Chapter. 10

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"Três, dois, um

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"Três, dois, um."
Londres, Inglaterra, Reino Unido.
1998.

— A minha mãe é alcoólatra — O menino solta de vez essa informação, e Faith arregala levemente os olhos, não só pela informação em si, mas pela forma brusca que ele a revelou. — E meu pai é o único na família que trabalha... ele quase nunca está em casa, porque trabalha muito, e também porque odeia ver a mulher totalmente "trêbada" em praticamente 100% do tempo. — O garoto diz isso olhando para o chão o tempo todo, pois não suportaria olhar para a menina ao seu lado e ver pena em seus olhos.

Para ele, pena é o pior sentimento que alguém pode ter por outra pessoa.
E além do mais, quem tem pena é galinha.

O menino espera que a garota fale algo, qualquer coisa.
Um "eu sinto muito".
Ou "deve ser difícil".
Mas ele nunca esperaria que ela fosse simplesmente continuar o assunto, como se não fosse nada demais.
E ele amou que ela fez isso.

— Imagino que você também trabalhe, não é? — Ela pergunta, fazendo o máximo para parecer casual.

Quando ela estava no lugar dele, contando a própria história, o menino agiu naturalmente. Talvez tenha até sido por isso que Faith se sentiu tão a vontade de contou sobre a mãe e sua vida solitária.

O menino brinca com os dedos, ainda evitando olhar para Faith. Estava na dúvida se escondia alguns detalhes da história, ou se era totalmente sincero com ela.
Mas lembrou que quando foi a vez dela, ela não omitiu nenhum detalhe. Por isso, mesmo sendo um mini ladrãozinho, optou por ser sincero.

— As vezes eu faço uns "bicos" por aí, não que você entenda o que é isso — Ele diz, não com a intenção de ser rude, e sim sendo realista. Afinal, como uma menina que, digamos, nasceu em berço de ouro pode saber o que é um "bico"? Realmente, ela não sabia na prática, mas sabia do que se tratava. — Mas eu não posso trabalhar sempre, por causa da minha mãe. Ela não pode ficar só, é praticamente como uma criança que não se pode deixar sozinha. E tem a escola... mas nem importa tanto...

Ele suspira e apoia a cabeça na pilastra, fechando os olhos, assim como Faith estava fazendo antes dele chegar.
Faith observa enquanto ele está daquele jeito, parecendo tão frágil.
Ela sabe exatamente como é essa sensação de fragilidade. Porque foi a mesma sensação que ela sentiu ao desabafar com ele.

É como arrancar a casca de uma ferida que você pensava que já estava cicatrizada.
E aí você vê o sangue. E percebe que ela ainda dói.

— Olha só quem está de olhos fechados e meditando agora. — Ela diz provocando e mudando de assunto. O menino continua com os olhos fechados, mas um leve sorriso começa a aparecer em seu rosto. E então ele ri, assim de repente mesmo.

E ela começa a rir também, assim de repente mesmo.
Aquele tipo de risada que vem do nada, sem nenhum motivo aparente.
Mas essas tinham motivo.
Uma menina nascida em berço de ouro. Um menino que nem sabe a aparência do ouro.

Família (Nada) PerfeitaWhere stories live. Discover now