Família (Nada) Perfeita

Par NyxiaBooks_

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Todo mundo tem problemas, e todos sabemos disso. Então por que é difícil lidar com eles? Porque somos humanos... Plus

Chapter. 01
Chapter. 02
Chapter. 03
Chapter. 04
Chapter. 05
Chapter. 06
Chapter. 07
Chapter. 08
Chapter. 10
Chapter. 11
Chapter. 12
Chapter. 13
Chapter. 14
Chapter. 15
Chapter. 16
Chapter. 17
Chapter. 18
Chapter. 19
Chapter. 20
Chapter. 21
Chapter. 22
Chapter. 23
Chapter. 24
Chapter. 25
Chapter. 26
Chapter. 27
Chapter. 28
Chapter. 29
Chapter. 30
Chapter. 31
Chapter. 32
Chapter. 33
Chapter. 34
Chapter. 35
Chapter. 36
Chapter. 37
Chapter. 38
Chapter. 39
Chapter. 40
Chapter. 41
Chapter. 42
Chapter. 43
Chapter. 44
Chapter. 45
Chapter. 46
Chapter. 47
Chapter. 48
Chapter. 49
Epílogo

Chapter. 09

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Par NyxiaBooks_

O garoto tinha finalmente chegado no apartamento e durante o trajeto, conversou bastante com o "moço do táxi", vulgo pai dos gêmeos Grason.
E isso era quase como uma superação para Orion.

Porque como já foi dito inúmeras vezes, Orion é um garoto tímido, então conversar com alguém que não conhece, sem nenhuma dificuldade era uma grande conquista.
Mas claro que quando ele pega intimidade com alguém, vira um sem vergonha.

- Muito obrigado, senhor... - O menino fala, e faz uma pausa antes de abrir a porta do carro, dando a entender que quer que o homem diga seu nome.

- Riley, Riley Grason. - O homem diz o nome, e ainda sentado no banco do motorista, estende a mão para Orion. O garoto aperta a mão, e sorri educadamente.

- Quanto deu as duas corridas juntas? - Ele pergunta já pegando a carteira.

Sim, o moleque tem uma carteira com apenas 16 anos (ele recebe mesada).
E você aí reclamando por ter muita tarefa escolar acumulada (autocrítica).

O homem diz o valor, o garoto paga, saindo em seguida do carro e adentrando o prédio.

Obviamente, algumas pessoas que se encontravam dentro do prédio olharam para o menino, mas não estranharam o fato dele estar todo encharcado.
Afinal, é Londres minha gente.
Ficar encharcado era praticamente rotina.

O menino entra no elevador, ignorando totalmente as pessoas que estão ali.
Aperta o botão do seu andar.
7° andar.
E o elevador obedece, subindo rumo ao andar designado.

Enquanto espera até que o elevador chegue ao seu destino, Orion pega novamente os fones e os conecta no celular, colocando-os em seguida nos ouvidos.
Mais uma vez ele dá a tarefa de escolher a música ao aleatório.
E mais uma vez ele acerta em cheio.
Do I Wanna Know?
Arctic Monkeys.

Se imagine agora, no lugar de Orion.
Sozinho(a) num elevador.
E então começa a tocar a música que foi citada.
É uma sensação inexplicável.

Caso não conheça essa música, ou qualquer outra que já foi citada durante essa história, recomendo ouvi-las.
Porque além de serem ótimas, dão uma imersão melhor neste universo.

'Have you got colour in your cheeks?
Do you ever get that fear that you can't shift
The type that sticks around like summat in your teeth?'

"Você está com as bochechas coradas?
Você já teve aquele medo de não conseguir afastar
O tipo que gruda como algo em seus dentes?"

Certo, Orion ama aquela música, porém, sentiu uma certa indireta no primeiro trecho.
"Você está com as bochechas coradas?"
E não, ele não pensou no momento em que Zoe o beijou no rosto, ok? (Pensou sim, porém ele não admitiria isso).

Plim!
Caso não tenha entendido, quer dizer que o elevador chegou ao destino desejado.
Tenho que explicar tudo também.
Certo, desculpe.

