esperança, e os habitantes abraçaram com todas as forças sua única chance de criar para si um novo futuro. Bastava uma pequena brisa morna para que todos os corações se enchessem de coragem e fé.

Soldados caídos se levantaram, e aqueles que já haviam se rendido ao destino encontraram um novo motivo para acreditar na possibilidade de vitória. Os que ainda estavam livres voltaram a lutar com todas as forças, e aqueles que já haviam sido capturados se rebelaram contra as correntes, ampliando o barulho que tomou conta da cidade. E o exército de Vulcannus pela primeira vez estremeceu frente a um inimigo que, aparentemente derrotado, voltava a se reerguer.

Brodderick não podia estar mais desgostoso. Ele sentia prazer em lutar uma batalha desafiadora, é verdade, mas naquele dia já contava com uma vitória fácil. Sem cerimônia, brandiu sobre Dimitri um golpe rápido de sua espada de fogo. O príncipe de Datillion protegeu-se como pôde, usando uma espada de metal já muito suja e desgastada da batalha. Mas seu braço, enfraquecido, não suportou o esforço, e a espada vibrou com violência e foi lançada para longe.

– Terell, corra. – Ele disse, ofegante, com os olhos fixos em Brodderick.

A poucos metros de distância, Flora viu a expressão desafiadora do príncipe de Datillion. Estava fraco, cansado e ferido. Fora derrotado pelo inimigo. Mas, para proteger alguém que amava, mantinha-se frente a frente com Brodderick, opondo-se a ele como uma sólida muralha, apenas para que o menino tivesse a chance de fugir. Lutava por aquilo em que acreditava e, não importavam as consequências, jamais daria as costas ao oponente. Flora sabia que o próximo golpe de Brodderick poria fim à vida de Dimitri.

E sabia, também, que seu coração não seria capaz de suportar.

Então correu em direção a ele. Se alguém perguntasse, Flora jamais saberia responder o porquê de fazer isso. Tudo o que sabia é que isto era o certo, que não poderia assistir à morte de seu protetor e permanecer de braços cruzados. Em sua companhia, aprendera sobre dignidade, coragem e sacrifício, mas, principalmente, aprendera sobre o amor. Não o abandonaria. Assim, no momento em que a espada de Brodderick Carnell cortou o ar mais uma vez em direção a Dimitri, ela estava lá, de braços abertos, completamente entregue. Pronta a receber o golpe em seu lugar.

O grito de Dimitri ficou entalado na garganta, mas seus olhos se arregalaram em incredulidade. Existem momentos que parecem durar uma eternidade, e foi isso que sentiu. Em uma fração de segundo, pôde ver cada uma das pequenas fagulhas que formavam a espada crepitante, e que se aproximavam perigosamente de Flora. Viu a pele alva da princesa, que se avermelhou com a proximidade do fogo, e sentiu o calor escaldante.

Seu coração se apertou quando pensou em perdê-la, depois de tanto sofrimento, suor e sangue derramado na tentativa de encontrá-la. Ela era tão jovem, e possuía tantas dúvidas tolas... Mas ele já havia se habituado a ela, e a impossibilidade de salvá-la mais uma vez fez com que lágrimas lentamente escapassem de seus olhos.

Porém, de tudo o que viu naquele momento, há algo de que jamais se esqueceria. Os fios de cabelo de Flora, tão negros que nem a luz avermelhada da espada de Brodderick era capaz de tirar-lhes a cor, gradativamente começaram a se agitar, impelidos por uma súbita rajada de vento. As mechas foram jogadas de um lado para outro, e de repente Dimitri se viu dentro de um ciclone.

Quando a espada finalmente atingiu a pele de Flora, em vez de feri-la, dissipou-se. Brodderick, pronto para suportar um impacto que não veio, perdeu momentaneamente o equilíbrio e cambaleou para o lado. Sua espada de fogo foi totalmente varrida de suas mãos pela violenta ventania e, no mesmo instante, ele soube que aquele não era um vento comum. Flora fechou os olhos e, de braços abertos, deixou-se envolver pelo sopro que a descabelava, acariciando sua pele e preenchendo o vazio em seu espírito.

– Você conseguiu, está novamente com Zyria! – Dimitri vacilava entre a incredulidade e o encantamento.

– Sim – respondeu Flora, abrindo os olhos. – Onde mais poderia encontrá-la, se não dentro de mim mesma?

Flora levantou as mãos e, a seu comando, o vento arredio e sem rumo se ordenou. Formou uma poderosa esfera de vento que englobava a si e a Dimitri. Os perigos de fora não mais poderiam ameaçá-los.

Por mais que tentasse, Brodderick não conseguia recriar a espada flamejante. O poder mágico naquele lugar era forte demais e não deixava brecha para forças rivais. No chão, foices, serras, machados e forcados se misturavam aos cadáveres e dificultavam a busca por uma espada. E, antes que pudesse se recuperar do susto e encontrar uma arma adequada, Brodderick sentiu seu peito se partir, quando seu coração foi atravessado por uma foice. Uma reles foice, mas que era empunhada por Fausto Valaskes.

– É o seu fim. – Disse Fausto, quando torceu a foice dentro de Brodderick e a puxou ferozmente, banhando-se com o sangue do inimigo derrotado.

Lentamente, Brodderick caiu no chão. Ao mesmo tempo, Flora dissipou sua barreira protetora, espalhando o vento mágico por toda Myríade. O vento soprou, dançou e voou sobre campos e reinos distantes, trazendo consigo o sussurro de uma nova canção. Despertou os pássaros, espantou os peixes, desnorteou os insetos e provocou os deuses. Cada grão de areia estremeceu, cada chama vacilou e dizem que até a água das cachoeiras longínquas mudou seu curso.

Sob a luz da lua minguante, o exército de Vulcannus foi subjugado pelos simples habitantes de Hynneldor, munidos de novas forças e nova esperança. Com a vitória, vibravam e celebravam, bradando o nome da princesa revelada, enquanto os raios do sol nascente anunciavam o início de uma nova primavera.

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