Serendipity of a dream

By Estrela_rana

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[ LIVRO FÍSICO EM BREVE PELA EDITORA SINGULARITY 📖 ] [Em andamento] Jeon Jungkook, um adolescente que tem s... More

AVISOS!
Lembranças
O loirinho bonito.
Tudo que sinto é... medo.
Sorvete de menta
Quase um encontro
Molho de pimenta
Rosa azul
Sombras do passado
Foi só um beijo bobo, né?
Cheirinho de morango
Viva sem medo
Verdade oculta
O meu único refúgio
Pelo teu sorriso
sinceridade
Foi tudo um sonho
Me apaixonando mais a cada dia
Um passo de cada vez
Perdido por você
Meu coração palpita por você
Eu sou você...
Você sou eu
Amizade em primeiro lugar
Mudanças
onde a verdade se revela (1)
uma palavra dá autora :)
Onde a verdade se revela (2)
Arrependimento
Ainda há esperança?
Memorias perdidas
Coração quebrado
NOVA TEMPORADA
Novo cronograma
Pesadelo
Sem forças
Desavenças
Um momento de paz
Uma volta no tempo
Confusão
Grupo novo no Instagram
Calmaria
Sofrimento
Mostrando as garras
A dor que sempre volta
"Nervos a flor da pele"
Melhor amigo
A última briga
Apenas Continue
Dores do passado
O seu lado da dor
Uma nova chance
Estou com você
Um momento só nosso
Me deixe ser feliz
A noite em que fizemos amor

Incerteza

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By Estrela_rana

Não esqueçam de votar no capítulo e comentarem bastante!!! Eu faço a minha parte escrevendo, preciso que vocês me ajudem engajando a fic, ok?

Boa leitura 📚


Ji-woo


Ando pelo corredor, sem pressa, parando em frente ao quarto do meu filho, mais cedo bati em sua porta, no entanto, ele se recusou a abrir, na verdade nem ao menos quis responder aos meus chamados. Liguei para seu telefone várias vezes, ouvia tocando dentro do quarto, mas, Jungkook continuava a me ignorar. Sei que ele continua bravo comigo, o que não justifica seu modo rude de agir, porém me preocupa ele ter passado o dia inteiro sem se alimentar, por isso, estou decidida a tentar mais uma vez. 

Meu marido está no trabalho agora, o que me entristece de certa forma, não pelo fato dele ter um emprego, mesmo que seja naquela maldita empresa, eu apenas queria que ele demonstrasse um pouco mais de preocupação com nosso filho. Sei que ele o ama, e achei que depois de tantos anos separados iria querer fazer parte de todos os momentos da vida de Jungkook, mas em vez disso, está sempre ocupado com seus afazeres. Bom, acho que nunca vou entender como a mente dele funciona.

— Jungkook, filho, está tudo bem? Pode abrir a porta, por favor? Prometo que não vou brigar com você, só quero saber se você está bem. — Chamo dando batidas na porta. Porém não tenho respostas vindo de sua parte. Bato de novo. — Filho, por favor, sua mãe só quer falar com você, nada mais. — Cansada de outro fracasso, me aproximo da porta para tentar ouvir qualquer sinal de barulho do outro lado, contudo, não há nada além do silêncio. — JUNGKOOK! — Passo a bater com mais intensidade do que antes. 

Sinto um aperto crescer em meu peito, ao pensar que algo ruim pode ter acontecido com ele lá dentro e que por esse motivo não respondeu. Continuo a bater exageradamente, sentindo as primeiras lágrimas molharem o meu rosto, as lembranças horrendas do dia em que encontrei meu filho caído naquele chão, voltam para me assombrar. Paralisando meu corpo. Já tive muitos pacientes durante minha carreira como médica, e atuando nessa área é necessário que você tenha frieza para lidar com situações que podem acontecer, Porém,  naquele dia fiquei desesperada quando encontrei meu filho jogado no chão, entre a vida e a morte. 

Jungkook não compreende o que faço, julgo que nunca irá me entender, talvez porque a dor que carrego seja tão grande que somente uma mãe pode sentir empatia por mim e compreender meus sentimentos e preocupações.

Sem tempo a perder giro o trico da porta com força, por achar que ele estava trancado, mas me enganei, e por um segundo me sinto burra por não ter feito isso de imediato. Estranho quando entro e vejo que o quarto está vazio. Não contente com isso, vou procurar no banheiro, não o encontro lá também. 

— Onde está meu filho? — corro para meu quarto e pego meu celular para ligar mais uma vez para o número de Jungkook, imaginando que desde a minha última vinda até aqui ele possa ter saído sem avisar e levado consigo o celular. Por conta da casa está em silêncio, consigo ouvir quando o celular dele começa a tocar dentro do cômodo que eu estava antes. para confirmar minha desconfiança persigo o som, olho em volta e encontro o celular de Jungkook. Desligo a chamada, e quando a tela muda para o papel de parede, minha expressão se fecha ao notar que ele usa uma foto em que está com Jimin. Jogo o celular sobre a cama com força. Tenho assuntos mais importantes para me preocupar agora. — Preciso saber onde Jungkook está e o porque não me avisou que iria sair. — vou para sua cama e me sento. 

Pelo que sei meu filho não tem saído muito de casa ultimamente, então onde ele pode estar agora? Será que saiu faz muito tempo ou acabou de sair? Odeio não saber o que se passa na cabeça dele, queria que Jungkook me visse como a mãe boa que sempre fui, no entanto, ele não parece mais me ver assim. 

Procuro nos contatos do meu celular o número do meu sobrinho. Assim que acho, ligo para ele. — Oi, Yoongi, tudo bem? O Jungkook está aí com você? Ele não está em casa, imaginei que pudesse ter ido até sua casa. — “Oi, tia. Não, ele não tá aqui, na verdade nem falei com ele hoje.”  Engulo em seco sentindo a preocupação me atingir mais uma vez. — Você sabe me dizer se ele tem algum outro amigo próximo que eu possa ligar? — “... Tia, os amigos mais próximos do Jungkook sou só eu o Tae e o…” — Quem? — “ah, a senhora sabe… o Jimin. Mas não acho que ele tenha ido vê ele. A senhora quer minha ajuda pra tentar achar ele?” — Não, eu resolvo isso.

