TOQUE-ME SE FOR CAPAZ

paollamagalhaes द्वारा

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ESSE LIVRO É UM DARK ROMANCE 🚨 Eu sou uma criminosa, uma... Assassina. De bailarina de primeira classe a pár... अधिक

➵ AVISOS
➵ GATILHOS
➵ TRILHA SONORA
➵ CAST
➵ DEDICATÓRIA
➵ PRÓLOGO
➵ 1. Obscure
➵ 2. Little Bunny
➵ 3. Negative Party
➵ 4. Race
➵ 5. Power Games
➵ 6. Echoes of the Mask
➵ 7. Submundo
➵ 8. Dark Secrets
➵ 9. Clandestine Temptation
➵ 10. I killed her
➵ 11. Dark Desire
➵ 12. Momentary provocation
➵ 13. Sky Burning
➵ 14. Ungrateful Bitch
➵ 15. What did I do?
➵ 16. Save Me
➵ 17. Pique-hide
➵ 18. Do you hate me?
➵ 19. Because you are Calina Sartori
➵ 20. Phase one of anarchy
➵ 21. Loser
➵ 22. Who are you?
➵ 23. Unveiling the Masks
➵ 24. Sins Unveiled
➵ 26. Make your choice
➵ 27. For you
➵ 28. Racing Against Time
➵ 29: Echoes of Freedom
➵ 30: Secrets revealed
➵ 31: I'm devoted to you
➵ 32: Under the domain of terror
➵ 33: In the shadow of monsters
➵ 34: Bitch
➵ 35: Calina Sartori judgment day
➵ 36: Death
➵ 37: Who is Lykaios?
➵ 38: Bonds Amidst Chaos
➵ 39: The Pact of Destruction
➵ 40: Act 2
➵ 41: The curse of the pigs
➵ 42: Welcome to the Submundo
➵ 43: Bugsy come for you

➵ 25. Masks and Manipulations

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paollamagalhaes द्वारा

Calina Sartori
Dias atuais...

Elevei minha cabeça, encarando meu próprio reflexo no espelho do banheiro sentindo a pequena camada de suor surgir. Minhas mãos por algum motivo soavam descontroladamente mesmo que eu já tivesse descartado uns 6 papéis tentando fazê-las ficaram secas. Meu estômago doía, não conseguia entender se era por fome ou se eu realmente estava tão nervosa com aquela informação.

Eu nunca pensei que eles eram santos, jamais passou isso pela minha mente. Corridas ilegais, lutas clandestinas, uma espécie de câmara embaixo de um prédio. Porra, obviamente eles eram muito mais do que apenas perturbados. E se Eros disse a verdade... O que Trevor e Aiken deveriam ter feito? Seria pior do que cometer um assassinato?

— Você não parece bem. — Meus olhos se arregalaram levemente com o susto vendo uma mulher parada em frente a uma das cabines do banheiro. — Essas festas são irritantes, não é? Tenho vontade de simplesmente colocar fogo em tudo e todos. Isso é o tédio?

Elevei as sobrancelhas tentando entender tudo que ela estava murmurando. Os olhos negros vagavam pelo ambiente, lotados de indiferença. O corpo magro e pálido em excesso, mas quando falamos sobre os padrões asiáticos, ela se encaixa facilmente. E com certeza já sabia sobre isso pelo vestido que usava.

Seu corpo coberto apenas por um vestido de cetim perolado, com as costas desabando em nudez. O pescoço e as mãos lotadas de bijuterias sutis, mas perceptíveis pelo brilho dos diamantes. E o cabelo negro longo com poucas ondas que era um contraste perfeito com sua pele.

— Pode me ajudar com isso? — Ela ergueu um colar de pequenas pedrarias.

— Claro... — Minha voz saiu praticamente em um sussurro tentando afastar a maldita ânsia.

