Maratona: 2/5
ANA FLÁVIA,
point off view.
- Fiquei sabendo que você foi embora com Gustavo da festa. - disse Gabi chegando do meu lado junto com Rudi.
Eu estava mexendo no meu celular encostada no meu armário, enquanto esperava o horário da minha aula.
- Marcos tinha sumido pelo que eu entendi, eu não me lembro direito. - eu disse desligando a tela do meu celular e guardando ele no bolso da minha calça.
- Ele foi embora com Katlyn. - disse Rudi e eu franzi o cenho.
Rudi pegou seu celular e eu cheguei perto dele para ver o que ele procurava. Ele entrou no perfil de Katlyn e clicou em uma foto, onde tinha ela e Marcos dentro do seu carro sorrindo.
- A foto foi publicada no mesmo dia da festa, a duas da manhã. - ele disse e eu senti uma irritação profunda aparecer no meu interior.
- Que otário. - escutei Gabi falar e eu procurei com os olhos ele, mas não o vi.
- Eu não acredito nisso. - eu disse balançando a cabeça e no mesmo instante o sinal tocou.
- Eu avisei. - disse Rudi e depois fomos cada um para sua sala.
Eu não sei o que eu estou sentindo, tipo eu nem gostava dele no sentido de gostar, eu só achava ele extremamente atraente e gostava da sua companhia. Mas agora, eu o odeio, porque se tem uma coisa que eu não gosto é ser feita de otária.
Não sei exatamente o que vou fazer, mas acho que o ideal no momento é avisar Katlyn.
Entrei na minha sala e me sentei na minha cadeira de costume, meu olhar queimava de raiva enquanto olhava Marcos um pouco mais a frente, mas é claro que sempre que ele olhava eu fingia que não tinha nada de errado, e abria um sorriso falso para o mesmo.
- Não acredito que você ainda está sorrindo para ele, mesmo depois de te deixar na festa sozinha e bêbada. - escutei a irritante voz do Gustavo do meu lado. - Me diz uma coisa, você é tão burra que ainda não sabe disso?
Estava tão concentrada no meu ódio pelo Marcos, que esqueci que Gustavo estava do meu lado.
- Não que seja da sua conta, mas eu sei exatamente o que ele fez. - eu disse desviando meu olhar para o babaca e olhei para o outro babaca do meu lado.
- E mesmo assim sorriu pra ele?
- Eu só não quero deixar transparecer que ele me deixou irritada, mas é claro que eu vou fazer alguma coisa. - eu disse voltando a olhar para Marcos, pensando no que eu faria contra ele.
- E vai fazer o quê? Se eu te conheço, vai bater nele com um pedaço de pau. - voltei a olhar para Gustavo já me irritando. - Mas isso não vai funcionar morena.
- Eu não iria bater nele. - eu disse e ele me olhou como se dissesse "sei" - E o que você sugere que eu faça? - perguntei com ironia.
- Eu não queria te decepcionar mais ainda, mas nesse momento ele deve estar falando para os amigos dele o quanto você é otária e está rindo da sua cara. - ele disse apontando para Marcos, que realmente estava rindo de algo com os amigos.
Só não sei se era de mim, mas nessa altura eu não duvido de mais nada.
- E bater nele ou fazer qualquer outra coisa só iria mostrar o quanto ele te deixou mal, e isso seria o entretenimento dele. - senti o braço de Gustavo passar por cima dos meus ombros.
Quando ele se aproximou foi impossível não sentir o forte cheiro do seu perfume. Senti meu corpo enrijecer, e eu não sabia o porquê, mas não me sentia normal com essa aproximação.
- O que deve fazer é provocar ele com outro garoto. - ele disse com o rosto próximo do meu.
- E você seria esse garoto? - perguntei com ironia, tentando não demonstrar que eu estava nervosa com a aproximação dele.
- Se quer me beijar é só pedir, morena. - ele disse aproximando sua boca da minha bochecha, mas antes que me tocasse, o empurrei fazendo o mesmo se afastar de mim rindo.
- Para de ser idiota. - eu disse evitando olhar para o mesmo.
Por que eu estava tão nervosa? É o Gustavo.
- Mas se precisar, sabe que pode contar comigo. - ele disse com sarcasmo.
- Acho que é você quem quer me beijar. - eu disse olhando o mesmo, mas é claro que não consegui atingir ele.
Sempre foi muito difícil achar o ponto fraco do Gustavo, por isso sempre era eu quem saia irritada.
- Apesar de ser chata, até que é bonitinha. - ele disse aproximando sua mão e segurando meu queixo, mas foi por pouco tempo, já que dei um tapa na sua mão.
Decidi ignorar ele, e prestar atenção na aula, não demostrando que Gustavo conseguiu me deixar nervosa e um pouco tímida. Se ele soubesse disso, seria meu fim.
