Era de manhã e pela primeira vez em um bom tempo eu 'tava fazendo o café da manhã.
— Eu acho que ainda 'tô sonhando ou 'tô tendo uma alucinação com a uma gostosa fazendo o café da manhã– O Carl diz.
— Há-Há engraçadinho– Falei— Eu queria te agradar um pouco pra você voltar pra escola descansado.
O Carl me abraçou por trás e colocou a cabeça no meu ombro.
— Você é a melhor– O Carl disse e depois deu um beijo no meu pescoço.
— Eu sei– Falei.
— Onde 'tá o Ethan?– O Carl perguntou.
— Na sala, naquele tapetinho que tem um monte de brinquedo em cima pra distrair o bebê. Aquilo parece droga, ele não desvia o olhar nem por um segundo do bichinho que roda– Respondo.
— 'Tá fazendo nosso filho ficar viciado?– O Carl me perguntou.
— Só um pouco. O suficiente pra deixar a mamãe fazer as coisas que precisa– Respondi— Já lavou seus uniformes pra escola? Se você não tiver lavado e melhor lavar logo pra poder começar a fazer a sua mala.
— Já 'tá querendo que eu faça a minha mala? Daqui a pouco você vai me expulsar de casa– O Carl disse me soltando.
— Eu não quero te expulsar, por mim você nunca passaria por aquela porta. Mas como eu não posso evitar quero que você esteja preparado– Falei desligando o fogo.
O Carl então me virou de frente pra ele.
— Não quer que eu vá?– O Carl me perguntou e colocou as mãos na minha cintura.
— Metade do meu coração quer que você vá porque é o que você quer e eu quero te apoiar. Mas, metade do meu coração 'tá gritando com toda a força tentando me fazer pedir pra você não ir, e ficar comigo... com o Ethan...– Respondo.
— Acho que eu 'tô na mesma. Metade de mim quer ir, porque eu gosto de lá, gosto da escola e das coisas que eu aprendo lá. Mas, Metade de mim quer ficar aqui com vocês– O Carl disse.
Eu e o Carl colocamos a nossas testas uma contra a outra.
— Você 'tá indo por uma razão boa, pra virar um homem feito, pra da uma vida melhor pra você, pra nossa família. Você tem que ir. A gente vai se falar todo dia, eu vou ir te ver... mesmo que não seja tão fácil com um bebê... mas a gente vai da um jeito– Falei— Vai ficar tudo bem, né?
— É... Eu espero que sim– O Carl disse.
Então a gente se beijou.
— Já fez a lista do que vai precisar pra leva?– Perguntei.
— 'Tô fazendo, até agora tem... "Canivete suíço, arma de choque, cassetete retrátil..." e só– O Carl respondeu.
— Eu vou ter que pedi pro meu pai colocar um daqueles armários com cadeado no porão pra colocar todas essas suas coisas perigosas– Falei.
— Minhas coisas perigosas?– O carl me perguntou.
— Nossas coisas perigosas. Fala sério, são armas, armas de choque, armadilha de urso, canivetes, facas, estrelas ninjas... Essa casa não segura pra um bebê e a gente já tem um bebê– Respondi— Quando o Ethan começar a engatinhar ou a andar vai ser um perigo deixar isso por aí.
— Faz sentido, não quero matar meu filho– O Carl diz.
— Quer ter mais filhos?– Perguntei.
O Carl pareceu meio surpreso.
— Agora?– Ele me perguntou.
— Não, nem pensar. Tipo... mais pra frente– Respondo.
— Não sei. Acho que não parei pra pensar nisso– O Carl disse— Quer ter mais filhos?
— Não sei se quero sentir aquela dor horrível de novo– Falei— Foi a pior dor da minha vida.
— É, eu lembro de você quase quebrando a minha mão– O Carl disse.
— Então a gente vai deixar essa questão lá pra frente, talvez daqui... 5 anos a gente volta nessa conversa, mas por agora usaremos capa pra ir pra chuva– Eu falo.
— Apoio essa ideia– O Carl diz.
Então a gente se sentou na mesa.
*Quebra de Tempo*
Era de noite. Eu, o Carl e o Ethan estávamos na cozinha com a Fiona e o Ian.
— Ei, Ian, você tem terno azul?– Perguntei.
— Depende de que tipo de azul você quer– O Ian respondeu.
— Um azul clarinho, pra combinar com a decoração– Falei.
— Não– Ele respondeu.
— Tudo bem, a gente tem tempo pra arrumar– Eu falo.
— Do que vocês tão falando?– A Fiona perguntou.
— Do meu casamento e o casamento do Carl– Respondeu.
— Espera, é sério? Achei que fosse piada– A Fiona perguntou— Vocês não podem se casar.
— Por que não? A ayla é tudo que eu quero– O Carl respondeu.
— A gente se ama– Falei.
— Vocês não podem se casar– A Fiona diz.
— Pra quem já tem filho o que é o casamento?– O Ian perguntou.
