Convergência Sombria | Bonkai...

بواسطة Dark_Siren4

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Depois de fugir do Mundo Prisão de 1994, Bonnie acha que pode ter uma vida normal ao lado de seus antigos am... المزيد

1. Eu me caso com um sociopata
2. O Ritual de União das Almas
3. Enfrento a fúria da minha esposa
4. Deixo Kai me tocar
5. Bonnie me dá um perdido
6. Acordando com Kai
7. Meu novo emprego e um cadáver
8. Canção de Ninar
9. Meus sentimentos e Minha sogra
10. Meu novo colega de quarto
11. Incêndeio um Espectro folgado
12. Um coração partido
13. O meu e o seu coração
14. Entre dois idiotas e minhas descobertas
16. E o tiro saiu pela culatra
17. Um velho me ataca
18. Sou dele
19. Sem ele
20. Visito o cemitério
21. Sou flagrado
22. Ela me domina
23. Férias forçadas
24. A Revanche
25. Amigos e Respostas
26. A Flora e o Mar
27. Um lago de verdades
28. Para Sempre
29. Reunião de família
30. Nas Sombras
31.Conhecendo o inimigo
32. Possessão
33. Supernova
34. Em casa
35. O que falta em mim
36. Nós dois
37. Um pedaço de mim
Capítulo 38: Minhas Prioridades
Capítulo 39: O homem em chamas
Epílogo:
Antes que eu me vá...
Capítulo Bônus: Linhas de Sangue
Livro Novo!

15. Eu? Apaixonado? Quem diria

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بواسطة Dark_Siren4

Eu estava tremendamente ferrado e sabia disso.

Tudo começou quando decidi ir comprar aquelas alianças em outra cidade. Nem sei direito, porque fiz aquilo.

Demorei o dia todo para chegar em casa e Bonnie mandou um monte de mensagens para que eu chegasse logo, pois a festa de noivado seria à noite. E como eu estava dirigindo seu carro — que peguei emprestado sem  que ela soubesse —,  tomei o cuidado de não ficar mexendo no celular enquanto dirigia. E quando cheguei e a vi parada na escada me olhando com aquela carinha irritada, que a deixava mais linda… Me senti tão bem. Não tinha me dado conta de que havia sentido tanta falta dela até vê-la. E isso era novo para um cara que estava acostumado a ficar só desde sempre.

E pode me chamar de convencido, mas pelo modo como ela me olhava eu podia jurar que ela também sentia o mesmo.

A bruxa subiu as escadas correndo, como se estivesse fugindo de mim. Suspirei, indo para o meu quarto me arrumar.

Tomei um banho e vesti um terno preto com uma camisa igualmente preta. Gostei. Ficava simples, mas ainda assim se destacava. E por Deus, eu nunca usaria uma gravata. Aquilo incomodava demais.

Saí do meu quarto, passando pelo corredor. A porta do quarto de Bonnie ainda estava fechada, sinal de que ela ainda estava se arrumando.

Mulheres!, pensei, revirando os olhos. 

Desci as escadas e fiquei na sala, esperando por ela. Alguns minutos depois a ouvi me chamando na escada. Fui até lá, observando-a descer as escadas. E pensei que fosse ter um treco ou coisa parecida.

Bonnie estava parada no meio dela, usando um vestido vermelho que descia por aquelas curvas estonteantes até seus pés, formando uma leve cauda. E o pior de tudo era aquele decote que mostrava seu colo. E eu falei da perna? Não? Meu Deus! Aquela abertura no vestido, que mostrava sua coxa direita, estava me deixando todo quente.

Minha respiração ficou completamente descontrolada, enquanto a vi descendo as escadas em minha direção. 

Essa é a Bonnie, mesmo?, pensei, praticamente desmaiando.

Ela estava intimidadoramente linda. Como uma deidade ou coisa parecida.

Pude vê-la me avaliando e sua respiração estava um pouco ofegante como a minha.

Quando ela parou de frente para mim, é claro, que olhei de novo para aquele corpo lindo outra vez. Ser casado com uma mulher linda oferecia certos privilégios com poder secar o corpo dela feito um idiota e não levar um tapa na cara por isso. Embora, com aquela ali, eu tivesse que ficar mais atento.

Eu não vou desmaiar!, pensei, tentando me controlar. De jeito nenhum!

A elogiei, vendo seu rosto enrubescer e desviar os olhos verdes e marcados, com delineador preto. Ela sorriu um pouco, tímida.

Não era possível que ela não tivesse noção de sua beleza perturbadora, não é? Ela era tão linda! Tão tentadora.

E então, se virou deixando que eu visse suas costas nuas, com aquela pele morena e suave, que me fez morder o lábio com força. Tentei não imaginar o que teria por baixo dele. Ou o quê não teria.

Droga. Minha calça estava ficando desconfortável.

Ela me pediu para que fechasse o zíper do vestido, pois não estava conseguindo. E meu coração martelou loucamente em meu peito. Ergui minhas mãos meio trêmulas, juntando os dois lados do tecido e puxei o zíper devagar, roçando o dedo — de propósito, admito — naquela pele suave e acetinada de Bonnie, observando enquanto ela ficava arrepiada.

Mordi o lábio com mais força ainda. Droga! Só o simples fato de tocá-la daquela forma já estava me deixando excitado. Os dezoito anos de celibato forçado não ajudaram em muita coisa.

Fechei seu vestido um pouco desapontado de o zíper terminar.

Ela se virou para mim com a respiração falha e agradeceu. E já estava quase indo em direção à porta, quando segurei seu pulso.

Bonnie se virou, olhando-me alarmada. Tinha me esquecido que eu a assustava, principalmente quando a tocava sem seu consentimento ou de surpresa.

Então, tentei falar sobre aquelas alianças idiotas. E olha que eu já estava me sentindo bem nervoso sem isso. E Bonnie ficava me interrompendo, o que não estava ajudando. Ela ficou toda cautelosa, quando eu disse que queria dar um presente a ela. O que ela imaginava que ganharia de presente? Restos humanos?

E quando coloquei a caixinha do anel em sua mão, Bonnie a encarou como se alguma coisa muito ruim fosse pular de dentro de dentro dela. A sua falta de confiança em mim, me deixava bem irritado, embora, eu soubesse que aquilo não era injustificado.

