Eu 'tava sentada com a Cheryl na mesa de casa.
- Sei lá... não aprece muito real- Falei.
- Mas é real- A Cheryl fiz.
- Sinto que se eu entrar nessa eu vou me fuder- Eu falo.
- É real, Ayla. A sorte sorriu pra você. Sabe quantas pessoas recebem uma oportunidade incrível dessas?- A Cheryl me perguntou.
- Exato, e por que dentre tantas pessoas eu ia ter essa oportunidade?- Perguntei.
- Porque você é boa no que faz- Ela respondeu.
- ...Eu não sei fazer isso, vai da tudo errado- Falei.
- Olha, essa é uma chance incrível. Eles tão dispostos a te ajudar a abrir a sua empresa. Você pode arrumar um local, arrumar pessoas pra te ajudar a fabricar. Ayla, você mesmo tão nova tem a chance de realizar o sonho de milhares de pessoas- A Cheryl disse.
- Por que você se importa? Por que você insiste tanto?- Perguntei.
- Eu sei como você trabalha, mais dá metade da sua renda vem do dinheiro do seu trabalho. Você sustenta seu filho com esse dinheiro. Você é uma adolecente e criou um mine império na zona sul, com muitos trabalho, esforço e suor. Você merece alcançar uma vida boa- A Cheryl respondeu- Você trabalhou muito por isso.
- Como eu posso ter certeza que eles não vão me roubar? Um dia vão chegar e falar que 70% da empresa é deles?- Perguntei.
- O investidor conhece sua história, estava no seu desfile, ele é uma pessoa influente e que já tem um alto patrimônio líquido. Ele que te ajudar e se você aceitar ele só pede que em troca vocês virem sócios e ele ganhe 10% do lucro da empresa- A Cheryl disse- Se você aceitar eu posso te levar até um advogado correto e ele vai fazer contratos, assim ele não pode te roubar.
- Eu posso pensar e depois te falar?- Perguntei.
- Pode- A Cheryl respondeu- Eu já vou indo, eu tenho que ir pro trabalho.
*Quebra de Tempo*
Estávamos na cozinha dos Gallaghers falando sobre o Frank que 'tava com a perna engessada e pelo jeito vai ficar assim por meses e precisa da ajuda de todos nós.
- Minha nossa, que cheiro é esse?- O Carl perguntou.
- Comadre, quem é dessa vez?- A Fiona respondeu.
- Carl- A Debbie respondeu.
- Não fode- O Carl disse.
Então o Carl foi lá pegar a comadre.
- Como ele 'tá?- A Fiona me perguntou.
- Eu não faço a menor ideia, eu tentei falar com ele sobre a escola mas foi em vão- Respondo.
Paramos de falar quando o Carl passou pela gente com a comadre cheia de bosta.
- Porra, o que ele comeu?- O Lip perguntou descendo as escadas.
O Carl foi até o lavabo e em seguida eu só ouvi a descarga.
- Então sobre o Frank. Alguma ideia- O Carl perguntou.
- A gente não tem muita opção, não dá pra drogar ele e largar de baixo de alguma ponte- A Fiona respondeu.
- Não?- Perguntei.
- A gente pode ser preso por abandono de incapaz- A Fiona fala.
- Não, nem um jure nos condenaria- A Debs diz.
- Será que volta para auxilio invalidez? Tipo, o estado contratar alguém pra ajudar?- O Lip perguntou.
- Isso pode levar mesês- A Fiona respondeu.
- Suco, eu preciso de suco- O Frank gritou.
- Estamos no meio de uma reunião, Frank- A Debbie gritou.
- Sobre o quê?- O Frank perguntou.
- Sobre você, merda- A Debs respondeu.
- Espera, ele não tinha recebido aquele dinheiro do tal de Randy?- O Carl perguntou.
O Randy pagou o Frank pra ficar longe da Ingrid quando ela foi embora.
- Quem?- A Fiona perguntou.
- O ex da Ingrid- Respondi.
- A grana do Randy acabou- O Frank disse.
- Eu não acredito que esse cara gastou tudo- A Debbie dala.
