Tempo de Desejo

By autoradeboralima

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Esta é uma coletânea de contos adultos, se os assuntos abordados não forem do seu interesse, assim como lista... More

Nota 💶
1. O anjo devasso 🪽
3. Amizade colorida 🌝
4. O filho da minha madrasta
5. Paciente Silencioso (p.1 e p.2) 🍼
6. Garoto Peculiar 🔥
7. A menina dos militares 🪖 🎖️🎖️🎖️
8. Troca de Irmãos
9. Festa de Natal 🎅🏽🌲
10. Chamou de bebê, vai ter que... 🍼
11. Professor Gabriel 🧑🏻‍🏫
12. Dose dupla 🥂
13. Dentro da Academia 🏋🏽‍♀️
14. A filha do Reverendo
15. A mãe do meu melhor amigo
16. Amigo do meu (ex)namorado
16.1. Amigo do meu (ex)namorado
17. Daddy issues (p.1)
17.1 Daddy issues (parte 2)
17.2 Daddy issues (parte 3)
18. Novas espécies (p. 1,2 e 3) 🐺
19. Marcelo ou Ryan?
19.1 Marcelo ou Ryan? (p.2)
20. Senhor Evans - 🎀🍼
21. Baby na mafia
22. Meu marido manhoso 🍼
22.1 Meu marido manhoso (p.2 e final)🍼

2. Meu Piloto ✈️

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By autoradeboralima

Pode conter erros de digitação. Capítulos reposte. As imagens de IA foram feitas especialmentes para esse conto! Meta: 30 comentários para sair o próximo conto.

Hoje tudo estava dando errado, senti vontade de chorar quando a rodinha da minha mala prendeu em alguma coisa na mala do táxi e quando fui puxar ela soltou e quebrou. Estava entrando no aeroporto com uma mala capenga, mancando por causa do salto que apertava o meu pé, com fome e atrasada.

Praticamente corri para fazer o check-in e depois ir até o portão do embarque, pois o meu voo já estava sendo chamado. Meu estômago roncava tanto que tive medo de alguém ouvir. Um senhor verificou minha passagem e entrou na minha mão com uma cara tediosa. Li o nome enquanto caminhava pelo corredor até a aeronave.

Luana Kyler, dizia o cartão, Kyler era o nome de solteiro da minha mãe. Meus pais estavam separados desde quando comecei a engatinhar, agora eu tinha duas famílias para as festas de fim de ano, feriado, férias e qualquer outra comemoração que eles dessem na telha de fazer.

Amanhã seria uma delas, Avany, a filha da esposa do meu pai estava comemorando a sua saída da casa, finalmente ia morar sozinha com seu diploma de medicina. Eu estava feliz, iria só para comemorar que aquela insuportável ia morar bem longe.

Se bem que, provavelmente ela também apareceria em algumas festas comemorativas, mas eu faria questão de não ir em nenhuma que ela fosse.

O meu ódio por Avany não era sem fundamento, a garota me tirava do sério desde quando estávamos no primário e meu pai me buscava no ano novo e nos aniversários dela. Avany não escondia a sua aversão pela filha bastarda do outro casamento do seu novo pai. Lembro que a infeliz fazia questão de chamar o meu pai de “pai” a todo momento.

Ela não gostava de emprestar seus brinquedos, me chamava de feia, dizia que meu pai me odiava, me zoava para todos os amiguinhos da sua vizinhança e quando ficou mais velha, na época em que éramos adolescente, pois ela só é um ano mais velha do que eu, Avany aprontou a pior das armações.

Ela estava namorando, eu não sabia, então fez Antony Sarcomani, o garoto mais lindo daquela cidade, me cantar e eu rapidamente me apaixonar como uma adolescente boba, para no último dia que eu fui embora, ela contar que tinha sido uma armação e beijá-lo na minha frente. Antony tinha passado horas conversando comigo tudo a pedido dela para eu achar que era especial para alguém naquele lugar.

Sua mãe me odiava também, apesar de nunca ter me tratado mal, mas ela também não era a melhor das pessoas. Sempre me dava cobertas finas para dormir e dizia que eu precisava de dieta quando ainda era muito jovem para se quer entender sobre emagrecimento e exercícios.

O único que me amava era o meu pai e ele fazia questão de me ter por lá, se não fosse por isso, as broacas nunca mais me veriam. Não duvido de que quando souberam que eu estava a caminho, jogaram sal no meu nome e colocaram enterrado no quintal para todas essas coisas estarem acontecendo comigo.

