Enemies

Autorstwa AutoraLow

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*ESTA OBRA É UM DARK ROMANCE* Três anos. Esse foi o tempo necessário para que Mavena se tornasse uma pessoa c... Więcej

𝐀𝐕𝐈𝐒𝐎𝐒!!
𝐃𝐞𝐝𝐢𝐜𝐚𝐭𝐨́𝐫𝐢𝐚.
𝐂𝐚𝐬𝐭.
𝐏𝐚𝐫𝐭𝐞 𝐮𝐦.
𝐏𝐫𝐨́𝐥𝐨𝐠𝐨.
𝐎𝐧𝐞; 𝐫𝐞𝐭𝐮𝐫𝐧.
𝐓𝐡𝐫𝐞𝐞; 𝐫𝐢𝐝𝐢𝐜𝐮𝐥𝐨𝐮𝐬.
𝐅𝐨𝐮𝐫; 𝐝𝐞𝐚𝐭𝐡 𝐚𝐧𝐝 𝐟𝐢𝐥𝐦.
𝐅𝐢𝐯𝐞; 𝐝𝐞𝐚𝐝𝐥𝐲 𝐠𝐚𝐦𝐞.
𝐒𝐢𝐱; 𝐞𝐜𝐡𝐨𝐞𝐬 𝐨𝐟 𝐠𝐫𝐢𝐞𝐟.

𝐓𝐰𝐨; 𝐡𝐨𝐦𝐞.

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Autorstwa AutoraLow

"Nunca tive a chance
De dizer um último adeus
Eu tenho que seguir em frente
Mas dói tentar"

Dancing With Your Ghost - Sasha Alex Sloan

05 de setembro
Las Vegas

Há pessoas com motivos para ficar. Há pessoas com motivos para fugir. Eu sou os dois.

Tinha motivos para ficar, mas havia uma quantidade maior de motivos para fugir.

Estou sentado nesta poltrona do avião há tanto tempo que minha bunda já está dolorida. Ao meu lado está o filho da puta do Blaze, que não cala a boca por um instante sequer. Quando o loiro ficou sem assunto, ele me ensinou como fazer a porra de um cookie. Quando eu vou fazer um cookie? Sou um desastre na cozinha.

— Será que Mavena ficará feliz em nos ver? — digo de forma repentina, já que estou há mais de quarenta minutos sem dizer uma palavra.

Ele para de falar a receita da sua "divina" torta de abóbora.

— Por que se importa?

— Ela era legal, ainda quero ter laços com ela — murmuro, enquanto apoio a mão no queixo.

— Cara, nós simplesmente saímos da cidade sem avisá-la, não espere nada mais do que um "vá se foder" — ele ri sozinho.

— Ela não falaria algo do tipo, Mavena nunca xingou.

— Não mesmo... — ele escora a cabeça na janela do avião e adquiri uma expressão sonhadora.

Três anos atrás, minha família e a família Cox, saímos de Las Vegas e fomos morar em Toronto, no Canadá. Foi difícil para caralho abandonar todos os meus amigos e simplesmente fugir para outro país, mas foi necessário. Eu não iria conseguir passar mais um dia nesta cidade que carrega todas as lembranças de partes boas — mas que infelizmente estão enterradas em um cemitério— da minha vida.

Depois da merda que fiz em Torono meus pais e os pais do meu amigo decidiram que o melhor a se fazer seria voltar o mais rápido possível para Las Vegas. Aqui temos uma casa e várias das nossas empresas espalhadas pela cidade, era a opção mais fácil.

Devo admitir que, no início, não teve um dia sequer em que não pensei na doce Mavena, imaginei como ela estaria e se sentia minha falta. Provavelmente ela ficou feliz com nossa ida. Dizer que ela provavelmente ficou feliz é eufemismo, ela deve ter soltado fogos de artifício e feito uma música sobre isso.