Bonnie abriu a caixinha verde — fiz questão na joalheria que tivesse a mesma cor de seus olhos — e quando viu o anel, arfou, surpresa. Por sua expressão, soube que ela havia gostado dele. E fiquei feliz como uma criança.

Ver Bonnie sorrindo me enchia de uma sensação que não pude explicar, só sabia que era muito boa. Era mais satisfatória do que eu sentia depois de matar alguém. E aliás, aquilo era uma comparação bem deprimente.

Aí ela disse que não podia aceitar, e por uma fração de segundo, pensei que ela havia detestado e que ficou irritada comigo, mas logo ela me explicou que não podia, pois aquilo deveria ter sido muito caro e essas coisas. E respirei aliviado, sorrindo outra vez. Se ela soubesse quanto dinheiro minha família tinha e que agora, como líder da Convenção, eu tinha acesso a todas as finanças dela, não ficaria tão preocupada com isso.

Peguei a caixinha e retirei o anel, a jogando por cima do ombro, e peguei aquela mãozinha linda de Bonnie e coloquei o anel em seu dedo com delicadeza.

E a sensação de felicidade que me percorreu era praticamente impossível de explicar. Para mim, aquele anel era o símbolo de que Bonnie era minha, e quem o visse saberia daquilo.

Em toda minha vida nunca pensei que fosse me sentir tão possessivo em relação a alguém. Não era de meu costume criar laços afetivos com ninguém. E de uma hora para outra me vi envolvido por Bonnie. Por sua beleza e seu sorriso lindo. E isso me deixava maluco. 

O que está acontecendo com você, cara?, me perguntei, confuso. Talvez, eu finalmente estivesse me conectando. Então, aquilo era ser humano de verdade?

Como ela era muito inteligente, percebeu o significado daquele anel. E não pude deixar de provocá-la, mostrando minha própria aliança. Bonnie pegou minha mão, olhando para o anel e a soltou levemente irritada por eu não ter contado aquilo a ela. Mas, logo sua raiva cedeu e ela me agradeceu, sorrindo daquele modo estonteante.

Fomos para a garagem e eu iria dirigir, se Bonnie não fosse tão ciumenta com aquele carro idiota. E não perdi a oportunidade de provocá-la, fazendo com que ela encostasse na lataria reluzente, enquanto me aproximava, vendo sua expressão assustada e com mais uma emoção que não consegui detectar... E merda! Como quis beijá-la naquele momento. Não aqueles beijos estúpidos que dei no ensino médio ou na faculdade. Dessa vez, aquilo realmente queria com todo o meu ser.

Aquela boca com o batom vermelho parecia estar me provocando, mas consegui resistir, brincando com ela, vendo Bonnie entrar no carro furiosa.

Quando entrei, ela estava ofegante e segurando o volante do carro com mais força que o necessário. E como não perco a oportunidade, fiz uma piadinha com aquilo.

Durante todo o caminho, fui falando. Odiava ficar em silêncio.

E também, estava nervoso, pois iria encontrar todas aquelas pessoas que me odiavam naquela festa. Mas que se danasse todos, não ligava a mínima para eles!

Bonnie estava impaciente e eu sabia que ela detestava minha tagarelice, mas era isso ou iria ficar babando que nem um idiota, apenas olhando para ela.

Ela estava realmente muito bonita.

Chegamos uma hora e meia depois, na tal festa. Entramos, passando por aquele túnel de orquídeas. E fomos recebidos por Theodora e toda a Convenção. Eu sabia que aquela noite prometia, pois poderia esfregar na cara de todos aqueles bando de idiotas que eu consegui ser o líder daquela porcaria de Convenção, e nenhum deles poderia fazer nada para me impedir. Como sempre, eu venci.

Theodora, nos levou para falar com algumas pessoas e pude ver que praticamente todos os homens do salão não desgrudavam os olhos de Bonnie. Tinha me esquecido que havia me casado com uma beldade.

Senti minhas bochechas corando de uma raiva que não sabia explicar. Tirei a mão de Bonnie, que estava pousada no meu braço, e transpassei em sua cintura trazendo-a para mais perto de mim. 

Encarei todos aqueles safados, vendo a maioria desviar os olhos, intimidados. Não queria nenhum homem, além de mim, olhando para Bonnie. Ela era minha. Eu quem estava casado com ela. Apenas eu poderia olhar para tudo aquilo.

Porque se preocupa tanto com alguém olhando ou não para essa bruxa metida?, disse a voz pessimista.

Vai se ferrar..., pensei, com raiva.

Theodora nos levou até os Anciões e apresentou Bonnie a eles. E percebi o modo como Trevor Cross a encarava, comendo-a com os olhos. 

Fiquei furioso com aquilo, mas tentei engolir a raiva e apertei minha mão um pouco mais na cintura de Bonnie.

E depois encontramos os irmãos Salvatore, Caroline e Elena. Conversamos alguns minutos, antes de sermos arrastados de novo pelo furacão Theodora, que nos levou para falar com mais pessoas. E eu fiz questão de deixar bem claro para todos eles que ainda era o mesmo sociopata maluco e doente. Preferia sentir toda aquela raiva que voltavam para mim, do que tentar ser legal com algum deles e decepcioná-los.

Mesmo com esses sentimentos novos e tudo o mais, ainda me ressentia de todos por terem me aprisionado naquele lugar horrível. E agora eu sei que o que eu fiz foi horrivelmente errado e sem perdão, mas isso não impedia meu lado sociopata de alimentar rancor contra todas aquelas pessoas.

Como se a reunião de todas as pessoas que eu mais detestava não fosse o suficiente, Trevor apareceu novamente para falar conosco.

E eu já disse que odeio esse cara?

Bom, eu odeio todo mundo, mas com ele o assunto era muito mais pessoal.

E quando ele se inclinou para beijar a mão de Bonnie, daquele modo totalmente canalha, eu quis muito matá-lo ali mesmo. E tive que lutar muito para conter minha raiva, se não aquela festa acabaria em um banho de sangue.

Só me senti um pouco melhor quando esfreguei na cara dele que eu tinha tudo que ele mais almejava, quando era mais jovem.

