TOQUE-ME SE FOR CAPAZ

By paollamagalhaes

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ESSE LIVRO É UM DARK ROMANCE 🚨 Eu sou uma criminosa, uma... Assassina. De bailarina de primeira classe a pár... More

➵ AVISOS
➵ GATILHOS
➵ TRILHA SONORA
➵ CAST
➵ DEDICATÓRIA
➵ PRÓLOGO
➵ 1. Obscure
➵ 2. Little Bunny
➵ 3. Negative Party
➵ 4. Race
➵ 5. Power Games
➵ 6. Echoes of the Mask
➵ 7. Submundo
➵ 8. Dark Secrets
➵ 9. Clandestine Temptation
➵ 10. I killed her
➵ 11. Dark Desire
➵ 12. Momentary provocation
➵ 13. Sky Burning
➵ 15. What did I do?
➵ 16. Save Me
➵ 17. Pique-hide
➵ 18. Do you hate me?
➵ 19. Because you are Calina Sartori
➵ 20. Phase one of anarchy
➵ 21. Loser
➵ 22. Who are you?
➵ 23. Unveiling the Masks
➵ 24. Sins Unveiled
➵ 25. Masks and Manipulations
➵ 26. Make your choice
➵ 27. For you
➵ 28. Racing Against Time
➵ 29: Echoes of Freedom
➵ 30: Secrets revealed
➵ 31: I'm devoted to you
➵ 32: Under the domain of terror
➵ 33: In the shadow of monsters
➵ 34: Bitch
➵ 35: Calina Sartori judgment day
➵ 36: Death
➵ 37: Who is Lykaios?
➵ 38: Bonds Amidst Chaos
➵ 39: The Pact of Destruction
➵ 40: Act 2
➵ 41: The curse of the pigs
➵ 42: Welcome to the Submundo
➵ 43: Bugsy come for you
➵ 44: We want you to trust us

➵ 14. Ungrateful Bitch

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By paollamagalhaes

Calina Sartori
Dias atuais...

Levantei meu olhar para cima boquiaberta. Eu realmente pensei que esse lugar estaria exatamente da mesma forma que há seis anos. O que antes era um lugar assustador, coberto pela escuridão da noite deu espaço para um prédio pomposo. Parecendo até mesmo um prédio de Nova York e não de Londres, já que arquitetura moderna só é vista por bairros mais como Canary Wharf ou Bank. Me impressiona ter algo tão novo em Knightsbridge em meio aos castelos e shoppings que preservam a velha arquitetura de Londres.

Vidros espelhados por toda a extensão — em minhas contas deveria ter uns 12 andares — com detalhes dourados por todas as laterais. A entrada parecendo como as dos castelos, uma fonte posta bem no meio fazendo com que as pessoas que entram no espaço tenham que dar a volta com seus carros.

A porta de entrada também de vidro com dois seguranças enormes e o manobrista que rapidamente deu a volta no nosso carro para o guiar para o estacionamento. Saltamos do carro com a Hailey gritando eufórica em meus ouvidos sobre a mudança no lugar.

Passei o olhar ao redor vendo todos os carros extremamente luxuosos estacionando aos poucos, as pessoas vestidas elegantemente passando pelos seguranças com sorrisos nos rostos. Lentamente olhei para o meu próprio corpo — vestida em uma saia jeans curta e simples, meia calça, uma regata branca e casaco — poderia quase me sentir como naquela noite. A única diferença era que eu não estava entrando por uma porta escondida dentro de um beco escuro na lateral e sim pela porta da frente.

Pelo menos era o que eu achava até ser barrada pela montanha em forma de ser humano. Olhei para cima observando a expressão fechada do segurança. Lentamente ele me lançou um olhar de cima embaixo como se estivesse me aferindo. Um sorriso de canto rapidamente surgiu em meus lábios me sentindo um tanto quanto ofendida pelo seu olhar, como se estivesse acusando que eu não devia estar nesse lugar. E ao lançar um outro olhar julgador para meus amigos com a mesma avaliação no fundo dos olhos eu tive a certeza.

— Por que eu sinto que ele está nos medindo? — Hailey sussurrou próxima a mim.

— Porque é exatamente o que ele está fazendo. — Falei em um tom mais alto para que o segurança se tocasse.

— Por acaso você sabe quem somos nós? — Ela deu um passo à frente estufando o peito com um sorriso irritado nos lábios.

