O Segredo do Príncipe | Showki

By ckyunbabie

6.7K 1.3K 2.3K

Em um reino comandado por um rei tirano, o príncipe Hyunwoo é forçado a um casamento arranjado. Contudo, ele... More

Novidades
1. Laços forjados
2. Acidente intencional
3. Só mais um nobre
4. Adeus, amiguinho
5. Mau gosto
6. Príncipe mimado
7. Limites
8. Promessas vazias
9. Duas condições
10. Cumplicidade
11. O segredo da princesa
12. Não se força o amor
13. Memórias perdidas
14. Noite ruim
15. Maldito soju
16. Péssima influência
17. Ingenuidade
18. A pureza do amor
19. Capaz de tudo
20. O garoto do jardim
21. Sonhos e pesadelos
22. Teatro matrimonial
23. Um singelo pedido
24. Ações e consequências
25. O criado curioso
26. Impasse fatal
27. Sem saída
28. Palavras não ditas
29. Tempo perdido
30. As últimas peças
31. Cicatrizes internas
33. Redescobertas

32. Fragmentos do passado

27 3 17
By ckyunbabie

Não esqueça do voto! 💗

Primeiramente mil perdões pela demora pra atualizar!! Eu acabei dando uma pausa não planejada, por mais que já tenha até o capítulo 35 aqui. Mesmo assim, espero que não tenham desistido de OSDP kkkkk

Nos vemos lá embaixo :)

— 👑 —

A primeira sensação que invadiu a consciência de Kihyun ao despertar de manhã foi o calor reconfortante do abraço de Hyunwoo envolvendo seu corpo. Uma sensação de segurança e proteção o envolvia, afastando as sombras que habitavam em sua mente. A noite fora tranquila — Kihyun dormiu sem acordar em nenhum momento da madrugada, com um total de zero pesadelos. Seu coração e seu cérebro estavam em paz.

Ao abrir os olhos, ele se viu cercado pela luz suave que penetrava pelas frestas das cortinas entreabertas. Era estranho despertar naquele quarto luxuoso uma segunda vez em sua vida, porém, dessa vez ele não sentia que estava fora do lugar ou invadindo um espaço ao qual não pertencia.

Com cuidado para não perturbar o sono do príncipe, Kihyun se aconchegou ainda mais em seu abraço, permitindo-se afundar na sensação de ser amado e cuidado. Mesmo que o futuro ainda fosse incerto, ele sabia que, no momento presente, estava onde queria estar: nos braços de alguém que o compreendia, que desejava o seu bem e poder cuidar dele assim como era cuidado.

Hyunwoo suspirou em seu sono e o apertou mais forte, respirando em sua nuca. Kihyun sentiu um arrepio percorrer o seu corpo. Ele sabia que aquela noite teria sido diferente se ele não tivesse desabafado, mas não se arrependia. Ainda teria tempo para aproveitar muitos suspiros, arrepios a intimidade que se formava entre eles.

O criado acabou adormecendo mais uma vez, envolto pela paz do momento, sentindo-se tranquilo e seguro.

No entanto, o sono de ambos foi interrompido de forma abrupta por batidas estrondosas na porta, ecoando pelo quarto e cortando o silêncio da manhã. O coração de Kihyun disparou com o som repentino, e ele se viu despertando de forma súbita, o corpo tenso de ansiedade.

A voz furiosa de Seokjin ecoou por trás da porta, exigindo que seu filho o deixasse entrar. O tom de raiva no timbre do rei enviou calafrios pela espinha de Kihyun. Ele se virou para o príncipe, que também havia despertado com um susto, e estava agora congelado em cima da cama com uma expressão de absoluto terror.

— Se esconda — Hyunwoo clamou em um sussurro desesperado.

Sem hesitar, Kihyun se viu em um estado de pânico, suas mãos tremendo enquanto ele raciocinava o que o príncipe o havia pedido para fazer. Tentando não tropeçar ou fazer barulho, ele se enfiou embaixo da cama do príncipe, lutando para controlar a respiração acelerada enquanto se escondia na escuridão abaixo do móvel.