Eu e Blaze sempre fomos os maiores babacas com aquela garota, pegávamos os brinquedos dela, fazíamos ameaças e éramos rudes. Eu não sentiria falta de alguém assim, nem se eu me odiasse muito.

Acho que eu tratava Mavena dessa forma porque tinha uma quedinha por ela. Eu era um adolescente idiota que não sabia lidar com os próprios sentimentos. Aquela garota era a única que tinha o poder de me deixar louco e eu não aceitava isso, então tratava ela mal para tentar fazer meus sentimentos irem embora.

Na época, meus sentimentos não foram embora e eu só acabei machucando os dela.

Olho para a janela tendo a visão perfeita de Las Vegas, vários carros, pessoas na rua e muito barulho. Imediatamente que o jatinho aterrissa puxo a mão Blaze para que possamos sair. No momento em que coloco meu rosto para fora a brisa fresca do ar passa pelos meus cabelos, fazendo com que alguns fios tampassem minha visão. Preciso cortar o cabelo.

— 'Tá se imaginando em um filme, porra? Vem logo — meu amigo agarra minha blusa e começa a me puxar na direção da escada.

As malas já haviam sido entregues e agora estávamos apenas esperando pelo uber. Quando ele chega e entramos no carro eu me apresso em dizer o endereço da minha antiga casa, já que ela não foi vendida. Blaze apenas se acomoda no assento ao meu lado e começa a brincar com os dedos da minha mão. Após alguns minutos ele parece finalmente se dar conta de que não estava falando alguma merda e começa a dizer sobre o aquecimento global.

Quando o uber parou no endereço selecionado e eu vislumbrei a casa pela janela do carro, senti aquela tão falada sensação de nostalgia. É como estar voltando para casa após meu treino de basquete. Por alguns instantes tive a sensação de que ao abrir a porta iria sentir o cheiro de comida queimada  — já que isso frequentemente acontecia quando minha mãe tentava cozinhar. Não pude deixar de pensar que meu pai provavelmente estaria em seu escritório, trabalhando em um novo projeto.

Ao sair do carro uma rajada de vento me atingiu. Ergui meu rosto e vislumbrei a casa diante a mim, dessa vez sem o impedimento dos vidros escurtos, e só foi aí que me toquei de que tudo realmente estava acontecendo. Eu estou em casa. Os muros brancos e altos, os grandes pinheiros, o playground que, na infância, costumávamos usar muito. Casa. Isso que está diente de mim deveria ser minha casa, mas porque essa palavra soa de uma forma tão amarga em meus lábios?

Continuei caminhando até parar na frente da porta da casa. Alta, de madeira preta com detalhes dourados, exatamente como me lembrava. Quando empurrei a porta e pude ver o interior da casa, me arrependi imediatamente. Meu estômago se revirou ao ver todos os móveis antigos e extremamente familiares e ao sentir o cheiro que gritava família e afeto, que só a minha casa consegue ter. Como se Blaze pudesse sentir o que eu sinto, meu amigo colocou a mão em meu ombro, na tentativa de mostrar que está aqui por mim, ou talvez seja apenas pelo seu hiperatismo.

Ouço passos.

— Matriculamos vocês no Elite, vão começar a estudar lá amanhã — a mãe de Blaze está parada no meio da escada, sorrindo de orelha a orelha. Caroline está usando uma saia preta longa e uma blusa branca justa, no pé há um salto branco e seu cabelo está preso em um rabo de cavalo.

Nossos pais já haviam chegado bem antes de nós. Eles quiseram vim ontem para se certificar que a casa estava intacta, mas no fundo sei que a minha mãe só precisava de um tempo sozinha na nossa antiga casa, para tentar apagar as memórias.

Um sorriso genuíno aparece em meu rosto ao me lembrar de todos os anos que estudei nequela escola. Estudolei lá desde o quinto ano e consequentemente tenho muitos amigos — ou ex-amigos, já que eles provavelmente não vão querer olhar para mim após o sumiço de três anos.

Ouço mais alguns passos.

