GIOVANNA SANTOS
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- Bom dia - digo me sentando em frente a bancada da cozinha
- Bom dia, Princesa - Papai disse beijando minha testa
- Bom dia, filha. - Mãe Mi disse enquanto virava a panqueca - Dormiu bem? - me olhou cúmplice
- mais ou menos - faço um coque despojado com meu próprio cabelo
Mãe me olhou com cara de quem queria dizer "Depois vai me contar" apenas assentir.
- Você é a mulher do padre - Miguel disse rindo e sentou do meu lado
- Você roubou, Miguel! - minha irmã se defendeu me fazendo rir.
- Vocês não vão acreditar - Papai disse mexendo no celular e coloco um pedaço de panqueca de queijo na boca - O Gabriel se meteu uma confusão ontem na Vitrinni.
Me entalo com a comida e começo a tossir desesperadamente, Papai se aproximou de mim preocupado e me entregou um copo de água.
- Tio Gabi só se mete em confusão - Miguel disse colocando um pedaço de biscoito na boca
- onde saiu isso, Papai? - Questionei assim que me recuperei da tosse
- na Gossip do Dia.
- tá dizendo o motivo? - arqueio a sobrancelha e sinto o meu coração palpitar de nervoso dentro do peito
- Por uma morena misteriosa. - ele disse lendo na notícia - ainda não descobriram quem é mas já já aparecem marcando o perfil dela, sempre descobrem.
- Não deve ser nada demais - Mãe disse me olhando atenta.
Eu tô muito ferrada.
- Gabi com certeza vai mandar apagar pra não gerar problemas maiores pra ele. - meu pai deu de ombros
- sim - concordei pensativa.
- Azedinha, você pode ir pegar no meu quarto pra mim aquela caixinha que eu comprei ontem?
- sim, amor - ela disse saindo da cozinha.
- Vamos brincar, Miguel - Elena chamou o irmão e saíram da cozinha após tomarem café
- Gigi, você ouviu um grito ontem a noite?
- Não, Papai. - forço um sorriso - Por que?
- Não sei, achei que tivesse vindo do seu quarto. Deve ter sido impressão.
- é, pode ser mesmo.
- Ficou sabendo que o Gustavo vai vim pro Rio?
- o Tio Gabi me contou - mordo o lábio percebendo o que falei
- Que dia ele te contou? Ele nem teve aqui ontem.
- A gente se falou por chamada de vídeo e aí ele me contou, tio Gabriel acha que eu devia conversar com o Gusta, o que o senhor acha, Papai?
- Penso o mesmo, a amizade de vocês não pode acabar assim.
- é, Amizade. - olho pro chão e Papai soltou um suspiro pesado
- Você gosta mesmo dele né? Que dor no meu coração
- Gosto muito, Papai.
- Então, é sentar e conversar. Filha, todo relacionamento, seja amizade, namoro e casamento tem problemas e a melhor forma é conversar pacientemente.
- Eu tô com vergonha - digo mexendo nas minhas unhas
- Por que? - Questionou confuso
- É que sei lá né pai, a gente era criança quando eu entreguei o anel, vai vê pra ele é uma besteira
- É importante pra vocês então não é uma besteira. - ele disse colocando uma mecha do meu cabelo atrás
- Você acha que a gente ainda vai namorar, Papai?
Meu pai arregala os olhos e limpa a garganta nervoso.
- Namorar? Você quer namorar com ele?
- sendo bem sincera, eu quero sim.
- Ah - ele cruzou os braços me fazendo rir
- Continuo sendo sua princesa, Papai - deito minha cabeça no seu ombro
- Eu quero muito que você seja feliz, princesa. Eu só tenho medo que ele te machuque.
- Eu sei
- e pelo visto já tá te magoando.
- eu só tô chateada
- aqui, amor - Mãe Mi disse entregando a caixinha pro papai que abriu um sorriso largo e me entregou
- pra mim? - abro a caixinha surpresa.
Era um colar de ouro escrito " Princesa", sinto o meus olhos lacrimejar e meu coração fica acelerado.
Vou pro colo do Papai o abraçando com força sentindo algumas lágrimas rolarem dos meus olhos.
- Gostou?