Era como se seu coração estivesse prestes a sair pela boca. As consequências de ser encontrado ali pelo Rei seriam desastrosas, para dizer o mínimo, e sua maior preocupação naquele momento era com o bem estar de Hyunwoo.

Hyunwoo colocou sua blusa o mais rápido que pôde e parou em frente a porta, a mão flutuando sobre a maçaneta, ponderando se deveria abrir ou não. O quarto parecia encolher ao seu redor. Ele segurou a respiração, ouvindo a mão pesada do rei se chocando contra a porta e seu coração martelando em seus ouvidos com uma força sufocante.

Cada fibra de seu ser gritava para que ele não abrisse aquela porta, para que não permitisse que a ira incontrolável de Seokjin invadisse o seu refúgio de tranquilidade. No entanto, a voz da razão insistia que ignorar o rei poderia levar a consequências ainda mais terríveis. Com um suspiro resignado, Hyunwoo estendeu a mão trêmula para a maçaneta e girou a chave devagar, enfim abrindo a porta.

Seu coração pareceu cair de seu peito quando Seokjin entrou no quarto de forma abrupta. Antes que Hyunwoo pudesse articular uma palavra, ele foi empurrado com violência contra a parede, o impacto fazendo sua cabeça girar e seus pulmões doerem.

O olhar furioso do rei perfurou Hyunwoo com intensidade, como se procurasse por qualquer sinal de fraqueza ou culpa em seu rosto. Sua voz ressoou pelo quarto, carregada de um ódio descontrolado.

— Você pensa que pode me enganar, seu inútil? — rosnou Seokjin, suas palavras cortantes como lâminas afiadas. — Acha que não sei o que está acontecendo? Acha que não sei que está me espionando para alguém lá fora?

Hyunwoo piscou perplexo com as acusações do rei.

Ele ergueu as mãos, como que se rendendo. Sua voz permanecia firme, mas carregava uma nota de desespero enquanto ele respondia.

— Eu juro que não sei do que está falando — disse ele.

Enquanto isso, Kihyun, escondido debaixo da cama, prendeu a respiração, enquanto temia pela segurança do príncipe. Ele pressionou uma mão contra a boca, tentando abafar qualquer som que pudesse denunciar sua presença.

— Não me faça de tolo, Hyunwoo! — rugiu Seokjin. — Você acha que pode me enganar? Que pode conspirar contra mim e sair impune? Não se iluda. Eu sei de tudo.

Hyunwoo engoliu em seco, sentindo praticamente sua sentença de morte. Ele gostaria de dar uma resposta que pudesse acalmar a fúria do pai, mas todas as suas tentativas pareciam inúteis diante de sua ira.

— Eu sei que você está conspirando com seus cúmplices. Eles não escaparão impunes por suas traições. Lee Jooheon e Sooyoung não ficarão ilesos por muito tempo — continuou Seokjin, sua voz adquirindo um tom ainda mais sombrio. — Eles serão os primeiros a sentir o peso da minha ira. E você, meu próprio filho, será o responsável por sua desgraça.

— O quê quer que eu diga? Não faço ideia de conspiração alguma! — Hyunwoo insistiu.

O golpe de Seokjin contra o estômago de Hyunwoo o atingiu com força suficiente para fazê-lo cambalear para trás, a dor pulsando através de seu corpo enquanto ele tentava recuperar o fôlego. Ele mal conseguiu conter um gemido de dor, e sua ansiedade aumentava à medida que o rei lançava suas palavras acusatórias.

— Eu estou cansado de suas rebeldias, Hyunwoo — disse Seokjin com uma voz cheia de raiva contida, sua expressão uma máscara de desgosto. — Você parece pensar que pode fazer o que bem entender, mas está enganado. Eu o criei com indulgência demais.