— Consegui colocar vocês dois no time de basquete, obviamente não na mesma posição que jogavam antes, mas vão ter a oportunidade de mostrar suas habilidades — minha mãe aparece atrás da tia Caroline. Seu vestido florido amarelo e sandália branca sendo o completo oposto do estilo da tia Caroline.

O sorriso se alarga em meu rosto, olho para Blaze que sorria igual um idiota, acho que estamos igualmente bestas neste momento. Nós dois sabemos o quanto é difícil entrar para o time de basquete daquela escola e nossos pais conseguiram sem termos ido para o primeiro dia de aula. Claro que não foi fruto de esforço, foi pelos nossos sobrenomes, mas mesmo assim estamos dentro, e isso é tudo que importa.

Ser um Grey ou um Cox tem suas vantagens. Muitas vantagens.

Mas nem todas são boas.

(...)

Blaze está jogado no meu sofá enquanto eu coloco minhas roupas no closet. Aquele filho da puta me fez ajudar ele a guardar as roupas dele mas na minha vez está fingindo dormir.

— Como vai fazer para rever a Bouvenir? — pergunto e ele imediatamente para de fingir dormir e se senta na cama. Solto um sorriso satisfeito.

Nela Bouvenir é a melhor amiga de Mavena, ou era, não faço a mínima e não me importo. Há três anos, elas não se falavam muito fora da escola, mas sempre que Mavena ia para a casa da Bouvenir eu e Blaze íamos como cachorros atrás.

Meu amigo gostava de Nela, ela obviamente não gostava dele, mas como o verdadeiro cego que ele é, Blaze nunca percebeu e jurava que ela estava perdidamente apaixonada. Sei que ele não sente mais nada por ela, já que terminou seu relacionamento de longa data há três semanas, mas sei que ele se importa e está curioso para ver como a garota está. Admito que também estou.

— Estou pouco me fodendo para aquela loira gostosa — ele dá de ombros.

— Loira gostosa? — sorrio ladino. — Ela é morena, cara.

— Após uma ligação com Victória, mamãe comentou algo sobre Nela ter pintado o cabelo de loiro — ele me olha. — Loira gostosa — repete, como se eu fosse surdo.

Reviro os olhos e volto a arrumar as coisas no closet.

— Gostosa? — dou uma risada fraca.

— Olha para aquelas pernas e peitos. Gostosa para caralho — ele sorri enquanto olha para o teto, provavelmente se lembrando de como Nela era aos 14 anos.

— Será que ela ainda continua "gostosa" hoje em dia? — faço aspas com o dedo.

Tirar informações do meu amigo sempre foi algo extremamente simples já que ele é como uma maritaca e sempre está esperando a oportunidade perfeita para conversar.

— Se ela era assim com 14 anos imagina com 17. Puta merda, aquela filha da puta deve estar linda... — ele sorri largo e puxa um travesseiro da minha cama para o seu colo.

Solto um sorriso malicioso ao perceber que meu amigo ficou duro só de pensar em como a amiga de Mavena está hoje em dia. Eu admito que ela era muito bonita mas jamais ficaria duro em imaginar como ela está hoje. Chega a ser... estranho? É. Talvez essa seja a palavra.

— Se quiser usar meu banheiro... — Faço uma reverência extravagante para a porta do banheiro e em um pulo Blaze já estava passando correndo por ela.

— NÃO ERA PARA VOCÊ REALMENTE IR! — grito, mas acho que está tarde demais para ele sair.

Esse loiro é a pessoa mais safada que eu conheço. A primeira vez de Blaze foi com minha melhor amiga, ela estava na minha casa, em Toronto, e eu fui tomar banho. Quando voltei os dois estavam no sofá, ela gemendo igual uma vadia e ele não medindo forças para dar as estocas.

Mas eu não posso julgá-lo, minha quse primeira vez foi aos 15 anos com minha professora de geografia. Só fui descobrir que ela era casada depois da filha da puta me masturbar, quando ela colocou a mão no meu pau, foi aí que notei a aliança no seu dedo. Obviamente deixei ela fazer o que queria, foda-se o marido dela, ele que vai ter que abaixar ao passar pela porta.