O garoto sai do elevador, e caminha no corredor que tem algumas portas, e em cada porta um número pode ser visto, representando o número do apartamento.

Estava tão envolvido na música e em procurar a chave dentro da mochila, que nem percebeu que alguém o chamava.
Por isso, a pessoa o cutucou levemente no ombro.

O garoto tira os fones, os deixando pendurados no pescoço, e olha para trás, para a pessoa que o cutucou.

- Oi, Orion. Te chamei três vezes, mas você não ouviu. - Uma menina sorri sem dentes para Orion, e ele retribui mais por educação do que por outra coisa.

Sua pele era da cor de chocolate, seus cabelos negros, num corte que lembrava uma nuvem.
Os olhos eram da mesma cor do cabelo, e passavam uma energia... séria?
Como podia uma menina da idade de Orion ser séria?
Enfim.

- Oi, Athena, desculpe, estava distraído.

- Seu pai pediu para que eu te entregasse isso - Ela tira do bolso de trás do short a chave do apartamento de Orion. O garoto levanta uma das sobrancelhas, mas depois entende o que aconteceu, estava tão apressado mais cedo para ir para escola, que esqueceu a chave. - E também pediu para eu dizer que você é um tapado, palavras dele. - A menina sorri uma última vez e entrega a chave para Orion, entrando no próprio apartamento logo depois.

Athena Laurent era a vizinha de Orion, tinha a mesma idade do garoto, e estudava no colégio dele também (não, não eram da mesma sala).

Ele quase nunca a via, as vezes parecia até que Athena não morava no mesmo apartamento que Orion.

Enfim, após destrancar a porta do apartamento, Orion entra e a fecha em seguida.
Ao contrário de Zoe, ele não foi tão cuidadoso para não sujar o chão, por isso entrou de sapato e tudo.

Então ele caminha pela sala, até as portas dos quartos, e ao olhar pra trás, percebe a sujeira que deixou.

- Ah poxa... - Ele resmunga, pensando que agora teria de limpar tudo isso antes do pai e Scott chegarem. Já basta a provável bronca que vai levar por ter colado.

Mas antes de limpar, ele tira os sapatos, e os coloca juntamente com as meias, na parte da "lavanderia" do apartamento, que fica mais pro fundo, onde tem uma máquina, uma pia, e alguns gabinetes.

O garoto deixa a mochila no próprio quarto, que ao contrário da de Zoe, não estava encharcada, já que era feito de um material impermeável a água.
Enfim, ninguém quer saber do material que é feito a mochila de Orion.

O quarto de Orion tinha um pouquinho dele em cada canto.
As paredes eram uma mistura de azul escuro, da cor do céu noturno, e cinza.
Sua cama era de uma madeira um pouco mais escura, enquanto o edredom também era azul num tom diferente da parede.

Ao lado da cama do garoto, uma mesinha feita da mesma madeira que a cama pode ser vista. Sobre ela, um abajur e um livro que Zoe emprestou a Orion e ele acabou esquecendo de devolver após terminar de ler.

O menino pega uma toalha no guarda-roupa, e caminha em direção ao banheiro.
Ao adentrar o cômodo e o trancar (por precaução), ele começa a tirar o uniforme escolar.
E assim como Zoe, a sensação de tirar roupas molhadas é levemente incômoda.

O garoto entra no chuveiro, e começa a se banhar, e obviamente começa a pensar nas coisas que aconteceram na escola.
O castigo. O plano de Elijah. A biblioteca. Zoe...

Esse último pensamento desencadeou outros pensamentos, como por exemplo a cena da amiga dançando na chuva.
Aquilo mexeu com Orion, não muito, mas mexeu.
Ele não entendia.
Ver ela daquele jeito, radiante simplesmente por estar na chuva...
Era tão tosco e tão fofo.

Também pensou no que ocorreu não faz pouco tempo.
O beijo.
Certo, não foi um beijo, beijo (você entendeu).

Os pensamentos o estavam guiando para uma linha tão distante, que Orion nem percebeu quando estava quase se afogando debaixo da água do chuveiro.
Ele saiu do alcance do jato do chuveiro, com a respiração ofegante.
Imagina que humilhante seria se morresse afogado no chuveiro por pensar demais?