Claro, como eu não imaginei isso antes? Ele ainda mantém a foto de casal como papel de parede, Jungkook nunca terminou esse relacionamento de fato. Diz que não está bem, mas aposto que agora deve estar na casa do Jimin. Esse tempo todo estava me preocupando com a saúde do meu filho, mas parece que eu devia ter me preocupado com o que ele anda fazendo. 

Saí de casa e fui para o ponto de ônibus mais próximo. 

Por conta do horário sei que não terei que esperar muito tempo, se meu marido não tivesse com o meu carro eu nem precisaria estar nessa parada agora. Olho de um lado a outro, batucando com o pé no chão impaciente sobre a demora do ônibus que se aproxima à minha esquerda. Assim que ele finalmente chega, sou a terceira pessoa a subir. Uso o celular para realizar o pagamento e vou mais adentro até encontrar um lugar vazio ao lado das janelas.

— Não posso deixar que Jungkook continue se encontrando com aquele garoto. — Quando todos os passageiros sobem, o motorista dá partida no carro, e ele começa a andar. 

[•••]

Jungkook

Ao reconhecer a voz atrás de mim, levanto bruscamente da cadeira. — Mãe? O que a senhora tá fazendo aqui? 

— O que eu tô fazendo aqui, Jungkook? Eu que deveria fazer essa pergunta. O que você pensa que está fazendo na casa dessa gente? — Ela se aproxima tentando segurar meu braço, mas eu desvio. — Para de graça, Jungkook, vamos embora, agora! 

— Ji-woo se acalma, não tem motivo pra tanto estresse. —  a mãe de Jimin, que está parada atrás dela, intervém. — Podemos resolver tudo isso com uma boa conversa,  porque você não se senta e toma um chá com a gente? 

A senhora Seo-young caminha até a mesa, mas antes de puxar uma das cadeiras para sentar, minha mãe começa a falar: — Eu não vim aqui pra conversar com vocês. Se eu pudesse nunca teria colocado meus pés nessa casa de novo. — Ela agarra meu braço sem que eu perceba. — Vamos embora! — diz me olhando com seriedade. 
 
— A porta é a serventia da casa, se não queria estar aqui não deveria nem ter entrado, até onde sei a senhora não foi convidada. — Jimin retruca, parando ao meu lado. Vejo que seu olhar passeia da mão que minha mãe segura para os olhos dela. — Se o Jungkook não quer ir embora, ele não vai. 

Viro meu rosto na direção de Jimin. Não imaginei que ele me defenderia assim. Acabo deixando um sorriso de canto escapar. Apesar de estar no meio de um campo minado agora, saber que ele fez isso por mim é como pisar em terra firme, mesmo estando em perigo.

— Não se meta nisso, eu não vim aqui pra falar com você, tudo que quero é tirar meu filho dessa casa — ela olha em volta — e de vocês que só fizeram mal a minha família. 

— Mãe! Chega disso! — afasto as mãos dela para longe. — Quando a senhora vai entender que quem me faz mal não é o Jimin ou os pais dele, mas sim a senhora! 

Ela não fala nada, apenas me encara. Odeio saber que nada do que diga vai mudar os pensamentos dela. 

— Não vamos brigar aqui, por favor. Vamos ouvir o que os nossos filhos tem a dizer, Ji-woo, a gente não precisa criar uma tempestade em um copo d'água. — ouço o barulho dos pés da cadeira se arrastando pelo chão liso, quando a senhora mãe de Jimin puxa a cadeira, sentando em seguida e esperando que minha mãe seja civilizada e faça o mesmo. 

Mas ela manteve seus olhos, agora brilhando em lágrimas e com seu maxilar travado, concentrado aos meus, que apesar de estar atento aos arredores, não ousei desviar. 

Minha atenção sobre ela só é roubada quando sinto os dedos finos de Jimin se alinharem aos meus em um aperto firme e carinhoso. Meu espanto por sua ação repentina é tanto, que sinto o calor de sua mão se espalhar pelo meu corpo inteiro. Fito nossas mão unidas, e seus olhos. 

— Ji… — Nem ao menos consigo pronunciar seu nome inteiro, porque sou interrompido pelo barulho alto de algo se quebrando. Viro minha cabeça na direção do que fez a mãe de Jimin soltar um grito repentino, e me deparo com um jarro de flores despedaçado no chão. Boquiaberto encaro minha mãe ao lado do objeto, ou do que restou dele.  

— EU JÁ DISSE QUE NÃO QUERO VOCÊ COM ELE! — Ela anda até a mesa empurrando uma das cadeiras para o lado, quase acertando a mãe de Jimin. 
— QUANDO VOCÊ VAI ME OUVIR? 
— Caminha na minha direção. — EU NÃO AGUENTO MAIS ISSO, NÃO É FÁCIL SER SUA MÃE, JUNGKOOK! EU TÔ CANSADA! CANSADA! SABE O QUANTO EU ME PREOCUPO COM VOCÊ? EU SERIA CAPAZ DE DAR MINHA PRÓPRIA VIDA POR VOCÊ, PORQUE É ISSO QUE UMA MÃE FAZ. MAS VOCÊ NEM AO MENOS ME RESPEITA, E TUDO ISSO A CUSTO DE QUÊ? ESSE GAROTO — aponta para Jimin. — ELE É MAIS IMPORTANTE DO QUE EU PRA VOCÊ? 

