Porque o grave tá batendo
E a rabeta balançando
O couro tá comendo, mãe
E o pau tá quebrando, nego
Vai no chão, bê
Vai no chão, bê
Vai no chão, bê
Vai no chão, bebê
Vai no chão, bê
Vai no chão, bê
É mais uma do GG
Posturado e Calmo - Léo Santana
☢️Capítulo com menção a assédio e assassinato☢️
Um perfume amadeirado embriagava os meus sentidos e me faziam não querer sair daquela cama tão cedo, mas acordei depois de lembrar com que estava ontem.
Dimitri dormia suavemente mesmo com todo o meu peso em cima dele, tentei sair de fininho, porém as suas mãos se fecharam em torno da minha cintura e me mantiveram no mesmo lugar.
— Teria como me soltar?
— Depois de ter me usado como um urso de pelúcia? — Rebateu bem humorado — Vou pensar na sua situação Arthur.
— Está me chamando pelo nome? Eu fiz alguma coisa para você ou alguém bateu na sua cabeça?
— Prefere que eu te chame de pirralho insuportável e intragável?
— Arthur está ótimo.
Ele me soltou e por azar estava na beirada da cama e caí e bunda no tapete do meu quarto, Dimitri gargalhou alto e por algum motivo o som da sua risada me trazia a sensação de acalento.
Ou talvez eu esteja ficando louco.
Dimitri saiu do banheiro com uma toalha enrolada na cintura e expondo descaradamente cada um dos gominhos malhados do seu abdômen, e ainda teve a audácia de sorrir com malícia.
— Achou bonita a vista, meu bem? — Indagou malicioso e vingativo.
— Vai ver se estou na esquina Dimitri.
Adentrei o banheiro e admirei a coragem do Dimitri em tomar banho morno com um lugar miserável que estava fazendo, mudei a temperatura do chuveiro e deixei a água gelada, mais ou menos, lavar os resquícios de cansaço que ainda se faziam presente.
Aproveitei o tempo nublado para vestir um conjunto de algodão no tom off white, além de que o clima fechado era um belo motivo para não sair de casa e ficar o dia inteiro assistindo Doramas.
— Gatinho você, hein! — Cibele brincou ao jogar um pano de prato em minha direção.
— Puxei a genética da minha mamãe querida.
— Não tenho dinheiro, Arthur.
— E quem disse que eu quero dinheiro, minha senhora? — Indaguei ofendido.
— Mas alguma coisa você quer.
Ela realmente me conhecia muito bem.
— Apenas um mousse de maracujá com chocolate que só a minha amada e querida mamãe sabe fazer.
Minha mãe arqueou a sombrancelha e murmurou um "chantagista" antes de sair da cozinha, encarei Cibele de cima a baixo e mostrei o dedo do meio quando ela me deu língua.
— Cabeça de milho.
— Morena da 25 de março.
Os insultos continuaram até a Giulia chegar já cozinha vestindo o pijama de princesas que dei a ela, aninhei a italianinha no meu colo enquanto Cibele preparava uma salada de frutas bem diversificada e colorida.
Dimitri apareceu na cozinha com um roxo nada discreto no pescoço, fingi que nem vi aquilo e continuei dando a salada de frutas para a Giulia.
— Bom dia pão careca! Tem algo marcado para o fim de semana? — Kaio indagou ao beijar o topo da minha testa.
— Não que eu saiba. Por que?
— A minha avó cedeu a casa de Salvador para mim por um fim de semana e eu queria levar meu best friend forever para um dos melhores carnavais do mundo.
— Bahia? — Indaguei entusiasmado — Eu posso levar alguém?
— Peguete novo?
— Talvez.
Kaio sorria ao tagarelar sobre todos os shows e trios elétricos que ele iria, a animação do meu amigo era palpável no ar e eu nunca iria dizer não a ele e a uma festinha.
Meu pai adentrou a cozinha sorrindo junto ao Rael, o moreno sorriu singelo e deixou um beijo fofo em minha bochecha que me fez corar igual camarão frito na manteiga.
— Tio, posso roubar o seu filho por um fim de semana?
— Depende do motivo Kaio — Meu pai cruzou os braços e fingiu uma pose séria, mas no fundo sabíamos que ele me deixaria ir até a lua desde que estivesse com o Thalles ou alguém da sua confiança.