Ela se aproximou, um sorriso quase imperceptível nos lábios levemente carnudos com um batom cereja. Rapidamente se virou de costas para mim, puxando o cabelo para cima me permitindo colocar o cordão em seu pescoço. E virou-se após se observar no espelho.

— Você parece assustada... — Murmurou mais uma vez também me analisando. — Interessante...

— O que? — Pisquei algumas vezes tentando conter minha língua para perguntar quem era aquela maluca.

— Desculpa, as vezes eu sou um tanto... Hum... — Sua mão foi até o seu queixo esfregando levemente como se ela estivesse pensando, logo após estalando a língua no céu da boca como se tivesse se lembrado. — Curiosa. Isso. Às vezes eu sou curiosa. Sinto muito se lhe incomodei, senhorita Sartori.

—Você me conhece? — Arquei as sobrancelhas vendo-a sorrir virando-se em direção a porta e caminhando em seus saltos.

— Claro, quem não conhece Calina Sartori? — Estreitei os olhos pensando na possibilidade de talvez ela e Aiken se conhecerem. Talvez até mesmo foi um pouco de preconceito da minha parte por pensar que se eles são asiáticos devem se conhecer. — Ah, meu nome é Ha... — Ela parou de falar no mesmo instante balançando a cabeça. — Nari. Muito obrigada por sua ajuda.

Ela balançou a mão levemente em uma despedida saindo do banheiro me deixando quase com um ponto de interrogação na testa, mas resolvi ignorar completamente já que ela era apenas uma estranha qualquer que poderia estar começando a ficar bêbada. E realmente não é uma dificuldade grande saber quem sou eu, afinal os Sartori são bem conhecidos por todo o país graças ao meu avô que tinha conexões extraordinárias com boa parte das famílias elites de negócios. E se ela está nessa festa, significa que também tem uma família poderosa.

Me olhei no reflexo do espelho pela última vez puxando o ar com força e resolvi sair de dentro do banheiro. Caminhei em passos firmes passando pela porta e procurando com o olhar eles, até ver Aiken levantando o braço e acenando. Rapidamente fui até ele que conversava com um pequeno grupo de pessoas. Agora vendo-o no meio da multidão, Aiken parece ser o tipo sociável. Sempre conversando e sorrindo com qualquer ser humano. Toquei seu braço tirando a taça de champanhe de sua mão e virando-a em meus lábios.

— Onde você estava? — Ele se aproximou do meu ouvido sussurrando.

— No banheiro. Cadê os outros? — Rapidamente seu dedo apontou para um canto do salão onde eles estavam encostados de braços cruzados. — Tão sociais... — Murmurei recebendo uma risada bufada. — Conhece uma tal de Nari?

O sorriso em seus lábios aos poucos foi morrendo e seus olhos começaram a disparar rapidamente pelo saguão a procura de algo.

— Onde você a viu? — Sua mão agarrou meu pulso e ele começou a me puxar desviando entre as pessoas.

— No banheiro. O que foi? Você conhece ela? — Ele balançou a cabeça concordando. — Uma verdadeira maluca...

— O que ela te disse? — De repente ele parou virando seu corpo em direção ao meu. — Ela te machucou?

— O que? Não! — Por um instante o vi respirar aliviado. Ok, isso é estranho. — Nada demais, ela só parecia estranha... Apenas perguntei se você a conhecia por perguntar.

— Merda... — Ele murmurou agora parecendo irritado. — Tudo bem, vamos voltar para onde os caras estão.

Balancei a cabeça concordando e Aiken abaixou sua máscara me fazendo replicar a mesma ação. Caminhamos mais uma vez entre as pessoas até pararmos nos rapazes. Aiken rapidamente me soltou indo até Bugsy sussurrando algo em seu ouvido e ele apenas concordou.

— Você está bem? — Dei um pequeno sobressalto ao ouvir a voz de Hunter ao meu lado fazendo-o soltar uma risada leve. — O que foi isso?

