Na manhã seguinte acordei sozinha na cama, não tinha ideia se Draco tinha vindo dormir ou não. Quando me deitei com todos aqueles pensamentos fervilhando em minha cabeça, apaguei por completo.
A única coisa que eu queria agora era meu pai. E talvez só talvez também estivesse com saudades de Anastasia Dalla Costa.
Me levantei, me arrumei e saí de casa dispensando o pequeno almoço. Avisei a Nathalie que talvez voltasse tarde em casa e que não precisava preparar as outras refeições.
No caminho para a casa dos meus pais, mandei uma mensagem para meu pai avisando que estava a caminho, ele disse que tudo bem e perguntou o que eu queria comer. Sorri de lado com aquela mensagem, estava com saudades disso.
— Chegamos senhora Morton. — O motorista abre a porta para mim e eu o dispenso pelo resto do dia.
Toco a campainha e quem me atende é minha mãe.
Ela está com um roupão denunciando que ela e papai estavam em um dia de preguiça e nenhum dos dois havia ido cumprir seus deveres. E minha visita havia vindo logo a calhar.
Fico parada sem saber o que fazer e mamãe me abraça. Ela me envolve em um abraço apertado e é como se eu voltasse a ter cinco anos. E eu começo a chorar como um bebê.
— Shh... — Mamãe dá leves palminhas em minhas costas me consolando. Por um momento parece que ela entende tudo sem eu dizer uma palavra.
Ainda abraçada a mim, ela fecha a porta principal e nos dirige até a sala.
— Está tudo bem. — Ela diz mesmo não sabendo por quê choro. — Seu pai está no banho agora e se te vir assim vai ficar preocupado. — Eu assinto entendendo.
Aos poucos vou me acalmando enquanto converso com ela. Parecia que ela era a Anastasia de antes. Em algum lugar daqueles olhos verdes esmeraldas. Ainda estava minha mãe.
— Amor. — Ouço meu pai gritar enquanto desce as escadas. — A Naomi já chegou? — Eu aceno assim que sua silhueta aparece no fim das escadas.
— Pequena! — Eu vou até ele e o abraço com força. Já não estou chorando, não o quero preocupar, nem ele e nem mamãe, para ela eu disse que chorava de saudades, o que não deixa de ser verdade, foram quatro meses sem os ver, apenas ligações e mensagens. Minha desculpa era que a casa deles era longe para eu ir os visitar com frequência, mas na verdade estava magoada com o casamento arranjado.
— Agora vamos preparar as panquecas. — Minha mãe diz animada e eu sorrio. As panquecas que ela e meu pai fazem são as melhores. E só hoje fiquei mais animada que o normal para isso.
Ainda continuo sendo a garotinha dos meus pais.
• • •
— Sabrina é um amor mesmo. — Corto o último pedaço da minha panqueca e a levo a boca.
— Sim, no dia do seu casamento tivemos a oportunidade de conversar um pouco com ela. — Mamãe comenta.
Estamos na cozinha comendo e conversando. O dia lá fora está agradável.
Já programamos o que faremos hoje, vamos comer besteiras e ver filmes.
Estava realmente precisando desse tempo. Longe de toda essa turbulência que é essa nova rotina. As vezes só gostaria de voltar a ter dez anos e aproveitar as tardes com meus pais sem ter que me preocupar com nada.
— Como está Draco? — Levanto os olhos para minha mãe e pisco.
— Bem... — Volto a prestar atenção ao meu prato. É a última garfada dessa maravilhosa panqueca.
— Bem? — Meu pai pergunta.
— Eh. Bem. — Reforço.
— Filha se estiver com algum problema pode falar com a gente. — Eu abano a cabeça em negativa.
— Está tudo bem. — Levo o garfo a boca encerrando o assunto.
Meus pais se entre olham e dão de ombros.
Quando acabamos todos de comer, meu pai lava os pratos. Depois fomos aos armários, pegamos todas as porcarias possíveis e fomos para a sala.
Escolhemos claro, um filme do Adam Standler.
A tarde foi divertida, demos muita risadas. Mas quando o sol se pôs, eu sabia que era hora de ir embora. Tinha que voltar para minha casa.
Me despedi de meus pais prometendo voltar mais vezes. O motorista me esperava do lado de fora. Quando entrei no carro me surpreendi com Draco sentado no banco traseiro. Minha vontade era de dar meia-volta e entrar na casa dos meus pais, mas não o fiz, suspirei e entrei no carro.
— Boa noite. — Ele é o primeiro a dizer.
— Boa noite. — Eu respondo sem lhe dar muita atenção. Qualquer outra coisa parece mais interessante do que encarar para Draco.
— Naomi..? — Eu o encaro. — Quando chegarmos à casa podemos conversar? — Eu assinto lentamente.
Draco quer conversar comigo. Em casa. Não sei o que esperar dessa conversa.
• • •
— Está me dizendo que travou? — Pergunto. A indignação tomando conta de mim.
— Sim. Travei, não sei o que aconteceu. — Eu quero rir mas ao mesmo tempo bater em Draco por ele pensar que irei cair em uma mentira dessas.
— Conta outra, Draco. — Pego minha bolsa no sofá e quando estou prestes a subir, sinto meu braço ser enlaçado. Bufo antes de me virar.
— Naomi, não é mentira. Estou sendo sincero com você. — Olho em seus olhos e juro que vejo sinceridade, mas não quero acreditar nisso. — Faça o que quiser, mas não se zangue comigo. — Eu franzo o cenho, Draco Morton está pedindo para eu não me zangar com ele?
Sinto vontade de rir.
— Prometo que da próxima vez vai acontecer. — Minhas bochechas ruborizam. Draco me puxa para si me prendendo em um abraço.
— É bom mesmo que aconteça... — Digo baixinho. — Ou então eu me divorcio de você por impotência. — Eu sorrio quando sinto o corpo de Draco congelar e logo em seguida vibrar em uma risada.
Acabo rindo também e nossas risadas se mesclam me dando uma boa sensação, é a primeira vez que vejo Draco rir, mesmo que seja da forma contida e elegante dos Morton, ainda assim ele está rindo. E de algo que eu disse.
Gostaria de ter uma câmera e capturar esse momento: A primeira vez que Draco riu para mim.
Ainda estou abraçada a ele, então o aperto ainda mais.
Aí, aí, esses dois aí...digo é nada.
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