Então, ele apressou o banho, tentando deixar seus pensamentos longe.
Tentando.
Quando finalmente terminou, pegou a toalha e enrolou em volta da cintura, saindo do banheiro, rumo ao quarto.

Vestiu uma roupa confortável, e foi até a parte de limpeza do apartamento, que ficava também na parte da "lavanderia". Pegou um rodo, um pano de chão e alguns produtos.

E óbvio que ele não iria limpar a casa sem uma música.
Por isso, pegou o controle da TV, ligou e a conectou no celular, para poder reproduzir sua playlist.
E é claro, deixou o aleatório decidir.
E ele decidiu.
I Want It That Way.
Backstreet Boys.
A famosa música da série "Brooklin Nine-Nine".

Quando aumentou a música até o volume que achava aceitável (quase 100), ele começou a limpar a sala que tinha sujado com seus sapatos de lama.
E ninguém pode negar que limpar algo é bem melhor com música.
E ainda mais quando lá fora, no vidro da varanda do apartamento, está chovendo.

[...]

Embora tivesse chovido o dia todo (e ainda chovia) e o céu permanecia cinza, o relógio da sala de Thomas não mentia.
Seu expediente chegou ao fim.
Mas seu sofrimento só começou.

- Já vou indo - Scott diz, entrando na sala em que Thomas está pensativo, olhando a vidraça. - Tente sobreviver, ok? - O amigo bate levemente forte no ombro do moreno, e começa a se retirar.

- Vou tentar, mas não depende só de mim. - Thomas fala, levemente desesperado, o que faz Scott ri ao sair da sala.

Ele odiava ir na sala da chefe.
Só tinha uma exceção. Quando ia apresentar um novo trabalho, como aquele esboço que tinha feito.
Mas quando ela o negou, e disse que estava "incoerente", essa exceção se extinguiu.

O moreno para na porta, respira fundo umas duas ou três vezes, e bate levemente.
Do jeito que ela é, pode reclamar por ele "estar batendo com muito violência na porta".
Demora um pouco até que Thomas ouça uma voz gélida do outro lado da porta.

- Entre.

E ele, por livre e espontânea pressão, entra na sala da chefe.
A sala era normal. Tinha várias prateleiras na parede, e uma mesa no centro, com um computador sobre ela.
Além do computador, uns papéis também estão sobre a mesa, porém estão todos organizados.

Ophelia nem seu deu ao trabalho de olhar para Thomas, pois estava ocupada em terminar umas coisas no computador.
Atrás dela, uma imensa vidraça com uma vista esplêndida. Thomas até poderia admirar a vista se estivesse normal.
Mas não estava normal.
Por dentro estava totalmente em pânico.

- Sente-se, Thomas. - A mulher diz, ainda sem olhar para o homem.

Thomas se sente levemente ofendido por ela nem mesmo o encarar, afinal, ela o chamou.

Ele se senta de frente para ela, com apenas a mesa de vidro os separando. E aguarda.
Mas seus nervos não permitem que ele aguarde quieto.
De vez em quando se mexe na cadeira giratória, alisa o rosto, e batuca na mesa com os dedos.

Ophelia percebe a inquietação do moreno, mesmo não o encarando, porém não liga, desde que não a atrapalhe.

Ao finalmente terminar o que fazia no computador, Ophelia se ajeita na cadeira, se apoiando na mesma, isso claro sem perder a postura ereta. Ela cruza as pernas e coloca as mãos nos braços da cadeira.

- Bem, Thomas, provavelmente sabe o motivo de eu ter lhe pedido para vir... - Ela deduz, olhando para o homem com aqueles olhos azuis acinzentados, que mais parecem duas pedras de gelo.

- Por favor, Ophelia, não posso ser demitido. Tenho um filho, é meu sonho estar aqui e fazer o que eu faço... - Thomas se desespera, deduzindo que a única explicação seria a mulher querer demiti-lo

- Por favor, Sr. Garred, não irei demiti-lo - Thomas a olha, e por alguns instantes, todo o ódio que sentia por aquela mulher se dissipou. - Ainda. - É, só por alguns instantes mesmo.