Conseguiu fazer a única coisa que a Hailey se irrita profundamente. Ela jogou a pequena bolsa da Gucci sob seus ombros se aproximando do segurança. Fúria evidente em seu olhar e provavelmente seu sangue estava fervendo. Hailey tem a síndrome de celebridades pequenas que se acham gigantes.

Mas por um lado é impressionante ele não conhecer uma Maldovas. A empresa de sua família está estampada por diversos telões na cidade, até mesmo no shopping mais antigo de Londres tem uma bela foto dela. E como uma marca de roupas de grife obviamente um dos principais rostos é a Hailey como modelo.

— Eu deveria? — O segurança perguntou arqueando as sobrancelhas em um tom zombeteiro. — Esse é um local fechado e renomado...

— Meu nome é Hailey Maldovas, ele é Tyler Christopher e ela é Calina Sartori. O que você acha que está fazendo nos analisando como se fôssemos cachorros? — Ela rosnou entre os dentes.

Tyler caminhou até ela agarrando seus braços antes que ela fizesse um escândalo. Diferente dela, Tyler não gostava de chamar atenção e muito menos aparecer na mídia. Talvez pelos seus pais malucos que são capazes de mandar ele para o Oriente Médio para caçar petróleo. Tyler quase teria sido o sucessor da empresa de petróleo e transportes, se o seu irmão mais velho não existisse. Até pouco tempo eu soube que ele estava desaparecido por causa de uma polêmica envolvendo uso de drogas, mas pelo visto ele está de volta.

O outro segurança que até então tinha se mantido em silêncio apenas observando a situação se aproximou dizendo algo no ouvido do outro. Rapidamente a situação mudou. Os olhos do segurança que nos barrou se arrastaram até mim e balançou a cabeça concordando, lentamente ele foi se retirando com uma feição sem graça. O outro segurança se alinhou na nossa frente tocando as pontas do terno e se curvou.

É, agora vocês sabem quem eu sou...

Por dentro eu me senti vitoriosa, talvez até poderosa. Como se apenas o meu nome fosse capaz de fazer aqueles homens se ajoelharem e lamberem meus pés. Mas também me senti frustrada... Talvez por não fazer parte dos Sartori.

— Senhorita Sartori, bem vinda ao Golden Palace. Peço desculpas pelo nosso funcionário inconveniente, ele é estrangeiro e ainda não conhece bem as boas famílias de Londres. As senhoritas e o senhor podem entrar e fiquem a vontade, logo logo lhes será servida a champanhe como cortesia para os nossos convidados especiais, me chame se precisar, o meu nome é Edward.

Abrindo espaço para que entrássemos ele sorriu de uma forma educada. Soltei uma risada nasalada desacredita com isso. Realmente um nome é tudo nesse mundo. Significa que se eu não tivesse um nome conhecido ele iria me tratar igual merda?

Babaca.

Passei em sua frente sentindo meus dois amigos me acompanharem. O emaranhado de pessoas elegantes na recepção me fizeram ir até um canto. Uma mulher loira de cabelos curtos sorria amavelmente para todos, mas no fundo do seu olhar era possível ver a fúria se instalando. Talvez pelo homem que gritava com ela ou por ela simplesmente ter que fingir ser educada com alguém que é a escrotice em forma de ser humano.

Do lado de dentro era tão luxuoso quanto a fachada. Dourado ainda prevalecia em todos os cantos — definitivamente essa deve ser a cor favorita dele, além do preto — principalmente nos lustres de vidros perfurados no teto alto. Mas esse lugar ainda me surpreendeu mais. Se eu for me lembrar do Submundo era um lugar completamente escuro, carregado pela cor preta mesmo continuando a ter o dourado como detalhes. As luzes verdes e brilhantes de balada também ocupavam boa parte dos espaços. Mas o prédio e a recepção não tinham nada de preto ou escuridão, na verdade era claro como o dia. As quatro escadas que eu me lembro que haviam nas laterais não estavam mais presentes, mas havia elevadores em locais diferentes.

Me desvencilhei olhando ao redor procurando pela sombra de um daqueles três, mas eles definitivamente não estavam aqui. Um rapaz alto vestido em um terno preto se aproximou com uma bandeja nos entregando taças de champanhe e eu sorri levemente.