Hyunwoo cerrou os punhos com força, ao passo que a incredulidade se espalhava por todo o seu corpo. Como Seokjin ousava dizer que o criara com indulgência? Ele se lembrava de maneira vívida das noites de terror em que seu pai o subjugava com punições cruéis e palavras maldosas, dos anos de abuso e manipulação emocional que o deixaram marcado até a sua alma.

A raiva borbulhava dentro de si, feito uma panela cheia de óleo fervente. Mas também havia a tristeza, uma dor causada pelo conhecimento tão familiar de que seu próprio pai era o responsável por tanto sofrimento em sua vida.

— Nunca foi indulgência, pai — Hyunwoo disse, não se permitindo vacilar pela dor física. — Foi crueldade disfarçada de autoridade. Eu nunca esquecerei o que você fez e ainda faz comigo.

Seokjin lançou-lhe um olhar gelado, seus olhos cheios de uma mistura de raiva e desdém.

— Você acha que pode me desafiar, Hyunwoo? Você está enganado. Vai aprender sua lição, mesmo que eu tenha que forçá-la goela abaixo. Você aprendeu sua lição uma vez, quando era apenas uma criança insolente. Achou que podia fazer o que bem entendia, criando amizade com criados imundos e os alimentando escondido, mesmo após eu tentar controlá-lo com surras e mais surras. Você achou que ficaria só nisso, que poderia desafiar minha autoridade e sair impune, se metendo com a escória e julgando que era a coisa certa. Desperdiçava comida com uma mulher fraca e doente, com uma criança inútil. Espero que nunca tenha esquecido o que ganhou com isso.

Seokjin avançou mais. Hyunwoo sentiu-se encurralado como uma presa, seu corpo tenso enquanto seu pai se aproximava.

— E eu posso lhe garantir, Hyunwoo, que sou perfeitamente capaz de lhe ensinar uma lição da mesma maneira que antes. Se você insistir em desafiar minha autoridade, vou garantir que você se arrependa disso. Vou deixá-lo em um estado que fará sua pior punição parecer um passeio no parque.

Embaixo da cama, Kihyun sentiu como se o chão tivesse desaparecido sob seus pés, como se o mundo que ele conhecia estivesse desmoronando ao seu redor. Ele mal conseguia processar as palavras do rei, que se tornavam quase um eco distante de uma realidade que ele mal podia compreender.

Cada palavra doía como um soco, cada detalhe era uma faca afiada perfurando seu coração. Ele se lembrava das dificuldades que ele e sua mãe enfrentavam, dos dias de desespero, e da presença reconfortante de Hyeon, seu amigo e primeiro amor, que os salvava da fome com frequência.

Ele sequer sabia como reagir a isso. Hyunwoo e Hyeon eram a mesma pessoa, que o príncipe que ele agora conhecia e estava tão próximo também era seu amigo de infância perdido.

Junto com a surpresa, veio a raiva, uma fúria ardente que queimava dentro dele. Raiva de Hyunwoo por nunca ter revelado sua verdadeira identidade, por esconder quem ele realmente era por tanto tempo. Raiva de si mesmo por não ter reconhecido o amigo que ele tanto amava, por não ter percebido a verdade que estava bem diante de seus olhos.

E, além da raiva, havia tristeza, uma dor sem fim que voltava a arrebentá-lo como se nunca tivesse diminuído. Tristeza pela perda de seu amigo, pela confusão e segredos que os separaram por tanto tempo. Tristeza por todas as vezes que ele sentiu falta de Hyeon, sem nunca perceber que ele estava ali o tempo todo, sob uma identidade diferente.

Ele nem mesmo percebeu que o rei já havia deixado o quarto, precisando que Hyunwoo aparecesse na fresta debaixo da cama, estendendo o braço para ele.

Kihyun não conseguia reagir. Ele sentia como se não pudesse se mexer, pensar ou falar algo com coerência.

— Você está bem? — Hyunwoo perguntou, o cenho franzido pela preocupação.