Começo a arrumar os sapatos, às vezes consigo ouvir alguns gemidos baixos do meu amigo. No meio de todos os gemidos consigo distinguir um "Bouvenir", o que faz com que no mesmo instante uma risada escape dos meus lábios ao pensar que ele está batendo punheta enquanto imagina uma garota que não vê há três anos. Idiota do caralho.

Alguns minutos depois ele sai do banheiro com a maior cara lavada e um sorriso digno de anúncio da colgate no rosto.

— Como foi bater uma punheta para a loira que não vê há três anos? — ironizo e o sorriso no resto de Blaze só aumenta.

— Foi prazeroso — o loiro enfatiza a última palavra. Faço uma careta de nojo.

Termimo de guardar o último tênis e uma luz se acende na minha cabeça.

— Porra, Blaze, o Jeremy. Vamos ligar para ele.

Sem nem pensar duas vezes meu amigo tira o celular do bolso e começa a ir na sua agenda de contatos. Ele escolhe algum contato e coloca para chamar no viva-voz.

Eu consideravelmente acho estranho saber que o loiro estava com o número de Jeremy salvo em seu celular mas em nenhum momento chegou a tentar fazer contato.

— Alô? — uma voz no outro lado da linha diz de forma relutante.

— Jeremy? — meu amigo indaga, receoso.

— Blaze? Porra, porra, caralho, RYAN É O BLAZE NA LIGAÇÃO — ele grita para um outro amigo em comum. — O Zion está aí?

— Estou aqui — enfiei a cara na frente do celular, mesmo sabendo que ele não vai me ver.

— Puta merda, Zion, quanto tempo. Por onde andaram?

— Toronto, no Canadá — respondo, me sentando ao lado do loiro.

— Caralho, esse tempo todo geral achando que vocês tinham ido dessa para a melhor e vocês comendo as gatinhas canadenses? — ele ironiza.

Blaze solta uma risada e eu imito.

— o treinador está puto para que eu volte para o treino, ultimamente ele vive cobrando algo chamado "respeito e trabalho em equipe" - ele diz apressadamente. - TCHAU BLAZE E ZION!! - a voz de Ryan ecoa pelo celular antes da ligação ser encerrada.

Dou um leve sorriso ao perceber que as coisas podem voltar a ser como antes.

Virei amigo de Jeremy no sétimo ano e nos tornamos inseparáveis após isso. Sei que foi errado eu ir embora para Toronto sem avisar para ele, mas no momento em que tudo aconteceu minha cabeça estava tão cheia que não pensei em nada, não fiz nem as malas. Às vezes é necessário abandonar coisas e pessoas incríveis para que se mantenha a sanidade, mas às vezes eu me pego pensando se a sanidade não foi um preço muito alto à se pagar pela falta de uma vida.

Da mesma forma que Blaze foi um bônus para Jeremy, Ryan foi um bônus para mim. Ao virar amigo de Jeremy, Ryan grudou em mim e Blaze.

— Bem, ele não parece estar bravo — meu amigo dá de ombros.

— Aparentemente não está — sorrio largo, me lembrando do quanto é bom ser amigo de Jeremy.

(...)

Estou parado na frente de uma enorme mansão. Da última vez que vim na casa dos Reed ela era bem menor, provavelmente essa é o triplo do tamanho — ou talvez ela nunca tenha aumentado, eu só era grande demais para ver o verdadeiro tamanho da casa. Quando se diminui de tamanho as coisas acabam crescendo.

As janelas são intermináveis e com toda certeza o jardim da frente é do tamanho de um campo de futebol.

Antes que pudéssemos bater, a porta foi aberta, revelando a tia Victoria com um sorriso radiante. Ela mudou bastante, seus cabelos pretos e lisos estão batendo na altura de seus ombros e seu rosto está um pouco mais velho. Ela continua bonita.