De todas as vezes em que minha mãe levantou a voz para mim, essa é a única em que senti pena em vez de desgosto ou raiva. Nunca imaginei que um dia ela se tornaria uma pessoa, cujo caráter é tão sujo, não posso acreditar que ela está mesmo falando tudo isso como se suas palavras não fossem nada. Eu só queria ter o apoio dela, é pedir demais? Não fui julgado quando descobriu sobre minha sexualidade, então porque é tão errado eu amar alguém que também me ama? Tenho certeza que se eu tivesse a compreensão dela, tudo seria mais fácil, e talvez, o que hoje dói tanto, não estaria doendo assim. 

Não tenho tempo de revidar suas palavras ou ignorá-las por completo, porque sou pressionado a agir rápido quando percebo que seus olhos piscam pesadamente como se tivessem sonolentos, e seu corpo bambeia em pré aviso de que irá cair no chão se não for amparado de antemão. 

Por sorte consigo segurá-la para que não se machuque ao cair. Por conta do peso de seu corpo, abaixo, tocando um dos meus joelhos no chão, enquanto o outro sustenta minha mão embaixo de sua cabeça, tendo meu braço direito em volta de sua cintura, segurando o mais firme possível para que não caia por completo. Deixando apenas suas pernas livres de proteção. 

— Mãe, Mãe.

— Meu Deus! Coloque ela no sofá, Jungkook. Vou chamar uma ambulância. 
— ouço a mãe de Jimin dizer, em seguida observo ela se levantar da cadeira. 

— Não precisa fazer isso, mãe. — Olho para Jimin. — Ela já está acordando. — vejo ele revirar os olhos antes de voltar minha atenção para o rostos da minha mãe e notar que ele tinha razão.

— Filho… — sua voz sai fraca e arrastada — o que aconteceu? 

— A senhora desmaiou, mãe. — Faço força para ajudá-la a levantar com cuidado, ela apoia a mão sobre meu braço. — Está tudo girando. 

— Vou pegar uma água pra ela. — a mãe de Jimin avisa. 

— Coloca ela sentada aqui, Jungkook. — Jimin trás uma cadeira pra perto de nós. Agradeço com um aceno de cabeça. Quando peço para que minha mãe se sente, ela se recusa.

 — Quero ir embora. Venha comigo, Jungkook, por favor. — sua mão ainda segura em meu braço. 

Solto um suspiro. 

— Tudo bem, mãe, eu vou com a senhora. 

— Não quer tomar um pouco de água antes, Ji-woo? Talvez ajude você a se sentir melhor. 

— Não quero nada que venha de vocês.

— A senhora não precisa ser grossa assim, minha mãe só tá tentando ajudar, poderia ter o mínimo de respeito, não acha? Olha o que você fez na nossa casa, acha que não vai ter que pagar por isso? 

— Deixa, Jimin, aquele vaso era velho mesmo. Se a Ji-woo não quer mais nada com nossa família, vamos deixar as coisas como estão, ela não precisa pagar. Mas não quero que continue aqui, então saia logo, por favor. — a senhora Park caminha na direção da saída da cozinha, mas antes de sumir da nossas vistas, ela para e se vira para dizer: — Sinta-se à vontade para voltar quando quiser, Jungkook, gostei do tempo que passamos juntos hoje. 

— Obrigada, senhora. — ela dá um sorriso simples e sai. 

— Vamos agora, eu não quero mais ter que ficar um segundo nessa casa. — Minha mãe caminha me puxando pelo braço, não tento relutar. 

Vou com ela, com Jimin vindo logo atrás, ele nos acompanha somente até a porta, olho de relance em sua direção e encontro seu semblante triste. Sei que ele esperava outra reação da minha parte, mas se eu continuasse aqui, essa situação só ía se prolongar, minha promessa sobre lutar por nós continua de pé, no entanto, para que isso dê certo, preciso agir cautelosamente, para que meus pais, ou quem sabe os pais dele, não voltem a nós separar de novo. 

Mas assim que passamos pela porta, faço uma pausa, e peço que minha mãe solte meu braço. — Espera aqui, mãe, já volto. — Ela grita o meu nome, mas finjo não ouvir e corro na direção de Jimin, antes que ele feche a porta por completo. 

— Jimin, espera... — Seguro a porta com a mão. — Desculpa por ter que sair assim, quero que você saiba que fui sincero em tudo que disse hoje, vou mesmo lutar por nós. Mas sei que não posso fazer isso contra sua vontade, então preciso que me diga se aceita a chance que pedi. 

Ele abre a porta por completo e me surpreende com seus braços em volta do meu corpo em um abraço apertado. 

— Não me peça mais desculpas, vou começar a me sentir culpado. — Sinto o calor que sai de sua boca bater contra meu peito, — Traga minhas roupas depois. — ele então se afasta. — Acho melhor você ir, antes que sua mãe volte e quebre mais algumas coisas da minha casa. 

Deixo um sorriso fraco escapar. 

— Obrigado. — agradeço.

— Pelo quê? 

— Por não me odiar, e por mesmo estando machucado querer me ouvir. — aproximo dando um abraço apertado nele. Afasto poucos sentimentos, fitando seu rosto com atenção. Cada traço de Jimin é lindo, como se tivesse sido esculpido à mão. Eu o amo tanto que chega a beirar a loucura. Com sua atenção toda em mim, sem aviso prévio, toco meus lábios em sua bochecha esquerda deixando um selar calmo. 
— Obrigado por sempre estar ao meu lado, Jimin. — Ele não diz nada, mas percebo as maçãs de seu rosto ganharem um tom mais rosado. Meu coração dispara as batidas, dou um último sorriso e me apresso em sair da casa dele. 

Encontro minha mãe furiosa vindo atrás de mim, mas paro ela no meio do caminho. — Vamos pra casa, mãe. 

[•••]

Assim que entramos em casa pergunto à minha mãe se está se sentindo melhor, ela confirma que sim com um balançar de cabeça. Observo ela sentar no sofá. Aviso que vou para meu quarto, mas quando coloco o pé direito sobre o primeiro degrau ouço sua voz chamando pelo meu nome e sou obrigado a parar. 