- Já era, acabou tudo- O Frank falou.
- E a grana que ele conseguiu vendendo drogas?- Perguntei.
- É meu fundo de emergência- O Frank respondeu.
- É, e isso é uma porra de um desastre, Frank- A Debs diz.
- Vou fazer umas ligações pra descobrir quanto custa uma enfermeira- A Fiona falou.
- Deixa domigo- A Debbie disse.
- Eu não me importo- A Fiona fala.
- Não de boa, deixa comigo- A Debbie diz.
- Eu não preciso de enfermeiro- O Frank falou.
- Precisa sim- A Debs disse.
- É momento em família- O Frank fala- Cuidar dos entes amados na hora de necessidade.
- Ninguém aqui te ama, Frank- A Debbie diz.
- Ninguém viu o Liam?- Perguntei.
- Eu acho que vi ele vendo TV com Frank em algum momento- O Carl respondeu.
- Ele dormiu aqui?- O Lip perguntou.
*Quebra de Tempo*
Eu e a Debbie saímos e fomos até a casa de um amigo do Liam que achamos que ele estava lá.
Nós tocamos a campainha e esperamos alguém atender, segundo depois o amigo do Liam abriu a porta.
- O Liam ta aqui?- Perguntei.
- Não- O menino respondeu.
- É serio?- A Debbie questinou ele.
- Sim, eu 'tô aqui- O Liam respondeu se aproximando.
Ele chegou até na porta e disse:
- Tudo bem, Todd, deixa comigo.
- Por que 'tá vestido assim, todo arrumadinho?- Perguntei.
- Vou pra igreja- O Liam respondeu.
- Você? Pra igreja?- A Debbie perguntou.
O Liam concordou com a cabeça.
- 'Tô tentando falar com você. Deveria estar em casa agora cuidando do Frank- A Debbie diz.
- Eu não moro mais lá- O Liam fala.
- O quê?- Perguntei confusa.
- Você não pode se mudar- A Debbie disse.
- Me mudei ontem a noite- O Liam falou.
O Liam nos contou que ontem durante o jantar ele disse que ia se mudar mas todos nós estávamos tão ocupado que não demos importância.
- Droga...- Eu Falei.
- Agora me de licença, tenho que terminar de me arrumar para igreja- O Liam diz.
Então o Liam fechou a porta na nossa cara.
*Quebra de Tempo*
Eu estava em casa, eu fui chamar o Carl pra ir tentar ir comigo e a Debbie convencer o Liam voltar pra casa.
- Amor...- Comecei a falar mas parei quando vi ele tirando um poster de militar da parede.
- Oi- O Carl me disse.
Ele caminhou até um pilha de roupa e pegou um uniforme da escola militar. Depois ele voltou até a cama e colocou o uniforme em uma sacola de plástico.
- O que você 'tá fazendo?- Perguntei.
- Doando todos os meus uniformes pro brecho- O Carl me respondeu.
- Mas você vai voltar pra escola semana que vem- Falei.
- Eu vou largar. O capitão Bob foi na lanchonete, vou ser gerente assistente. 500 por semana- O Carl me disse.
Ele pegou um uniforme que estava no cabide.
- Vou ter que andar armado mas posso terminar com um motorhome e um jet-ski- O Carl diz- Vai ser bom pra gente. Vai ajudar a cuidar do Ethan.
- Isso é idiotice- Eu falei pegando a roupa da mão do Carl- Você vai voltar a estudar.
Eu pendurei a roupa novamente.
- Não, vou não- O Carl disse pegando a roupa novamente.
Eu segurei a roupa e puxei.
- Vai sim, Carl- Eu falo.
- Eu sou um fracasso, Ayla. Um rejeitado de West Point, com uma escolaridade de merda e um histórico familiar de álcool e drogas, que vai me assombrar mais cedo ou mais tarde.
Festefood e o melhor que eu vou conseguir. Eu já aceitei quem eu sou, por que não aceita?- O Carl gritou e puxou a roupa da minha mão.