Então, sua filha Lily apareceu. Essa eu ainda não conhecia, e me encantei com ela logo que a vi. E ela lembrava muito sua mãe, quando mais jovem.

Logo Sofia, sua irmã mais velha e minha ex-noiva, apareceu, também.

E antes que me desse conta do que estava acontecendo, a garota me arrastou para a pista de dança. Eu não queria ir, pois aquilo implicaria em ter que deixar Bonnie sozinha com aquele babaca do Trevor, mas como eu estava treinando esse lance de ser mais legal, com as pessoas fui sem reclamar.

Enquanto dançávamos, pude ver o modo como Sofia se insinuava para mim, jogando os cabelos louros e sorrindo. Se fosse a alguns meses atrás, teria gostado muito daquilo, mas eu só conseguia pensar em Bonnie.

Eu estava rezando para aquela música acabar logo, para poder voltar para ela, porque minha mente paranóica, não parava de imaginar um daqueles caras se aproximando dela. E aquilo me deixou muito irritado.

Quase dei pulos de felicidade quando acabou aquela música idiota. Sofia, ainda tentou me puxar para mais uma, mas inventei uma desculpa qualquer e fui para onde Bonnie estava, mas ao chegar lá, só encontrei Lily que me informou que ela havia ido pegar algo para beber.

E lá fui eu, procurar por ela no meio daquela multidão.

Acho que já está na hora de você comprar uma coleira, seu idiota, murmurou aquela voz irritante e pessimista em minha cabeça.

Droga, porque eu tô agindo desse modo?, pensei, ficando confuso com minha reação.

Andei por todas aquelas pessoas, quando vi aquele familiar cabelo curto e escuro e o vestido vermelho no meio da pista de dança.

Era Bonnie. E estava dançando com Trevor.

Nem sei o que deu em mim, quando percebi já estava atravessando aquela multidão em direção a eles. Acho que meu psicopata interno tomou conta por um segundo. Foi mal, Luke.

Vi o modo como Bonnie olhava para o Ancião, irritada. E ele não parecia muito diferente dela. Eu conhecia bem a fama de Trevor, com as garotas, ele sempre foi um bruto. 

Me aproximei, doido para socar a cara dele ali mesmo, mas sabia que se o fizesse Bonnie não ficaria nada feliz com aquilo.

Então, contendo meu ódio por ele, mandei que a soltasse.

Ele relutou por alguns segundos, mas a soltou. O que foi uma pena, pois eu queria só um motivo para quebrar o nariz dele.

Fiquei encarando aquele babaca da terceira idade, enquanto se afastava. 

Um dia eu mesmo vou matar esse cara, pensei, irado. 

Antes que me desse conta do que estava fazendo, enlacei a cintura de Bonnie com meus braços, a puxando para mim. Sabia que se a soltasse, com certeza iria atrás daquele cara. E também, não queria dar a chance de nenhum outro se aproximar dela. Aquela mulher só podia ter ferimentos para atrair tanto homem!

Bonnie parecia muito irritada com o fato de eu ter dançado com Sofia. Não entendi o porquê daquilo, mas achei que aquela seria a hora de contar sobre meu quase noivado com Sofia, afinal uma hora ela ficaria sabendo, mesmo.

Ela pareceu muito abalada com o que eu disse, como se o fato de eu quase ter me casado com outra a estivesse incomodando. O que passava bem longe da realidade. Acho que aquilo tinha mais a ver com competição feminina e essas coisas malucas que eu não entenderia sobre as fêmeas humanas.

E acabei contando para ela que eu escolhi me casar. E com ela. Naquele momento, aquilo me pareceu uma grande certeza, eu nunca poderia ter escolhido alguém melhor que Bonnie.

E aquela bruxinha linda, sorriu daquele modo estonteante, o que me fez sorrir também. E mesmo sabendo que ela poderia me afastar, coloquei seus braços em volta de meu pescoço e a puxei para mais perto de mim, sentindo aquelas curvas, contra meu corpo.

Ela não relutou.

Estava com a respiração acelerada e sentia seu coração batendo muito forte em meu peito. Do mesmo modo como eu me sentia. Talvez fosse receio. Eu não era o ser mais confiável do mundo. Pelo menos, na visão de Bonnie. Embora, ela não tenha me afastado.

E senti aquilo outra vez. Nossos corações entraram em sincronia, como se fossem um único coração. E dessa vez, aquilo não me assustou. Na verdade, adorei. Era uma sensação muito difícil de explicar, era como se Bonnie fosse o pedaço que faltava para se encaixar em mim. Com ela tudo fazia sentido, tudo tinha mais brilho.

Foi como se a dor, o medo e a rejeição que senti em toda minha vida, tivesse simplesmente sumido, substituído pelo sorriso, os olhos verdes e aquele cheiro delicioso de jasmim, que era tão totalmente dela.

Senti suas unhas roçando de leve em minha nuca, me deixando maluco. Afundei meu rosto em seus cabelos, sentindo seu aroma de jasmim, me percorrendo e me queimando como fogo. Inconscientemente, agarrei o tecido de seu vestido, tentando me prender a ela, com medo de me perder em seu cheiro envolvente.

— Bonnie?— ouvi alguém dizendo.

Rapidamente, Bonnie se desvencilhou de meus braços. Senti aquela conexão se esvaindo, enquanto ela se virava, vendo a pessoa que a chamou.

E quando vi Jeremy Gilbert na minha frente, fiquei surpreso pra caralho, pois pelo pouco que sabia, ele havia saído de Mistyc Falls para dar uma de Picasso em alguma faculdade idiota e nem mesmo voltou para Bonnie ao saber que ela estava viva e bem.

E do nada, o cara abraçou Bonnie, que fez algo muito pior: retribuiu o abraço daquele fedelho.

Antes eu estava incomodado com outros caras perto dela, até irritado, porém, sabia que Bonnie era uma garota inalcançável e não daria bola para nenhum deles. Mas Jeremy Gilbert era uma ameaça.

E senti um ódio tão doentio e profundo me percorrendo, que quando dei por mim, já estava afastando aquele moleque de perto de Bonnie e a puxando para perto de mim novamente. Como ele ousava tocar na minha esposa? Esse cara estava louco?

