GIOVANNA SANTOS
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Observo minha mãe calada segurando o choro na frente do meu pai, me perguntava se eles tinham brigado ou algo assim mas pelo o jeito não era esse o motivo.
- A senhora tá bem, mãe Mi? - questiono preocupada
- Sim, meu amor - engoliu em seco e forçou um sorriso - Tô ótima.
- A senhora e o papai brigaram?
- Não, acho que eu vou pro meu quarto. - ela disse se levantando do sofá e subindo
Olho pro meu pai que ficou a observando subir cruzando o cenho confuso.
- Gigi, você sabe o que ela tem? - ele perguntou preocupado
- Não, mas eu vou descobrir.
Me levanto do sofá indo em direção ao seu quarto, destranco a porta lentamente e vejo ela deitada encolhida na cama chorando baixinho.
Fecho a porta e me aproximo dela sentando na cama, acaricio os seus cabelos e beijo sua testa.
- Não se preocupe Gigi, não é nada.
- Como não é nada se a senhora tá chorando? O que a senhora tem mãe? Sou sua amiga, não sou? Conta pra mim.
- Você vai me achar uma idiota.
- Claro que não, mãe.
- Entrou uma nutricionista nova no Flamengo - ela disse se sentando na cama - muito bonita e ela tava conversando muito com o Gerson, quando eu fui no banheiro ela parecia que tinha me seguido e disse que não entendia o que o Gerson tinha visto em mim. - ela colocou as mãos no rosto soluçando
- Então a senhora tá com ciúmes e insegura, mãe, a senhora é tão linda e o papai viu isso em você, linda não só por fora mas também por dentro. Essa mulher é só uma invejosa porque ela queria ser a senhora, e não fica com ciúmes, o papai tá com a senhora, não com ela, ele te ama.
- Mas é que ela é tão bonita Gigi, muito mesmo. Ruiva e dos olhos verdes.
- Idai? Meu papai prefere as morenas - brinco e ela abriu um sorriso tímido - Não precisa se sentir insegura, ele te ama do jeito que você é.
- As vezes eu fico me perguntando o que ele viu em mim - deitou a cabeça no meu colo chorando
- Eu vi tudo em você, Azedinha. - Papai disse entrando no quarto
- Não acredito que você tava ouvindo, que vergonha. - ela disse tímida me fazendo rir
- Eu não acredito que aquela mulher disse isso pra você, ela é uma invejosa, mô. - sentou na cama e a puxou pra um abraço - Eu só quero você, Azedinha.
- Mas ela é tão boni...- ele a interrompeu colocando um dedo em cima dos seus lábios
- Você é perfeita e é você quem eu quero pra vida toda. - ele sussurrou - Só você, Azedinha. Só tenho olhos pra você, eu te amo.
Minha mãe puxou meu pai para um beijo quente e abro um sorriso animada, quando eu vi que as coisas estavam ficando mais intensas, me levantei e sai do quarto, tranco a porta e jogo a chave pro lado de dentro.
- Gigi, essa torta aqui tá uma delícia. - ouço a voz do meu tio Gabriel na cozinha e vou até ele.
- As vezes eu tenho a impressão que você acha que essa casa é um restaurante e que você come de graça tudo o que vê pela frente. - cruzo os braços
- Eu não como de graça, o Miguel tá lucrando muito com isso - ele disse apontando pro meu irmão que tava na sala contando algumas moedas e fico de boca aberta - Ele é esperto.
- Ele tá te vendendo comida? - arqueou a sobrancelha rindo
- Sim, agora vai lá se arrumar, ficar muito linda porque a gente vai sair.
- Eu não tô afim de sair hoje, tio.
- Mas você vai, Giovanna
- Tudo bem, o Gustavo vai com a gente?
- Não, só nós, um passeio de tio e sobrinha.
- Dindo! - Elena pulou em cima dele - Que bom que o senhor veio hoje dindo, tava com saudade.
- Eu também minha princesa. - ele beijou a sua bochecha.
- Vou subir pra me arrumar, já volto.
Saio da cozinha passando pela sala onde meu irmão abriu um sorriso largo e guardou o dinheiro rapidamente, criança esperta.
Tomo um banho super rápido, visto um vestido rosa soltando com um decote pequeno, calço um tênis branco, pego minha bolsa com dinheiro, gloss e celular.
