violência, autoestima baixa, ciúmes, dependência emocional e menção a sexo.
𝗝𝗘𝗔𝗟𝗢𝗨𝗦 𝗚𝗜𝗥𝗟
Roger me pediu em casamento depois de um ano e meio de namoro e nosso relacionamento começou a oscilar quatro meses depois de ficarmos noivos. Namorar uma estrela do rock é ir do céu ao inferno no menor tempo possível, antes de aceitar namorar e ir morar com com ele eu tentei estar preparada para lidar com esse tipo de situação mas não estava, no fundo ninguém nunca está.
Eu nunca estava preparada para ficar longe dele quando ele estava com o Pink Floyd, o problema não era o tempo longe afinal era esse o trabalho dele mas sim o que ele estava fazendo ou melhor com quem estava fazendo, eu tinha sérios problemas com ciúmes eu não conseguia o imaginar com outra mulher isso me causou noites sem dormir, sem falar das crises de ansiedade que me dominavam durante quase todo o dia e que atrapalhavam meu rendimento no trabalho, eu não conseguia fazer nada.
Roger foi a primeira pessoa que fez eu me sentir bem depois de terríveis anos que passei com os meus pais, Roger foi a pessoa que mais amei na vida e ele foi a que mais me amou. Dizem que quando uma pessoa é muito ciumenta é porque trai e tem medo da pessoa também trair mas no meu caso é que eu era tão insegura que achava que poderia ser facilmente trocada, na minha cabeça qualquer pessoa poderia ser melhor do que eu e que chegaria um dia que ele terminaria porque existia outra pessoa.
Nossa rotina se tornou monótona, a gente quase nunca se via e quando nos encontrávamos preferimos o silêncio porque se conversamos brigávamos feito nunca, Roger sempre chegava de madrugada sempre animado pela noite na rua mas quando entrava em casa tudo isso desaparecia e um buraco se abria entre nós.
— Tem como você apagar as luzes por favor? — disse Roger se preparando para dormir.
— Só mais cinco minutos — disse eu folheando as últimas páginas do meu livro.
Quarenta segundos se passaram quando Roger levantou e apagou as luzes perto da mesa cabeceira do lado da nossa cama nos deixando numa profunda escuridão. Uma onda de tristeza e raiva tomou conta de mim, eu fechei o livro e bati na cabeça dele com tanta força que o barulho se estendeu por todo o quarto misturados com seu gemido de dor. As pessoas podem achar que era um motivo bobo para brigar mas aquilo foi apenas uma faísca para o incêndio de toda a mágoa, insegurança e toda carga emocional que eu vinha carregando por muito tempo.
— S/N! Que merda foi essa? — ele perguntou, com a voz confusa.
— Você é um idiota desgraçado e egoísta que só pensa em você! — eu me levantei ascendi as luzes e desci as escadas para a sala.
— O que tem de errado com você? — ele perguntou me seguindo escada abaixo.
— Comigo? O que tem de errado com você! Você nem presta atenção em mim, não conversa comigo. Eu não estou aguentando mais! — eu disse não conseguindo dizer uma frase sem soluçar no meio das lágrimas.
— Para de graça S/N! Você acha que eu estou feliz com isso? Eu também sinto o que você sente, mas nós vamos resolver isso — ele disse estendo a mão para mim, apontando para voltarmos pro quarto.
Eu realmente queria acabar com aquilo logo eu não iria me casar com ele nessas circunstâncias, era isso que eu queria pro resto da minha vida? Era melhor nos pouparmos de mais sofrimento. A primeira coisa que pensei era tacar alguma coisa nele peguei a primeira coisa que vi pela frente um cinzeiro brega, nós tínhamos que nos livrar dele de qualquer maneira, o cinzeiro bateu na parede do lado dele se quebrando em centenas de pedaços de vidro espalhados pelo chão de madeira.