Mas hora do intervalo, eu terminei de almoçar rapidamente e fui procurar Katlyn para conversar com a mesma sobre Marcos.
A encontrei com suas amigas no banheiro, e ela já estava de saída quando entrei.
- Katlyn, espera. - eu disse antes de sair. - Posso falar com você?
- Claro. - ela disse e notei que estava confusa sobre o fato de eu querer falar com ela, já que se nos falamos três vezes, foi muito.
- A sós. - disse quando percebi que suas amigas não saíram.
Katlyn olhou para elas como se dissesse que estava "tudo bem" e elas saíram, deixando nós duas a sós.
- O que quer falar? - perguntou sorrindo simpática.
- Sobre Marcos. - eu disse e seu sorriso vacilou.
- O que tem ele?
- A quanto tempo vocês dois estão saindo? - perguntei querendo saber se ele dava em cima de mim no mesmo tempo que dava em cima dela.
- Por que quer saber? - perguntou desconfiada.
- Eu só preciso saber disso, por favor. - pedi e escutei ela soltar um suspiro.
- Sei lá, quando ele chegou aqui, ele começou a falar comigo, e começamos a ficar juntos. - ela disse dando de ombros.
- Ele fez o mesmo comigo. - escutei ela soltar um riso incrédulo.
- Ana, eu vi você dando em cima dele na festa. Você está tentando fazer o quê? Separar nós dois? - dessa vez eu a olhei incrédula.
- Eu estou te avisando que ele não presta. - eu disse irritada. - eu não dei em cima dele na festa, ele quem me chamou pra sair na sexta e depois me deixou lá passando mal, para ir embora com você. - disse tudo de uma vez.
- Ana, na boa, não tenta ficar entre nós dois. Marcos é um cara legal e... E, só para tá bom? - ela disse e saiu do banheiro me deixando sozinha. Eu abri a boca incrédula.
Qual o problema dessas garotas?
Mas uma hora ou outra ela vai descobrir que Marcos não presta. Pelo menos eu espero que ela descubra.
Eu saí do banheiro e fui para o campo. Lá estava uma boa parte dos alunos da escola, e percebi que alguns garotos me olhavam rindo. Talvez Gustavo estava certo, e Marcos estava dizendo por aí que eu era uma otária, o que não é mentira.
Respirei fundo, completamente irritada por causa desses garotos e andei firme até a arquibancada. Mas antes que eu chegasse lá fui parada por Gustavo.
- E ai Aninha? - disse me abraçando pelo pescoço e me puxando para um caminho oposto do que eu estava indo.
Percebi que ele estava com o uniforme do time de lacrosse e estava suado, indicando que estava treinando.
- O que você está fazendo, Gustavo? Você está suado, me solta. - disse tentando sair dos seus braços, mas era praticamente impossível.
- Estou te ajudando.
- Me ajudando? Me ajudando com o que? - disse desistindo de tirar seu braço de mim, e só seguindo para onde ele estava indo.
- Como eu disse, para demonstrar que não se afetou pelo que Marcoa fez, tem que estar com outro garoto.
- Eu não tô nem aí com o que pensam. - eu disse irritada. - E porque você está se importando tanto? - perguntei arqueando uma sobrancelha e olhando para o mesmo.
- Você é bem chata... - ele disse e eu o olhei irritada. - mas mesmo assim acho que não merece o que estão dizendo sobre você.
- O que estão dizendo sobre mim? - perguntei curiosa.
- Ah, você não vai querer saber. - disse soltando um riso anasalado.
- Ah, eu quero saber sim. - disse forçando meus pés ficarem parados, fazendo Gustavo parar de andar.
Nós dois paramos no meio do campo, e me afastei um pouco de Gustavo, fazendo o mesmo tirar seu braço de cima dos meus ombros e ficar de frente para mim.
- Não complica as coisas, tá bom? - ele disse suspirando, e chegando mais perto de mim e colocando cada mão em um lado da minha cintura.
- O que você está fazendo? - disse colocando minhas mãos por cima das suas e olhando para ele um pouco assustada com a aproximação repentina.
Meu olhar desviou de Gustavo para um ponto do meu lado esquerdo, e lá estava o babaca. Marcos estava nos olhando, e por um momento de equívoco, resolvi entrar nessa ideia do Gustavo.
Tirei minhas mãos de cima das suas e subi para sua nuca.
- Não confunda as coisas, Gustavo. Eu ainda te odeio. - eu disse olhando para o mesmo fixamente.
- Você quem não deveria se confundir, vai que se apaixona por mim... - ele disse baixo e aproximando sua boca da minha, deixando nossos lábios a poucos centímetros. - Não quero uma morena mimada atrás de mim.
- Isso seria impossível de se acontecer. - eu disse e meu olhar desviou para sua boca, e isso foi um erro.
Não sei o que estava acontecendo comigo. Eu estava sentindo vontade de beijar o Gustavo?
Logo o Gustavo?