— Eu não irei contar ao seu pai o que aconteceu hoje, mas saiba que se isso voltar a se repetir, não exitarei. Não me obrigue a ser grossa com você outra vez, entendeu? 

Solto o longo suspiro. — Eu deveria agradecer? — Não digo mais nada, apenas dou de ombros e continuo a subir as escadas. 

Quando chego no meu quarto tranco a porta com a chave para que eu não seja incomodado. Vou até meu guarda-roupa e pego um conjunto de moletom azul meio surrado, mas que gosto muito de usar, tiro as roupas que Jimin me emprestou as deixando no cesto de roupas sujas do banheiro, é uma pena que ele nunca tenha usado aquelas roupas, se tivesse, com certeza o seu cheiro estaria nelas e aí sim eu ficaria o dia inteiro vestido sem reclamar. Mas sem o cheiro dele é só mais uma roupa comum, sendo assim, não faz mal trocar pelas minhas. 

Saio do banheiro procurando pelo meu celular até o encontrar sobre a cama. Ligo a tela com dois cliques e deixo um sorriso escapar quando vejo nossa foto no papel de parede. — Você sempre esteve comigo. — Sussurro baixo para as paredes. Passo o dedo pelo celular checando as notificações, e além de algumas mensagens no Instagram de pessoas que não me interessam, ou notificação de canais do YouTube sobre músicas e animes que gosto, há também uma mensagem de meu primo Yoongi perguntando onde estou e o que aconteceu. 

Subo o teclado na tela pronto para responder sua mensagem, mas antes que eu o faça meu celular começa a tocar e o nome de Yoongi aparece em destaque. 

Atendo a chamada. 

— Alô. — “Onde que você tá seu Zé mané? Sua mãe ligou pra mim dizendo que você não tá em casa. O que tá acontecendo, Jungkook?” Ele dispara as palavras. — Mas eu tô em casa, e nada aconteceu. Bom… algo aconteceu sim, mas nada de ruim aconteceu se é isso que tava te preocupando. — “Menos mal então, mas aí, tem como abrir a porta aqui pra mim? Tô aqui na rua da sua casa, um minutinho e tô batendo na porta.”  Desconfiado de suas palavras me aproximo da janela afastando a cortina com a mão, olho do lado esquerdo da rua e não vejo nada além de um carro preto passado, viro a cabeça para o outro lado e lá está ele, pisando o pé na grama inexistente da minha casa. — Você só tava de passagem ou veio porque se preocupou comigo? — Pergunto ainda observando pela janela. “Claro que foi porque me preocupei com você, eu não ia conseguir dormir se não soubesse notícias sua”
— As vezes você é fofo, não sei se gosto ou acho estranho. — “Só admite que me ama, é mais fácil. Agora para de enrolar e vem abrir essa porta logooo” Afasto o celular da orelha quando ele grita a última palavra.

Desligo o aparelho e caminho para fora do quarto. Tenho a sorte de não encontrar minha mãe quando desço as escadas. Por incrível que pareça não estou me sentindo triste como estava ontem, nem mesmo o escândalo da minha mãe hoje conseguiu me desestabilizar. Sempre que um pensamento beira a me derrubar lembro do que Jimin disse “nem odiar você eu consigo, porque a porra do meu coracão continua sendo seu” e sinto meu coração acelerar e um sorriso brotar em meu rosto. Sei que nossa conversa foi interrompida e que ele não disse claramente que me perdoou, porém aquele abraço que me deu antes que eu deixasse sua casa foi reconfortante demais para alguém que não quisesse me perdoar.. 

Posso interpretar aquele abraço como um sim para minha pergunta ou estou me enganando e ficando tão eufórico à toa? Bom, não quero pensar nisso agora, porque se penso fico ansioso e se fico ansioso começo a imaginar mil motivos para não criar esperanças sobre essa situação, então prefiro não pensar para não estragar esse entusiasmo repetindo que no fundo sei que não demora a passar. 

— Finalmente, achei que eu ia ter que dormir aqui fora esperando. — Yoongi reclama passando as mãos enluvadas, com tecido vermelho, pelos braço em uma tentativa de se aquecer, assim que abro a porta para ele entrar. 

— Para de drama, você tá de casaco e luva, e hoje nem tá tão frio assim. 

— Você fala isso porque aqui dentro tem aquecedor. — revira os olhos. — Tem comida aí? Tô com fome. — Pergunta olhando na direção da cozinha. 

— Você não disse que tinha vindo aqui porque tava preocupado comigo? 

— Sim, mas você mesmo disse que tá tudo bem, então agora posso me preocupar com a comida. — Da de ombros e segue rumo a cozinha. Vou atrás dele. 

Puxo uma das cadeiras da mesa para me sentar enquanto observo ele xeretar os armários até encontrar um pacote de salgadinho de algas marinhas, na parte superior do armário ao lado da bancada do fogão. 

Yoongi se senta na cadeira à minha frente do outro lado da mesa. 

— Posso falar uma coisa? — Pergunta abrindo a embalagem. Concordo com a cabeça. 
— Tô achando você diferente hoje, não sei, mas seu rosto parece até mais vivo. 

Levo as mãos as minhas bochechas tocando nelas para ver se noto alguma diferença. Mas não percebo nada fora do comum.

— Como assim? Tô normal. 

— Aí, sei lá, não sei explicar isso. É que você não queria nem sair do seu quarto da última vez que vim aqui, mas olha só agora —, Diz abrindo os braços e olhando em volta. — Você além de abrir a porta pra mim está aqui conversando comigo na cozinha. Sem contar que pelo que eu fiquei sabendo você não tava em casa, desembucha vai, onde você tava e o que aconteceu? 

— Fui falar com o Jimin. — Revelo de forma simples. 

Yoongi se surpreende tanto que acaba se engasgando com o pedaço de alga que levou até a boca segundos antes da minha resposta, porém depois de algumas tossidas agressivas ele volta a me olhar. 

— Me conta essa história direito! 