Eu não sabia o que um nome no sal enterrado no quintal poderia significar, mas não duvido nada de que elas não tenham feito.

Embarquei na aeronave e fiz uma pequena prece com o meu terço para que a viagem corresse bem e para todos nós chegarmos sãos e salvos. Ao meu lado tinha uma adolescente mascando chiclete e lendo gibi, no banco atrás de mim tinha um bebê choro, e só então me lembrei de que meu pai tinha insistido para pagar a primeira classe pra mim e eu tinha recusado.

Pelo menos eles serviram água e amendoim em determinado momento do voo.

Comi o meu amendoim e da adolescente que não quis, meu estômago deu uma acalmada e pude dormir um sono bom de mais de 1h. Provavelmente eu era a única pessoa que conseguia dormir tanto tempo dentro de um avião, mesmo que a viagem fosse longa. E ainda mais na classe econômica, que era tão desconfortável.

Teve algumas turbulências no pouso, que me deixaram tremendo um pouco de medo, parecia um aviso para eu voltar que as coisas não iam dar certo. Éramos todos adultos agora, não tinha porque temer, ainda assim, sabia que nós duas não teríamos maturidade quando nos encontrarmos. Nunca.

Eu fico lá sentada, pensando e pensando, estou com frio e com fome de novo. A aeronave esvazia, a aeromoça me fuzila. Quer ir para o seu descanso e eu a estou atrapalhando. De repente tudo fica em silêncio, mas no meu ouvido há um zumbido infernal. Quero chorar, quero minha casa, é como se eu ainda tivesse 8 anos e não queria estar em um lugar onde a maioria não gostava de mim.

— Senhora, está tudo bem? Preciso que desembarque, chegamos ao destino...

— Com licença — diz um homem que sai da primeira classe, todo vestido com o uniforme azul e detalhes brancos, ele passa pela mulher e pisca para ela, que parece ficar encantada. Ela quase vai atrás dele, mas se lembra de mim.

— Eu... Acho que quero voltar, tem como pedir para o piloto fazer a volta? — A mulher solta uma risada, sem humor nenhum. Ela abre a boca, provavelmente para me expulsar de novo, então outro cara aparece, provavelmente esse é o piloto e o outro era o seu copiloto. Deve ser legal essa profissional.

O homem alto, com o mesmo uniforme do anterior, olha para mim, que seguro firme na poltrona, e olha para sua colega de trabalho. Ela dá um sorriso sem graça e está prestes a voltar e pegar um telefone para chamar seguranças, provavelmente. O homem a impede, lhe dá um sorriso de canto. Estou com vergonha e com medo, parece que estou tendo um ataque de nervos.

— Está tudo bem, Sandy, eu cuido disso. Pode ir.

— Senhor, não posso sair sem que o último passageiro esteja fora.

— Nem eu, pode ir, vá descansar. — Com um sorriso tranquilizadora, ele enxota delicadamente a moça para fora. Ela anda devagar, olha pra trás e segue caminho.

Ele está tão calmo e sua voz é tão serena que me acalma também, dando lugar a um poço de vergonha que me encontro agora. Ele sorri, estende a mão.

— Oi, sou Ravier, o capitão.

— Sou Luana, a passageira — digo, com um sorriso de canto. A sua mão aperta a minha firmemente, está quentinha, ao contrário da minha gelada.

Eu o observo e ele me observa, Ravier tem uma barba bem aparada e clara, quase ruiva, mas os cabelos são de um castanho escuro. Apesar de estar usando quepe, consigo ver a lateral da sua cabeça e reparo até nos detalhes dos fios sedosos. Os olhos são castanhos, o queixo quadrado, ele é bonito pra cacete. Me sinto nervosa novamente.

— Está tudo bem, Luana? — O capitão se vira e vê as cadeiras da outra fileira, então se senta e apoia os antebraços nas coxas grossas. Sua roupa adere bem aos seus músculos, ele é bem mais velho do que eu, e bem mais atraente também.

— Eu acho que sim, não sei. Meu Deus, pareço uma maluca — suspirando, coloco as duas mãos no meu rosto e me escondo. Que situação que um cara lindo me encontra, meu rosto deve estar amassado e meu cabelo bagunçado.

— Lógico que não, todo mundo tem seus momentos. Você quer conversar?

— Não, você deve ser uma pessoa ocupada, eu sinto muito! — Apesar disso, me ergo e me encosto no banco, apoiando a cabeça e olhando pra cima.

— Não estou ocupado agora, sou todo ouvidos.