— Desculpe... Onde eu devo ir com esse cartão? — Perguntei retirando o cartão dourado do bolso estendendo em sua direção. Ele o observou fazendo um aceno com a cabeça e se retirou.

Ele foi até a mulher loira sussurrando algo em seu ouvido, logo em seguida fazendo suas sobrancelhas saltarem e ela concordar. Rapidamente ele se livrou do homem que estava até agora a importunando e veio em nossa direção. O corpo pequeno agarrado em uma salta colada com um blazer elegante. O cabelo curto bem alinhado em corte reto e a maquiagem fraca, mas perceptível. Todos os funcionários pareciam completamente impecáveis.

— Senhorita Sartori, é um prazer enfim conhecê-la. Peço desculpas por toda essa confusão, é um dia importante. — Ela sorriu estendendo o braço em direção a um dos elevadores.

— Um dia importante? — Perguntei curiosa.

— É a inauguração do prédio. — Ela respondeu segurando a porta de metal para que nós entrássemos primeiro. — A senhorita pode colocar o seu cartão nesse local.

Ela apontou para o espaço embaixo dos botões de andares. Normalmente prédios e alguns espaços de hotéis tem a necessidade de usar fob para conseguir acesso nos locais.

— Quanta segurança... — Tyler murmurou se encostando na Hailey.

Fiz exatamente como ela pediu. Ela se aproximou tocando o botão do sexto andar três vezes seguidas fazendo as portas do elevador se fecharem. Mas ao invés de começarmos a subir o elevador deu uma pequena pausa e logo após começou a descer. Mantive minha cabeça baixa sentindo uma certa pressão se instalando na minha cabeça, talvez por um certo nervosismo ou surpresa com tudo que esse lugar havia se tornado. Me lembro de Bugsy dizer que um dia aqui se tornaria útil, me pergunto o que eles tem aprontado.

As portas se abriram e com isso os acordes alto de guitarra atingiram em cheio meus ouvidos fazendo minha cabeça balançar no ritmo. Levei o olhar até o palco logo após eu reconhecer a sala em que estávamos. Hunter estava agarrado na guitarra tocando I Wanna Be Your Slave com um sorriso enorme nos lábios enquanto observava a mulher rodar de cabeça para baixo no poste de pole dance. Dei o primeiro passo avançando para o lado de dentro e sorri observando cada canto do lugar. Aqui não tinha mudado absolutamente nada. O cheiro de bebida, o pole dance no mesmo lugar, o palco na parte de trás, os sofás de couro.

Mas definitivamente o lugar que eu mais queria ver era o bar. E assim que meus olhos se cruzaram com o do Aiken que estava servindo um copo com whisky, me apressei indo até ele tomando o copo de sua mão e virando com tudo. Fiz uma careta sentindo o álcool descer queimando pela minha garganta. Forte o suficiente para me deixar bêbada com pelo menos mais dois desses. Mas para aturar a tríade pesadelo eu precisaria estar bem chapada.

— Vá com calma, Bunny. — Aiken disse colocando um sorriso de canto nos lábios.

— Quero mais um. — Entreguei o copo para ele mais uma vez e me sentei olhando para Hunter outra vez.

Seus olhos se encontraram com os meus e os nossos sorrisos se alargaram. Agora dentro desse espaço eu realmente me sinto como naquela noite. Por mais que tenha passado seis anos, eles ainda continuavam da mesma forma. Apenas talvez suas aparências tenham amadurecido um pouco.

Hunter agora está com o cabelo preto preso em um coque com duas mechas soltas à frente e as laterais raspadas. A tatuagem que cobre toda a pele do pescoço mais destacada por causa das luzes e seu estilo sempre elegante. Fiquei por um lado até surpresa por não vê-lo usando um moletom. Ele usava uma calça de alfaiataria e uma camisa social apertada ao ponto de destacar ainda mais seus músculos. Hunter era o mais alto entre eles, devia ter quase 1.95 de altura. Não era extremamente bombado, mas os ombros eram extremamente largos, braços longos e definidos, a cintura fina e as pernas gigantes. O tipo elegante que qualquer mulher desejaria para apresentar aos pais em um jantar especial.