Não obtendo resposta, Hyunwoo se sentiu desesperado, temendo que a situação tivesse ocasionado um ataque de pânico em Kihyun.

No entanto, ele se viu incapaz de abraçar o Yoo após ele sair debaixo da cama e se levantar devagar, encarando o chão. Parecia distante e transtornado, o que se provou real quando deu um passo para trás ao notar a aproximação de Hyunwoo.

Sem pensar, Kihyun avançou na direção de Hyunwoo, seus punhos cerrados de frustração. Ele desferiu um soco sem qualquer força no peito do príncipe, mais um gesto de impotência do que uma verdadeira agressão. Lágrimas escorriam pelo seu rosto ao passo que ele permitia que soluços escapassem de sua garganta.

— Por que você nunca me contou? — Kihyun perguntou, sua voz embargada pelo choro. — Por que escondeu isso de mim durante todo esse tempo?

Hyunwoo pareceu atordoado pelas palavras de Kihyun, seus olhos arregalados de surpresa e confusão. Ele também deu um passo para trás, como se o golpe de Kihyun tivesse o atingido com mais força do que ele poderia suportar.

— O que você quer dizer? — Hyunwoo perguntou, incerto. — Do que você está falando, Kihyun?

A falta de reconhecimento nos olhos de Hyunwoo só serviu para aumentar a frustração de Kihyun. A frustração pelo que sentia ser um tipo de traição fazia com que qualquer possibilidade de usar a lógica desaparecesse.

Como o príncipe podia agir como se nada tivesse acontecido, como se não tivessem um passado compartilhado que os ligava de maneira tão profunda?

Céus, Hyunwoo havia até mesmo sido a pessoa com quem compartilhou seu primeiro beijo há tantos anos.

— Você sabe muito bem do que estou falando! — Kihyun gritou. — Você era Hyeon, meu amigo de infância! O mesmo Hyeon que me salvou da fome, que compartilhou sua comida comigo e com minha mãe, que nós cuidamos e limpamos as feridas! Por que você nunca me disse que era você?

Hyunwoo ficou em silêncio por um momento, completamente perplexo. Ele tentou encontrar as palavras certas para responder, mas seus pensamentos estavam emaranhados, sua mente incapaz de processar a revelação de Kihyun.

O criado respirava com dificuldade, seus olhos vermelhos fixos em Hyunwoo, esperando em agonia por uma resposta que pudesse acalmá-lo.

O príncipe permaneceu em silêncio por um momento, lutando para encontrar as palavras adequadas para explicar a situação. Seu olhar se desviou por um instante, buscando alguma resposta nos lugares mais profundos de sua memória.

Finalmente, ele ergueu os olhos para encarar Kihyun, a dor refletida em sua expressão.

— Kihyun, eu sinto muito — murmurou ele. — Eu... Eu não me lembro.

Suas palavras o atingiram como um golpe. Kihyun recuou, atordoado pela confissão.

— Como isso é possível? Como você pode esquecer de tudo o que vivemos juntos, de tudo o que passamos?

Hyunwoo balançou a cabeça de forma lenta, a angústia pintada em cada linha de seu rosto.

— Eu... Eu não sei — confessou ele, em um sussurro abatido. — Eu não sei o que aconteceu, mas... não me lembro de nada disso. Me desculpe.

— Você não se lembra? — o criado repetiu, sua voz soando oca aos seus próprios ouvidos, misturada ao zumbido que os consumiam. — Você não se lembra de nada?

Ele balançou a cabeça em silêncio, incapaz de encarar o olhar acusador de Kihyun. Ele se sentia impotente diante da dor do criado, impossibilitado de oferecer uma resposta que cessasse o seu desespero.

O silêncio se instaurou entre eles, carregado com todas as palavras não ditas e as perguntas sem resposta. A verdade estava ali, diante deles, inabalável em sua crueldade e, no centro de todo o caos, Kihyun se via lutando para encontrar uma forma de seguir em frente, mesmo quando tudo o que ele conhecia parecia desmoronar ao seu redor.