E quando eu pensei que iria arrebentar a cara dele, Bonnie ficou entre nós dois. Nos impedindo de brigarmos. E ela tinha que nos dar aquele sermão idiota?

A vi saindo louca de raiva, nos chamando de idiotas.

— Bonnie! — a chamei ao mesmo tempo que aquele babaca. Ela nos ignorou completamente.

Já ia me adiantando para ir atrás dela, quando ouvi um grito. Olhei em volta alarmado, quando alguém gritou apontando para o lustre de cristal no teto abobadado.

E vi, com horror, o corpo de uma garota pendurada pelo pescoço, balançando acima de nossas cabeças e com aqueles mesmos símbolos em sua pele.

Procurei por Bonnie por entre a multidão já preocupado. E a vi caminhando, por entre as pessoas, olhando para o corpo da garota que pendia no alto. Ela se aproximou, até o centro da pista de dança, onde as pessoas formavam um grande círculo aberto. Theodora, surgiu do lado dela e proferiu um feitiço, fazendo o corpo da garota flutuar delicadamente até o chão.

Ouvi os gritos e os sons de espanto que vinham da multidão de pessoas.

Me aproximei mais, vendo a garota morta deitada no chão. E de repente, um homem surgiu no meio da multidão, gritando e se agarrando a ela. Antes aquilo não surtiria nenhum efeito em mim, afinal, pessoas morriam aos montes por aí, mas agora com todos esses sentimentos… Aquilo me pareceu horrível. Comecei a imaginar qual seria a sensação de ver alguém que você ama estraçalhado daquela forma. E compreendi a dor e o sofrimento daquele homem.

Bonnie estava parada ao meu lado e nem se deu conta de minha presença, olhava petrificada para aquela cena. Ela estava apavorada, com raiva e parecia estar… sofrendo.

Vi lágrimas descendo por seu rosto. E odiei aquilo, vê-la chorar acabava comigo.

Segurei sua mão e acariciei sua bochecha, secando aquelas lágrimas. Então, a abracei, tentando confortá-la. E Bonnie se agarrou a mim como se precisasse muito daquilo.

Eu sabia o que ela estava sentindo. Medo, dor, raiva e acima de tudo: impotência. Ver aquela garota morta ali, e não poder fazer nada para ajudar, não poder destruir aquele monstro que fez aquilo com ela.

Eu sabia muito bem pelo que ela estava passando, pois eu sentia o mesmo.

— Kai… — murmurou Bonnie, chorando e apertando seus braços em volta de mim. A abracei um pouco mais.

— Eu sei — sussurrei, acariciando seus cabelos.

E realmente sabia mesmo.

Após todos os convidados terem ido embora e nossa descoberta sobre a mensagem nas costas de Vanessa, decidimos ir embora.

Fiquei esperando perto do carro, enquanto Bonnie conversava com Elena do outro lado da rua em frente a entrada do salão.

Eu não conseguia pensar em mais nada a não ser no assassinato daquela garota. Estava louco para saber quem estava fazendo aquilo com elas, para depois fazer coisa pior com aquele desgraçado. E saber que Theodora sabia quem era, me deixava mais frustrado ainda, pois sabia que enquanto ela estivesse daquele modo, nunca nos contaria nada.

Alguns minutos depois, vi Bonnie se aproximando. E ela parecia muito abalada com alguma coisa.

E mal chegou perto do carro, aquele fedelho apareceu chamando por ela. 

Bonnie voltou seus olhos verdes para mim, alarmada.

— Entra no carro, Kai — ordenou ela.

Fiz uma tremenda cara feia, não queria que ela ficasse perto daquele idiota, mas engoli a raiva e entrei no carro, batendo a porta com força.

Ótimo, agora ela vai ficar de papinho com o namoradinho..., resmunguei. E nem sabia explicar o que estava dando em mim para me sentir daquele modo em relação à ela e aquele fedelho idiota.

Desde quando eu ligo para a Bonnie e a merda do namorado babaca, dela?!, pensei, com raiva de mim mesmo.

Cruzei os braços, resignado, quando vi a bruxa entrando no carro, rapidamente e arrancando com ele, deixando Jeremy para trás.

Olhei confuso para ela. Ela agarrava o volante com força, parecendo que estava a ponto de chorar, mas estava resignada em não fazê-lo.

E durante todo o caminho, eu não disse nada. Deixei que meus dois problemas ficassem rondando na minha cabeça: A morte de Vanessa e a merda do Jeremy Gilbert.

Ao chegarmos em casa, saí rapidamente do carro. Não queria ficar olhando para Bonnie nem mais um segundo, pois tinha medo de perder a cabeça de tanta raiva que eu estava.

Entrei na sala, tirando o paletó e o largando em cima do sofá. 

Vi Bonnie, passar por mim, sem dizer uma palavra sequer e aquilo me deixou mais louco de raiva ainda. Ela estava subindo as escadas, quando a interpelei sobre aquele fedelho. E ela teve o desplante de dizer que aquilo não era da minha conta!

Como assim não era da minha conta?! Ela era minha mulher, porra! Eu precisava saber o mínimo sobre sua vida.

Fiquei muito irritado com aquilo, então, começamos a discutir de um modo que nunca havíamos feito antes. E quando dei por mim, já estava subindo as escadas atrás dela.

E foi só eu começar a ofender o desgraçado do Gilbert que ela ficou toda irritadinha e gritou comigo, dizendo aquelas coisas horríveis, que no fundo eu sabia que eram verdade sobre mim. E fiquei tão magoado, que quis feri-la do mesmo modo, então disse aquelas coisas cruéis para ela. E admito, que me arrependi no mesmo segundo. Mas, as palavras já haviam sido ditas. Não tinha volta.

E acho que surtiu efeito, pois ela me deu uma bela bofetada no rosto. E para uma pessoa pequena, Bonnie tinha uma tremenda mão pesada. E só pra constar, aquilo doeu muito.

Eu sei que sou um sádico cruel e doente, mas não curto esse negócio de ficar apanhando.  Perdi totalmente a cabeça, a empurrando contra a parede daquela forma brusca, e apertei seu pescoço, cego de ódio.