Me virei analisando o Aiken com seu cabelo escuro em um corte mullet e o piercing prateado em sua orelha. E então pela primeira vez eu pude observar seus braços descobertos, usando uma regata branca colada ao corpo ele também exibiu seus músculos e uma calça jeans rasgada em seus joelhos. Um corpo magro, mas definido casualmente. Aiken transpira o tipo cafajeste por cada canto de sua pele. Definitivamente o tipo que você nunca apresentaria aos seus pais, até porque nunca estariam em um relacionamento. E me surpreendi ainda mais no segundo em que ele virou e eu avistei a tatuagem que cobria toda a extensão de suas costas.

— Tatuagem nova? — Perguntei bebericando a taça que ele me entregou com cidra.

— Ah, você gostou? — Ele mais uma vez se virou agarrando a barra e levantando a regata.

Uma caveira rodeada de passarinhos e videiras que saiam dos olhos e bocas. Não era colorida, mas tinha partes em tinta branca que destacavam ainda mais certos pontos da tatuagem. Cobria toda a extensão de suas costas, dos ombros até a cintura. Mordi meu lábio inferior pensando na dor maldita que ele deve ter sentido.

— É linda. — Com o rosto sobre o ombro ele sorriu abaixando a blusa.

Ele ia dizer alguma coisa, mas seus lábios se fecharam no momento que sua atenção se voltou para algo atrás de mim. Me virei lentamente dando um sobressalto quando vi a figura preta em completo silêncio bem próximo a mim. Levei minhas mãos até o peito soltando o ar preso em meus pulmões. Estreitei os olhos tentando enxergar por baixo do capuz, mas de repente Bugsy levantou a cabeça me fazendo ter visão de sua nova máscara.

— Entrada triunfal... — Murmurei olhando o de cima para baixo.

Em questão de estilo Bugsy sempre parecia ser o mais desapegado. Sempre estava usando um jeans folgado ou então uma calça do estilo militar. Todo o figurino sempre preto — aposto que até mesmo o tecido da sua roupa íntima deve ser preta — e uma bota de cano alto sempre o acompanhando. A parte de cima nunca era novidade, sempre um moletom também preto que cobria todo o seu rosto com o capuz. E apenas daquela vez na dança que eu observei seu abdômen por segundos ou quando o toquei tive noção de seu corpo também definido, mas agora não tenho ideia de como está seu físico. O que me deixa um tanto frustrada e curiosa. Ele era quase tão alto como Hunter, talvez uns 5 centímetros mais baixo, mas ainda era mais alto que Aiken. Pouca coisa também. Todos os três parecem muralhas enormes que formam sombras se pararem em minha frente.

— Conseguiu o que eu pedi? — Aiken perguntou colocando o gargalo da garrafa de whisky em sua boca me retirando do meu devaneio.

— Claro. — Bugsy deu passos à frente até chegar no balcão entregando uma espécie de líquido azul dentro de um vidro quadrado lacrado.

— Uhhh... Como é lindo. — Aiken agarrou o vidro levando próximo ao seu rosto.

Pela primeira vez vi seus olhos brilharem tão intensamente como se estivesse olhando para ouro puro em sua frente. Os lábios semi abertos que aos poucos se curvaram em um sorriso. Ele parecia completo absorto naquele líquido.

— O que é isso? — Perguntei curiosa pela sua empolgação, mas não obtive resposta. Ele apenas pulou o balcão indo na direção do Hunter.

Senti a presença avassaladora do mascarado me encarando e quando virei meu rosto para sua direção tive a certeza. Eu não podia ver seus olhos, mas podia senti-lo. É incrível como essa sensação aquece minha pele como se tivesse brasa pura sobre mim. Minhas bochechas esquentam e uma onda de calor sobe em todo o meu interior. Eu tento me conter e até me retrair, mas ele tem um poder especial que é capaz de me levar às chamas com apenas a sensação de ser observada.

Sorri levemente levantando a taça em sua direção e logo em seguida levando aos meus lábios. Me lembrando daquela noite aqui quando ele retirou o copo das minhas mãos.

— Vai me permitir beber dessa vez? — Passei a língua pelos meus lábios saboreando o gosto doce de cidra.

Seus ombros se balançaram e ele se aproximou segurando a taça. Seu corpo se esticou para o lado de dentro do balcão segurando uma garrafa nova de cidra e depositou até preencher metade do vidro me devolvendo logo em seguida.

— Não existe mais nada te impedindo, Bunny. — O encarei sentindo a tensão do seu olhar se instalar pela minha pele observando seus movimentos. — Ou existe?