— Nada... — Sussurrei levemente abaixando a cabeça.

Qual é, Calina? Qual o motivo de você estar agindo assim?

Não é como se ele não fosse o Hunter que em tese eu conheço. A sensação mudou, de repente pareço estar pisando em ovos ao seu redor. O ar parece rarefeito ao seu lado, como se o tempo todo eu estivesse alerta sobre algo que poderia acontecer. Hunter tocou meu queixo por trás da máscara, levantando meu rosto em sua direção, ainda sem máscara em sua face.

Os olhos azuis ainda vazios me encarando profundamente, como se me analisasse já sabendo o que tinha acontecido. Obviamente ele não era burro, poderia perceber com facilidade a minha mudança da água para o vinho.

— O que está errado? — Ele perguntou, me fazendo sair do abismo de pensamentos que havia me jogado.

— Não é nada... — Sussurrei mais uma vez quase xingando a mim mesma por não conseguir disfarçar de uma forma melhor.

Obviamente todo o meu interior está contraído, qualquer pessoa lidaria dessa forma ao descobrir que um dos seus amigos é um assassino. Mesmo que você não tenha certeza se aquilo é verdade ou que ele realmente seja seu amigo. Talvez eu deveria ser fiel a eles, deveria deixar eles me contarem ou eu perguntar. Eu realmente fui manipulada por Eros como ele queria, a dúvida estava se espalhando rapidamente por meu corpo e a falta de confiança começava a me dominar.

— O que ele contou a você, boneca? — Seus olhos se impulsionaram para cima assim que batidas agudas ecoaram.

Os pigarros de Eros começaram a pairar no microfone fazendo qualquer pessoa que estivesse no salão parasse para observá-lo no alto da escadaria de pedras com o longo carpete vermelho com bordados em dourados. Usando um terno branco, chamando a atenção de qualquer ser humano que passasse seus olhos por ele. Seu rosto perfeitamente alinhado em traços fortes, os olhos castanhos mel que pareciam de um cachorrinho a distância e o sorriso digno de um oscar. Qualquer pessoa que olhasse para Eros diria que ele se parece com um anjo na terra neste exato momento.

Mas isso nem sequer me afetava, eu podia sentir Hunter parecendo uma raposa olhando sua presa ao meu lado. Seus olhos não se arrastaram nem por um segundo sequer da minha pele, ansiando a minha resposta ou talvez já até tendo descoberto o que havia acontecido.

— Ele disse que você matou alguém. — Virei meu rosto encarando-o mais uma vez e agora percebendo o sorriso de canto nascer em seus lábios. — Você matou alguém?

Meu interior vibrou com a sensação quente que me atingiu. Tudo parecia estranho demais. Nunca ter visto Hunter dessa forma ou até mesmo o vazio em seus olhos. É como se fosse outra pessoa me encarando, totalmente o oposto do nosso primeiro encontro.

—Sim. — Ele respondeu sem sequer pestanejar me tirando uma lufada de ar. — Mas quem de nós não cometeu pecados irreversíveis?

Quem de nós não cometeu pecados irreversíveis?

Tem razão. Afinal eu também matei alguém. Eu também sou uma assassina, por mais que eu queira esquecer isso com todas as minhas forças. E não apenas uma assassina, mas também uma incendiária. Alguém tão fodida da cabeça que simplesmente afastou todos ao seu redor por apenas um sentimento, adrenalina.

Revirei meus olhos no segundo em que os aplausos começaram me fazendo prestar atenção em Aiken e Hunter soltando gritos. Minhas sobrancelhas se elevaram no segundo em que senti a mão tocando em meu pescoço. Trevor se aproximou sussurrando em meu ouvido.

— Tire a máscara e depois coloque-a novamente e aplauda como se ele fosse a reencarnação da própria princesa Diana. — Fiz como ele pediu, segurei a máscara a retirando de meu rosto e sorri levemente assim que os olhos de Eros me encontraram.