Bonnie olhava para mim com aqueles intensos olhos verdes, apavorada. E gostei muito daquilo. O sociopata dando sinais dentro de mim. Pelo menos aquilo era um fato que eu conseguia controlar no meio daquele caos que se tornou minha vida.

Senti seu coraçãozinho batendo assustado em meu peito, junto com o meu que estava da mesma forma.

Não levou muito tempo para que me desse conta da monstruosidade do que estava fazendo. Eu estava a machucando de novo. Estava sendo o monstro que eu estive evitando ser durante todo esse tempo. E eu havia jurado, nunca mais machucá- la daquele modo.

Afrouxei o aperto em seu pescoço, olhando para seus imensos olhos verdes e lindos, que me perturbavam. E mandei meu autocontrole pro inferno.

Colei minha boca na dela, sentindo um prazer lancinante me devorar enquanto sentia o gosto de seus lábios macios. Contornei a mão que estava em seu pescoço, colocando-a em sua nuca, puxando seu rosto para mais perto do meu. E enlacei sua cintura com meu braço, colando-a em mim.

E aqueles lábios pareciam o céu. Queria me perder em seu gosto, em seu cheiro, em sua pele macia...

Obviamente, como aquela era Bonnie, começou a me esmurrar para soltá-la, se debatendo feito louca.

Bom, eu não estava pensando direito, então, peguei seus pulsos, a prendendo contra a parede, colocando-a à minha mercê. A beijei com mais voracidade, querendo desesperadamente e tentando forçar seus lábios a se abrirem. Eu só precisava de um pouco dela. Precisava loucamente de sua atenção e caricias. Eu precisava dela de uma forma quase animalesca.

Então, ela me mordeu. E aquilo doeu, mais que o tapa.

Afastei meu rosto do seu, magoado. Passei a língua no lábio inferior sentindo o gosto do sangue. Ela continuava me rejeitando.

Bonnie me encarava, furiosa. Seus olhos queimavam em um fogo verde de ódio. Ela era a encarnação do pecado que eu tanto queria cometer.

Minha Nossa, omo ela é linda, foi tudo em que consegui pensar e me inclinei novamente para beijá-la. E… Ela tentou me morder outra vez. Me afastei antes que levasse outra dentada.

Ah, que mulher teimosa!, resmunguei. 

Tentei beijá-la outra vez e aquela selvagem tentou me morder de novo.

Por mais irritado que eu estivesse, não pude deixar de dar um sorrisinho. Quanto mais Bonnie lutava, mais me fazia desejá-la e não desistir até ter o queria.

Aproveitei de um momento de distração seu e a beijei novamente, com mais desejo e necessidade que antes. Desfrutando daquele prazer louco que me percorreu ao sentir meus lábios contra os seus.

Ela tentou se soltar, mas eu a segurei com força contra a parede. Sabia que o que eu estava fazendo era errado, não podia forçá-la daquele modo, mas estava tão desesperado por ela, que aceitaria qualquer coisa. Até seu desprezo.

Ela ainda se debatia, mas acho que percebeu que aquilo seria infrutífero, pois desistiu e com um suspiro de exasperação, entreabriu os lábios, dando passagem para minha língua.

E Meu Deus! Senti meu corpo esquentar na hora de tanto desejo. Grunhi, agarrando mais sua cintura e a beijando com sofreguidão.

Seus lábios carnudos me deixavam louco e quando minha língua tocava a sua, ficavam mais desesperados por ela. Fiquei tão hipnotizado pelo sabor dela, que acabei me esquecendo do monstro selvagem que queria dominá-la e dei vazão as carícias que queria usar nela.

E inacreditavelmente, Bonnie começou a corresponder ao meu beijo — provavelmente, porque parei de machucá-la. — de um modo quase tímido, mas logo em seguida se tornou mais quente e voraz. Seus lábios percorriam os meus, me deixando delirante.

Ela começou a se debater, mas sabia que era porque ela queria me tocar, então soltei seus pulsos, descendo minha mão por seu braço, sentindo aquela pele macia.

Então, seus braços contornaram meu pescoço, me puxando para mais perto de si, enquanto suspirava. Nem preciso dizer que eu estava tremendo de excitação e ansiedade.

Desci minha mão que estava em seu cabelo por sua cintura, sentindo a curva de seu bumbum, indo para seu quadril e em seguida para a frente de seu vestido, afastando o tecido, agarrando sua coxa exposta e a prendendo em meu quadril. Deslizei a mão por sua pele quente e macia, apertando um pouco. E a ouvi soltar um gemido baixo e sexy contra meus lábios.

Aquilo me deixou louco! A apertei mais contra a parede, sentindo cada curva de seu corpo contra o meu, enquanto nosso beijo entrava em combustão. Eu queria me enterrar nela e acabar com todo aquele desejo e carência. Queria que ela sentisse o que eu estava sentindo.

E novamente senti, meu coração batendo no mesmo ritmo que o dela. E aquela sensação de estar completo de novo. Como se ela fosse o único motivo para ainda estar vivo. Como se o tempo me tivesse feito esperar por ela.

E quando ela se afastou de mim, eu estava completamente ofegante e desnorteado. Tentei beijá-la outra vez, mas ela me afastou. 

Fiquei muito magoado com aquilo, eu queria tanto que chegava a doer. Era como se Bonnie fosse uma necessidade física e se me separasse dela, sentiria meu coração se estilhaçar em vários pedaços pequenos.

Então, ela começou a chorar me implorando para soltá-la. Ela estava envergonhada e nervosa pelo que havia acontecido.

Eu estava extremamente relutante, não queria deixá-la, pois sabia que se o fizesse nunca mais conseguiria tê-la em meus braços outra vez. E ainda relutante, suspirei a soltando. Mas rapidamente, segurei seu rosto dos dois lados e a beijei de novo, de forma carinhosa, sentindo seus lábios doces e macios. Queria que ela se lembrasse daquele beijo para sempre. Mesmo que fosse o último. E a soltei, vendo ela correr para seu quarto e bater a porta. 

Me aproximei, ouvindo seu choro do outro lado e eu estava pronto para entrar, quando ouvi ela dizer: 

— Vai embora!