- Um fracassado? Carl, olha pra sua vida, olha pro tanto de merda que você conseguiu. Acha mesmo que um fracassado conseguiria ir de ladrão de mercado, pra traficante, pra vendedor de arma e por fim pra um cara maravilhoso que estudou por 2 anos em uma academia militar?- Perguntei.
O Carl não me respondeu.
- Quando tiraram a sua bolsa escolar você lutou mesmo assim, conseguiu o dinheiro pra ir. Acha mesmo que um fracassado teria conseguido em 3 semana o dinheiro pra escola militar?- Pergintei- Acha que um fracassado assumiria a responsabilidade de pai quando ainda é adolecente?
O Carl não me respondeu.
Eu coloquei as minhas mãos no rosto do Carl.
- Eu te conheço, eu sei tudo sobre você. Você é o amor da minha vida, é um pisicopata militar, é corajoso, já viu coisas ruins de perto e continua em pé. Você é um lutador, porque a vida te fez um. Você é o pai do meu filho. Como você tem coragem de se chamar de fracassado?- Falei- Quer que seu filho tem ache um fracassado?
- Não...- O Carl diz.
- Então, levanta a cabeça, esquece West point, aquela otarios não te merecem.
Vai pra escola militar, termina a escola e dá uma razão pro seu filho sentir orgulho do pai dele. Do pai adolecente, da zona sul, que já foi condenado mas que mesmo assim passou pelas dificuldades e venceu essa merda- Eu falo- Entendeu?
- Não vai me deixar desisistir, né?- O Carl me perguntou dando um sorriso de canto.
- Você não desistiu de mim. Quando eu disse que não queria faze o desfile você insistiu, e agora tem uma pessoa querendo me ajudar a ter a minha marca. Então eu não vou desistir de você- Respondo.
- 'Tá falando sério? Tem alguém que quer te ajudar?- O Carl me perguntou.
Eu concordei com a cabeça.
- Eu 'tô tão orgulhoso de você- O Carl disse e me abraçou.
- Mas se você não for pra escola militar eu não vou aceitar o dinheiro- Falei.
- Isso é golpe baixo- O Carl diz.
- Ou o nosso filho tem orgulho de nós dois ou ele não tem orgulho de nenhum de nós- Eu falo.
Então eu encostei a minha testa na dele.
- E aí? Vai pra escola militar?- Perguntei.
O Carl colocou as mãos na minha cintura.
- Eu vou. Não quero decepcionar você ou o Ethan- O Carl respondeu.
Em seguida a gente se beijou.
*Quebra de Tempo*
Eu e o Carl estávamos deitados na nossa cama pelados porque a gente tinha acabado de transar.
- Você com certeza é a melhor coisa que já aconteceu na minha vida- O Carl disse.
- Você também é a melhor coisa que já aconteceu na minha vida- Falei- A gente é muito fofo depois do sexo, né?
- É, acho que o sexo deixa a gente muito feliz- O Carl diz.
Em seguida o Carl me abraçou.
A gente se beijou e de repente a porta do quarto se abriu e o Lip entrou no quarto todo animado.
- Porra!- Eu falo me cobrindo.
- Que porra é essa?- O Carl perguntou.
- Beleza pessoal, a Fiona vai se mudar então vamos fazer uma festa- O Lip diz.
- A Fiona vai se mudar?- Perguntei.
- Ela vai pra onde?- O Carl perguntou.
- Ninguém sabe. Vocês compram as pizzas e eu a cerveja- O Lip respondeu e saiu.
- Eu vou dirigir- O Carl fala.
- Beleza- Eu disse.
*Quebra de Tempo*
[Carl narrando]
Nós chegamos na casa do pessoal mas a Fiona já tinha ido embora, porém como a gente já tinha comprado as coisas decidimos comemorar do mesmo jeito.
Eu me diverti bastante com todo mundo mas depois me sentei na escada e fiquei tomando cerveja. De repente o Lip se sentou do meu lado.
- Eu vou ser um pai de merda- O Lip disse.
- Não vai não- Falei.
- E como você sabe?- O Lip perguntou.
- Porque eu também achei que ia ser um pai de merda- Respondo.