Relaxo mais meu corpo, colocando um dos meus braços sobre a mesa enquanto batuco com o dedo na superfície. 

— Na verdade eu dormi na casa dele ontem — Vejo seus olhos se arregalaram — Dormi em um colchão no chão e não com ele. — Deixo claro antes que ele pensasse besteira. 
— Resolvi seguir seus conselhos, pedi perdão pelo que fiz, e como ontem tava chovendo muito ele disse que eu podia ficar, então não neguei. 

Ele bate com a mão sobre a mesa.
— Porra, eu sou tão foda, né? Nem acredito que um conselho meu serviu pra ajudar um casal que se ama. — Ele finge limpar lágrimas imaginárias. Semicerro o olhar em sua direção.
— Tô zoando. Mas falando sério agora. — Yoongi coloca o pacote sobre a mesa e ambas as mãos sobre a mesma e inclina o corpo, ficando mais perto de mim. — Vocês se acertaram? Por favor, diz que sim, porque não aguento mais ver você sofrendo de um lado e o Jimin do outro.

— Eu não sei, mas acho que sim ou… talvez? 

— Como assim talvez? Que resposta vaga é essa? 

— É que no meio da nossa conversa minha mãe chegou e atrapalhou tudo, mas o Jimin me abraçou e não pareceu mais bravo comigo quando eu fui embora. Então acho que isso é um bom sinal, não é?... — Peço mentalmente que ele confirme minha teoria, antes que eu comece a ficar paranoico. 

— Talvez… é que ele pode só tá sendo legal. Você sabe, o Jimin é legal com todo mundo, mas se ele tivesse dito com todas as letras que perdoou você, aí é mais fácil de decifrar. Ele disse? 

Meus ombros cairam. — Não. — De repente meu humor se vai tão rápido como veio. — Sou tão idiota, como fui achar que tudo tava resolvido assim tão fácil. — Cruzo os braços. 

— Ei, calma lá, eu não falei isso pra deixar você triste. Eu posso tá errado também, você sabe que não pode confiar 100% nas teorias da minha cabeça. Pensa que se ele te abraçou é porque provavelmente tá considerando tudo que vocês conversaram. Então fica de boa, tá bom? — Ele posiciona a mão na minha frente em um punho fechado. 

Ergo minha mão igual a sua e toco nossos punhos em um soco de leve.
— Tá bom, vou tentar não ser tão pessimistas. Posso te pedir uma coisa? 

— Diga. 

— Dorme aqui em casa hoje? — Sei que consigo aguentar minha mãe, mas logo meu pai volta do trabalho e todo o pouco ânimo que ainda resta em mim pode acabar sumido com a presença dele, mas se Yoon estiver aqui sei que ele vai me ajudar a não ficar triste. 

— Só se você deixar eu ser a conchinha de fora. — Comenta fazendo beicinho. Eca. 

É impossível conter minha cara de nojo. Não por ele querer dormir comigo, mas por achar que está fofo com essa expressão quando na verdade parece um cão atropelado. 

— Você pode ser, é só você ficar fora da cama e dormir no chão.

— Tá engraçadinho hoje, né? — Ele revira os olhos e se afasta sentando com as costas apoiadas no encosto da cadeira. — Sem problemas, durmo sim, só preciso ligar avisando lá em casa e pronto, serei todo seu. 

— Obrigado. 

— Me agradeça depois, agora me ajuda a encontrar algo melhor pra comer porque isso aqui não encheu meu buxo não. 

[•••] 

Depois do nosso momento na cozinha, subimos para o meu quarto. Yoon conversou com minha mãe sobre passar a noite aqui em casa, ela não reclamou. Tenho certeza que se fosse Jimin no lugar dele as coisas seriam totalmente o oposto. Meu pai chegou há pouco tempo, sei disso porque escutei minha mãe chamando por ele, espero que ela cumpra com sua palavra sobre não contar o que aconteceu hoje, não quero ter que brigar com ele. Estou agora deitado em minha cama com yoongi ao meu lado, ajudei ele a montar uma “cama” com lençóis, igual a que dormi na noite passada, ao lado da minha para ele dormir, mas o enxerido continua ao meu lado, com uma das pernas cruzadas sobre a outra, enquanto mexe em seu celular. 

— O que você tá fazendo? — Pergunto me sentindo entediado pelo silêncio no quarto. 

— Nada. — Ele desliga o celular assim que aproximo minha cabeça da sua para ver no que ele estava mexendo. — Só vendo as horas. 

— Você passou mais de 10 min só pra olhar as horas? — Ergo uma sobrancelha. Como ele consegue mentir assim na cara dura? — Por acaso tava fazendo algo criminoso? 

— Depende do ponto de vista. — arregalo os olhos espantados com sua afirmação. — Se ficar stalkeando o Hobi for crime, então sim, era algo criminoso. — Ele volta a pegar o celular, mas sem ligar dessa vez. 

— Por que você não manda mensagem pra ele? É melhor do que ficar parecendo um esquisitão xeretando a vida dele. 

— Não posso fazer isso. 

— E por que não? 

— Você acha mesmo que seria justo eu ficar atrás dele agora sendo que no início foi eu quem disse que não queria nada? Eu confesso que tô morrendo de ciúmes em ver as fotos que ele tá postando com aquele cara feio, mas pensei melhor e cheguei a conclusão de que tenho que aceitar que ele seguiu em frente sem mim. 

— UAU! Quem é você e o que fizeram com meu primo? — ele semicerra o olhar —, É sério, você mudou, tá parecendo mais maduro do que antes. 

— Eu sempre fui maduro. 

Balanço a cabeça negativamente deixando um sorriso fraco escapar. 

Yoon liga o celular e pede que eu pegue o meu para que ambos pudéssemos jogar um novo jogo de tiro que ele diz ter lançado semana passada. 

Me viro pegando meu celular ao lado esquerdo do meu corpo e entrego para ele, pedindo que baixe o jogo para mim.

— Aqui. — diz me entregando o aparelho. 

