[Degustação] Fetiches

By MaaMarche

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Contém sexo explícito | Recomendada para maiores de 18 anos | Todos os direitos reservados Coletânea de conto... More

Aquela da Introdução
Aquela do Vizinho (parte 1)
Aquela do Vizinho (parte 2)
Aquela do Melhor Amigo (parte 1)
Aquela do Melhor Amigo (parte 2)
Aquela do Capitão (parte 2)
Aquela do Nerd (parte 1)
Aquela do Nerd (parte 2)
Aquela do Convite
Aquela do Livro

Aquela do Capitão (parte 1)

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By MaaMarche

A tripulação do Calla Lilies estava navegando há exatos dois meses e meio.

A carga que carregava era de tecidos finos, mas o suposto comprador era supersticioso demais para permitir que estes viessem via Canal de Suez, o que obrigou Guilherme Pagani, o capitão, a fazer uma rota infinitamente mais demorada, partindo da Índia, contornando o Cabo da Boa Esperança, ao sul da África, e enfim aportando em Livorno, uma cidade litorânea da Itália.

A troca comercial ficou combinada de ocorrer na Toscana mesmo, em Florença, mas apenas dali a 24 horas, o que dava à tripulação tempo o suficiente para cair nas graças de um copo de rum e nos braços de uma mulher, antes de partir viagem novamente.

E foi o que os diversos marinheiros apressaram-se em fazer, prometendo grandes aventuras aos pobres que teriam que ficar tomando conta do navio.

Guilherme não era muito de deixar seu barco. Pelo contrário, ele sempre era o primeiro a dar o exemplo de amar a vida no mar, o que era especialmente inspirador para seus subalternos.

Mas, naquele dia em específico, o capitão do Calla Lilies se encontrava igualmente sedento por um pouco de terra firme.

Permitiu que alguns bons marujos o levassem para o bar mais próximo, entre brincadeiras e incentivos, embora todos sempre o tratassem com incontestável respeito.

Sua autoridade dentro do navio nunca havia sido contestada e era difícil imaginar que um dia fosse ser. Ele pagava bem os tripulantes e tinha um passado sólido nas águas abertas, o que lhe garantia certa reputação.

O comandante então adentrou o lugar escuro, iluminado apenas pelo sol do entardecer, com seus companheiros. Eles se separaram em mesas e nas banquetas do bar, enchendo rapidamente o estabelecimento antes habitado por apenas algumas pessoas.

Capitão Pagani permaneceu à porta, fumando seu cubano e sentindo a brisa marítima lhe soprar a face. Ele tinha um ritual: tragar um charuto, beber meia garrafa, transar com uma mulher. Nunca tinha falhado e sempre lhe garantia diversão pelo tempo aportado.

Há alguns metros de distância, em uma mesa de madeira envernizada, estava Camila Jardim.

Uma estilista esforçada, que trabalhava dia e noite para atingir seus objetivos nas passarelas de Milão, um plano de 5 anos cujos passos detalhados ela fazia questão de seguir à risca.

Adiantada em sua lista de tarefas, a mulher havia resolvido tirar alguns dias de folga da beleza e agitação de Florença para curtir os encantos da praia mais próxima, que calhava de ser justamente Livorno.

No entanto, desfocada enfim do trabalho, tudo que a pequena viagem de uma hora e meia lhe permitiu, foi ver o quanto estava perdendo dos prazeres da vida.

As pessoas em Livorno pareciam todas felizes, realizadas e despreocupadas. Ela se perguntava se essa era uma peculiaridade da cidade, ou se todos lhe pareciam assim por contrastarem tanto com sua própria imagem.

Ela não se arrependia. Ia chegar exatamente onde queria por mérito e esforço próprios, e se considerava muito mais que capaz disso.

Mas... Ela havia tirado alguns dias de folga. Não custava nada tentar experimentar o que quer que tivesse na água daquelas pessoas tão radiantes.

Ela observou atenta quando um monte de homens malhados com uniformes brancos invadiu o mesmo lugar que ela tinha escolhido para começar o desafio. Eles brindavam copos cheios, falavam alto, riam muito, e nem haviam chegado há mais de 40 minutos.