- Tô pronta, eu queria avisar os meus pais que estamos saindo mas eu acho que eles estão fazendo coisas - faço cara de nojo
- Eles já sabem - tio Gabi disse me puxando e o olho confusa.
- a gente já volta, crianças. Fiquem aqui brincando e não vão pro quarto da mamãe. - os alerto e fico mais tranquila quando lembro que eu havia trancado a porta de chave quando sai do quarto deles.
- Pode deixar Gigi. - Miguel disse fazendo o mesmo sinal que militares quando recebe um comando
- Tchau! - digo me despedindo deles com um beijo na testa de cada um - Pra onde a gente vai, tio? - arqueio a sobrancelha e entro dentro do carro no banco de passageiro da frente
- Surpresa.
- Ah não, me conta por favor - choramingo
- Você vai saber lá na hora - ele disse dando partida - Você gosta muito do Gusta né?
- Muito mesmo, tio.
- Fiquei tão feliz em descobrir que vocês voltaram, sinto que agora dará tudo certo com vocês.
- Eu também - abro um sorriso largo
- e a sua relação com ele como tá?
- Bem
- Não Gigi - ele riu passando a mão na barba - Não nesse sentido, tipo, já rola uma mão boba?
- Nada demais tio, as vezes esquenta as coisas mas a gente para.
- E como você tá em relação a isso? Você se sente pronta ou não?
- Ainda não, eu quero ir com calma. - desvio o olhar nervosa
- Que bom que você pensa assim, Gigi. Ainda te acho nova pra fazer certas coisas. Mas o importante é você ir no seu tempo, Gigi.
- Eu sei. Vem cá, foi o meu pai que te pediu pra ter essa conversa comigo?
- Não - ele negou rapidamente - Por que?
- Eu tava conversando com a minha mãe Mi sobre isso, quando ele foi me levar pra casa da mamãe Greice, ele ficou estranho sabe? Com umas indiretas e ainda colocou uma música do ferrugem, aquela pai de menina.
- Acho que ele ouviu sua conversa então.
- Não é possível - coloco a mão no rosto nervosa - Eu espero que não, que vergonha.
- Posso te contar uma coisa? - concordo - Seu pai é cimento mas você pode conversar com ele até sobre isso, ele confia muito em você, Gigi.
- Eu sei, é que eu tenho vergonha. Eu já sinto vergonha em falar isso pra minhas mães e pro senhor, imagina pra ele com aquela cara de mau. - digo nervosa fazendo o meu tio gargalhar
- Ele vai sempre te apoiar, Gigi. Ele vai te da conselhos e te ouvir mesmo morrendo de vontade de socar a cara do Gustavo.
- No fundo o meu pai meio que gosta dele.
- Não tenha dúvidas - ele disse parando o carro em frente ao um campo - Chegamos! - ele disse descendo e fico confusa quando me aproximo do pequeno lago.
Ando pelo o lugar estranhando o fato de ser um campo com uma toalha no chão cheia de comida, tinha uma pequena fogueira acessa e fico confusa quando percebo que está muito romântico.
Ouço um barulho de carro atrás de mim e me viro vendo o meu tio Gabriel arrancar com o automóvel.
- Ficou maluco tio? Vai me deixar aqui sozinha? - digo desesperada mas ele não me deu ouvidos e apenas saiu.
- Você não tá sozinha. - ouço uma voz atrás de mim e me viro sentindo o meu coração sair pela boca
- Gustavo - abro um sorriso largo
- Trouxe pra você, Gigi - me entregou um buquê de flores de vários tipos e do campo.
- São lindas, obrigada - Mordo o lábio nervosa
- Eu queria te dizer que você é muito especial pra mim, Giovanna e que eu te amo muito, muito mais do que você consegue imaginar - ele grudou nossas testas e sinto meu estômago revirar de nervosíssimo e ansiedade. - Quer namorar comigo? - sussurrou baixinho olhando dentro dos meus olhos
- Sim, eu quero! - abro um sorriso largo.
- Eu te amo tanto - ele disse tirando a caixinha de alianças do bolso e abrindo
- São lindas - digo as observando, são finas e com uma pedrinha na cor verde água, dentro tinha o nome cravado dele na aliança que ficaria comigo e o meu nome na aliança que ficaria com ele - Eu tô muito feliz.
Observei Gustavo pegar a aliança com as mãos tremendo e colocar no meu dedo, sinto lágrimas quentes rolarem dos meus olhos. Eu o amo tanto, bem mais do que consigo sentir.