— Eu preciso de um tempo para pensar sobre tudo isso — Kihyun murmurou, se sentindo atordoado.

— Você está bravo comigo?

— Talvez... Um pouco... — Ele parou por um instante e respirou fundo. — Olha, eu não sei. Não faço ideia do que eu deveria estar sentindo. Eu preciso processar essas informações com calma, associar essa nova realidade que eu nem fazia ideia...

— Tudo bem — Hyunwoo concordou, dando um suspiro resignado. — Me perdoe por não me lembrar de nada. Sei que são assuntos muito importantes.

Kihyun assentiu em silêncio. Ele trocou um olhar ainda confuso com o príncipe, observando a frustração genuína em sua expressão. Respirando fundo, ele se aproximou e deixou um beijo suave na bochecha do mais velho.

— Eu estou confuso, mas isso não muda tudo o que sinto por você, está bem?

Dando um sorriso quase imperceptível, Hyunwoo assentiu também e se despediu de Kihyun, sentindo um vazio esquisito quando ele foi embora. Ele não queria deixá-lo ir. Ele queria dizer para o criado que acabara de se recordar de tudo, que estava recuperando as suas memórias, mas isso não era verdade.

Era uma péssima sensação saber que havia um pedaço tão grande faltando em sua memória, mas ele sabia que Kihyun não estava enganado. Ele não fazia ideia de como ajudá-lo a entender melhor tudo aquilo, pois nem ele sabia as respostas para tantas perguntas — e não é como se pudesse pedir para o pai responder.

Enquanto Hyunwoo estava imerso em sua própria crise, Kihyun havia tomado a decisão de perguntar a Jooheon e Minhyuk se eles sabiam de algo. Era uma de suas únicas esperanças, então ele precisava ao menos tentar, mesmo que não conseguisse respostas.

Seu coração continuava doendo por conta do baque de realidade que havia levado. Quantas vezes ele havia chorado pela morte de seu primeiro amor, até que enfim adormecesse e sonhasse com ele para matar a saudade, enquanto ele estava vivo e bem, mais próximo do que Kihyun pensava? Quantas vezes ele e sua mãe haviam cuidado e sido cuidados por aquele garotinho? Quantas vezes, anos depois, Kihyun observou Hyunwoo com medo e desprezo, sem saber que se tratava de alguém que havia salvo a sua vida e sido o seu primeiro amor?

Após procurar por Jooheon em vários cantos do castelo, Kihyun finalmente o encontrou saindo do banheiro dos criados, acompanhado de Minhyuk.

— Jooheon — chamou em voz alta, não fazendo muita questão de esconder o estado em que seu emocional estava. — Preciso conversar com você.

— Comigo? Você não está bravo? — Jooheon lançou um olhar curioso a ele. — Espere, você não parece nada bem...

— Não importa agora se eu estava bravo ou não.

— Está bem. Podemos conversar, então.

— Posso ir junto? Estou curioso — Minhyuk intrometeu-se, agarrado à Jooheon como uma criança que não quer ser deixada para trás.

— Pode. Vamos conversar no jardim, é um assunto sério.

Com o coração acelerado, Kihyun começou a caminhar em direção ao jardim, com Jooheon e Minhyuk atrás dele.

A atmosfera do jardim estava tranquila, com os raios suaves do sol dourando as pétalas das flores. No entanto, para Kihyun, até mesmo o ambiente sereno não oferecia consolo algum naquele momento.

Com suas pernas quase tremendo de ansiedade, Kihyun buscou por um local mais isolado. Ele precisava falar com Jooheon, precisava entender se havia alguma explicação para o que estava havia acontecido com Hyunwoo. Sendo o braço direito dele há tantos anos, era provável que soubesse bem mais sobre o assunto.

Finalmente, encontrando um canto mais afastado, o criado sentou-se, sentindo a grama fresca e macia sob suas pernas. Ele limpou a garganta com um pigarro, os olhos fixos no chão enquanto tentava organizar os pensamentos tumultuados que se atropelavam em sua mente. Como ele poderia começar a abordar um assunto tão delicado?