— Me diz você... — Sorri levemente trazendo a taça até meus lábios e virando tudo de uma vez. — Tem algo me impedindo?

— Vejo que você não perdeu a mania de responder perguntas com outras perguntas.

Seus ombros se tencionaram no segundo em que levei meus dedos até o fio que saia do capuz. O enrolei no meu dedo puxando para que o tecido ficasse franzido, mas logo em seguida o desci tendo visão do seu cabelo escuro. Toquei na ponta de seu queixo por baixo da máscara balançando sua cabeça de um lado para o outro. Sua máscara cobria toda a pele do rosto, mas não poderia me impedir de analisar os outros cantos.

— Deixou o cabelo crescer... — Murmurei vendo que agora o corte militar já não estava presente.

O cabelo negro estava em corte bem comum, curto nas laterais mas a parte de cima um pouco longa fazendo uma franja lisa despencar nas laterais. Seu pescoço estava vazio de tatuagens, apenas sua pele pálida sendo iluminada por todas as luzes verdes do ambiente.

— Você também... — Levantei meu olhar para sua máscara.

Seus longos dedos me tocam em uma carícia leve na minha bochecha direita me fazendo sentir sua pele calejada. Eu não poderia saber se era de novas lutas ou cicatrizes antigas, mas elas se mantinham ali presente me lembrando daquela cena. Nenhum soco sequer. Ele não havia apanhado, mas aquele outro homem parecia destruído. Sua mão saiu da minha bochecha indo até o meu pescoço agarrando um pouco do meu cabelo.

— Seu cabelo está mais longo... — E então ele entortou meu pescoço para o lado se aproximando da minha pele e aspirando. — Seu cheiro continua o mesmo...

Senti o arrepio percorrer por toda a minha pele, juntamente com um choque que atravessou toda a minha coluna mas parando bem no meio das minhas pernas. Ele soltou o ar fazendo o vapor quente tocar meu pescoço.

— Sua voz continua linda. Seus gemidos continuam igual, Bunny? — A voz rouca atingiu o ponto mais fraco do meu interior.

Controle. Controle, Calina.

— E os seus? — Escutei sua risada próxima ao meu ouvido.

A sua fragrância atingiu em cheio a minha narina. Um cheiro que deveria ser enjoativo, mas talvez por ser ele me fazia gostar. Aproveitei sua proximidade depositando um beijo em seu pescoço, sentindo sua pele se arrepiar. Mas ele não se afastou.

— Você também continua exatamente igual. — E então ele se afastou voltando ao ponto zero onde apenas me encara sob a máscara. — Continua sendo um fodido da cabeça tentando se esconder nas sombras da noite. O que você quer tanto esconder, Bugsy?

Era a minha vez. Não importava o quanto eu teria que provocá-lo exatamente como ele fez comigo naquela noite. Eu mudei, não sou mais aquela Calina — muito menos aquela Bunny — então se eles quiserem me manipular mais uma vez, terão que trabalhar muito melhor. Me trazer em lugares antigos não fará meu sangue circular por eles, meu coração acelerar e muito menos me depravar. Porque exatamente como eles disseram, não há mais nada.

Eu não tenho mais nada para lutar ou para ser minha fraqueza.

— Eu retiro a palavra dos rapazes sobre você ter se tornado tediosa. Na verdade, isso é muito mais divertido do que antes. — Soltei uma risada sabendo que ele não seria manipulado tão fácil quanto os outros, mas ainda sim era um jogo divertido. — Quer saber meus segredos, Bunny? Vai ser preciso fazer muito mais do que isso. Você não tem nada para fazer uma troca, eu sei tudo sobre você, tudo sobre seus amigos e família. Até mesmo sobre o babaca com quem você transa há dois anos. Eu tive que me controlar bastante para não quebrar o pescoço daquele filho da puta que te arrancou gemidos.

— Teria que quebrar o pescoço de muitas pessoas. —Me levantei colando nossos corpos. Indo próximo ao seu ouvido e sussurrando. — Até mesmo os dos seus dois melhores amigos...

Me afastei sorrindo vitoriosa. Seu corpo parecia furioso, as mãos fechadas com força, os ombros tensos e a veia em seu pescoço saltada. Por alguns segundos eu realmente pensei que havia ganhado essa rodada, mas de repente ele aliviou a pressão e sorriu. Soltou uma risada tão alta que fez minhas bochechas queimarem em irritação.