Só que de todos eles, o que mais chamava a atenção de Camila era o loiro na porta de entrada. Ele tinha um ar mais maduro do que os demais, usava um terno branco, em oposição às camisetas surradas, uma série de abotoaduras elegantes e um quepe segurado debaixo do braço. "O capitão, claro", ela pensou. Pelo que ela pode ver, ele tinha acabado de guardar um charuto meio fumado e tinha agora um copo largo nas mãos firmes.

Aquele era o tipo de homem com quem ela poderia ter uma aventura. Uma experiência não-planejada, fora do curso.

Mas antes mesmo que pudesse tomar alguma atitude a respeito, o homem virou levemente o rosto em sua direção. Ele tinha os olhos em fendas permanentes, o que de alguma forma o tornava mais atraente, e lhe sorriu ladino, oferecendo a bebida em um brinde.

Camila se empertigou, arrumando a saia de grife, e o cumprimentou de volta com um gesto de cabeça.

Eles continuaram naquela troca de olhares, Guilherme a observando com interesse, e ela avaliando que próxima atitude poderia tomar. Sem pensar duas vezes, tirou a bolsa da cadeira a seu lado e indicou ao comandante que se sentasse ali.

Ele sorriu para o chão, mostrando todas as ruguinhas charmosas de seu rosto experiente e se aproximou com elegância.

- Por favor. – disse, e sua voz fez Camila torcer os dedos do pé dentro da sandália. – A quem devo a honra?

- Meu nome é Camila Jardim. – ela se apresentou, tendo a mão segurada e um beijo cálido postado em seu dorso.

- Camila... – o capitão testou o nome da moça nos lábios, parecendo satisfeito com o resultado. – Bem, o que traz uma mulher da sua classe a essa espelunca? – perguntou divertido e ela riu em retorno, encantada.

- Acredito que eu precisava de uma mudança de ares. Algo que saísse da minha zona de conforto. – respondeu, sincera. Estava encantada com a polidez do homem, embora pudesse enxergar o brilho malicioso que ele carregava consigo, no tom das palavras e cheiro de sua pele. O terno bem cortado era uma capa para o imã perigoso que eram seus ombros fortes, e ela quis se perder ali por um segundo.

Guilherme novamente a analisou, procurando suas motivações por detrás dos olhos castanhos. Quando a encontrou sozinha sentada na lateral externa do bar, tinha certeza que não seria o par de pernas a quem buscava. Ela se vestia bem demais, e seu ar de fineza não condizia com as mulheres a quem normalmente recorria naquele tipo de ocasião.

Mas, então, ele pensou. Não era de aventuras que ele justamente se alimentava? Para que encontrar conforto nos braços de uma qualquer se ele podia ganhar na loteria com uma italiana única em busca de um algo a mais?

- Acho que eu tenho exatamente o que você precisa.

Guilherme havia oferecido o braço à Camila, e juntos eles percorreram a distância do bar até o ancoradouro. A rampa de acesso estava baixa, onde algumas gaivotas se apoiavam.

A estilista se impressionou com o imponente navio que o loiro capitaneava, admirando-o sob o sol insistente do fim de tarde.

- Presumo que esteja me levando para lá. – ela disse, batendo os cílios para o mais velho.

- Presumo que esteja interessada. Estou errado? – ele rebateu, ao que ela sorriu.

- Vou precisar de um tour.

- Eu não me contentaria com menos.

Eles subiram abordo e Guilherme a guiou pelos diversos corredores estreitos. Passaram por uma porção de portas que ela presumiu serem as cabines, então um grande espaço de maquinário barulhento, e enfim uma porta larga e ornamentada.

- O que tem aí? – ela perguntou, curiosa.

Guilherme apenas lhe sorriu e indicou a maçaneta, que ela prontamente girou.

Dentro do lugar, havia um painel grande cheio de mostradores, alavancas e botões. Duas cadeiras imponentes de couro, assoalho de madeira escura, e, claro, um grande e polido leme.

