Três semanas e dois dias depois...
Anna Estrella ✨
Vanda: Como você anda, querida? - Perguntou-me, enquanto me abraçava rapidamente.
Havia chegado mais cedo no restaurante, não queria ficar em casa, se eu ficasse minha cabeça iria explodir de tanto pensar nos acontecimentos recentes. Então, decidir vim mais cedo pro trabalho, e como sempre, a dona Vanda me recebeu com carinho.
Anna: Com a cabeça cheia, só penso nele. - Suspiro, ajeitando meu cabelo.
Vanda: Entendo, eu como mãe estou sofrendo, imagine você. - Respirou fundo. - Vamos começar a ajeitar as coisas aqui.
Disse enquanto se virava, apenas assenti a observando por alguns segundos. A dona Vanda estava passando por problemas antes disso tudo acontecer, Daniel havia se envolvido em uma briga e por conta disso, custou dinheiro, e a mãe dele teve que tirar do seu restaurante pra pagar a dívida do filho.
Me pergunto se ela já fez isso outras vezes, o Daniel parecia ser uma pessoa boa, trabalhador e que evita esses tipos de situações. Mas acho que é só aparência mesmo, a gente nunca vai saber quem realmente é as pessoas.
Coloquei o avental e passei a ajudar nas coisas que faltava, daqui a pouco a gente abre e temos que estar com tudo pronto.
Alguns minutos se passa e ouço um barulho na porta de entrada da cozinha. Era o Daniel, apenas virei o rosto ignorando-o, ainda me lembro de alguns dias atrás e não estou nem cogitando a ideia de perdoa-lo, imagina falar.
Se o Filipe tivesse aqui tenho a maior certeza que o Daniel não ousaria chegar mais perto de mim.
Daniel: Boa tarde, meninas. - Desejou, mas apenas dona Vanda respondeu.
Vanda: Boa tarde, meu filho. - Sorriu docemente, abraçando-o. - Veio me ver ou ajudar?- Perguntou expressando sua curiosidade.
Daniel: Vim ajudar se não for incomodar.
O encarei por cima do ombro e o observei por alguns segundos, ele não veio ajudar, dona Vanda até pode achar que é isso mas eu notei sua expressão. Ele queria falar comigo, mas isso não vai acontecer. Seus olhos pararam por alguns segundos em mim, e apenas o ignorei.
Vanda: Ótimo! Estavamos precisando de ajuda mesmo, daqui a pouco a gente abre e nem ajeitamos a salada ainda. - Soltou um riso.
Daniel: Eu ajudo vocês. - disse simples se aproximando em minha direção, rapidamente me afastei fingindo lavar as mãos na pia.
Peguei as verduras e lavei, e logo passei a cortar.
Vanda: Anna querida, você pode passar um paninho nas mesas? Deixa que eu e o Daniel cuidamos da comida.
Urfa! Ficar longe dele é uma benção.
Anna: Claro, já terminei de cortar as verduras. - Sorri gentilmente pra ela.
Vanda: Ótimo! Deixe o resto com a gente.
Apenas assenti e sai rapidamente daquela cozinha, antes pegando o pano e o resto do produto para poder limpar.
(...)
Anna: É sério, se quiser que eu ajude com a alguma coisa é só dizer. - Encarei atentamente o cabelinho.
Ele estava diferente, mas magro e usava alguns acessórios que o deixava bonito. Entendo porque a Bella gosta tanto dele.
Cabelinho: Não se preocupe, o cobra tá me ajudando muito com as coisas e obviamente o Filipe me ensinou algumas coisas para esses tipos de situações. - Explicou. - Como você anda?
Ele apareceu aqui em casa do nada, disse-me algumas coisas que estava rolando. E claro, veio perguntar sobre a situação do Filipe.
Anna: Bom, tirando que minha vida virou de cabeça pra baixo, estou tentando ficar bem. - Suspiro.
Cabelinho: Filipe já se meteu em cada enrascada, e sempre saiu de todas. Tenho a plena certeza que ele vai sair dessa também. - colocou a mão em meu ombro sorrindo gentilmente.
Anna: Obrigada! Deve está sendo difícil pra você também, não é?
Cabelinho: Eu sou forte, consigo lidar com isso. - Sorriu.
Anna: Eu entendo, mas ainda sim deve ser horrível perder o melhor amigo pro coma.- Seguro sua mão em meu ombro, e acaricio com carinho.
Ele estava me ajudando muito nesses dias, sempre me apoiando em qualquer decisão ou me ajudando quando mais precisava.
Entendo porque Filipe gostava e confiava nele tanto.
Cabelinho: Como disse eu tenho certeza que ele vai sair dessa, ele é forte.
Anna: Sim ele é! - Sorri esperançosa.
Ele vai sair dessa, eu tenho certeza!
Bella: Oi gente!! - Chegou nos abraçando, deixou um selinho nos lábios de cabelinho e se afastou alguns centímetros.
Cabelinho: Oi amor. - disse sorrindo.