— Talvez você tenha razão em apenas uma coisa... — Seu dedo indicador se levantou para o alto.

Me empurrando cada vez mais com seu corpo eu me senti travada entre o balcão e seus músculos. Os dois braços se depositaram em cada lado do meu corpo. E a sombra enorme que só estava em minha mente se tornou real. Engoli em seco sentindo minhas pernas falharem e meu coração acelerar à medida que sua máscara se aproximava mais ainda do meu rosto. Mas eu arrebitei mais ainda meu queixo o encarando de frente.

Eu não me permitiria ser intimidada por ele. Muito menos perder o maldito jogo que eu havia começado.

— Ah é, o que exatamente? — Perguntei fazendo sua cabeça entortar para o lado.

— Você é minha, seu corpo, sua pele, sua alma, tudo em você me pertence. — O ar fugiu completamente dos meus pulmões, trazendo o calor de um deserto para o meu interior. — E se eu permito que eles te deem prazer é porque você é minha. Você se engana se pensa que eu compartilhei você até o momento apenas para satisfazê-los ou para mim.

— Então a quem? — Perguntei mais uma vez, retirando um suspiro profundo de seus lábios. Os braços ao meu redor se tencionaram fazendo o pouco espaço entre nós se tornar cada vez menor.

— Eu apenas permiti que eles te satisfazessem porque até nesse momento eu não sabia se poderia manter meu controle perto de você. — Minha cabeça girou com todas essas palavras. Mais parecia uma confissão do que uma provocação. — Você pode achar que me conhece, mas só eles sabem o monstro que habita em mim. E se você não estivesse pronta para encará-lo eu não saberia o que fazer se perdesse você novamente.

Novamente?

— Eu conheço você o suficiente pra saber que esse monstro que você diz ser, não existe. Você é apenas um menino assustado se escondendo atrás de uma máscara. — Me afastei de seu aperto passando as minhas mãos pelo meu cabelo.

Mas nada adiantou me afastar. Rapidamente suas mãos vieram até minha cintura me puxando mais uma vez para seu corpo. Mordi meu lábio inferior voltando a encarar sua máscara de uma forma raivosa.

— Você acha que sabe tudo sobre todo mundo, não é? — Soltei uma leve risada bufada.

— Todo mundo não, mas as pessoas ao meu redor eu conheço muito bem. — De repente ele soltou uma risada em escárnio. A zombaria na ponta de seus lábios.

— Você apenas pensa que conhece, mas nem mesmo os segredos mais sórdidos da sua melhor amiga você conhece. — Seus dedos vieram até meu queixo levando meu olhar para Hailey que acertava alguns tapas leves no ombro do Hunter.

Ela estava tentando flertar com ele, mesmo tendo Tyler ao seu lado. Voltei meu olhar para o mascado à minha frente. Seja o que ele acha sobre a Hailey não saberia mais do que eu.

— Eu a conheço melhor até mesmo do que ela mesma. — Seus dedos se mantiveram em meu queixo o mantendo erguido em sua direção.

— Quer apostar? — Minhas sobrancelhas se uniram no mesmo instante. — Se você diz saber sobre tudo, não tem porque negar. Vamos lá, Bunny. Vamos apostar...

— Certo. — Concordei me desvencilhando de seu toque e indo até o sofá de couro. Me sentei cruzando minhas pernas encarando seus ombros se balançarem. — Me diga algo que não saiba e eu deixo você pedir o que quiser por uma noite. Mas se você perder... — Estalei a língua no céu da boca sorrindo logo em seguida. — Você fará o que eu quiser por um dia.

— Tudo bem, serei seu cachorrinho por um dia... — Meu sorriso se alargou ainda mais. — Mas Bunny, eu te disse uma vez que eu nunca perco.

Então ele se virou indo em direção ao pessoal no palco. Se aproximou do ouvido de Hunter dizendo alguma coisa que o fez olhar para mim instantaneamente. Seus lábios se curvaram em um sorriso enquanto largava a guitarra balançando a cabeça em concordância. Estreitei meus olhos no segundo em que ele se aproximou da Hailey também sussurrando algo em seu ouvido a fazendo colocar um sorriso largo nos lábios. Durante alguns segundos eu senti uma certa irritação aquecer meu peito, mas balancei a cabeça afastando os pensamentos quando a vi vindo em minha direção.