- Acho?- O Lip perguntou.
- Fala sério, eu tinha 16 anos. Já tinha sido preso, tinha um histórico enorme de coisas ruins que eu fiz, coisas com animais, ou como eu tentei envenenar uma pessoa, fazer bullyng com mais da metade da escola, roubar muitas lojas...
Quando eu soube que a Ayla 'tava grávida eu pensei na possibilidade de eu ser um merda com o Frank, pensei que eu não tinha capacidade- Respondo- Fiquei com medo dele não gostar de mim ou de eu criar mais um Gallagher fudido.
- Você é um bom pai. É o que você fez pra não ser um merda?- O Lip me perguntou.
- Vai parecer muito gay o que eu vou falar, mas... eu fiz o que eu podia e eu amei ele- Respondi.
O Lip me olhou confuso.
Eu olhei pra Ayla que 'tava dançando com o pessoal enquanto segurava o Ethan.
- Eu lembro quando a bolsa da Ayla estorou, eu entrei em pânico e comecei a pensar em como eu não 'tava preparado, em como eu ia ser ruim, em como ele ia me odiar... Mas mesmo assim eu fui pro hospital com a Ayla, que parecia 'tá possuída...- Comecei a falar.
O Lip e eu demos uma risada rápida por conta do que eu disse da Ayla.
- Aquelas horas foram as mais intensas da minha vida, o meu filho ia nascer a qualquer momento e eu não fazia ideia de como ser pai, até porque o babaca do Frank não é o melhor exemplo- Eu falo.
- O Frank não facilitou isso pra gente assim como ele não facilitou em nada- O Lip diz.
- Mas, cara, quando Ethan nasceu e eu cortei o cordão umbilical dele... parece que de alguma forma louca o meu coração ficou apaixonado por aquele moleque que tinha acabado de nascer, e olha que ele nem precisou falar nada- Falei- Então depois a enfermeira pegou ele pra cuidar dele. O Ethan 'tava chorando muito, acha que ele 'tava assustado, então sem nem pensar eu comecei a falar com ele e o Ethan parou de chorar no mesmo momento.
Eu voltei a olhar pro Ethan.
- Ele me reconheceu... Ele se sentiu seguro comigo.
Saber que alguém se sente seguro comigo, que confia em mim, que depende de mim... me fez amar ele, me fez querer proteger ele, me fez querer fazer o meu melhor pra que ele continuasse se sentindo seguro perto de mim- Falei- Resumindo... daí pra frente, eu só amei ele e parecia que aquilo era o suficiente...
Ele não liga pro meu passado, não liga pros meus defeitos, não liga se eu não sou o mais perfeito... Ele só quer saber se eu 'tô lá. As vezes ele chora pra mim pegar ele, ele não quer ninguém, nem a Ayla, ele só me quer. Eu posso 'tá estressado mas quando eu escuto ele me chamando de "papai"... tudo melhora. A gente dorme assistindo anime juntos e eu não sei como passar um dia sem ouvir a risada dele, sem sentir ele... Ele se tornou a minha vida.
É difícil estragar tudo se você ama ele.
- Acho que eu posso amar ele- O Lip diz.
- Claro, que pode- Eu falo.
- Amor, vem dançar com a gente- A Ayla me achamou- Chama o papai, Ethan. Fala: "vem papai"
- Papai!- O Ethan disse estendendo as mãos.
- Eu tenho que ir- Falei pro Lip.
- Demoro. Vai pra sua família- O Lip diz.
Eu fui até a Ayla e peguei o Ethan.
- Fala papai de novo, campeão- Eu fala.
- Papai!- O Ethan disse todo empolgado.
- O papai te ama, carinha- Eu falo e do um beijo na cabeça do Ethan.
- Mas a mamãe ama mais- A Ayla diz e dá um beijo na bochecha do Ethan.
- O papai também ama a mamãe- Falei.
- E a mamãe também ama o papai- Ela disse
A gente então se beijou.
- Agora será que dá pra gente dançar?- A Ayla perguntou.
- Vamo lá- Eu respirei.