Os olhos da moça brilharam de excitação. Aquela era a sala de comando, a cabine do capitão, e tudo era tão incrível como imaginou que seria. Ela quis se sentar na cadeira e navegar aquele barco imenso pelas águas desconhecidas, rumo a um destino nada planejado e indubitavelmente excitante.

Contornando o lugar como uma gata magistosa, Camila mirou Guilherme nos olhos e sorriu ladina.

- Então, capitão. Me conte sobre você. – o loiro colocou as mãos nos bolsos após colocar o cape sob a cadeira e retribuiu seu sorriso.

- O que você quer saber?

- Podemos começar com o seu nome.

- Eu me chamo Guilherme Pagani.

Hm... "Capitão Pagani" ela ecoou na mente. Soava terrivelmente certo.

- A quanto tempo trabalha com isso?

- Nunca morei em terra, se é o que quer saber.

- Nunca? – ela quis confirmar, impressionada.

- Nunca.

Isso significava que ele também nunca tinha tido uma namorada, certo? Devia ter se deitado com uma centena de mulheres pelo mundo, sem nunca criar raízes. Sua experiência com certeza ia além do ar safado que o acompanhava, então.

E também, se nunca havia tido um porto para chamar de casa, os trabalhos que fazia como cargueiro eram esporádicos. Provavelmente nada na vida daquele homem era planejado.

Camila se sentiu arrepiar. O que ele representava... O que ele era, era tudo que ela não sonharia ser. Jamais conseguiria sequer se imaginar em seu lugar e, no entanto, ali estava ela. Sob o seu teto, em seu habitat. Vivendo um momento roubado em um ponto fora da curva de seu caminho. Era tão... Sexy.

- Você gosta do que faz? – ela continuou o interrogatório, e Guilherme apenas a observou com os olhos em fendas, como fizera no bar. Depois de tantos anos com o mar e a madeira impregnando seus sentidos, ele agora quase podia sentir o cheiro da animação da mulher.

- Venha aqui. – ordenou, indo para frente do leme. Camila o obedeceu sem muito entender.

Guilherme apertou dois botões e logo as janelas de vidro que garantiam sua visão até o horizonte se abriram, permitindo que a brisa forte da maresia adentrasse o lugar, levando os cabelos da estilista a se mexerem fora de controle.

- Ah! – ela exclamou, segurando os tecidos da blusa no lugar e rindo como uma menina.

Guilherme sorriu quieto por sua reação e segurou sua mão com leveza. Ela o seguiu sem questionar e logo estava à frente do leme, o capitão às suas costas ajeitando as mãos pequenas e bem cuidadas sobre dois gomos da grande roda de madeira.

- Imagine que o mar é a sua vida. É de onde você veio e para onde você vai. – ele sussurrou, chegando um pouco mais perto. Camila encolheu os ombros, sensações demais apoderando seu corpo naquele momento. – Com apenas uma virada dos seus pulsos, você pode mudar absolutamente tudo e começar do zero em um novo lugar. Tem o poder de decisão que sua vida terrestre falsamente te proporciona. – a mulher mirava cada nuance das ondas batendo contra o casco, cada gaivota sobrevoando o píer, deixando as palavras do loiro invadirem seus pensamentos.

Ela achava que tinha tudo sob controle em seu plano de 5 anos, mas, naquele momento, percebeu que na verdade era apenas refém dos acasos do destino. Ela podia fazer o seu melhor que, no fim das contas... Continuaria nas mãos de uma força maior.

Enquanto que Guilherme, por outro lado, diferente do que ela achava, tinha sim todas as respostas. Ele era senhor de seu destino, mestre do seu caminho. Dependia apenas das ondas e dos ventos para ir aonde fosse, para tomar o que quisesse, para ser quem quisesse ser. Ele era livre como um pássaro, escorregadio como um peixe.

Era o contraponto de tudo que ela esperava e de tudo que conhecia. Suas certezas foram colocadas à prova a partir do momento em que se deu conta que um homem cujos pés mal tocaram a terra tinha mais segurança do que ela em seu apartamento de 100m² em Florença.