O primeiro a passar pela porta, sendo cara de pau, como sempre, é Blaze. Ele abraçou tia Victoria por longos instantes enquanto dizia o quão feliz estava e foi direto para dentro, logo em seguida fui abraçar ela.

— Zion! Está enorme — ela sorri e deposita um beijo na minha bochecha.

— Obrigado, tia, a senhora também mudou muito.

Me soltei de seu abraço e fui cumprimentar o sr. Reed. Nunca fui muito íntimo dele ao ponto de chamá-lo de tio, mas sempre tivemos conversas comuns entre um cara de mais de 40 anos e um adolescente de 14.

— Zion Grey — ele me cumprimenta com um aperto de mão.

— Sr. Reed — aceno com a cabeça e vou para onde Blaze está.

A sala de estar é enorme, ao abrir a porta principal você já consegue vê-la. Os sofás são extensos e a televisão grande, um pouco próximo daqui tem uma grande escada de vidros, que com toda certeza é uma desgraça para limpar.

— Vou ir pegar alguns salgados para colocarmos o papo em dia. Vem, amor —  os Reed saem, deixando minha família e a de Blaze sozinhos na sala.

Minha mãe e os pais de Blaze não pareciam se incomodar em ficar sozinhos, já que embarcaram em uma conversa de negócios, mas eu não gostava disso.

Alguns passos ecoaram na escada de vidro, virei o rosto imediatamente pensando na possibilidade de ser Mavena, em vez disso encontro uma garota baixa com cabelo castanho, curto e liso. Seu rosto angelical encara todos nós com ternura.

Octavia.

A garota entrou na sala e começou a cumprimentar todos os presentes. Ela também não sente raiva. Talvez isso seja bom.

— Fico feliz que tenham voltado, se sintam a vontade — ela sorri docemente, subindo as escadas novamente.

— Continua uma fofa — minha mãe diz com um sorriso largo.

Minha mãe definitivamente via Octavia e Mavena como as filhas que nunca teve. Ela as ama como se tivesse carregado as duas por 9 meses na barriga.

Fico de pé ao lado de Blaze, não me sinto confortável para sentar.

— Será que Nela vai aparecer por aqui hoje? — ele pergunta tentando parecer não se importar mas consigo discernir o nervosismo em sua voz. Que porra é essa?

— Provavelmente não, mas se aparecer, não esqueça de comentar sobre a punheta que bateu para ela — caçoo. — Ela vai se emocionar.

— Filho da puta — o loiro deposita um murro em meu estômago, fazendo com que eu me curve de dor.

Ouço a porta da frente se abrir mas não dou a mínima importância, deve ser alguns dos funcionários, já que desde o momento em que chegamos essa porta já se abriu umas duas vezes. Continuo focado na conversa que minha mãe está levando com os pais de Blaze.

— Mavena, querida! — a voz da tia Victoria ecoa pela sala.

No mesmo instante eu e Blaze viramos todo o nosso corpo na direção da porta, como se estivéssemos em uma competição de quem gira o corpo em 360° mais rápido.

Lá estava ela, Mavena Reed, a garota dos meus sonhos de adolescência. Seus longos cabelos ondulados estão presos em um lindo rabo de cavalo, dois fios soltos na frente, seu nariz fino e empinado faz jus à boca carnuda e perfeitamente simétrica. Desço meu olhar para seu corpo e solto um suspiro. Porra, ela é linda. Mavena usa um uniforme minúsculo das líderes de torcida, suas coxas grossas ficam à mostra e é possível enxergar o início da sua cintura bem definida.

— Pensei que ficariam na viajem até o fim de semana — consigo perceber o desdém em sua voz.

Sorrio. Nunca imaginei que a voz de Mavena iria ficar assim aos 17 anos. Mas também sorrio por perceber o tom de voz que ela usou para falar com a mãe.

Ela também não parece ter notado nossa presença.