- Então... qual o motivo de eu estar aqui? - O céu atrás de Ophelia, apesar de ainda nublado por conta da chuva, escurecia pela noite se aproximando.

Thomas imagina um banho quentinho agora, e deitar no sofá enquanto assiste. Porém estava ali, "perdendo tempo" com aquela... mulher.

- Quero que participe de um novo projeto com um grupo da HarperCollins. Eles precisam de mais um designer talentoso para desenvolver a parte gráfica de uma saga, e eu indiquei você. - O queixo de Thomas quase caiu quando a mulher em sua frente revelou essa bomba.

Ela acaba de dizer que o indicou? Ela mesma? Onde estão as câmeras?
Ophelia deve ter percebido a surpresa do moreno, pois cruzou as mãos no colo e arqueou uma das sobrancelhas.

- Algum problema?

- N-não, eu... não sei nem o que dizer... eu pensava... - Ele se atrapalha todo com as palavras, alívio e receio lutando dentro de si mesmo. - Pensava que você iria falar sobre aquele esboço, ou sobre o que aconteceu na sala com Scott e... a minha mãe... - A mulher revira os olhos, parecendo entediada.

- Sei muito bem que não era da sua mãe que você reclamava para seu colega, Thomas - Isso faz o homem engolir em seco. - Porém, não estou nem aí para o que as pessoas dessa editora dizem sobre mim, a única coisa que me importa é que façam um bom trabalho.

Ela encara a alma de Thomas ao olhar para ele, e ele sente um arrepio correr pela espinha. Aquela mulher tinha um olhar que deixava qualquer um aflito.

- Mas... por que me indicou se detestou meu último trabalho? - Ele pergunta com um leve remorso na voz.
Ainda não tinha superado.
"Incoerente", ata.

- Porque sei que você faz um bom trabalho, o último acredito que tenha sido um deslize. - Thomas olha a mulher sem reação, tentando decidir se fica ofendido ou lisonjeado pelo que a mesma acabara de dizer.

- Bem, era só isso, pode ir Thomas, boa noite - A mulher praticamente expulsa o designer da sala, porém antes dele abrir a porta e sair, ela ainda diz uma última coisa. - Ah, e tome mais cuidado com o que fala, Sr. Garred. Posso até não me importar com o que falam de mim, mas não vou admitir que isso prejudique a editora. - E Thomas assente com a cabeça, morrendo por dentro.

Ao sair da sala, o moreno precisa se encostar na parede para recuperar o fôlego que nem sabia que estava prendendo.
Isso foi uma total loucura.
Primeiro, tinha pensado que levaria a bronca mais colossal do planeta.
Depois, o pensamento evolui para a demissão.
E aí a chefe o surpreende dizendo que o indicou para um novo projeto?
Que dia mais estranho.

Para piorar ela ainda o elogiou (certo que logo em seguida destruiu totalmente o elogio, porém vamos focar no positivo).

Após algum tempo se recuperando do choque de sair da sala da patroa, Thomas finalmente deixa a editora, e procura um táxi para voltar para casa.

Porque o engraçadinho do Scott foi com o próprio carro, e agora ele teria de se lascar e pagar um táxi.
Que dia.

[...]

"Três, dois, um."
Londres, Inglaterra, Reino Unido.
1998.

Se passaram dois meses desde a última vez que Faith viu o mini ladrãozinho. Ela já tinha esquecido (mais ou menos), mas de vez em quando se pegava pensando nele, não nele literalmente, mas na forma que ele a fez se abrir e contar sobre ela mesma.
Coisa que ela nunca fazia.

Agora ela estava fazendo sua lição de casa. Ela não vai a escola, mas é por livre e espontânea vontade.
Na cabeça de pré-adolescente dela, nunca iria conseguir se enturmar com outras pessoas. E da mesma forma que passou a sua vida até ali, gostaria de passar também a sua vida escolar.
Sozinha.
Por isso, estudava em casa.