— Tem certeza que ele vai rodar no meu celular? — pergunto clicando no aplicativo. 

— Claro, ele foi feito pra celular também. 

— Onde eu aperto agora? — Viro a tela do celular na direção dele. Em seguida ouço o som de uma notificação chegando. 

— Ui, Ui, Park Jimin está mandando mensagem para Jungkook. — Yoongi consegue pensar mais rápido do que eu, que ainda estou processando a informação que acabei de ouvir, e puxa meu celular, só não arranca de vez da minha mão porque seguro com força. — Ele tá perguntando se você tá bem. 

— Solta, sai pra lá. — tiro o celular de suas mãos. Passo aproximadamente dois segundos olhando para a mensagem, segundos esses que pareceram durar minutos por conta do meu congelamento não literal.  

— Deixa de ser chato, só quero vê o que ele mandou. 

— Não é da sua conta. — Sorrindo empurro ele com os pés o fazendo virar e cair no colchão do chão. Ouço ele me chamar de chato, mas agradeço quando para de insistir e permanece deitado em seu lugar. 

Volto a focar na mensagem de Jimin. 

Jungkook:
Oi, tô bem sim. E você, já comeu? 

Por que estou tão nervoso assim? Meu coração está dançando no meu peito, o que é estranho, não é como se essa fosse a primeira vez que falo com Jimin na vida. 

Jimin:
Está bem mesmo? Seu pai não fez nada com você, não é? 

Jungkook:
Não, minha mãe prometeu que não vai contar nada pra ele. 

Você não respondeu minha pergunta, já comeu? 

Jimin: 
Já sim. 

Observo que na tela aparece digitando várias vezes, então aguardo outra mensagem sua chegar, mas ela não vem. Temendo que o assunto morra, me apresso a responder. 

Jungkook: 
Que bom. Desculpa pela bagunça que minha mãe fez hoje na sua casa, prometo que vou juntar dinheiro pra pagar o prejuízo das coisas que ela quebrou. 

Jimin:
Não se preocupa com isso, e não é você que deveria pedir desculpas. 


Jungkook: 
Eu sei é… 

Jimin digitando… 

Jimin:
Depois nós falamos,, preciso dormir agora. 


Jungkook: 
ah, ok

Boa noite, Ji, durma bem 

Jimin apenas visualiza minha mensagem, mas não responde. 

Seguro o celular por mais uns vinte minutos, porém nada de respostas dele. 

Não consigo entender, ele está preocupado comigo porque me perdoou ou só está sendo legal? 

Me sinto frustrado por não saber a resposta. 

— E aí, como foi a conversa? — Meu primo pergunta. 

Fico de costas para ele, me recusando a falar sobre o que acabou de acontecer. 

Sinto uma cutucada na costela acompanhada de mais perguntas. 

Viro bruscamente em sua direção — Dá pra me deixar em paz caramba?! Eu tô tentando dormir aqui. — Volto a posição que estava a pouco. 

— Foi mal aí, perguntei numa boa. Mas tá de boa. — Ouço o barulho dele levantando em seguida a luz do quarto é apagada. 

— Boa noite. — diz ele. 

Continuo em silêncio. 

Retiro o travesseiro debaixo da minha cabeça e o pressionou contra meu rosto respirando fundo contra a fronha. 

Odeio ser tão confuso assim. 

[•••]

Yoongi, Tae e eu estamos no sofá da minha sala agora, jogando videogame enquanto comemos pipoca, que foi preparada por Tae. 

Vamos voltar horas atrás para que as coisas fiquem mais claras: 

Acordei hoje mais cedo que todos, fui ao banheiro e chorei sentado no chão frio. Tive um pesadelo terrível, onde coisas ruins aconteciam comigo e Jimin. Aquilo me deixou tão abalado que prefiro nem ter que mencionar os detalhes, mas não chorei só por conta do sonho, também chorei pelo sentimento de culpa. Me senti outra vez culpado por tudo de ruim que está acontecendo em minha vida. Sai do banheiro com os olhos inchados, Yoongi ainda estava dormindo com metade do corpo no chão, voltei a me deitar e mais uma vez decidi checar se tinha mensagens de Jimin em meu celular, spoiler: Não tinha. 

Mas também não tinha muito o que fazer, minha única escolha era aceitar que eu havia me enganado, Jimin não me perdoou, ele só estava sendo educado e preocupado com algúem que um dia foi próximo.  

É estranho pensar em nós no passado, como uma simples lembrança complexa que morreu e não volta mais… talvez, nunca mais.

Voltei a dormir depois de me deitar, ou pelo menos tentei fingir que conseguiria pregar os olhos enquanto continuava a ser massacrado por meus pensamentos. Horas depois ouvi Yoongi se levantar e caminhar para o meu banheiro, parei de fingir e me levantei também. Quando ele voltou ao quarto minutos depois, limpando o rosto molhado com uma toalha, o chamei, ele parou na minha frente, respirei fundo antes de dizer: 

—- Desculpa por ontem, eu não queria ter sido grosso com você. 

— Mas você foi. 

Abaixei o olhar não conseguindo encarar de frente a minha vergonha.
— Eu sei, me desculpa. — senti sua mão tocar em meu ombro e voltei a encará-lo. 

— Não esquenta com isso, eu sei que tava sendo enxerido demais ontem. — completa com um sorriso que evidencia seus dentes pequenos —, Vamo comer alguma coisa? Tô com uma fome que se demorar mais meia hora você vai me vê comendo essas paredes. 

Dessa vez foi eu que não aguentei segurar o riso. Gosto do quanto Yoongi sempre se esforça para me fazer sentir bem, mesmo quando não mereço isso. Ele é sem dúvidas, meu melhor amigo. 

Concordei com ele em um aceno de cabeça, mas avisei que não queria descer e ter que encarar meus pais logo cedo pela manhã. No entanto, ele deu de ombros e desceu me deixando sozinho, minutos depois retornou ao quarto trazendo comida, não só para ele, mas para mim também. 