Minha mão que estava prestes a girar a maçaneta, a soltou. Ainda fiquei alguns segundos parado ali, mas sabia que ela não me queria por perto. Então, fui para meu quarto batendo a porta.

Minha respiração estava ofegante e meu coração agitava-se, maluco.

O que eu fiz?, me perguntei, completamente chocado. Eu a beijei? Eu realmente a beijei...

E pensar nisso fez aquele fogo percorrer todo o meu corpo, me queimando.

Essa garota tá acabando comigo!, pensei desesperado.

Quando me vi, já estava com a mão na maçaneta da porta de meu quarto, pronto para voltar para Bonnie.

Me refreei a tempo. Encostei a cabeça contra a porta, respirando rápido.

Eu não vou voltar para ela como um cachorrinho! Eu não vou..., pensei eu, completamente maluco de raiva.

E comecei a socar a porta com toda a força que podia. Fiz aquilo até meus punhos sangrarem, até estar tão cansado que não tinha forças para nem levantar os braços.

Parei me sentindo exausto, mas ainda assim não conseguia deixar de pensar nela. Agarrei meus cabelos tentando me distrair com aquela dor, mas também não funcionou. Eu ainda queimava por dentro. A queria de um modo doentio.

Arranquei a camisa e os sapatos de qualquer jeito, indo para o banheiro.

Será que vou ter que fazer isso toda vez que eu tocar nela?, me perguntei, irado.

E me vi refletido no espelho do banheiro e não me reconheci. Aquele Kai tinha uma expressão torturada, com os olhos azuis vermelhos e molhados.

Eu estava chorando?, me perguntei confuso, eu nem tinha me dado conta de que estava chorando.

O que está acontecendo comigo?! Não acreditava que Bonnie, sozinha, estava conseguindo me fazer desmoronar daquele jeito.

Secando aquelas lágrimas idiotas, abri o chuveiro na água gelada e me enfiei embaixo dela. Nem me importei, quando a água tocou meus punhos totalmente ensanguentados e em carne viva.

E tudo aquilo só aconteceu por causa daquele fedelho de merda! Se ele não tivesse aparecido, nada disso teria acontecido entre mim e Bonnie. E porque ela ainda gostava dele? Ele a traiu um monte de vezes! Ele não merece o amor dela! Porque ela ainda insistia em gostar dele? 

Por que eu me importo tanto se ela o ama ou não?

— Merda! Merda! Eu a odeio, sua garota ridícula e patética! — murmurei, dando socos na parede do banheiro, sangue a manchando.

— Eu a odeio… — sussurrei, me sentindo o ser mais miserável da face da Terra. E eu já não sabia se a água descendo por meu rosto era a que vinha do chuveiro ou se eram minhas lágrimas.

***

Acordei me sentindo bem pior no dia seguinte. 

Eu estava esparramado sobre a cama, só com uma calça de moletom que eu nem me lembrava de ter vestido.

Me apoiei em minhas mãos para me sentar no colchão e parei o movimento no ato, caindo deitado novamente. Uma dor horrível se espalhou por meus punhos. E quando olhei para eles quase desmaiei ou coisa do gênero. Os nós de meus dedos estavam todos esfolados e quase sem pele e sem falar no tom de roxo que se espalhava por meus dedos.

Flexione um pouco as mãos, sentindo a dor lancinante se espalhando de novo. E minha mão esquerda doía mais que a outra, prova de que deveria ter um ou dois ossos quebrados ali.

Fiquei horrorizado com aquilo. Eu não tinha o costume de ficar me machucando como um masoquista ou coisa do tipo, geralmente, fazia isso com outras pessoas.

Me sentei com cuidado na cama e comecei a proferir um feitiço de cura. E senti aos poucos a dor se esvaindo.

Quando abri os olhos, os machucados não estavam mais lá e a dor havia sumido. O único resquício que ficou foi um leve tom avermelhado em minhas mãos.

Não acredito que fiz isso por causa dela..., pensei, ficando assustado com minha reação na noite passada. 

Mordi o lábio, me lembrando daquele beijo… Minha respiração começou a ficar ofegante, só com o pensamento. 

O que foi aquilo?!, me perguntei, subitamente apavorado. Eu a beijei?! 

—Kai, seu sociopata burro!— disse eu, me dando um cascudo.

Resolvi me levantar.

Escovei os dentes e troquei de roupa, vestindo uma calça jeans, uma camisa verde escura e botas.

Tentei me reconhecer, quando vi meu reflexo no espelho do banheiro. Aquele cara definitivamente não era Kai Parker.

Eu estava extremamente pálido e com olheiras fundas. Meus olhos azuis tinham perdido aquele fogo de antes, estavam mais opacos. E cara, eu precisava fazer a barba urgentemente!

— Mulheres são uma praga — resmunguei, saindo do banheiro.

Estava indo em direção à porta do quarto, quando vi as marcas de sangue seco na madeira. 

Que ótimo, devo ter perdido meio litro de sangue nessa de bancar o Rambo..., pensei, sarcástico e tratei de limpar a porta e a parede do banheiro.

Respirei fundo, saindo do quarto e passando pelo corredor.  Eu estava apavorado com a hipótese de encontrar com Bonnie. Não saberia o que dizer a ela nem que tivesse um roteiro decorado.

Fiquei decepcionado ao passar pela porta de seu quarto, que ainda estava fechada — sinal de que ela ainda estava dormindo. Parei em frente a ela, com a mão levantada, pronto para bater na porta, mas estagnei.

— Droga —sussurrei.

Tentei me concentrar nas batidas do coração de Bonnie e ele batia devagar e ritmicamente. Ela ainda está dormindo..., pensei, meio cabisbaixo.

Desci e fui para a cozinha tomar café. E eu estava me sentindo culpado por ter forçado Bonnie a me beijar.

Bem, até que ela gostou, né?, pensei, sorrindo como um idiota ao lembrar da forma como seus braços estavam em volta do meu pescoço e como seus lábios provocavam os meus.

Mas isso não diminui o fato de que você a forçou a aquilo, disse meu lado Luke.

Bem-vindo, pensei revirando os olhos, sarcástico.

Suspirei pesadamente. Minha consciência estava certa. Talvez fosse por isso que ela gostava daquele pirralho cafajeste. Ele não a machucava. Pelo menos, não fisicamente.