— Tivemos que voltar para resolver alguns... hum... assuntos? - sua mãe se embaralha nas palavras.

Um sorriso irônico surge no rosto de Mavena.

— Isso foi uma pergunta? — a ironia em sua voz é mais do que perceptível e a tensão entre as duas é palpável.

Eu nunca imaginaria a Mavena de 14 anos falando assim com os pais, sendo irônica ou rude. Ela mudou para a pior. Mas não posso dizer isso como se eu fosse um dos melhores exemplos, longe disso...

— De uma forma ou de outra viemos resolver alguns assuntos, Mavena — foi a vez de seu pai se manifestar.

Meu olhar volta para Mavena e percebo um leve sorriso querendo se formar em seu rosto, mas ela o esconde e encole em seco, como se engolisse algo interior. Ela quer rir?

Para quem conviveu com ela por quatro anos seguidos, não é difícil saber quando está querendo rir. Mas para quem conviveu com ela por quatro anos é estranho ver ela querendo rir de algo que seus "ídolos" falaram em vez de beijar seus pés e concordar.

— Deixa eu adivinhar, eu e Octavia não estamos inclusas nesses assuntos.

O que está acontecendo com a doce garota na qual eu era fodidamente apaixonado?

— Mavena...

— Temos visitas que você vai adorar — tia Victoria diz tentando tirar o foco do assunto.

Consegui ver o exato momento em que ela ficou pálida ao olhar para minha mãe e os pais de Blaze. Mavena encarou todos com os olhos arregalados. Quando seu olhar foi para Blaze, os olhos da morena apenas se abriram mais ainda enquanto encaravam ele de cima a baixo. Meu amigo repetiu o mesmo gesto com ela. Ela estava surpresa com tudo aquilo, ele estava apenas debochando.

Então, finalmente, seu olhar veio até mim. Ela me olhou de cima a baixo como se estivesse me estudando, apenas fixei meu olhar em seu rosto, já vi muito do seu corpo por hoje.

Depois de um tempo seu rosto voltou ao normal e seu olhar ficou escuro. Raiva e rancor.

— Pensei que haviam morrido — ela diz ríspida, arqueio uma sobrancelha.

Parece que alguém não é tão ingênua como a irmã para nos perdoar...

— Quem é vivo sempre aparece, amore mio. — Finalmente saio do meu transe e tiro meus olhos de Mavena para olhar minha mãe. Ela estava com um sorriso exuberante, tia Caroline e tio Willian não estão diferentes.

Minha mãe corre para Mavena, lhe dando um abraço que eu aposto minha vida em ser forte. Tudo que a garota fez foi cercar sua cintur com o braço esquerdo, nitidamente incomodada. Uma coisa que mimha mãe sempre foi péssima é perceber as coisas ao seu redor.

— Senhora Grey... — Isso saiu mais como uma súplica.

— Prefiro que me chame de tia Michelle — minha mãe sorri.

— "Tia" é apenas para os íntimos, Senhora Grey — Mavena sibila.

Não sei quem ela virou mas estou ansioso para descobrir. Nitidamente a garota sabe o que falar para ser venenosa e magoar alguém. Mas ao mesmo tempo estou extremamente puto em saber que quem ela está magoando é a minha mãe. Se nem Jesus tem o direito de fazer a minha mãe se sentir mal, quem ela acha que é para tratá-la mal?

— Eu entendo... — minha mãe se afasta, sua alegria completamente apagada.

Sinto meu sangue ferver.

— Fico feliz que entenda — Mavena diz venenosamente.

Mavena Reed, o que mais além de um corpo bonito e mente sombria você tem patq oferecer?

— Mãe!! — A voz de Octavia ecoa de pela casa.

No mesmo instante o olhar escuro de Mavena volta a ser animado e atencioso, um sorriso aparece em seu rosto.

Octavia corre para abraçar a mãe, que retribui o abraço de forma desleixada e sem ânimos, mas a garota parece não ligar. Aparentemente uma das irmãs ainda beija o pé dos pais.