Ele comentou algo sobre termos que fazer alguma coisa para nos divertir hoje, não prestei muita atenção em suas palavras, porque outra vez estava perdido nas memórias da conversa que tive ontem com Jimin. Só concordei com tudo que ele estava falando e o dia foi passando e passando e agora estamos aqui sentado nesse sofá em plena 16h da tarde, jogando o mesmo jogo que ontem ele me fez baixar no celular. 

Perdi a partida anterior por falta de concentração, fiquei estressado em não conseguir acompanhar o ritmo deles, então disse que dessa vez eu preferiria apenas observar a partida. 

— Yoon, lembra do dia em que você encontrou eu e a suzy na rua? — Tae pergunta sem tirar os olhos da tela grande a sua frente. 

— Lembro, o que tem? — Yoon está tão concentrado em ganhar quanto ele. 

— A gente estava em um encontro romântico. 

— Nossa, não me diga! Se você não falasse eu ia achar que era uma tentativa de sequestro.

— Essa que vocês estão falando é a mesma que trabalhou no Ho’omau antes da senhora Choi… — não consigo completar a frase, as palavras parecem ficar presas na garganta, ainda é doloroso demais aceitar que ela partiu. 

— Ela mesmo. — Yoongi responde. — O Tae tá pegando ela. 

— Pegando não, a gente tá se conhecendo primeiro. 

— E não deram nem uns pegas ainda? 

— Talvez… — Tae começa: — Mas a questão agora é que ontem a noite ela mandou mensagem me convidando pra conhecer a mãe dela. 

— Isso é bom, significa que ela quer mesmo ter algo sério. — comento. 

— Pois é, esse é o problema. 

— Problema porque? Você não quer ter nada sério com ela? — Yoongi questiona virando a cabeça de relance na direção de Tae. 

— Eu quero, sem dúvidas, com toda certeza eu quero, quero muito! Mas é que… — ele se cala por um instante enquanto volta a se distrair com o jogo —, Eu nunca tinha chegado nessa parte, sabe? Tipo, como eu tenho que me comportar na frente da mãe dela? Chego e falo: Olá, senhora. muito prazer sou Kim Taehyung pretendo namorar sua filha, ok? 

— Tá louco? Se você fala isso, é capaz de espantar as duas.

— E como eu faço então, Yoongi? 

— Você tá mesmo desesperado, pedindo ajuda pro Yoongi. — Falo me virando para a tevê. 

— Ou é isso ou pesquisar no youtube. 

— Melhor confiar no youtube. — digo com sinceridade. — Garanto que vai ter mais resultados. 

— Verdade né.

— ISSO AÌ! GANHEI! — Yoongi se levanta do sofá ficando de frente a mesinha de centro, onde está o que sobrou da pipoca de mais cedo, e faz uma dancinha da vitória. Ainda de pé, começa a falar: — Olha, vocês dois parem de me menosprezar, sou ótimo em ajudar casais, ok? O cupido foi meu aluno na escola do amor. — Como ele consegue dizer essas bobagem com a cara tão séria assim? — Diz aí, primo, você mesmo disse ontem que foi meu conselho que te ajudou a ir atrás do Jimin, não foi?  E funcionou, certo? 

— Não. — Digo simples. — Não sei, na verdade. 

Ele se joga no sofá em meio a nós dois. 
— É, então esquece, é melhor você pesquisar no Youtube mesmo, Tae.

Taehyung abandona o controle do videogame, — Resumindo: Tô ferrado. 

— É só ser você mesmo. Você é legal, a mãe dela vai gostar de te conhecer. 

— O Jk tem razão. — Yoon fala apontando para mim. 

— Tá bem, vou tentar fazer isso. — Ele se levanta quando o celular ao seu lado começa a tocar. — Já volto, é minha mãe, deve tá querendo saber se fui bem na prova da faculdade. — observo ele caminhar na direção da cozinha. 

Fito meu primo com atenção. — Ele tá fazendo faculdade de que? 

— Não tenho certeza, mas acho que é de cinema. A mãe dele trabalha viajando muito, por isso deve ter ligado pra saber notícias. — Ele vira o corpo na minha direção colocando uma perna dobrada sobre o sofá. — Falando em faculdade, depois de pensar durante dias, eu tava pensando em cursar educação física, o que você acha? 

— Parece legal. — respondo simples. — Combina com você.  

Sem aviso prévio, me levanto. 

— Onde você vai? 

— Pro meu quarto.

— Mas por que? Não vai jogar outra partida com a gente? 

— VOLTEI! — olhamos para Taehyung quando ele aparece gritando, em seguida se joga no sofá. — Vamos mais uma partida? — Ele vira a cabeça de um lado para o outro olhando para nós dois. 

— Tô um pouco cansado, não dormi direito ontem. — Não é de todo uma mentira, estou mesmo cansado.  

— Tem certeza, primo? 

— Tenho sim. — Abro a boca em um falso bocejo, que segundos após, se tornar real. 

— Tá bem então. — Me viro de costas e saio da sala o mais rápido possível. 

Não demora para que eu esteja dentro do meu quarto. Fecho a porta para que ninguém consiga entrar. Vou até minha cama e me sento. 

A verdade é que me senti um lixo outra vez. Yoongi já está pensando no que fazer da vida, Tae começou na faculdade, Jimin está trabalhando, mesmo que não seja seu trabalho dos sonhos, todos eles estão seguindo suas vidas como tem que ser. Mas eu sinto como se tivesse parado no tempo. Perdi a oportunidade da minha vida de estudar música em uma boa escola, nem ao menos lembro qual foi a última vez que escrevi músicas, como costumava fazer. 

Quando me tornei tão deplorável? Sinto que minha vida está perdida, arruinada. É minha culpa, eu escolhi desistir, fui fraco e me deixei afundar, sou o culpado do meu próprio fim. 