Antes de pigarrear mais uma vez, ele sorriu como se estivesse realmente feliz em me ver aqui. O que me deixa curiosa e também um tanto idiota por ter pensado nisso apenas agora... por qual motivo ele teria colocado meu nome na lista de convidados? Coloquei a máscara em meu rosto e me virei para trás observando Trevor levantar a máscara por alguns segundos, mas de costas para quem o observasse das escadas.

— Eu agradeço com imenso prazer todos que se deslocaram até minha humilde residência... — Meus olhos se fecharam e uma risada abafada passou por meus lábios. — Esse é o sétimo ano que eu assumi a empresa após meu pai adoecer, um motivo triste, mas também que me trás um pouco de felicidade. Não por meu pai estar doente, por favor não pensem isso. — Os olhos de cachorrinhos estavam lá nesse exato momento, tirando risadas dessas pobres almas. — Essa festa não é apenas uma comemoração, mas é um dia que com imensa felicidade que eu desejo anunciar algo muito especial...

A música emitida por violinos e violoncelos de fundo se tornou ainda mais calma, a minha pele arrepiou-se completamente e o ar se tornou pesado. Algo estava acontecendo e não era sobre os três mascarados ao meu lado, mas sobre meu pai e Willian que desciam as escadas usando seus ternos pretos e Lúcia que acompanhava os passos deles usando um vestido longo azul claro que realçava seus lábios vermelhos. O sorriso de quase rasgar toda a sua face, como se não bastasse ter sido a amante, mas agora também se tornou a esposa de Heitor Sartori, meu pai.

— Que merda é essa? — Murmurei me agarrando a Aiken assim que os olhos de Willian pararam sobre minha máscara, já sabendo que eu estava aqui, me analisando e sutilmente avistei o sorriso de canto crescendo em seus lábios.

— Não se preocupe. — Hunter sussurrou próximo ao meu ouvido passando o braço ao redor da minha cintura. — Você está segura, Bunny.

Balancei a cabeça concordando e dizendo isso a mim mesma. Eles não tinham mais controle sobre mim, eu não era mais uma boneca de porcelana em suas mãos. Eu acabei com tudo isso como a chama que se alastrou por cada centímetro daquela casa. Eu não estava mais presa em uma gaiola graças a eles. Eles me salvaram e eu sei que me salvariam mais uma vez. Mas além disso tudo, eu mesma me arrastaria nua sobre pregos para me salvar de suas mentes insanas.

— Vocês todos sempre souberam todo o meu interesse em juntar a nossa tecnologia com os chalés de luxo da Concept Sartori, um plano que vem sendo discutido há alguns anos... — Eros estendeu o braço apertando a mão de meu pai que mostrou um sorriso leve. — E enfim neste ano, gostaríamos de anunciar que os chalés Sartori contam com a tecnolia Lykaios.

As pessoas começaram a gritar e aplaudir ainda mais enquanto Eros e meu pai se cumprimentavam esbanjando seus melhores sorrisos. Eu já sabia sobre isso, algumas vezes em grandes festas eu já havia visto meu pai e o senhor Lykaios conversando, mas desde em que ele ficou doente eu pensei que essa parceria teria sido encerrada. Principalmente por nunca ter visto o meu pai pisar na empresa. Então eu me pergunto... Onde e quando aconteceu essas reuniões para fechar as parcerias?

— Claro que não é apenas isso a grande notícia... — Eros continuou dizendo fazendo todos se calar e as minhas sobrancelhas se erguerem.

— Tem algo errado... — Murmurei mordendo meu lábio inferior logo em seguida. Um instinto avassalador invandindo minha alma, me trazendo arrepios sinistros.