- Eu amei, Papai - digo nervosa
- Eu te amo, Princesa - disse limpando minhas lágrimas - Você é minha vida.
- Eu te amo muito, Papai. - beijo sua bochecha.
- Posso te perguntar uma coisa? - ele questionou assim que sai do seu colo
- Pode Papai
- Você já beijou, princesa?
- Gerson! - Mãe Mi o repreendeu me fazendo rir
- O que foi? Não posso querer saber? - cruzou os braços indignado
- Papai, eu ainda não beijei - digo envergonhada olhando pra geladeira - Eu travo, não sei o que acontece.
- Talvez não seja o momento, respeita o seu próprio tempo porque vai acontecer quando você se sentir confortável.
- E se eu nunca conseguir beijar, Papai?
- Meu amor, eu também demorei pra beijar o Gerson porque me sentia mal e insegura mas com o tempo as coisas foram fluindo e aconteceu, não fica nervosa com isso. - minha mãe disse tocando em minhas mãos.
- Obrigada pelos conselhos de vocês.
- Por mais que me doa sempre vou estar aqui pra te aconselhar e tirar suas dúvidas.
- Tirar dúvida? Então, Papai, como é que eu enfio a língua?
- GIOVANNA - ele me repreendeu e eu e minha mãe rimos
- Eu não sei o que fazer com a língua - digo envergonhada
- Meu amor, isso é prática. Ninguém sabe no começo mas com o tempo você aprende - minha mãe disse pegando uma maçã na fruteira
- Tem como vocês se beijarem pra eu vê?
- Nem pensar, Giovanna - Papai negou emburrado
- Amor - ela riu - larga de ser dramático
- Eu não vou te beijar pra ela aprender, Azedinha. Eu não vou fazer isso na frente da minha filha.
- Papai, por favor. Eu vou me sentir mais confiante.
- Giovanna, pelo amor de Deus. - passo a mão no rosto
- Amor, só um beijinho - ela disse se aproximando dele
- Prefiro morrer que ensinar isso pra minha filha - ele disse se levantando - eu vou brincar com as crianças - ele disse saindo
- Ciumento - minha mãe disse rindo - Não tem o que ensinar meu amor, você vai se sentir confortável na hora e vai rolar.
- tudo bem - solto um suspiro profundo
- agora me conta como foi ontem e como assim o Gabriel se meteu em uma confusão?
- Um menino chegou em mim e eu disse que não queria, ele ficou insistindo e queria tocar na minha bunda, tio Gabi percebeu e partiu pra cima dele.
- que nojento, você tá bem meu amor? - ela me olhou atenta
- eu to me sentindo um pouco estranha, como se sei lá, minha roupa tava cur..
- não! - ela rapidamente negou - ele que foi um otario, não tinha nada de errado em você, filha - me puxou para um abraço e solto um suspiro pesado.
- Ele perguntou se o tio Gabi tava me pegando só porque o tio tava me defendendo, eu me sentir um objeto.
- sinto muito por isso meu amor. Odeio esse tipo de pessoa que acha que mulher não pode ser amiga de amiga de homem. - ela disse limpando uma lágrima solitária que escorreu dos meus olhos
- Eu amo o Gabriel como meu tio.
- Ele também te ama como sobrinha, não tem nada de errado nisso, tá? Se esse idiota viu maldade, problema dele.
- tudo bem - concordei - O Gustavo tá vindo pro Rio - murmurei baixo
- Vocês deviam conversar, não são mais crianças.
- Mãe é que..
- Gigi, você tem que enfrentar isso tudo. Não pode ficar fugindo.
- Eu tô com medo.
- Medo do que meu amor? - ela acariciou minha bochecha
- Medo desse sentimento não ser correspondido, Mãe - encosto minha cabeça no seu peito chorando
- Meu amor, é o Gusta. Vocês se conhecem desde sempre e sempre sentiram esse sentimento um pelo o outro - ela disse acariciando os meus cabelos
- a gente era criança, Mãe. Eu não sei se ele continua me vendo dessa forma.
- Por isso vocês deviam conversar, pra esclarecer os seus sentimentos e os dele.
- Eu tenho vergonha de falar, mãe.
- Meu amor, você precisa enfrentar os seus problemas.
Mas eu não quero, enfrentar os problemas dói. É sempre melhor fugir deles.