A Fiona suspirou.
— O seu pai sabe disso?– A Fiona perguntou.
— Ainda não. Mas acho que ele não vai se importa. Normalmente as pessoas namoram, se casam e tem filhos. Eu e o Carl pulamos uma etapa, então a gente 'tá voltando um pouco e completando a segunda etapa um pouco tarde. Acho que ele vai ficar feliz por a gente agiu "certo"– Respondo.
— Do que adianta falar, vocês não me escutam nunca– A Fiona disse— Vão lá, se casem. Quer saber, por que vocês não vão no cartório e se casam hoje? Seria mais rápido.
*Quebra de Tempo*
Era outro dia, eu 'tava sentada no chão da sala da minha casa com o Ethan que estava tentando enfiar o brinquedo dele na boca, e o Carl 'tava passando o uniforme dele.
Eu estava a um bom tempo pensando sobre uma coisa.
— Amor– Eu chamei o Carl.
— Oi– O Carl disse.
— Vamo casar– Falei.
— A gente já não vai casar?– O Carl me perguntou– Se eu me lembro bem eu te pedi em casamento.
— A Fiona 'tá certa, a gente deveria ir no cartório e se casar– Eu falo.
O Carl parou de passar a roupa.
— Pensa comigo, na teoria a gente já é casado. A gente 'tá junto a bastante tempo, mora na mesma casa, divide as responsabilidades e tem o Ethan. Só falta o pedaço de papel– Falei.
— Seria mais barato que um casamento de verdade, que incluem a gente não tem grana pra pagar nem se quisesse– O Carl diz.
Então eu me levantei e fui até o Carl.
— Então a gente vai se casar?– Perguntei.
— Acho que sim– O Carl respondeu— Sim.
— A gente tem que pegar a licença e se casar amanhã, pode ser?– Perguntei.
Ele concordou com a cabeça. Em seguida eu me levante, pulei em cima dele e beijei ele.
— Eu te amo– Eu falo.
— Eu te amo também– O Carl disse e depois me beijou.
*Quebra de Tempo*
Era outro dia e eu e o Carl estávamos esperando a nossa ficha pra gente se casar.
— Falei pro pessoal que a gente ia se casar hoje, mas não sei se eles acreditaram. Acho que eles pensaram que era uma brincadeira– O Carl diz.
— A gente vai fazer isso?– Perguntei.
— Vai– O Carl respondeu.
— É loucura?– Perguntei.
— Muita– O Carl respondeu.
— Quer desistir?– Perguntei.
— Não– Ele respondeu— E você?
— Não– Falei.
Então eu olhei pro Ethan no carrinho.
— O Ethan 'tá tão bonitinho de terninho– Eu falo.
— É bizarro como você consegue costurar coisas diferentes tão rápido– O Carl disse— Mas ele 'tá bonitinho.
Uma mulher passou por nós vendendo rosas.
— Quer alguma flor?– O Carl me perguntou.
— ...Quero– Respondi.
— Me da duas– O Carl disse pra mulher.
Ela me entregou as flores e o Carl pagou por elas.
— Carl Francis Gallagher, Ayla Clarice Morgan Ross– Chamaram nossos nomes para a gente se casar.
Então a gente foi. Eu coloquei o carrinho do Ethan do lado e fiquei ao lado do Carl.
Então um juiz começou a casar eu e o Carl. Eu 'tava explodindo com trezentas emoções no meu corpo, eu estava feliz, ansiosa, com medo, mas... muito feliz.
Então na hora das alianças a gente pegou a aliança de noivado mesmo e colocou no dedo da aliança.
Por mais que tenha sido de última hora, pós mais que a gente não estivesse com as roupas mais ideais... por mais que não tivesse ninguém além do Ethan que a gente conhecesse... Eu senti que era o casamento dos meus sonhos, só porque o Carl 'tava ali.
— Carl Francis Gallagher, aceita Ayla Clarice Morgan Ross, como sua esposa?– O juiz perguntou.
— Aceito– O Carl respondeu e colocou a minha aliança de noivado no dedo de casamento.
— Ayla Clarice Morgan Ross, aceita Carl Francis Gallagher, como seu marido?– O juiz perguntou.
— Aceito– Respondi e coloquei a aliança de noivado do Carl no dedo de casamento.
— Eu vos declaro marido e mulher. Pode beijar a noiva– O juiz diz.
Então eu e o Carl demos uma risada curta e nós beijamos.
— Puta merda, a gente casou– O Carl disse.
— Caralho...– Falei— Merda, tem que entregar o papel pra ele.
O Carl pegou a licença pra casamento no bolso dele e entregou pro juiz pra ele assinar.
— Ethan, seus pais casaram!– Eu falo pra ele sorrindo e depois eu olho pro Carl— Porra! A gente se casou. Eu sou sua mulher!
— Eu sou seu marido– O Carl diz.
O Carl e eu nos beijamos de novo.