The Rogue (descontinuada) (l...

By Belcourt

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Louis é integrante de uma banda de pop punk chamada The Rogue e tem vários homens aos seus pés. Harry é um es... More

Foreword
I
II
III
IV
VI
VII
VIII
IX
X
XI
XII
XIII
AVISO

V

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By Belcourt


"você é rasgado em todas as pontas, mas continua sendo uma obra-prima." - halsey.

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Harry e Louis andavam apoiados um no outro pelas ruas de Soho em direção a um dos bares LGBTQ mais conhecidos da região. As boates, restaurantes e pubs estavam lotados e filas cobriam as calçadas. Luzes coloridas banhavam a pele dos dois conforme davam passos pela noite, gargalhando de coisas estúpidas e se conhecendo melhor através de um jogo de perguntas.

Apenas pararam de fazer barulhos de uma maneira animada quando chegaram até a porta do Broadway. As paredes de tijolo tinham palavras escritas em tinta spray chamativa: RESPEITO, AMOR É AMOR, QUANTO MAIS GAY MELHOR, ESTAMOS FAZENDO UMA REVOLUÇÃO, MINHA SEXUALIDADE NÃO É UM FETICHE. Uma bandeira de arco-íris era projetada com luzes sobre as diversas frases e marcações. A música que ecoava por todos os lados era pop, com uma batida animada e com letra chiclete.

Louis arrastou Harry para dentro com um sorriso enorme no rosto. As luzes rosa e azul piscavam, giravam, brilhavam. Muitos dançavam alegremente por entre as mesas nas cores do arco-íris e o balcão estava repleto de bebidas coloridas.

Ambos conheciam aquela música, por isso riram e passaram a cantar junto. Louis pediu um drink de cereja e Harry, um de abacaxi. As palavras deles se perdiam em meio ao sotaque britânico forte. O barman deixou dois copos no balcão e então foi atender outros clientes, ignorando o barulho que os dois faziam.

Louis pulou de sua banqueta, acomodando-se em pé entre as pernas longas e torneadas de Harry. Havia um sorriso em seu rosto e seus olhos azuis brilhavam quase tanto quanto as luzes neon ao redor deles. Ele bebeu um gole de seu drink e então lentamente levou os dedos até a bochecha do outro rapaz.

Harry ficou tenso, subitamente sóbrio demais. Ele viu as mãos de Louis, perto demais de seu rosto. Você precisa aprender uma lição, você não é bom o suficiente, você precisa parar de chorar, eu sou mais forte que você. Ele empurrou Tomlinson para longe, deixando sua bebida no balcão enquanto descia da banqueta.

Porra. Ele havia se preparado para o impacto. Quantos garotos já haviam tentado acariciar suas bochechas e ele simplesmente fechara os olhos esperando sentir ardência ou entrara em pânico?

Porra. Ele passou a procurar pela saída do bar.

Pessoas estavam em todos os lugares e claustrofobia o atingiu como uma bala. Não entendia o que estava acontecendo, pois já tinha se relacionado com outros garotos e sua mente não entrara no caminho. Fazia tanto tempo, tanto tempo, tanto tempo. Apesar dos flahsbacks enquanto tomava banho ou escovava os dentes, achou que tivesse se recuperado.

Olhe para mim, Harry, e pare de chorar. Você sempre faz tudo errado, então vou precisar continuar te punindo.

Talvez tivesse se enganado.

Assim que seu corpo entrou em contato com a brisa gélida noturna, respirou fundo. Lágrimas escorriam por suas bochechas e não havia nem ao menos notado. Queria se encolher em uma bola ou talvez sumir, relembrou das vezes em que observava a água na banheira de seu apartamento e ponderava sobre tentar se afogar. NÃO. Ele balançou a cabeça para os lados: já havia conversado sobre isso com seu terapeuta e todos esses pensamentos eram tóxicos.

Encostou-se no muro da loja que ficava ao lado do bar.

Havia lido um artigo sobre Estresse Pós-Traumático naquela tarde. Dizia que memórias voltavam em momentos inesperados e que a melhor maneira era simplesmente lidar com elas, encará-las. Também falava sobre pessoas que procuravam lugares para se esconder. Logo em seguida tinha um parágrafo detalhado sobre o estado de torpor que às vezes atingia quem sofria desse transtorno.

Não era recomendado se autodiagnosticar. Ele o fez mesmo assim.

Fez uma nota mental para discutir sobre Estresse Pós-Traumático com seu terapeuta.

Inspira. Expira. Inspira. Expira.

─ Harry? ─ Era a voz de Louis. Ele se aproximou, as solas de seus Vans colidindo com a calçada. Parou de frente para o rapaz, inspecionando seu rosto com os olhos azuis brilhantes. Parecia preocupado. ─ O que aconteceu? Você está bem?

Sacudiu a cabeça, puxando mais uma lufada de ar para dentro de seus pulmões. Expira.

─ Eu costumava me esconder debaixo da cama e fechar os olhos. ─ Murmurou para Tomlinson, não sabendo ao certo a razão. Sua voz estava tão quebrada, tão trêmula. Pensou que algumas feridas ficavam abertas para sempre.

─ Do que você se escondia?

─ Do mundo ─ respondeu, fungando. Seu corpo doía, seus olhos ardiam. ─, mas principalmente de Cory.

─ Quem é Cory?