Anna: Oi amiga. - Encarei suas mãos com várias sacolas. - O que é isso?
Bella: Eu trouxe sua janta. - Falou animada. - Pedi comida mexicana.
Cabelinho: Bom, não quero incomodar a noite de meninas então vou indo. - Segurou a cintura de Bella.
Bella: Que isso amor, você pode ficar.
Anna: Sim, aproveita e janta com a gente.
Cabelinho: Eu até adoraria, mas como o dono do morro infelizmente não está aqui ainda tenho que cuidar das coisas. - Sorriu triste.
Desviei o olhar entendendo perfeitamente.
Bella: Então tá, a gente se vê depois? - Perguntou, se despedindo dele.
Cabelinho: A gente se vê depois.
Se despediu da gente e logo subiu na sua moto e deu partida até a boca.
Bella: Vamos? - perguntou-me, me abraçando pelo os ombros.
Anna: Vamos. - sorri deixando-me ser guiada.
(...)
A Bella as vezes é maluquinha, principalmente quando está com bebida alcoólica entalada até no cu. Essa garota as vezes me deixa de cabelo em pé.
Solto um riso a vendo dançar desajeitadamente em cima do sofá, me aproximei só para garantir que ela não caia.
Anna: Você vai acabar metendo a cara no chão. - Digo rindo.
Bella e bebida alcoólica no mesmo parágrafo não combina, ela não sabe se controlar e por limites. Acho que é por isso que eu não curto muito bebidas, coisa com álcool faz a gente cometer loucuras e falar coisas que no fundo são a mais pura verdade.
Não vejo a diversão nisso, apesar de já ter bebido.
Bella: Anninhaaaaa... - começou a rir do nada. - Como é o nooome? - Perguntou com uma cara confusa, mas logo riu. - Assim, O QUEEE É, O QUEEE É... - Se aproximou rindo.
Anna: O que é o que? - Arqueei as sobrancelhas, prendendo o riso.
Bella: Maconha enrolada em jornal?
Anna: Não sei? - Evitei uma risada, apenas observando a mesma com diversão.
Bella: Baseado em fatos reais. - Gargalhou alto, se jogando no sofá.
Soltei uma risada, e neguei com a cabeça.
Anna: Sabia que você é péssima com piadas? - Disse a encarando rindo.
Bella: Não! Eu tenho outra.. - riu, levantou-se batendo palminhas. - Porque o jacaré tirou o jacarezinho da escola?
Anna: Não sei... - Solto um riso, e eu ainda sou burra de responder.
Bella: Porque ele réptil de ano. - Gargalhou alto, e dessa vez se jogou pra trás, porém, dessa vez ela não teve muita sorte e caiu no chão, batendo a cabeça.
Isso me fez explodir na risada enquanto via a situação dela.
Anna: Bella, meu deus! - Gargalho alto, indo em sua direção.
Ajudei-a a se levantar ainda sentindo seu corpo tremer pela a risada incessante.
Ela olhou para mim e sua cabeça girou um pouco, é... seu estado está deplorável.
Anna: Vou te ajudar a tomar banho, seu estado não é um dos bons agora. - Apoiei um dos seus braços em cima dos meus ombros. Segurei sua cintura com força para não deixá-la cair e caminhei lentamente e cuidadosamente até o banheiro.
Caramba, ela é pesada!
Bella: Eu lembrei de uma música. - Sua voz saiu arrastada por conta da bebida, mas animada. - Sabe, meu boy trocou a foto do perfil e eu fui olhar e a vaca já curtiu, a rapariga mais feia que o cão, tá ficando louca perdeu a noção. - cantarolou, rindo.
Que música é essa?
Evitei dá-lhe atenção e concentrei-me em seu banho, foi um pouco demorado, ela resistia muito para não tomar banho. Quando finalmente conseguir sair do banheiro com ela enrolada na toalha e me direcionei até o quarto.
Pondo uma roupa nela, deitei-a na cama.
Anna: Você tem que dormir. Descansa um pouco. - Sussurrei pra ela que ainda continuava falando.
Bella: Anna? - Me chamou baixinho, fechando os olhos. - Eu deveria ser forte pra você. Você é a que mais sofre com essa situação, e estou te dando trabalho. - começou a chorar.
Neguei suavemente com a cabeça, acariciando seu rosto. Nós duas compartilhamos da mesma dor, a diferença é que o Filipe é um irmão para a Bella e bom... Para mim é um pouco complicado.
Anna: Não se preocupe com isso. - Continuei sussurrando. - Nem sempre conseguimos ser fortes, às vezes só somos humanos...
Analisei seu rosto coberto por lágrimas, seu choro aos poucos foi se acalmando enquanto ela se entregava ao sono. Eu entendia sua dor, apesar do Filipe ser quem é, ele era muito querido por poucas pessoas, mas era.
A dor só parará quando Filipe estiver finalmente ao nosso lado, sendo apenas ele. Sendo apenas a nossa alegria no meio disso tudo.
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Filipe vai voltar logo, prometo 🙌🏻❤️
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