— Carnaval de Salvador.
— Tem vaga para mais um? — Indagou baixinho.
— Você pode sim meu filho — Minha mãe interveio com uma expressão séria — E você nem ouse Ricardo! Já prometemos à minha mãe que iríamos visitar ela na fazenda.
O meu pai odiava visitar a minha avó na fazenda por conta dos mil e um mosquitos, mas ele sempre fazia tudo o que a minha mãe queria.
Convidei Rael para ir junto, mas infelizmente ele não pode devido ao fato dele ter muitas reuniões de trabalho para ir.
— Chamei o Dimitri e o pessoal dele para ir. Tem algum problema?
— Você não é de convidar ninguém para ir na casa de sua avó — Ponderei curioso — Qual o motivo de chamar ele?
— Talvez eu tenha achado o irmão dele bem interessante.
— Sabia! — Gritei e ele tampou a minha boca com as mãos.
Kaio era um típico golden retriever de personalidade fofa e adorável, mas o seu grande coração era o motivo pelo qual ele sempre se lasca nos relacionamentos.
Arrumei algumas roupas para o fim de semana, além de tênis, sandálias, itens de higiene pessoal e roupas leves da Giulia.
Dimitri apareceu na porta de casa com a Fabiana grudada em seu braço igual piranha quando vê carne, ignorei eles dois e peguei a Giulia para colocar no bebê conforto do carro.
— Já sabe a coreografia das músicas?
— Eu só não fui instrutor do fit dance por que não me candidatei — Sorri e Thalles revirou os olhos.
O motorista nos deixou na porta do aeroporto depois de quase duas horas em um trânsito infernal, mas por sorte chegamos a tempo de pegar o nosso voo.
Giulia não quis ir com o pai e passou o pouco tempo da viagem dormindo no meu colo, aproveitei que ela estava adormecida para ler um livro encalhado na minha estante desde que foi comprado na Amazon.
— Não acredito que a Feyre ainda ficou em dúvida entre o Rhys e esse loiro pé de chinelo do Tamlin — Pronunciei baixo a minha indignação para não acordar a neném.
O avião pousou no aeroporto Luís Eduardo Magalhães e logo o Uber já estava esperando para nos levar até um condomínio em Alphaville.
A casa de dona Helena era a verdadeira definição de suntuosidade, a frente da casa era toda em madeira e com as portas em vidro temperado, além da grama esverdeada e árvores robustas.
— Realmente a dona Lena tem um bom gosto fascinante — Elogiei ao adentrar a casa e notar o quão bela era a decoração rústica com toques modernos.
— A minha avó foi designer de casas quando era jovem.
O acaso, ou destino, ria da minha cara ao me jogar novamente em um quarto junto ao Dimitri, talvez o universo estivesse punindo o meu eu do passado por alguma coisa que eu fiz na vida anterior, ou era só azar mesmo.
O quarto era espaçoso e extremamente luxuoso, tudo naquele quarto gritava o quão rica a avó do Kaio era.
A cama era king size e enrustida com madeira de carvalho, o guarda-roupa, cômoda, escrivaninha e os outros móveis eram no mesmo estilo rústico, além dos lençóis serem de fios de seda.
— Está chateado pelo seu affer não ter vindo conosco?
— Terá outras oportunidades de sair com o Rael — Pronunciei sem olhar para o seu rosto.
— Compreendo.
Dimitri parecia querer falar alguma coisa, mas ele desistiu e apenas foi para o banheiro do quarto e em segundos o som da água caindo no chuveiro ecoou por todo o ambiente.
Ignorei aquela sensação estranha em meu peito e foquei apenas em aproveitar a minha folga antes de voltar a ser um prisioneiro.
— Ainda te julgo por ter escolhido psicologia em vez de moda — Kaio falou ao me olhar de cima a baixo.
— Moda é hobby e psicologia sempre foi um sonho.
O look consistia em apenas uma jardineira de jeans lavado e um cropped branco e colado ao corpo, além dos tênis brancos que voltariam totalmente encardidos no outro dia.
— Só falta o glitter.
— Acho que isso é demais — Pontuei, mas o Kaio era uma mula empacada quando colocava alguma coisa na cabeça.
Dimitri apareceu na sala com um conjunto havaiano e um tênis alpagarta preto, além de óculos escuros da marca Ray Ban.