— Eu gostaria de anunciar que nossa relação não é apenas de negócios. — Senti meu coração acelerar e o ar fugir dos meus pulmões. — Depois de manter segredo durante algum tempo, enfim eu tive a liberdade de poder contar isso a todos. Houve um amor intenso que irá unir nossas família...

Meus olhos quase se dividiram entre ele e Willian, mas senti o chão sumir dos meus pés quando Eros estendeu a mão em minha direção levando sua taça para o alto propondo um brinde. De repente eu me vi paralisada, sentindo minhas mãos se tornarem gélidas. O que estava acontecendo?

— Calina não será apenas uma Sartori, mas teremos a primeira geração de Lykaios Sartori. — Os aplausos mais uma vez começaram.

Mas dessa vez havia algo diferente, as pessoas não aplaudiram com aquela vontade, com expectativas ou desejos de felicidades. Mais uma vez aqueles olhares estranhos adentravam minha pele. Seus olhos expressavam o mesmo de quando eu dançava ballet, não era sobre o quanto eu me esforçava ou o quanto me dedicava. Na verdade, sempre foi sobre o quanto eu tinha contatos ou o quanto de dinheiro eu tinha para subornar alguém para estar no topo.

— Merda... Merda... Merda! — Sussurrei enquanto começava a andar entre as pessoas acompanhando meu pai com o olhar descendo as escadas e andando para uma parte distante.

Ele já sabe que eu iria até ele, então está tentando se desviar das pessoas para que não tenha um escândalo em sites de notícia. Não existiria matéria pior para ele do que: "Calina Sartori surta após notícia de seu casamento ser anunciado."

Porra! Mas que merda é essa?

Um casamento? Desde quando isso vem sendo arquitetado por eles? Eu sabia que tinha algo errado, desde o momento em que percebi meu nome naquela lista. A forma como Eros conversou comigo naquele escritório. Maldito desgraçado. A surpresa no discurso, brincando e se divertindo comigo.

— Calina! — Torci meu pescoço no mesmo instante quando meu braço foi segurado.

Mas em um impulso forte me soltei sem sequer olhar no rosto de quem era, dei dois passos a frente vendo meu pai e Willian entrar no mesmo escritório que estive com Eros e me virei olhando para o rosto sereno de quem havia me segurado pensando ser um dos rapazes, até minha mente se ligar que era uma voz feminina. E rapidamente reconheci a garota de cabelos castanhos formando ondas que despencavam em seu busto descoberto já que ela usava um vestido verde claro longo recheado com tules dando totalmente a ela um aspecto de fada, mesmo com todo o seu rosto tendo traços fortes.

— Ophelia? — Ela sorriu no mesmo instante correndo para me abraçar. — O que você está fazendo aqui? Não deveria estar na Escócia de férias com sua família?

— Garota, esse não é o assunto do momento. Você vai se casar? — Ela gritou empolgada dando pequenos pulinhos e no mesmo instante em que balancei a cabeça negando, ela ficou séria e os olhos brilhantes se tornaram quase escuros. Um verdadeiro dom de uma garota que finge ser uma princesa para todos, mas que no fundo é uma verdadeira raposa astuta. — O que? Não me diz que estão te forçando...

— Eu nem sei o que está acontecendo, Ophelia...

Sussurrei sentindo a frustração passar por todo o meu corpo me dando arrepios. A garota com olhos verdes mais intensos que já conheci em toda a minha vida me encarava confusa. Nos conhecemos desde os 14 anos quando fui mandada para um internato a fins de me tornar uma pessoa "descente", se eles soubessem que graças a Ophelia tudo foi uma loucura nos mandariam virar freiras em uma escola católica. Mesmo que o internato tenha durado apenas dois meses por causa do grande evento do meu aniversário.

— Eu preciso ir. Foi ótimo rever você, não desapareça... — Falei apressadamente a dando as costas, mas me virei no mesmo instante dando um sorriso a ela. — E me ligue sempre quando precisar.

— Claro! — Ela gritou deixando o sorriso sáfico aparecer em seus lábios.