A lição era de matemática, coisa que não era problema para a garota, já que era muito boa em matemática.
Ela fez a atividade num instante, e a guardou na mochila.
Por que ela tinha uma mochila, já que não ia para a escola? Não sei, mas ela tinha.

Para a própria alegria, não teria mais nada para fazer até a hora do almoço. Depois teria aula de piano, mas tudo bem, porque o professor era seu pai.

Então, sem muito o que fazer, ela sai do quarto, e caminha pelos corredores.
Passa pelos tão conhecidos quadros, e chega nas escadas. Quando desce as escadas, algumas empregadas passam apressadas, a cumprimentando rapidamente com "Bom dia, senhorita Campbell".

Faith as observa enquanto elas entram em outro cômodo, onde normalmente passam as roupas.
A menina então abre a porta da frente, porém nem faz menção de ir até o portão que sai da mansão.

Ela dá a volta na casa, e caminha para os fundos (ela poderia ter ido pela porta dos fundos, que fica na cozinha, mas não fez isso. Nem me pergunte o porquê).

Ela passa pelo arco de folhas, que dá acesso aos jardins.
Os jardins que tanto ama.
Ela anda passando a mão nos arbustos e flores, sentindo a sensação do roçar das folhas e pétalas em sua palma.
O sol estava brilhando, mas não aquele brilho angustiante, que dá vontade de sair correndo.
Um brilho suave, trazendo um calor igualmente suave.

Ela caminha todo o trajeto até o coreto.
O seu coreto.
Ela se senta no lugar que ama ficar, o cantinho em que fica levemente escondida.
O seu cantinho.
Passarinhos estavam cantando alegremente, alheios a qualquer preocupação que existisse na cabeça daquela garota.

A menina apoia a cabeça na pilastra em que está encostada, e fecha os olhos, aproveitando a brisa fresca que sopra, balançando levemente seus cabelos castanhos.

Então, ela ouve um barulho nos arbustos perto do coreto. Porém nem liga.
Devia ser um esquilo, ou algo assim.
Não era muito comum em Londres se ver esquilos passeando pelas ruas.
Mas pelo jardim da mansão Campbell ser bastante grande, acaba ocorrendo de vez em quando.

Mas Faith sente a sensação de estar sendo observada. Mesmo assim ela permanece com a cabeça apoiada na pilastra do coreto, aproveitando um dos poucos momentos sossegados que tem.

Então, a sensação de ser observada é substituída pela de uma presença, como se tivesse alguém do seu lado, e antes disso, ela tinha ouvido um barulho de pulo, como se alguém tivesse pulado o murinho do coreto para chegar mais perto dela.

Finalmente ela decide abrir os olhos, pois essa sensação era muito incômoda, e vai que era um bandido ou coisa assim?
E ao fazer isso, ela leva um susto quando vê que a pessoa está mais perto do que ela imagina, quase na cara dela.
A pessoa também leva um susto que a faz dar um mini pulo involuntário para trás.

- Que susto, garoto! Tá louco? Quer me matar do coração?! - Ela fala colocando a mão no peito e respirando fundo, para acalmar as batidas de seu coração que aceleraram com o susto.

- Não sou eu que fica sentado de olhos fechados, como se estivesse meditando! - O mini ladrãozinho cruza os braços e arquea a sobrancelha numa expressão de puro deboche. - Se fosse um bandido, você iria ver.

- E você não é? - Ela pirraça e ele mostra a língua, fazendo ela rir e se ajeitar no murinho, deixando as pernas caírem. - Como chegou aqui?

- Com as pernas - Ela joga uma pedrinha que tinha em cima do muro no garoto, e para a sorte dele não acerta pois o mesmo desvia. Ele ri e se senta ao lado da garota. - Digamos que é fácil achar a casa de uma família rica, com sobrenome de rico. - Faith solta uma risadinha nasalada com esse comentário.

- E provavelmente ninguém dessa casa sabe mas, tem uma porta que dá para a rua no fundo do jardim. Porém ela está escondida tanto dentro quanto fora dele. - O garoto aponta na direção da porta, e Faith levanta as sobrancelhas, surpresa.