— O que ele te disse? — Perguntei assim que ela se sentou ao meu lado.

— Ah, apenas algo bobo. — Algo bobo? Se fosse apenas isso, porque ela estava sorrindo de orelha a orelha? — O que vai acontecer que temos que nos sentar?

— Algo divertido, não se preocupe. — Bugsy disse se instalando em nossas costas.

De repente um telão branco começou a descer de uma abertura no teto nos dando visão de uma transmissão de tela provavelmente de um computador. Hunter saiu de trás do telão mexendo em um notebook, ou seja, a transmissão era dele.

Entrando no navegador ele pesquisou por um site de conteúdo adulto, bem conhecido mundialmente pelas pessoas que vendem fotos ou vídeos pornograficos. Olhei para Hailey já encontrando seu olhar sobre mim. Mordi meus lábios evitando que uma risada fosse solta e ela rapidamente olhou para Tyler.

— O que é isso? — Tyler perguntou soltando uma risada bufada. — Vamos assistir porno juntos?

— É esse o segredo? — Joguei minha cabeça para trás esticando meu pescoço observando Bugsy. Minhas bochechas se aqueceram com a lembrança daquela noite no beco me fazendo voltar com a cabeça para frente. — Deveria se esforçar mais, cachorrinho...

Todos no mesmo instante arrastaram o olhar na minha direção em surpresa pela palavra que saiu de meus lábios. Sorri vitoriosa aguardando a desistência do meu oponente, mas ele apenas fez um movimento com as mãos na direção do Hunter que não poupou tempo digitando um monte de letras e números em uma tela preta. Ele estava hackeando o site?

— Eu já disse que nunca perco, Bunny... Não importa se é uma corrida, uma luta ou uma aposta. — Seus braços pararam em cada lado do meu corpo me fazendo sentir seu peitoral acima da minha cabeça. — Se prepare para acatar todas as minhas ordens durante uma noite.

Não tive tempo nem mesmo de retrucar ou me arrepender da aposta devido a toda sua confiança.

"Para... Você me machuca assim."

Levei meu olhar para o telão vendo Hailey entrar em cena arrancando seu vestido e indo até a cama dando risadas. O cabelo curto com as mechas douradas mostrando ser um vídeo antigo, exatamente como ela estava há seis anos. Um homem entrou em cena logo em seguida, mas como estava bem escuro seria difícil reconhecer. Até pensei ser Tyler, mas no segundo em que Hailey se levantou com os olhos arregalados fez minha intuição parecer errada.

— O que vocês estão fazendo? — Ela olhou ao redor. — Tira isso. EU MANDEI TIRAR ISSO PORRA!

— Calma, Hailey... — Bugsy disse apontando para tela logo em seguida soltando risada com o gemido agudo que ecoou dos alto falantes. — Nem sequer chegou na melhor parte.

"Isso... Continua... Por favor, Blake."

— TIRA ESSA DROGA! — Ela rapidamente avançou na direção do Hunter tentando pausar o vídeo.

— Não tira. — Murmurei me levantando.

Eu ouvi errado. Definitivamente ouvi errado.

"Blake... Mais... Mais..."

Puxei o ar com força sentindo meu estômago embrulhar. Eu não tinha entendido errado. Pisquei algumas vezes em completo choque vendo Hailey se manter de cabeça baixa. Da mesma forma de quando ela quebra uma das minhas maquiagens ou quando danifica uma das minhas roupas. Mas isso... Porra! Essa vadia transou com o filho da puta do meu namorado.

— Espera... — Tyler murmurou se levantando. — Blake? Que merda é essa, Hailey?

— Calina... — Ela o ignorou completamente dando um passo na minha direção agarrando meu braço.

— Desde quando? — Perguntei levantando meu olhar para seu rosto. Seus olhos marejados têm uma falsa culpa. — DESDE QUANDO VOCÊ TRANSA COM ELE?

— Não é isso, Calina... Nós estávamos bêbados, só aconteceu daquela vez. — Mais gemidos ecoou na sala nos fazendo olhar para o telão.

— Uma vez? — Hunter disse apertando os botões do notebook repetidamente. — Tem pelo menos mais uns 8 vídeos com esse cara.