Ela sabia exatamente o que era essas palavras e eu sei que se ela me ligar, provavelmente irá ser uma das melhores noites da minha vida. Afinal, ninguém consegue dar uma festa melhor que Ophelia Cartier, a herdeira das melhores casas noturnas do país. Me surpreende eu não ter topado com ela durante tanto tempo, mas como sua família vive mais na Escócia do que na Inglaterra talvez ela estivesse por lá esse tempo todo.

Voltei a andar no mesmo instante desviando das pessoas que se viraram em minha direção sorrindo, provavelmente desejando me parabenizar pelo maldito casamento. E quando estava prestes a tocar na maçaneta do escritório braços fortes me agarraram pela cintura tirando meus pés do chão e me arrastando para longe. Comecei a me debater no mesmo segundo ainda com meu olhar cravado na porta sentindo a fúria me consumir. Eu tinha posto um ponto final em toda essa história de manipulação e eu não iria permitir que eles fizessem isso.

Mas quando ele me colocou no chão me empurrando levemente contra a parede me fazendo encarar o par de olhos — que agora quase poderiam se igualar nas cores — a raiva se dissipou. Trevor me encurralou apenas em silêncio, talvez pensando que eu iria gritar ou falar qualquer merda, mas eu apenas fechei meus olhos e permiti minha cabeça cair contra seu peito. Apenas acompanhando seu peito subir e descer junto com sua respiração e as batidas lentas do seu coração, quase como se fosse parar, mas que aos poucos começou a acelerar me tirando uma risada leve.

— Se acalmou? — Balancei a cabeça concordando. — Temos um plano essa noite, Bunny. Não vamos deixar isso ser destruído.

— Mas eu preciso acabar com essa droga de casamento... — Elevei meu olhar para seu rosto, vendo sua mandíbula tensionar.

— É apenas mais uma manipulação, Calina. É isso que eles querem, que você jogue o jogo, que continue presa à eles. Eles nunca vêm até você, mas sempre a fazem ir até eles, se rastejando. Então apenas uma vez, deixe-os esperando e assuma o que você quer. — Seus dedos tocaram meu queixo, erguendo minha cabeça. — Você queria respostas sobre nós, não é? Então apenas segure a minha mão e eu lhe darei mais uma noite de anarquia.

Seus lábios tocaram os meus, diferente de todos os beijos anteriores que sempre foi algo desesperado e sagaz. Dessa vez apenas a calmaria e a leveza nos dominava, não existia as mãos bobas e a necessidade de jogar gasolina sobre nós. Éramos apenas eu e ele, tocando o rosto um do outro aproximando cada vez mais nossos lábios com o toque e quando nos separamos voltei a encarar seus olhos. A dualidade que parecia habitar seu corpo, como se existisse o céu e o inferno em apenas uma pessoa.

— Vamos. — Ele estendeu a mão me fazendo agarrá-la enquanto ele puxava a máscara para seu rosto mais uma vez.

Andamos até próximo ao salão principal, mas Trevor apenas fez um sinal para Hunter e balançou a cabeça meio que para o lado. Hunter viu, mas logo tratou de disfarçar olhando ao redor, talvez procurando Aiken, mas não tive tempo de ver logo Trevor começou a andar apressadamente em direção ao outro corredor.

— Começe a cambalear. — Ele sussurrou passando o braço ao redor da minha cintura me fazendo agarrar seu braço e começar a tropeçar em meus próprios pés. — Desculpe, a minha namorada está bêbada, tem algum lugar que eu possa levá-la para descansar?

— Ah... — A mulher olhou de um lado para o outro e balançou a cabeça em confirmação. — Claro, senhor. Me acompanhe.