— Jooheon...

— O que foi, Kiki? Sobre o quê quer conversar?

— É sobre o Hyunwoo — começou ele. — Eu... preciso falar com vocês sobre algo que descobri.

Os olhos de Jooheon se arregalaram um pouco, notando a seriedade com que o amigo falava.

— Sobre o Hyunwoo? O que aconteceu?

— É difícil explicar. — Kihyun olhou para as próprias mãos, entrelaçando-as com nervosismo.

— Você está me deixando preocupado, Kihyun — Minhyuk comentou, trocando um olhar com Jooheon, que assentiu para concordar com ele.

— Hyunwoo tem problemas de memória, Jooheon?

— Não que eu saiba... mas por que está perguntando isso?

— Eu não sei nem como dizer... Não há como enrolar ou explicar muito. Eu descobri que Hyeon... Hyeon era Hyunwoo esse tempo todo. O meu garoto do jardim ainda estava aqui esse tempo todo.

— O quê? — Jooheon rebateu no mesmo segundo. — Do que está falando?

— Meu amigo de infância, meu primeiro amor... ele está vivo. E ele estava vivo esse tempo todo, porque ele era o príncipe Hyunwoo.

— De onde você tirou isso? Você está com febre? Está tendo alucinações? — Minhyuk tagarelou, sentindo a testa do amigo com as costas de sua mão.

— Não, Min. O rei disse algumas coisas para o Hyunwoo hoje cedo...

— Você estava com ele mais cedo?

Kihyun franziu o cenho e em seguida arregalou um pouco os olhos, percebendo que, ao dizer isso, acabara de revelar que estava com Hyunwoo antes dele sair do próprio quarto naquele dia.

— Isso é assunto pra outra hora, está bem? O importante é que eu ouvi o rei dizer que castigaria Hyunwoo de novo para ele aprender uma lição, assim como o fez quando ele era criança e fez amizade com criados, desperdiçando comida com eles... E chegou até mesmo a mencionar que os criados eram uma mulher doente e uma criança.

— Meu Deus — Jooheon deixou escapar.

Ambos amigos não sabiam como reagir àquela informação, em um estado misto de choque e confusão.

— Por que ele nunca te contou sobre isso? — Minhyuk questionou, um pouco alterado.

— Eu não sei — Kihyun murmurou. Suas mãos estavam frias e suadas. — É isso que não faz sentido para mim também. Eu fiquei muito chateado ao descobrir, mas... parece que Hyunwoo não se lembra de nada. Por isso perguntei ao Jooheon se o príncipe tem algum tipo de perda de memória.

Um momento de silêncio se estendeu por longos segundos, servindo apenas para deixar o Yoo ainda mais aflito. Ele agradeceu por não ter tomado café da manhã ainda, pois era bem provável que tudo o que estivesse em seu estômago fosse ser lançado à grama — e não iria demorar muito para isso.

Meu Deus — o mais novo repetiu, a surpresa em sua expressão aumentando ainda mais. — Mas que merda, agora tudo faz sentido... Que merda...

— Pare de xingar — Minhyuk repreendeu, sacudindo-o pelo braço. — O que faz sentido?

— A rainha Sooyoung me contou sobre isso uma vez, pouco tempo antes de eu me tornar o braço direito dele. Quando Hyunwoo era criança, o rei o mantinha por bastante tempo apenas dentro do próprio quarto, mas ele costumava escapar às vezes. Seokjin descobriu e o castigou com uma surra e tanto... Hyunwoo chegou a entrar em um coma por alguns dias. A rainha pensou que iria perdê-lo. Foi por esse motivo que ela me contou sobre, ela queria que ficasse muito claro o quanto cuidar bem do príncipe era importante.

— Será que é por isso que ele não se lembra? E ele tem noção sobre esse coma? — Kihyun perguntou, sua mente se enchendo com ainda mais perguntas.