─ Meu ex-namorado.

─ O que ele fez com você?

Harry tentou bloquear as imagens, os gritos.

─ Muitas coisas. ─ Suspirou, fechando os olhos. ─ Todas as coisas.

Filho da puta.

─ Realmente.

─ Você veio dirigindo?

─ Sim. Por quê?

─ Entregue-me as chaves, vou te levar para casa.

─ Você não sabe onde eu moro. ─ Mas suas mãos já estavam em seus bolsos, pegando o chaveiro. Colocou-o na palma de Louis.

─ Você me ensina o caminho.

E ele ensinou. Concentrou cada fibra do seu corpo em dizer direções e ditar nomes de ruas. Tudo menos ficar preso dentro de sua mente, tudo menos ficar revivendo.

Flashbacks acontecem em momentos inesperados. Ele tinha Estresse Pós-Traumático. Lugares para se esconder. Ninguém havia dito isso ainda, mas era verdade. Períodos de torpor. Geralmente eram longos minutos existindo, existindo, existindo.

Sinceramente? Ele estava sempre assustado. Sinceramente? Após beijar e transar com os garotos que conhecia em boates e bares, dirigia para casa soluçando.

─ Pronto. ─ Louis anunciou, estacionando o carro junto ao meio fio. Sorria para Harry, gentilmente. A chave ainda estava ignição.

─ Muito obrigado.

─ Você vai ficar bem? ─ Sua voz era macia e não demorou até que ele apertasse os dedos de Harry entre os seus.

─ Sim. Sinto muito por estragar a nossa noite.

─ Ah, não se preocupe. Nós temos muitas outras para aproveitar.

Harry deixou um beijo na bochecha de Louis antes do mesmo sair do carro.

Sentando-se atrás do banco do motorista, girou o volante para entrar na garagem de seu prédio. Os pensamentos corriam a milhares de quilômetros por hora em sua mente, e ele se questionava como poderia ter pensado algum dia que estava bem, que havia se recuperado.

Ao estacionar em sua vaga respirou fundo. Uma, duas, três, quatro vezes. Tateou seu bolso em busca do celular. Pesquisou em seus contatos, achando o número que procurava em poucos segundos. Pressionou o aparelho contra a orelha, mordiscando o lábio inferior.

─ Alô? Harry? ─ A voz do outro lado disse, sonolenta. Sentia-se mal por ter ligado no meio da noite para seu terapeuta, mas precisava conversar.

─ Você tem meu número salvo. ─ Riu sem humor, fungando.

─ É claro que sim. O que houve? Está tudo bem?

─ Eu tive uma recaída. ─ Respondeu, franzindo a testa mesmo que o outro não conseguisse ver. ─ Na verdade, ainda acho que ainda estou tendo uma.

─ Diga-me o que está pensando. ─ Houve uma movimentação do outro lado da linha e então barulhos de digitação. ─ O que acha que desencadeou esse processo?

─ Louis levantou as mãos para acariciar as minhas bochechas. Ele é um rapaz com quem saí, não sei se já disse isso.

─ Que dia é hoje, Harry? ─ Joshua perguntou, sua voz soando gentil e preocupada.

Styles já havia olhado o calendário naquela manhã e quase tido um ataque de pânico.

─ Dez de outubro. ─ Murmurou, observando os feixes da luz prateada do estacionamento se infiltrando dentro de seu carro. ─ Talvez o gesto de Louis não tenha sido a única razão.

─ Provavelmente.

─ Você acha que ele virá atrás de mim? ─ Era uma pergunta que sempre dançava em sua mente, mas poucas vezes realmente a pronunciava.

─ Ele está longe, Harry. Além disso, você pode fazer uma ordem de restrição caso seja necessário. ─ Joshua afirmou, soando confiante.

─ Você acha que eu tenho Estresse Pós-Traumático?

Houve um momento de silêncio do outro lado da linha.

─ Você deveria ir dormir.

Ele não conseguiria mesmo que tentasse.

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vamos falar de violência doméstica. 

na última edição de the rogue eu senti que não dei a devida importância para esse assunto, então aí está uma das grandes razões para eu estar reescrevendo. 

em 2013 fizeram uma pesquisa no brasil que relatou 13 homicídios femininos diários. familiares matando mulheres, ex-namorados, namorados, maridos. e dos últimos dez anos para cá houve também um aumento de cerca de 54% no índice de homicídios de mulheres negras. porém, apesar da maioria das agressões serem sofridas por mulheres, isso não significa que os homens também não sejam vítimas de violência doméstica. 

o brasil é o quinto país no ranking de crimes desse tipo. 

e essas estatísticas são assustadores e revoltantes. 

com the rogue eu quis abordar o assunto e estou tentando fazer isso da melhor maneira que posso e também da mais realista. muita gente acredita que em países desenvolvidos - não sei a lógica, mas acontece - não existem crimes desse tipo. claro que não é verdade. 

a verdade é que de 2008 para 2015 o número de crimes de violência doméstica aumentou em cerca de 43% só no reino unido. e o número de prisões e sentenças para esse tipo de crime diminuiu. 

então está na hora da gente falar sobre violência doméstica. 

(obs. todas as informações sobre linhas de suporte, sentenças e etc que estarão presentes nessa história vão ser extraídas de documentos dos órgãos governamentais do reino unido.) 

xx 

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