[•••] 

Jimin

— Mãe, quer um pouco? — Pergunto oferecendo a ela, que está do outro lado da mesma de frente para mim, um pouco do meu arroz.

— Não precisa, já comi muito. 

— Mas a senhora quase não tocou na comida. Tem certeza que tá bem? 

— Tô sim. Não se preocupe. 

Uso o guardanapo disposto ao lado esquerdo da minha mão sobre a mesa, para limpar o canto da minha boca que estava sujo com o molho do frango que comi há pouco. 

Decido mudar de assunto. — Tem conversado com aquele seu amigo que veio aqui no outro dia? Ele parece gostar muito da senhora, e parece ser uma boa pessoa também.  

— Somos só amigos, e sim, nos falamos depois daquilo. Ele me convidou para sair, mas neguei. 

— Por que? A senhora devia aproveitar. O meu pai já não assinou os papéis de divorcio? A senhora podia dar uma chance pra esse seu amigo, mãe, a senhora merece ser feliz com alguém bom. 

Ela fica em silêncio, e quando tento olhar em seus olhos, desvia o olhar. 

— Os papéis de divorcio… eles, é…

— O que?

Ela pigarreia. — Nada. Meu advogado disse que ainda vai demorar um tempo para finalizar o divorcio, porque mesmo com a assinatura do seu pai, ainda precisamos separar os bens judicialmente. 

— Não entendo nada sobre divorcio, mas confio na senhora. — Me levanto da cadeira pronto para ir ao meu quarto. — Quando tudo isso passar, a senhora vai dar uma chance pra esse seu amigo? — Não estou querendo pressionar minha mãe, mas sei o que meus olhos viram, aquele senhor obviamente sente algo além de amizade por ela, e julgando sua reação naquele jantar, pode ser que ela sinta também, porém não queria admitir por medo da minha reação, talvez, por isso, quero deixar claro que o mais importante para mim é a felicidade dela. 

— Ainda é muito cedo pra pensar nisso. 

— A senhora não gosta dele?

— Chega de perguntas, Park Jimin, vá logo para o seu quarto. 

— Está bem, senhora, Park Seo-young. Desculpe. — Falo com um sorriso malandro no rosto. — Boa noite, mãe. 

— Boa noite, filho. 

Subo para o meu quarto. 

Me jogo de costas na minha cama grande e macia. Enfio a mão no bolso da minha calça e pego meu celular, checo as horas. Já passam das 20h, deixo o celular sobre a cama. 

Solto um suspiro alto, levantando um pouco a cabeça para colocar meus braços cruzados embaixo da nuca. 

Ontem mandei mensagem para Jungkook, porque me preocupei com o que pudesse acontecer com ele depois do escândalo que a mãe dele fez aqui em casa, tenho certeza que ela só fingiu aquele desmaio. Mas aparentemente nada de ruim aconteceu. Apesar de naquele momento sentir vontade de pedir que ele abrisse uma ligação em vídeo, para que eu me certificasse da situação com certeza, tive que me conter.

Não posso simplesmente agir como se tudo entre nós estivesse às mil maravilhas agora, não é assim que as coisas funcionam, sei que apesar dele afirmar que a partir de agora irá lutar por nós, Jungkook ainda está doente. Pelo pouco que pesquisei outro dia sobre seu diagnóstico, depressão não é algo que desaparece da noite para o dia, ele pode muito bem mudar de opinião sobre o que me disse no calor do momento. E esse é o meu medo, e se de repente ele acorda decidido a ceder às ordens do seu pai em vez de lutar como prometeu? Vou me machucar novamente por ter me entregado por inteiro. 

Isso é o que meu lado racional diz. 

No entanto, meu coração grita que eu não tenho que pensar em mais nada. Jungkook veio até mim como eu sempre desejei, está disposto a lutarmos juntos pelo nosso amor. Sei que ele precisa de mim tanto quanto preciso dele, então porque vou continuar com medo? Se existe medo não a felicidade, e quando estou com ele desconheço esse sentimento sombrio, porque eu o amo e agora tenho certeza que ele me ama também. 

Jungkook implorou por uma chance. Eu implorei antes a ele também. Dessa vez a decisão está em minhas mãos, devo perdoá-lo? 

Sou distraído dos meus pensamentos quando ouço o barulho de uma notificação cair em meu celular. É uma ligação. Será que ele adivinhou que eu estava pensado nele? 

— Aló, Jungkook. — “Oi, Jimin. Eu sei que você mandou mensagem pra mim ontem só por educação, mas preciso saber se você aceitou minhas desculpas ou não. Se for preciso me ajoelho aos seus pés outra vez, só me dê uma resposta, por favor. Me dê mais uma chance de consertar o que eu estraguei.” Ele fala tudo de uma vez, não me dando tempo de processar com rapidez tudo que foi dito. — Calma, Jungkook. O que tá acontecendo? Por que você ligou assim do nada? — Ouço um soluço vindo do outro lado da linha e logo ele continua a falar com uma voz arrastada e baixa: “Desculpa, é que minha cabeça tá me torturando de novo, e… não saber sua resposta tá me deixando louco. Mas não se preocupa, eu vou desligar…" — Espera… — Respiro fundo fechando os olhos. — Eu…eu perdoou você Jungkook, por tudo. Mas tem uma condição, — “Faço o que você quiser” — ... Vamos recomeçar, dou a chance que você tanto quer, mas é a última, se não der certo dessa vez, mesmo que me doa na alma, não vou mais conseguir ficar ao seu lado. 




—————☆☆☆☆————

Gostaram da cena do beijo? Deixem aqui seus agradecimentos a minha amiga, Lara, sem ela a cena não existiria, porque inicialmente só teria o abraço. Mas enfim, espero que tenham gostado!

Não esqueçam de votar no capítulo, isso me incentivava bastante. Beijos e até a próxima att.

Ah, e não esqueçam de me acompanhar no Instagram @rana_conrrado para ficar por dentro das novidades sobre a fic, ou sobre coisas aleatórias do meu dia.

👋💙



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