— Ele sabe, e o rei ainda usa isso como uma ameaça, como você percebeu. Mas acho que foi a rainha que contou para ele, sem contar muito sobre a história por trás...

— Mas por que ele mentiu o nome para o Kihyun quando era criança? E como sua mãe não reconheceu ele? — Minhyuk pensou alto, tão perdido quanto os outros.

— Porque ele fugia de onde o rei queria que ele estivesse — Kihyun explicou, mais para si mesmo do que para os amigos. Ele respirou fundo, encarando a grama. — Ele precisava esconder que era o príncipe, claro. Mas não sei como minha mãe ou outros criados acabavam não o reconhecendo.

— Acho que justamente por ele não sair muito, Kiki — Jooheon explicou. — A criação de Hyunwoo foi muito extrema. O rei o decretava castigos abomináveis e o mantinha afastado de outras pessoas, então creio que muitos criados nem sequer sabiam como era a aparência do príncipe nessa época.

— Eu nem sei o que dizer — Kihyun murmurou, esfregando seu rosto com as mãos. — Eu deveria estar aliviado e talvez feliz por ele estar vivo, mas só estou confuso...

— É normal que se sinta assim. São muitas informações para processar de uma vez só.

Minhyuk concordou, sua expressão transbordando empatia enquanto ele olhava para o amigo.

— É uma situação muito complicada, Kiki. Mas agora que você sabe a verdade, talvez possa encontrar alguma paz nisso tudo. Hyeon está vivo, afinal, se é que devo chamá-lo por esse nome. O seu primeiro amor está aqui ainda.

Kihyun respirou fundo, tentando assimilar tudo o que acabara de descobrir. Era difícil acreditar que o garoto de suas memórias era também o homem pelo qual ele estava apaixonado agora, e ainda mais difícil aceitar que Hyunwoo não se lembrava de parte de sua própria identidade, de memórias tão importantes, de uma fração inteira de sua vida.

— Eu não sei como agir depois de tudo isso. Eu deveria contar toda a história para ele?

— É uma decisão difícil — Jooheon admitiu. — Contar toda a história para ele pode ser esmagador, tanto para você, quanto para ele. Você precisa considerar como isso pode afetá-lo.

— É, ele pode não estar preparado para lidar com todas essas informações de uma vez só — Minhyuk acrescentou.

— Eu também não estava preparado para lidar com isso — Kihyun disse, sua voz embargada fazendo-se presente.

— Então talvez seja mais fácil que tentem fazer isso juntos. Antes de contar tudo, deixe claro que será um baque para ele, mas que você precisa revelar essa verdade.

— Está bem — Kihyun murmurou.

Kihyun se sentiu um pouco mais reconfortado com as palavras de seus amigos, mas a incerteza ainda o consumia. Ele sabia que não podia adiar essa decisão para sempre e que, eventualmente, teria que enfrentar a situação de frente. Ele não queria carregar aquele fardo pesado sozinho, porém só esperava que estivesse tomando a decisão correta. 

— 👑 —

Imagino que muitos de vocês já desconfiavam disso, mas como se sentem agora com a confirmação de que Hyeon realmente era Hyunwoo??

Espero que estejam gostando! Me contem ♥

Continue Reading

You'll Also Like

745K 22.5K 29
Você e sua mãe tinham acabado de se mudar para a casa do seu padrasto e foi então que você descobriu que teria um meio-irmão, você só não esperava sa...
417K 42.3K 47
O que pode dar errado quando você entra em um relacionamento falso com uma pessoa que te odeia? E o que acontece quando uma aranha radioativa te pica...
2K 312 9
[ sookai + vampiros + terror/angst ] É o início de uma rebelião que ainda está pequena e Soobin está tomando as medidas para evitar uma guerra pelo...
6.6K 875 13
A Fera enfeitiçada e um garoto chamado Jin, que pretendia viver uma história de seus livros, até que isso mudou. {Não pretendo difamar nenhuma histór...