Já andou por cada centímetro daquele jardim, e nunca reparou em nenhuma porta.
Como dizem, sempre é dia para se descobrir algo novo.

- E por que está aqui? - Ela pergunta, e o garoto finge uma cara de ofendido e se levanta.

- Já que não quer minha presença, eu vou embora. - Ele faz um drama falso e começa a se encaminhar para fora do coreto, a menina ri e vai atrás dele, segurando seu antebraço para para-lo.

- Eu não disse isso, seu tonto. - O menino se vira com um sorriso de canto, e os dois voltam para o coreto.

- Eu ainda te devo uma história, não é? - Ele diz se sentando no murinho de novo, dobrando apenas uma perna, enquanto a outra fica por cima da que está dobrada.

- Sim - A garota responde, se sentando na posição de lótus, a pose de meditação. - Mas antes, qual o seu nome? - Ao ouvir a pergunta o menino a encara, e sorri levemente irônico.

- Simon. - Ele responde, e a garota o encara de volta, com uma sobrancelha arqueada.

- Simon? Tipo Alvin e os Esquilos? - O menino ri e assente, apoiando as mãos atrás dele, porém ainda se vê aquele mesmo sorrisinho irônico. - Seu nome não é esse, né? - Quando Faith o questiona, o sorriso do garoto aumenta mais ainda.

- Por que diz isso? - Ele fala se espreguiçando, e cruzando os braços logo em seguida.

- Você não tem cara de Simon - O garoto ri quando ela fala isso, e a menina sorri levemente. - E também, quando eu te questionei, você ficou com esse sorrisinho irritante no rosto, obviamente estava mentindo.

- Irritante? - Ele a olha com a cara ofendida, e apoia o cotovelo na perna que não está dobrada, usando a mão para apoiar a cabeça. - Eu acho que você ama meu sorriso - Ele abre os dentes, num sorriso radiante e convencido, enquanto a garota finge vomitar. - Mas tem razão, meu nome não é Simon.

A garota o encara, esperando para que ele fale o nome verdadeiro, porém o menino apenas continua olhando para ela, esboçando seu sorrisinho.

- Então? Qual seu nome? - Uma expressão de dúvida e começo de irritação aparece no rosto de Faith.

Esqueceu que aquele menino além de conseguir tê-la feito desabafar, também conseguia irrita-la como ninguém mais.

- Pode me chamar de Simon, meu nome real não interessa. - O garoto amava aquela expressão na cara da menina. Uma expressão que dizia claramente "eu vou voar na sua garganta".

A menina respira fundo, como o pai a ensinou sempre que tinha de se acalmar.
Inspira.
Respira.

- Mas eu quero saber o seu nome. - Ela dá ênfase na palavra "seu", se controlando para não dá ênfase no soco que gostaria de dar nesse garoto.

- Awn, como gosta de mim. - Ele fala, fazendo voz fofa, irritando mais ainda a garota.

- É só seu nome! Não seu CPF! - A garota se exalta, não entendendo a dificuldade de alguém dizer o próprio nome.

- Não vou dizer, pela minha própria segurança - A menina franze a testa em sinal de dúvida e confusão, e o garoto sorri de lado. - Caso você decida me dedurar, já que não fez da última vez, vai ser mais difícil me achar sem saber meu nome.

A garota o encara, totalmente incrédula com o que acabou de ouvir.
Esse garoto parece ter experiência com "técnicas criminosas".
Invadiu a mansão da Senhorita Britney.
Achou uma porta no jardim de Faith que nem ela, nem ninguém de sua família sabiam da existência.
E agora não quer revelar seu nome pela "própria segurança"?
Um mini ladrão nato.

- Mas ainda posso fazer um retrato falado - Os dois riem quando a menina diz isso, e depois o garoto se apoia, colocando as mãos atrás de si, no murinho. - E é justo então, que você também não saiba o meu nome. - Ela diz, com ar triunfante, e o menino solta um risinho debochado.