— Eu larguei mão de tanta coisa pra estar com você, eu não mereço isso, eu só quero ser um pouco valorizada quero ter você do meu lado, você parece um desconhecido eu não consigo confiar em você! — eu disse com a voz embargada.
Eu tentava colocar as mãos na boca para abafar os sons do meu choro que já preenchiam o ambiente. Roger ainda parecia confuso o que me deixava mais alterada, ele realmente não tinha noção de como eu estava me sentindo.
— Mas que porra S/N! Que merda deu em você? — ele gritou — Qual o seu problema? Só se acalma!
— Você mal me olha e nem me toca, mas tudo bem, você provavelmente deve ter encontrado outra que está tirando toda a sua energia, então o que eu estou fazendo aqui? — disse enxugando as lágrimas — Eu preciso ir embora...
A última frase saiu quase como um sussurro, como se tivesse apenas pensando alto, depois fui direto ao telefone para tentar ligar pro meu irmão ou pra uma amiga, Roger que já estava na metade do caminho de volta para o quarto escutou e como se o tempo parasse, ele deu a volta e correu até onde eu estava.
Em questão de segundos Roger agarrou meu braço, e me empurrou contra a parede me prensando contra ela, meu peito estava colado no dele, com apenas uma mão ele segurava meu rosto tão forte que me impedia de olhar para qualquer lugar que não fosse para os olhos dele enquanto a outra tampava minha boca abafando meus gritos de choro.
— Me escuta S/N, eu estou tão cansado e isso as vezes pode me deixar frio ou ignorante e eu acabo descontando nas pessoas que eu amo mas isso é porque eu sou um idiota filho da puta, isso não tem nada haver com você meu amor, por favor me perdoa — ele me disse com uma voz calma, mas seus olhos começaram a lacrimejar.
— Por favor só seja sincero comigo, se existir outra mulher só me diz, eu não quero ser feita de idiota.
— Olha pra mim — Roger puxou me rosto para ele novamente, me deixando completamente imóvel — Não existe outra mulher nunca vai existir outra mulher. Se eu estou com você é porque você é o amor da minha vida, é porque eu quero passar o resto da minha vida com você.
— Eu não posso perder você Roger — eu disse com as lágrimas caindo sobre minha bochecha e minha boca pairando sobre a dele.
— Eu também não, eu preciso de você amor, eu te amo tanto. Eu sei que as coisas estão difíceis pra mim mas também sei que estão sendo muito piores pra você, mas eu prometo ser melhor, ok? — ele largou meu rosto e pude sentir meu corpo solto outra vez — Agora tire essas coisas da sua cabeça e por favor nunca mais pense em ir embora desse jeito.
Roger me beijou, um sabor sútil e salgado das minhas lágrimas misturadas com as dele, depois me abraçou lentamente me acalmando mais a cada momento. Nossa diferença de altura não atrapalhou, deu uma sensação de proteção e cuidado.
Logo depois vi meu sangue se espalhar pelo chão, eu tinha pisado em um dos cacos do cinzeiro, Roger logo fez um rápido curativo. Nós conversamos um pouco mais, sobre o meu trabalho e o dele, ele sentado no sofá com a cabeça para trás enquanto segurava um saco de gelo no lugar onde eu tinha batido com o livro e eu do outro lado acabando de juntar o resto dos cacos pela sala.
— Sempre me certifique de nunca mais deixar um livro na sua mão — ele disse resmungando por causa da dor.
— Nunca subestime uma mulher com raiva — eu disse com um riso contido — O que eu posso fazer pra você me perdoar?
Roger ficou em silêncio por alguns segundos rindo para si antes de abrir um sorriso malicioso, um sorriso recíproco da minha parte depois abaixou seu pijama sutilmente.
— Hmm, você pode ficar de joelhos e usar essa linda boca — ele murmurou.
Não existia maneira melhor de selar essa reconciliação, foi uma das nossas melhores noites depois de meses apesar de cortes e pancadas, no final nós dois soubemos nos recompensar pelo tempo perdido muito bem.