Soltei o ar pela boca logo em seguida soltando uma risada. Eu desejei isso. Desejei que ele tivesse me traido com a porra da melhor amiga, mas eu nāo imaginava de forma alguma que seria a minha melhor amiga. Puxei o ar com força me soltando do seu agarre, lágrimas já desciam pelo seu rosto. O que me deixava irritada. Eu deveria estar chorando. Não pelo estupido do Blake, aquilo nem foi um relacionamento de verdade. Mas a Hailey... Nós crescemos juntas. Frequentamos a casa uma da outra, viajávamos juntas. Mesmo ela sendo uma vadia egoísta, achei que eu ainda seria uma exceção em sua lista fodida.

— Como teve coragem de fazer isso? — Sussurrei a observando com nojo no olhar. Era a única coisa que eu poderia sentir nesse momento.

— Ah que saco... — De repente ela levantou a cabeça secando as lágrimas. — Quer saber, o Blake sempre me procurava porque você é uma vadia frígida que fode mal. Sabe o que ele dizia quando a gente transava? Que foder com você era como comer uma estátua de gelo.

E aí estava a Hailey que eu passei a odiar desde a época do colégio. Sempre sendo a abelha rainha ou pelo menos tentando. Namorando o melhor jogador de basquete da escola, mas se atracando com o zelador dentro do armário. Sendo uma influencer modelo, mas vendendo conteúdos adultos na internet. Hailey sempre foi a maior vadia de todas, mas eu queria acreditar que esse seu maldito narcisismo não atingiria o meu lado.

— Eu nem deveria te dar satisfações, vocês terminaram. Ele nem sequer quer saber de você. — Engoli em seco sentindo todo o meu corpo formigar pela sua risada debochada. — Estou cansada de fingir... Chega. Até que enfim posso me livrar de você. Senti pena quando você apareceu na porta da minha casa desamparada por ter perdido tudo, mas agora Calina, você é um peso e uma ninguém. É apenas uma assassina.

Causando um coro de vozes surpresas ao nosso redor, percebi o que eu havia feito. Senti minha mão arder em um formigamento e vi o rosto dela cair para o lado. Minha respiração estava completamente desregulada me fazendo perceber apenas naquele momento o quanto eu estava irritada.

Raiva. Era isso que eu estava sentindo. Parcialmente por ela ter traído a nossa amizade, mas também por ter proferido a palavra assassina. Como ela pode dizer isso? Depois de tudo que eu contei para ela. Mesmo sabendo como eu me sinto... Como uma pessoa que se dizia ser minha melhor amiga usaria isso como carta na manga?

Ah, mas era a Hailey. Ela é boa com agulhas sutis e afiadas. Ela é maravilhosamente boa em manipular as pessoas ao seu redor para ficar sempre no topo. Essa é Hailey Maldovas. A vadia mais deplorável e estúpida que existe.

Senti meu interior queimar. Uma chama pura que saiu das minhas mãos vindo até o meu rosto. Tudo esquentava na medida que meu coração acelerava até mesmo tropeçando nas suas próprias batidas. Seu rosto voltou para mim, os olhos arregalados em surpresa pelo meu ato e uma pequena quantidade de lágrimas raivosas surgindo em seus olhos. Dei dois passos curtos fazendo o espaço entre nós se tornar menor. Observei seu rosto marcado e sorri vitoriosa. Ter seus olhos me encarando assim, era uma forma de vitória.

— Eu não sou ninguém? Olhe pra si mesma, Hailey. — Balancei as mãos ao seu redor soltando uma risada leve em escárnio. — Você só está aqui por minha causa. Você só se tornou Hailey Maldovas graças a mim. Se não, seria apenas uma vadia desconhecida com uma família falida. Seja grata a mim que insisti para seu pai conversar com o meu naquela maldita reunião. Seja grata a mim por ter dito ser sua amiga, quando sabia que você era uma vadia. Seja grata por eu ter desistido de ser a capitã do time de torcida, seja grata a mim por ter criado a sua imagem, a sua reputação. Porque sem mim, você não seria nada sua vaca ingrata.

Me afastei de seu corpo indo em direção ao elevador, sem me importar com seus gritos histéricos. Não me importava de ter a perdido como amiga, uma certa parte do tempo eu também a usei para fugir dos holofotes. Então entrei no elevador considerando que estávamos quites. Mas também eu estava fugindo antes que o mascarado decidisse quais insanidades ele queria de mim. Afinal, ele realmente nunca perde.

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