- Mas eu sei o seu nome - O ar triunfante se dissipa, e ela o encara fazendo uma careta. - É meio difícil tentar esconder seu próprio nome quando você é de uma família que frequentemente aparece no jornal pelas festas que dá. - Dessa vez é o garoto que fica com o ar triunfante, e Faith com ar de "melhor tirar esse sorrisinho da cara".

- Bem, então "Simon" - Ela faz aspas com os dedos. - Quero a história, vamos, vamos. - O menino solta o risinho com o ar mandão da menina, e se afasta levemente ainda sentado, se apoiando na outra pilastra atrás dele.

Ele respira fundo, todo o ar brincalhão, arrogante, e descontraído se esvaindo, e sendo substituído por insegurança e receio.
Então ele começa a contar.

[...]

Londres, Inglaterra, Reino Unido.
2019.

- Cheguei rapaziada! - Thomas anuncia ao passar pela porta e a fechar.

- Ninguém liga. - Scott diz, da cozinha, enquanto está fazendo um Wellington Beef, que é um tipo de carne folheada numa massa.

Thomas faz uma careta e se joga no sofá, fingindo morrer.

- Que cansaço. - Ele diz com os olhos fechados, totalmente largado.

- Calma, ainda é segunda-feira. - Quando Scott diz isso, Thomas finge chorar fazendo o amigo ri.

O moreno se levanta, pegando a mochila que usa para levar alguns papéis para o trabalho, o que não é relevante para a história. Ele olha em volta do apartamento e arquea a sobrancelha.

- Cadê o Orion? Preciso conversar com ele. - Thomas pergunta, se apoiando na ilha da cozinha, enquanto Scott prepara a janta citada anteriormente.

- No quarto.

E Thomas caminha, primeiro para o próprio quarto, e então joga a mochila de qualquer jeito na cama.
E logo em seguida, ele vai até a o quarto de Orion.
Obviamente ele bate na porta antes.

Garotos de 16 anos precisam de privacidade e respeito (as garotas também, obviamente). Recomendo sempre bater na porta do cômodo que eles provavelmente estão, por precaução.

Quase na mesma hora que Thomas bateu na porta, Orion respondeu.

- Entre. - E Thomas entrou, fechando a porta logo em seguida.

O menino se encontrava na escrivaninha, fazendo a lição que foi passada na escola. O pai se aproxima, colocando uma mão nas costas da cadeira dele.

- Lição de quê? - Ele pergunta, olhando para o caderno do adolescente.

- Da pior coisa já existente no planeta. - Thomas ri quando o filho responde, e cruza os braços.

- Matemática? - O menino assente, e logo depois coloca as duas mãos no rosto.

- Sabe, eu era ótimo em matemática quando eu estudava.

- Sério? - O menino olha para o pai com esperança. Talvez ele pudesse ajudá-lo a entender essa porcaria.

- Não. - E os dois riem.

Thomas vai até a cama do garoto e se senta, ficando só um pouco distante dele.
Orion já sabe o que vem agora. Desde o momento em que o Sr. Williams o deixou de castigo junto com Zoe, ele já estava se preparando psicologicamente para contar ao pai o que houve.
Porém, esqueceu da possibilidade do professor se adiantar e ligar para o mesmo, contando o ocorrido.

- Seu professor de matemática me ligou - Orion engoliu em seco, e continuou com a cara no caderno, fingindo fazer a atividade. - Ele disse que você colou no teste que ele passou.

Orion fica quieto, pensando no que pode dizer. Ele sabe que foi errado colar, porém o que podia fazer? Era um teste surpresa, que realmente o pegou de surpresa.
Thomas suspira com o silêncio do filho.

- Não vou te castigar, Orion, nem seria justo... - O pai começa, e Orion finalmente olha para ele. - Na sua idade eu colava até no que não tinha como colar. - Orion solta uma risadinha, e Thomas sorri.

- Era um teste surpresa. - Orion diz, e Thomas faz uma careta que o menino compreende.
Ninguém gosta de testes surpresas.

- Eu entendo seus motivos, mas você sabe que é errado, né? - Orion assente, e Thomas se levanta, indo até o filho e colocando a mão no ombro dele. - Não quero mais receber reclamações desse tipo, ok? Na próxima não vou ser tão bonzinho.