Mas, por algum motivo, Camila se sentiu em paz ali. Nos braços de um desconhecido, sob o céu azul de Livorno, e com um leme entre os dedos. Parecia tão certo, calmo e certeiro, que ela se permitiu relaxar.

Aventura era o que ela vivia todos os dias, lutando para sobreviver e burlar seu destino com as decisões que lhe cabiam. Aquilo ali era, na verdade, um refúgio, uma experiência, um escape. Um que ela aproveitaria ao máximo e sem olhar para trás.

- Agora me responda, Camila: Tem como não gostar do que eu faço? – ele enfim concluiu, deixando-a saber o porquê de todo aquele momento construído.

- Bem... Quando você coloca assim, parece mesmo maravilhoso. - ela sorriu sozinha, apoiando o corpo no másculo dele atrás de si, e virou a cabeça apenas um pouco para que pudesse olhá-lo. – Mas não deve ser fácil ficar dias e meses sem nenhuma companhia.

Guilherme não precisou que ela falasse as palavras para saber que não estava se referindo aos marinheiros que trabalhavam com ele.

- Eu sempre posso contar com belos achados nos portos de troca. Livorno, por exemplo, está de parabéns. – Guilherme virou o rosto também, de forma a fazer suas palavras serem direcionadas exatamente à boca de Camila, entreaberta pelo galanteio.

Ela se virou lentamente, deixando o corpo esbarrar no do capitão sem qualquer pudor, até estar frente a frente com ele, as costas contra o timão.

- Você ainda me deve um tour, marujo. – embora estivesse mais do que à vontade para acabar com a graça ali mesmo, Camila ainda estava curiosa sobre o resto da "casa" do homem, e não deixaria aquela oportunidade passar. Ele, no entanto, tinha ideias melhores.

Qualquer homem em sua posição talvez estivesse impaciente. Eles tinham ido ali para transar, isso estava claro para ambos a partir do momento em que pisaram no grande ancorado. Mas Camila estava adiando o momento em uma tortura deliciosa e tenra, agridoce até, que Guilherme poderia desgostar.

No entanto, como o bom velejador que ela, o capitão sabia navegar na velocidade certa para atingir o objetivo sem obstáculos ou mudanças de rota. E era por isso mesmo que ele já tinha todo um jogo de palavras traçado em mente, algo que ele tinha certeza: Levaria a um bom tanto de gritos e grunhidos do melhor tipo – os que carregavam seu nome.

- Nós podemos fazer uma troca. – a estilista levantou uma sobrancelha, em um questionamento mudo. – Eu te mostro cada canto do meu barco, do meu trabalho, da minha vida e interesses... Se você me mostrar cada pedaço seu. – ele finalizou, dando a entender com o olhar o que queria.

- Cada...? – Camila tentou entender, até sua mente clarear. Ele queria que ela ficasse nua. Sorriu. Que belo marinheiro espertinho ele era. – E por que motivo eu faria isso, capitão?

- Além de você obviamente querer... – Guilherme revirou os olhos com obviedade, para a diversão da mais nova. - Nós temos uma regra aqui no Calla Lilies. – supondo que aquele fosse o nome do barco, ela resolveu dar corda.

- Uma regra?

- Sim. – a voz de Guilherme saía grossa e rouca, daquele jeito que fazia até sereias criarem pernas para poderem esfregar uma contra a outra. – Invasores, pessoas de fora, terrestres e não-marujos, são despidos e levados ao mastro para que aprendam a quem o navio pertence.

- Ah, é mesmo? – ela sorriu, incrédula. O homem era ousado e ia atrás do que queria, o que no momento era ela. Camila estava louca para entrar em sua onda. – Então eu acredito que temos um combinado, capitão.

Guilherme indicou a porta da cabine, para que ela fosse na frente. Enquanto fechava as janelas novamente e a seguia, pensou no que ela havia dito no bar.

- Como você se sente sem nenhum poder de decisão sobre seus próximos passos, Camila? Fora da sua zona de conforto? – ela não precisou pensar para responde-lo por sobre os ombros, já fora da cabine.

- Com tesão.

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