Ela começou a andar rapidamente fazendo-nos segui-la e quando adentramos uma pequena sala que ela abriu percebi que estávamos em uma espécie de cozinha interna. Como se fosse uma cozinha industrial, nada parecido com uma clássica como esse castelo tem. A mulher trocou olhares com um rapaz ao nosso lado que tomou a frente estendendo o braço em direção a outra porta. Trevor me segurou firmemente e mais uma vez tomou a frente até passarmos pela porta, de repente ele me soltou começando a tirar a própria roupa.

— Tire sua roupa. — Arqueei as sobrancelhas no mesmo instante em confusão.

— O que?

— Vamos, Bunny! Não temos tempo. — Suas mãos alcançaram meus ombros me virando e puxando o zíper do vestido.

Só então me fazendo perceber duas pessoas já nuas do outro lado da sala e conforme Trevor ia tirando suas roupas, o rapaz ia pegando e se vestindo. Da mesma forma que quando o vestido caiu em meus pés a mulher correu o agarrando e colocando em seu próprio corpo.

— O que nós vamos fazer para precisar de álibi? — Sussurrei para ele que tirava a máscara de seu rosto e sorria. — Merda...

Eu não teria sua resposta e lutar em uma discussão agora seria apenas perda de tempo, então apenas me apressei em me vestir quando ele jogou em minha direção um macacão cinza com a logo da distribuidora de comidas do evento. Rapidamente me vesti ficando de costas para que ele fechasse o zíper e logo em seguida vendo-o se virar também. As costas largas e todas as suas tatuagens que quase me faziam perder o fôlego e antes que eu fechasse me aproximei deixando um beijo em sua pele. Quase como se fosse automático.

— Bunny... — Ele murmurou puxando o ar com força. — Não temos tempo pra isso.

— Droga... — Sussurrei fingindo descrença enquanto terminava de fechar o zíper.

Suas mãos tocaram minha bochechas e mais uma vez seus lábios tocaram os meus, os abri esperando que seu beijo se aprofundasse, mas ele apenas se afastou sorrindo. Logo em seguida, colocando um boné em minha cabeça e abaixando-o ao ponto de quase cobrir todo o meu rosto. Levantei o rosto também vendo-o colocar um boné e olhando na direção das duas pessoas. E no mesmo segundo em que os olhei senti um arrepio cruzar a minha pele, eles eram idênticos a nós. Mesma altura, mesmo formato de corpo, o cabelo da mulher formava as mesmas ondas e o mesmo tom escuro do meu.

— Vamos. — Trevor se virou pegando duas caixas de isopor e me entregou uma delas se virando em direção a uma outra porta. — Não levante muito a cabeça.

— Ok. Tudo bem.

Começamos a andar e eu apenas o seguia indo conforme ele nos guiava. Até que aos poucos as luzes eram substituídas pela escuridão e vozes começavam a se fazer presentes. Mas antes que pudéssemos dar mais passos, ambos fomos puxados para um outro corredor que nos levaria em uma direção oposta. Levantei a cabeça prestes a acertar um soco no estômago daquele que havia nos puxado, mas fui parada pela mão de Trevor segurando meu pulso, só então vendo o rosto de Hunter. Ele também usava um dos macacões cinza e o boné azul cobrindo seu rosto.

— Calma... — Ele murmurou soltando meu braço. — Cadê o Aiken? — Trevor perguntou ríspido fazendo Hunter balançar a cabeça em direção às vozes. — Merda. Alguém o viu?

— Não sei, acabei de chegar assim como vocês. Vamos nos aproximar devagar. — Ambos passaram na minha frente silenciosamente.

Não estávamos tão longe e a cada vez que nos aproximávamos conseguíamos distinguir mais as vozes, até perceber que não era uma conversa normal e sim um tom acalorado de discussão. E lá no meio falando palavras curtas e em um tom baixo estava a de Aiken.

— No que você tem se metido? Você mentiu pra todo mundo, pra todos nós! — O homem gritou e mais uns poucos passos conseguimos ter visão do corredor.