Então me ocorreu a ideia de fazer um café da manhã para Bonnie, como forma de me desculpar.

Ah, pelo amor de Deus! Se comida desculpasse tudo, a essa altura ela já teria lhe perdoado, seu panaca!, murmurou aquela voz pessimista e irritante.

— Que se dane, vou fazer do mesmo jeito— dei de ombros, pensando em voz alta.

Nota para mim mesmo: parar de falar sozinho, afinal não estou mais no Mundo Prisão.

Terminei de tomar café. Sozinho.

E resolvi ir para o trabalho mais cedo, porque não queria perder meu autocontrole outra vez e subir para o quarto de Bonnie.

Coloquei um casaco e saí, caminhando pela calçada, não pude deixar de ficar olhando para aquela aliança idiota no meu dedo. E foi praticamente impossível não pensar nela.

***

— Estou sentindo o seu coração — murmurei e em seguida desliguei.

Suspirei, guardando o celular no bolso de trás da calça. 

Não acreditava que cinco minutos de conversa com Bonnie pelo telefone, fosse me deixar tão eufórico. Meu coração estava louco. Tudo porque ouvi sua voz do outro lado da linha. E ela parecia bem mais nervosa que eu. Até gaguejava.

Me peguei sorrindo ao pensar nisso.

Ela é tão linda, pensei, como um idiota.

— Ei, Kai, precisam de você lá mesa nove!— gritou um outro garçom para mim.

E eu nem tinha me dado conta de que ainda estava parado perto do balcão. Saí dali, apressado, voltando para o trabalho.

Alguns minutos depois de atender a mesa nove, que consistia de adolescentes bobas, que tentavam ficar me passando números de telefones e bilhete. E fala sério! Eu sei que eu sou gostoso. Mas essa mulherada bem que poderia ter um pouco mais de respeito. Poxa, eu sou um homem casado!

Como se sua esposa ligasse pra isso..., murmurou aquela voz malcriada.

É, Bonnie não estava nem aí, para que eu fazia ou deixava de fazer. Aposto que se eu sumisse da face da Terra, ela nem ligaria.

Aquela constatação me abalou. 

Eu quero que ela se preocupe comigo...?, pensei, aturdido.

Droga, aqueles sentimentos eram tão confusos! Eu não conseguia compreender aquilo, era tão desnorteante. Se ao menos tivesse alguém para…

Vi Matt Donovan do outro lado da lanchonete, atendendo uma mesa com um casal. E me ocorreu aquela ideia maluca.

Atravessei a lanchonete.

— Ei, Matt! — murmurei, sorrindo e sendo amigável. Isso sempre funcionava.

Ele olhou para mim com aqueles olhos sérios, os revirou e voltou a atender o casal. Pois é, na maioria dos casos.

Cruzei os braços.

— Ah, cara, você ainda tá com raiva de mim?— perguntei.

Matt suspirou pesadamente, voltando a olhar para mim.

— Eu não quero falar com você e nem quero olhar pra sua cara— murmurou irritado — E você não tem nada pra fazer não, Kai?

Eu sorri, mais ainda. Eu gostava muito de irritar as pessoas.

— Na verdade, eu já estou fazendo alguma coisa: enchendo sua paciência — murmurei, rindo — Brincadeira, na verdade, eu queria perguntar uma coisa. Bom, muitas coisas, na verdade...

— Eu não ligo para o que você quer perguntar! Eu quero que você pare de falar comigo! — exclamou, irritado e parando de anotar os pedidos.

Ergui as mãos em sinal de rendição. 

— Se tudo isso é porque a Theodora mandou esfaquearem você para forçar Bonnie a se casar comigo, saiba que foi totalmente sem meu conhecimento ou consentimento.

Ouvi alguém arfando. E olhei para o casal que Matt estava atendendo, olhando-me assustados e de boca aberta.

— Já enfiaram uma faca no seu pescoço, seu idiota?! Sabe qual é a sensação de se afogar no seu próprio sangue, sem nenhuma nesga de ar para respirar?! — disse ele, ignorando o casal e ficando completamente vermelho.

Revirei os olhos.

— Para sua informação, sei sim. E não é nada agradável. E nem me pergunte como sei disso — murmurei fazendo uma careta.

Só de pensar em quantas vezes eu tentei me matar naquele Mundo Prisão e revivi a cada vez, com a dor residual da forma como havia tentado me suicidar. Aquilo era um verdadeiro inferno. E eu nem podia morrer.

O casal se levantou, apavorados com nossa conversa bizarra e praticamente correram para a saída.

— Ah, obrigado!— disse ele, de forma sarcástica — Se continuar assim vai espantar todos os clientes.

Dramático, pensei revirando os olhos.

Matt saiu andando como se eu nem estivesse ali. Bufei de raiva.

— Tá bem! Me desculpa, tá?— murmurei indo atrás dele — Foi muita maldade da parte do meu clã fazer isso com você, Matt.

— Para de me seguir! — disse por cima do ombro, ainda caminhando em direção ao bar.

—Eu só quero que você me responda uma coisa, droga — disse eu, ainda o seguindo.

Ele pegou algumas bandejas em cima de uma mesa e continuou andando em direção ao bar. Continuei seguindo e insistindo. 

Matt soltou as bandejas com força, contra o balcão e olhou para mim, parecendo exasperado.

— MAS O QUE É QUE VOCÊ QUER SABER, MERDA?! — gritou ele, atrapalhando minha falação.

Sorri, me sentindo vitorioso, isso sempre funcionava.

— Caham! — fiz, tentando achar um modo de começar aquele assunto — Bom, você sabe que eu fiz a Fusão com o meu irmão, Lucas. O que foi muito bom, porque eu ganhei — disse eu, sorrindo — E o que também foi muito ruim, porque eu acabei ficando com toda essa "carga emocional" e adquiri essa tal de empatia, o que complicou muito minha vida e...

— Dá pra pular para a parte em que você me pergunta logo o que quer saber e eu posso voltar para o meu trabalho? — murmurou Matt, irritado.

Suspirei pesadamente.

— Porque sempre me interrompem quando eu tô falando? — murmurei, ficando bravo. 