— Você realmente entrou no clima da brincadeira.
— E você está bonito — Elogiou com um sorriso largo.
Uma interrogação pairava de forma significativa em minha cabeça, era loucura da minha mente ou Dimitri Esposito havia acabado de me elogiar?
A noite estava com um clima gostoso da folia do carnaval, a rua estava cheia com pessoas fantasiadas e cheias de glitter, além de toda alegria que a festa carnavalesca proporcionava para os foliões.
Comprei um drink de frutas vermelhas em uma barraca e pulei ao som de Cláudia leite na primeira atração da noite.
— Pega leve Arthur.
— Relaxa Kaio — O acalmei — Você sabe que não sou de beber muito.
Luiza Sonza entrou no segundo trio e era impossível não dançar ao som das músicas dela.
O clima era bom até alguém apalpar a minha bunda na maior cara de pau, olhei indignado para as pessoas ao meu redor até encontrar um barbudo nojento me encarando com um olhar malicioso.
— Está tudo bem? — Dimitri perguntou ao segurar a minha cintura de leve.
— Foi apenas um assediador nojento, me apalpando.
— Quem foi? — Indagou com raiva.
— Esquece isso Dimitri — Pedi — Não quero estragar a sua noite e nem a minha.
— Agora Arthur.
Não quis mostrar quem era o cara, mas Dimitri insistiu tanto e percebeu quem era quando o seboso passou do meu lado e me encarou de cima abaixo de forma descarada.
— Já volto meu pirralho.
Meu pirralho? Foi isso mesmo que eu ouvi Brasil?
Kaio tentou dissipar o ar pesado e fazer com que a noite não estivesse totalmente perdida, além de que ele estava doido para descobrir se o Diego era hétero.
A mata atlântica passou do nosso lado igual um furacão, encarei a movimentação que se formava no fim da rua e me questionei se o Dimitri tinha algo haver com isso.
— O que você fez? — Sussurrei no ouvido do Dimitri quando ele voltou a aparecer do meu lado.
— Nada demais.
— Oh moça, o que está acontecendo? — Kaio perguntou para uma vendedora ambulante.
— Encontraram um cara caindo no beco, parece que quem matou ele arrancou o pingulim dele e ainda teve coragem de escrever assediador na testa dele.
Encarei Dimitri profundamente, mas ele estava mais focado em beber o refrigerante do que pensar nas consequências da merda que ele havia feito.
— Vem aqui Dimitri.
— O que foi?
— Por acaso você enlouqueceu de vez cacete?! Você matou alguém.
— Não é como se eu já não tivesse feito isso antes — Ponderou como se aquilo não fosse nada absurdamente preocupante.
— Aqui é Brasil Dimitri e não a Itália.
— Como se a lei do Brasil fosse melhor do que a italiana.
Isso eu não podia negar, infelizmente, havia muitos bons policiais no mundo, mas também tinha as maçãs podres que mancharam todo o nome e honra que a farda deveria representar.
— Você não pode sair matando quando lhe der na telha Dimitri.
— Eu não matei por diversão — Rebateu — Já te falei que odeio que mexam com as pessoas que estão na minha vida e querendo ou não você faz parte dela.
— Vindo de você isso me soou como um quase pedido de casamento.
— Vamos voltar para a festa.
Dimitri pegou na minha mão e nos guiou por entre a multidão eufórica dançando ao som de Léo Santana, Kaio fixou o olhar nas nossas mãos unidas, mas por graça divina ele ficou calado sobre esse fato.
Esposito mantinha a mão na minha cintura e ameaçava qualquer um que mantivesse um olhar maldoso.
— Dimitri tá parecendo um pinscher protegendo a cria — Kaio brincou, mas ergueu as mãos em rendição depois de um olhar rígido do Diego.
— Ele sempre protege o que é dele — Diego alfinetou com extrema malícia.
— E desde quando eu sou dele? — Indaguei.
— Não sou?
Dimitri sussurrou em meu ouvido e era como se mil agulhas fossem cravadas na minha pele, mas como bom ator fingi que aquela voz grossa não provocou várias coisas em mim.
— Não é e nunca será.
A festa só iria acabar de manhã e óbvio que eu iria aproveitar o máximo mesmo com um murro me seguindo a cada passo.