Meus olhos se arregalaram ao ver Aiken sentado sobre os  joelhos de cabeça baixa, enquanto o homem mais velho andava de um lado para o outro afrouxando sua gravata. E uma mulher parada ao lado da parede abraçando uma pequena garotinha cobrindo seus ouvidos.

— Onde você está indo com essa roupa? Me diz que você não está fazendo o que eu estou pensando, Aiken! Eu sabia, eu sabia desde o início que algo estava errado quando você quis vir para o exterior tendo uma educação tão boa na Coreia. — Aiken fechou os olhos e de relance vi suas mãos apertarem e as veias em seu pescoço saltar. — Você disse que estava estudando administração e cursou química, Aiken. Escondido de todos nós...

— E se eu te dissesse? — De repente Aiken gritou fazendo-me dar um pequeno sobressalto. — O senhor teria gritado e me dito que eu não era capaz. Por que é isso que o senhor faz.

— Aiken! — A mulher berrou praticamente em repreensão, mas antes que dissesse qualquer outra coisa o homem se virou acertando um tapa em seu rosto fazendo-a cambalear.

— Omma! — A garotinha gritou desesperada abraçando o corpo da mulher.

— É sua culpa! Nosso filho se perdeu por sua culpa. — Aiken se levantou prestes a ir em direção a mãe, mas foi parado pelo homem que o agarrou pelo colarinho. — Achou que eu não fosse te reconhecer na televisão, Aiken? Eu sei o que você tem feito junto com aquele outros dois rapazes e eu sei que vocês vão hoje mais uma vez.

— E daí? Eu faço o que quiser com a minha vida, droga. — O homem puxou o ar com força e ergueu sua mão pegando impulso e acertando em cheio o rosto de Aiken.

Mas ao invés de soltá-lo, apenas o puxou mais uma vez pelo colarinho acertando outro tapa que enfim o fez se afastar.

— Nem pense em pisar na Coréia mais uma vez, Aiken. A partir de hoje, você não é mais digno de ser um Hwang. — Meu coração se apertou ao ouvi-lo dizer aquilo, quase como se um sentimento de familiaridade me atingisse.

E como se ele não tivesse praticamente deserdado o filho agora mesmo, se virou pulando o corpo da própria mulher caída e caminhou para longe.

— Omma... — Aiken tentou se aproximar, mas a mulher apenas se levantou ignorando-o.

— Você ouviu o seu pai, não é? — De repente os olhos que eram carregados de medo se tornaram vagos, quase exalando uma luxúria. — Não pise na Coréia, seu merdinha.

—Omma... — Mais uma vez a garotinha chorou apertando seu corpo, mas diferente de antes que ela a protegia seus lábios se curvaram em uma espécie de nojo e a afastou apressando seus passos para onde o marido havia ido. — Oppa...

— Ya! Por que você está chorando tanto? Hum? Não foi nada demais. — Ele se aproximou curvando as costas e a abraçando. — Você sabe que o oppa não vai te deixar sozinha, não se preocupe.

— Bogo sipeo... — Ele a afastou passando os dedos em suas lágrimas limpando sua pele e sorriu levemente.

— Hum. Eu também. Agora vá, eu preciso ir. — Mesmo com lágrimas ainda escorrendo por seu rosto ela se virou correndo em direção aos dois babacas completos. — SHIBAL!

Não tenho ideia do que essa palavra significa, mas pude ver toda a sua frustração e raiva exalando, como se apenas aquela palavra fosse tudo que ele quisesse dizer ao seu pai. Aiken pareceu não se importar nenhum pouco com a forma como seu pai berrou em seu ouvido, nem mesmo com a forma grotesca que sua mãe agiu, mas parece ter desmoronado quando sua irmã o abraçou. E antes que pudéssemos nos esconder, ele se virou caminhando em nossa direção.

— Vamos. — E passou por nós abaixando seu boné.

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