— Talvez seja porque você fala pelos cotovelos como uma menininha de cinco anos? — disse com sarcasmo.

Cruzei os braços, resignado.

— Posso continuar? — murmurou, erguendo uma sobrancelha. — Posso continuar? — murmurou, erguendo uma sobrancelha. 

— Manda ver, não tenho nada de importante para fazer mesmo...

Tentei ignorar aquele mar de sarcasmo. Suspirei pesadamente.

— Então, eu me casei com a Bonnie, foi um casamento forçado, mas não deixa de ser um casamento — murmurei — E depois, eu não conseguia parar de pensar que havia feito a vida dela virar uma droga e...

Matt me observava, com aqueles olhos azuis. E tinha algo de muito intimidador no modo como ele fazia isso. Como se ele fizesse você se sentir culpado de ter colado em uma prova boba na oitava série. Acho que foi um dos motivos para eu querer falar sobre isso com ele. 

Eu queria me punir.

— E...?— perguntou ele, me fazendo continuar. 

Minhas bochechas começaram a chorar de vergonha e raiva de mim, mesmo. Não acreditava que estava falando sobre aquele assunto com ele. Queria ter um buraco para enfiar a cabeça como uma avestruz. 

Respirei fundo, tomando coragem.

— E… eu venho sentindo essas coisas esquisitas quando estou perto da Bonnie. Eu simplesmente não consigo parar de olhar para ela. E fico... — fiz uma careta — Ah, merda! E fico pensando nela o dia todo. E quando vejo algum outro cara olhando para ela, fico louco de raiva e quero matá- lo, ali mesmo com a primeira faca que eu ver pela frente! — Matt revirou os olhos para minha analogia — E quando a vejo, sinto meu coração acelerar, como se estivesse tendo um infarto ou coisa do gênero e minha respiração fica falha e minhas mãos tremem e... Só consigo pensar no quanto ela é bonita… — minha voz foi caindo para um sussurro — E quando ela sorri, eu perco o chão...

Parei, engolindo em seco, sentindo minha respiração acelerada. 

Matt me observava, com aqueles olhos intensos, me olhando dos pés à cabeça como se não estivesse acreditando no que estava vendo. E do nada… começou a rir. 

— O que é tão engraçado? — perguntei, ficando irritado.

Ele até se curvou colocando as mãos nos joelhos, rindo sem parar.

— É que...— tentou ele, respirando fundo — É que eu nunca pensei que iria viver o suficiente para ver isso...

E começou a rir outra vez.

E tive que esperar longos cinco minutos, até que ele parasse dr agir com um idiota. 

— Nem me lembro de quando foi a última vez que ri desse jeito — murmurou Matt, sorrindo e limpando as lágrimas que se formaram nos cantos de seus olhos.

— Que bom que o diverti — disse eu, com uma ironia palpável— Então, vai me dizer o que está acontecendo comigo? 

Matt cruzou os braços me olhando de maneira divertida.

— Isso que você sente quando vê outros homens olhando para Bonnie se chama ciúme.

O quê? Ciúme?! Ah, corta essa!

Fiquei completamente chocado com aquilo.

— E por que você acha que estou sentindo isso? — perguntei, semicerrando os olhos, desconfiado.

— Você nem faz ideia, não é, mesmo? — disse ele, se divertindo com aquilo de uma forma diabólica.

Ainda não estava entendendo onde ele queria chegar.

— Você está sentindo ciúme da Bonnie, porque você está apaixonado por ela, Kai— disse ele.

Fiquei completamente perplexa.

— O quê?— perguntei, ainda sem acreditar — Peraí, eu pensei ter ouvido você dizendo...— ri nervosamente — que eu tô apaixonado?

— Sim, Kai. Você está apaixonado pela Bonnie — murmurou ele pacientemente— Todos os sinais estão aí.

Meu sorriso minguou.

— E como eu faço pra não sentir mais isso?— perguntei, parecendo desesperado.

Matt sorriu, como se estivesse lidando com uma criança com dificuldade para aprender alguma coisa. 

—Aí, é que está o problema. Não tem uma forma de parar isso. É, mais ou menos, como uma bola de neve. Cresce mais a cada dia — profetizou o rei do Mystic Grill.

Eu acho que entrei em estado de choque, depois daquilo.

— Parabéns, cara— disse Matt, dando um tapinha no meu ombro e voltando ao trabalho me deixando sozinho — Coitada da Bonnie — sussurrou para si mesmo quando pensou que eu não estava ouvindo.

Até teria dado uma bela resposta, mas eu estava preso numa questão primordial: Eu? Apaixonado?!

Minha respiração ficou acelerada e meu coração estava batendo tão rápido, que achei que aquilo fosse um enfarto mesmo.

Eu não posso estar apaixonado por Bonnie! É impossível!, pensei, tentando ficar calmo. Coisa que não estava dando certo. Eu não posso estar sentindo isso, eu não posso sentir nada por aquela bruxa idiota!

Tudo estava meio que girando a minha volta. Tive que me sentar em um daqueles bancos do balcão, se não cairia no chão.

Coloquei as mãos sobre o balcão, respirando rápido.

Como eu posso sentir isso, por uma pessoa como Bonnie?!, pensei, tentando compreender aquilo. Ela é tão chata, irritante, teimosa, grossa e mandona... e... Ela é tão linda e cheirosa, inteligente e sexy e provocante e… E o sorriso dela é tão...

— Ah, merda, merda merda… — sussurrei, para mim mesmo.

No fundo — não queria acreditar — eu sabia que havia alguma coisa errada comigo desde que fui morar com Bonnie.

Eu conseguia sentir aquilo crescendo e se tornando mais forte a cada dia, mas preferi acreditar que não tinha nada de errado comigo. Mas aquele sentimento estava lá, se prendendo mais a mim a cada dia, se tornando mais forte e independente.

Então, tive que admitir aquilo com muita relutância.

— Eu estou apaixonado por Bonnie— sussurrei, ofegante e assustado.

E sabia, que no momento em que admiti aquilo não haveria mais retorno.

♡♡♡♡♡

Nota da Autora: 

O que acharam de nosso querido sociopata apaixonado? 

Deixem suas opiniões, que afinal são muito importantes.

Beijos dessa autora bobona xxx

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