— A mãe da Amelie ligou hoje, ela queria falar com você — Octavia diz para a irmã e no mesmo instante o sorriso de Mavena sumiu.

Então Mavena ainda é amiga de Amelie mas aparentemente se afastou de Octavia. Que porra aconteceu nesses três anos en que fiquei fora?

— Ela ainda é amiga de Amelie, será que também é amiga de Nela? — Blaze sussurra.

— Você só sabe falar e pensar nela, não vai me dizer que acabou desenvolvendo alguma espécie de fetiche doentio naquela "loira gostosa" — dou uma risada baixa.

— A tia Luna me ligou e você nem para mandar mensagem? Que bela irmã que eu tenho — Mevana retruca saindo do abraço.

Minha mãe abaixou a cabeça ao perceber o "tia Luna". Sei que Mavena não falou por mal, porém ofendeu mamãe. Ela voltou, completamente cabisbaixa, para a sala.

— Relaxa, tia, com o tempo ela te aceita. — Blaze sussurra acariciando as costas de minha mãe.

Continuei encarando Mavena, a raiva estampada em meu olhar.

— Bom, foi ótimo ver que vocês não morreram, mas agora, se me dão licença, preciso subir — a filha da puta não esperou uma resposta, apenas disparou para o segundo andar.

A tia Victoria veio para a sala em passos pesados, nitidamente irritada com o compostamento da filha, e começou a conversar sobre Toronto e como nossas vidas seriam a partir de agora. Eu, por outro lado, não consegui prestar atenção em nada de que eles falavam, minha mente estava na garota de cabelos ondulados e olhos castanhos.

Encarei Blaze e fiquei esperando ele me encarar, quando me encarou de volta apontei com a cabeça para a escada e um sorriso surgiu no rosto do loiro ao entender o que eu quis dizer.

— Tia Victoria, será que poderíamos ir no quarto da Mavena colocar a conversa em dia? — pergunto com um sorriso inocente brincando em meus lábios.

— Óbvio que pode, querido — ela sorri e eu imito o gesto.

Lanço um olhar rápido para Blaze, que logo entende o que quero dizer. Nos levantamos e subimos as escadas rapidamente passando de porta em porta, espiando dentro de cada uma para saber qual quarto é.

— Será que é esse? — meu amigo pergunta com a cabeça enfiada em um quarto.

Vou até ele e olho dentro da porta, no mesmo instante faço uma careta. O quarto é todo rosa e muito fofo, não é de Mavena.

Balanço a cabeça em negação e paramos na porta seguinte. Ouço a voz de Mavena e olho dentro do quarto, aproveitando a porta entreaberta.

— O que você quer? — a voz da garota ecoa.

Mavena está sentada em sua escrivaninha, que fica de frente para uma janela que ocupa a parede inteira. Ela está lendo algo em um livro e anotando em um caderno, provavelmente estudando.

— Relaxa, princesa, o celular de Amelie descarregou e ela quer falar com você — reconheço a voz de imediato. Jeremy.

Eles são amigos?

— Ah, a Ammy está aí? — a voz de Mavena passou de ríspida para feliz em segundos.

— Mav! Eu... eu meio que marquei o treino das líderes de torcida para amanhã, desculpa não ter te avisado — sua voz soa arrependida.

Lentamente, eu e Blaze invadimos o quarto. Ele é grande e as cores predominantes são branco e cinza, exala elegância e tristeza. Não consegui tirar os olhos de uma estante de vidro com alguns troféus, vários na verdade. Na sala de estar tem uma assim, porém muito maior, provavelmente com mais de 50 troféus, todos de Mavena e Octavia. Aqui aparentam ter apenas os mais importantes.

Nove troféus. Cinco de dança e quatro de piano. Todos de primeiro lugar. Não existe um troféu na sala de estar que não seja do primeiro lugar, no quarto dela não é diferente. Pelo que eu sei, tia Victoria incentiva suas filhas à serem as melhores em tudo que fazem, à pisarem nos outros.