- Certo. - O garoto sorri. Porém os pensamentos dele vão direto para a "travessura" que Elijah sugeriu.

Bem... o pai disse que não queria mais reclamações sobre aquele assunto da cola.
Mas não disse nada sobre uma "pichaçãozinha".
É arte, ele não pode reclamar.

Scott abre a porta do quarto, somente a cabeça e metade do tronco aparecendo.

- Tá pronto. - Ele avisa e logo em seguida sai. Thomas começa a caminhar para a porta seguido de Orion.

[...]

Orion e Scott estavam sentados nos banquinhos que ficam na ilha da cozinha, enquanto Thomas estava no sofá, assistindo.
Um verdadeiro folgado.

Orion queria pedir algum conselho, sobre a ideia de Elijah, porém ele não poderia pedir o conselho sem dizer do que se trata.
E esse era justamente o problema.
E com certeza não falaria com seu pai.

- Scott. - Orion sussurra, mesmo que o homem estivesse ao seu lado, com o prato na ilha.

- Sim? - Ele pergunta, comendo a última garfada de sua janta.

- Eu... preciso de um conselho... - O menino fala, já se arrependendo de suas palavras.

- Seu pai está bem ali. - Ele fala, apontando com a cabeça para Thomas no sofá, que estava alheio a conversar dos dois, focado em assistir sua série.

- Não... eu... preciso de um conselho seu... - O menino fala, sem olhar para Scott.

Scott por outro lado, olha para ele e percebe a hesitação do garoto.
Ele sabia do que se tratava.
Na verdade, pensava que sabia.

- Já sei - Orion encara ele, surpreso por ele saber. - Bem... por onde eu começo... quando somos adolescentes, descobrimos coisas que não sabíamos quando éramos criança. Coisas da vida, e até do nosso próprio corpo e...

- Não, não, não! Não é nada disso... - O menino fala, apoiando os antebraços na mesa e escondendo o rosto.

- Não é sobre garotas? - Nem preciso dizer que Scott está se divertindo muito com isso. - Achei que você e a Zoe...

- Pode parar! - Ele exclama apontando o dedo indicador para Scott, revelando um rosto totalmente vermelho. O homem ri enquanto se levanta e recolhe o próprio prato e o prato de Orion.

Após deixar os pratos na pia (Thomas que iria lavar, porque ele não era burro de carga de ninguém), ele se senta novamente, dessa vez virado para Orion.

- Certo, sobre o que é? - Scott pergunta e Orion respira fundo, com os cotovelos apoiando na bancada da ilha da cozinha.

- Vamos supor... só supor, ok? Que um amigo de um amigo meu, sugeriu para que esse meu amigo, aprontasse uma com, digamos, um professor... - Orion começa, tentando disfarçar o fato de que esse "amigo do amigo dele" é na verdade Elijah, e o "amigo dele" é ele. Confuso não? - E agora esse meu amigo, está receoso e ao mesmo tempo tentado a aprontar isso. E me pediu conselhos... mas eu não sei o que dizer...

- Ok... - Scott diz, já sabendo onde essa história vai dar. Ele coloca a mão no queixo, pensativo. - Tenho dois conselhos para dar para esse seu "amigo", um da minha versão atual e um da minha versão adolescente.
Orion olha para Scott com expectativa.

- A minha versão atual, diz para ele não fazer isso, pois a travessura e o breve momento de felicidade não compensam a bronca e o provável castigo que eles vão levar. - Scott fala, enquanto Orion assente para as palavras dele.

- E sua versão adolescente? O que ela diz? - Orion pergunta.

- Vá e faça, pois só se morre uma vez. - Scott sussurra para Orion, garantindo que Thomas não ouça.

Orion olha para Scott, que sorri conspiratório, e logo depois se levanta da ilha da cozinha se sentando no sofá.
E agora? Ainda continuava confuso.
Mas conversar com Scott clareou um pouco sua mente.

|...|

*Todas as imagens foram retiradas do Pinterest.

Athena Laurent.

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