Me sento na cama o mais silenciosamente possível e meu amigo fica escorado na parede enquanto olha para a decoração do quarto.

— Você sabe que também manda naquela merda, não faz mal marcar para amanhã.

Um suspiro foi ouvido do outro lado da linha.

— Tenho fofocas!! — Jeremy diz animado. — Sabe quem voltou para a cidade?

Um sorriso sarcástico surgiu em meu rosto. Claro que Jeremy não parou de ser um loiro fofoqueiro.

Mavena bufou e voltou a fazer suas anotações.

— Notícia antiga. Esses dois estão aqui em casa agora.

Encaro Blaze com uma expressão chocada pelo jeito que ela se referiu a gente. Porra, quem ela acha que é?

— Estou sentido algo no ar... — a voz de Amelie surge, seguida por um risinho malicioso de Jeremy.

— Relaxa, é cheiro de nojo. — A garota revirou os olhos e encerrou a ligação sem se despedir. Ela continuou anotando suas coisas sem nem notar que dois adolescentes estão dento de seu quarto.

Seu olhar parou em uma barrinha nutritiva ao seu lado. Ela não almoçou e vai comer só isso?

A morena levou a barrinha à boca e deu uma grande mordida, deixando a barrinha pela metade. Fechou os olhos e saboreou como se não comesse isso a muito tempo. Mas não durou muito, porque logo em seguida seu olhar foi para a barrinha e ela arregalou os olhos, jogando o resto no lixo.

— Acho que seria melhor você comer um pouco, ainda não almoçou — digo simples e ela se vira para nós com os olhos arregalados.

Rapidamente ergueu a postura e perdeu a expressão chocada.

— Não sabia que em três anos vocês passaram a gostar de invadir quartos — ela faz beicinho, a ironia é nítida em sua voz.

— Só o seu — Blaze pisca e a garota de cabelos ondulados revira os olhos.

Ela se vira para a mesa e volta a anotar seja lá que matéria seja essa.

— Mavena Reed... — murmuro, enquanto me levanto da cama. Ela vira o rosto para trás, a fim de me olhar. — Sabe de uma coisa?

— Não, então conta, caralho, preciso voltar a estudar sem esse cheiro de merda que vocês dois estão deixando no quarto — ela diz, nitidamente irritada.

Arqueio uma sobrancelha, me divertindo com aquilo. Blaze começa a sair do quarto enquanto ri, mas me espera ao lado da porta.

Me aproximo de onde a garota está sentada, ficando apenas três passos de distância.

— Não gosto de garotas nojentas. Se você ousar falar com a minha mãe daquela forma novamente, eu te afogo — deixo a ameaça pairando no ar, mas, pelo contrário do esperado, ela não se abala.

Ela se levantou, ficando cara a cara comigo.

— E se você tentar me ameaçar novamente, eu te mato.

Sorri, fingindo estar satisfeito com o resultado da conversa.

Me afastei da garota, indo para o lado de Blaze e deixando o quarto para trás.

— Puta... — sussurro, descendo as escadas.

O que Mavena Reed não sabe sobre mim é que eu não ameaço, eu faço. Se ela ousar falar com a minha mãe como se ela fosse a porra do seu animal de estimação eu vou afogá-la até a morte.






Segundo capítulo publicadooo.

A partir do próximo capítulo tudo começa a dar errado, isso aqui é a introdução da merda toda.

Capítulo curto apenas para vocês terem noção do que está acontecendo na história e se situarem sobre o Zion e Blaze.

Provavelmente vou demorar um ou dois dias para postar o próximo capítulo, houve um furo de roteiro ENORME nele — o que interferiu em toda a história —, então estou corrigindo tudo e aproveitei para mudar coisas que me deixaram insatisfeita no roteiro.

Peço perdão por qualquer erro de ortografia.

Tradução do título do capítilo: lar.

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