— Ah, sei lá... Parece que deu tudo errado hoje, não fiz nenhuma refeição, a roda da minha mala quebrou, quase perdi esse voo, meu cabelo está uma bagunça, se bobear vai estar uma tempestade lá fora e eu vou me olhar toda. Quem anda com guarda-chuva todo o tempo? Só pessoas muito prevenidas, eu não sou uma pessoa assim...

Ele me interrompe com um pigarro e eu vejo que está de pé, Ravier levanta um dedo e volta para onde veio. Eu sinto meu rosto esquentar por ter falado muito e ter deixado ele sem paciência, mas então ele volta com os braços recheados de guloseimas. Muita coisa mesmo.

— Meu Deus, não precisa disso!

— Ah, não são só para você, fique tranquila. — O capitão coloca boa parte dos pacotes nos meus braços e volta a se sentar com suas jujubas, amendoins e outros doces. — São da primeira classe, fique a vontade.

— Nossa, é tudo que eu gosto. — Sei que parece uma criança, mas meus olhos brilham para os pacotes no meu colo. Abro as jujubas e como todas, depois passo para os biscoitinhos salgados. — Deu sede.

Eu falo por falar, mas o piloto larga suas coisas de lado e me pede um minuto de novo, fico tímida, mas aceito quando trás duas taças e uma garrafa de vinho.

— Você é de maior, certo? — ele pausa antes de encher minha taca, olhando para o meu rosto. É tão lindo que dá vontade de sentar em seu colo e me perder em seus braços.

Céus, Luana, se comporte!

— Sim, apesar de não parecer, sou uma adulta de 21 anos.

— Vinte e um? Certo... Ótimo.

Suas palavras me fazem imaginar que está pensando em outras coisas, mas não dizemos nada enquanto bebericamos o vinho suave, que é uma delícia.

— Então, você faz o que dá vida?

Direto...

— Estudo direito, meu pai quer que o ajude a administração a empresa, mas moro com minha mãe e não quero deixá-la sozinha.

— É uma boa menina — diz. Ele me olha por cima de sua taça e faço o mesmo, meu peito vibra e a região entre minhas pernas também. — Então — fala, chamando minha atenção —, você faz faculdade, seus pais são separados, é nova, imagino que se divirta também.

— Quase nada, na verdade. Me concentro muito nos meus estudos e isso atrapalha as diversões. Mas minhas amigas frequentemente dão um jeito nisso dando uma festa e me arrastam junto.

— Isso é legal, tem que aproveitar a vida.

— E o senhor, o que faz para se divertir?

— Senhor? Nada disso, sei que sou bem mais velho que você, mas não precisa me chamar assim. — Nós dois rimos, e parece que estamos que estamos em um restaurante sozinhos e que não precisamos sair daqui nunca.

— É falta de educação perguntar a idade de um homem? — Jogo um amendoim na boca e mastigo, sem desviar o olhar.

— Só se ele tiver depois dos quarenta. — Brinca.

— Ah, me desculpa, não sabia dessa regra.

Eu me ajeito melhor assento, coloco as pernas encolhidas no banco e fico de frente para ele. Ravier faz o mesmo, uma perna no banco e a outra no chão, ele é tão alto que a distância de um banco pro outro é curto para suas pernas cumpridas.

— Não se aplica a mim, quero deixar claro. Mas sou 15 anos mais velho que você.

— Ah, olha, é um número par, adoro números pares. — eu flerto na cara de pau, mas a timidez me consome e desvio para os doces no meu colo. Ele não diz nada, acho que está me achando doida, mas quando ergo os olhos de novo, sou contemplada pelo seu sorriso de canto. O olhar mais sexy e predador que já vi.

Puta que pariu!

— Você mora com a sua família? — arrisco a perguntar. Quero saber tudo sobre esse homem.

— Não, moro sozinha. E você?

— Moro com a minha mãe, mas estou pensando em morar mais perto do campos, preciso de privacidade e minha mãe ainda marca muito em cima. Sei que é um combinado dela com meu pai, ele é um pouco protetor.

— Eu o entendo, com uma filha tão bonita. — Uau, não estou nesse flerte sozinha, penso.

— Oi? Ele tem outra filha que não sei? — Fingida, olha para os lados, sorrindo. Ravier sorri de volta, os dentes tão brancos que brilham...

— Não seja modesta — articulou, jogando um amendoim na minha direção.

— Ei, vai sujar o avião.

— Ele vai passar por uma limpeza em breve, podemos sujar muito ainda.

É coisa da minha cabeça ou suas palavras tiveram segundas intenções? Pela piscada que me deu, não estou ficando doida.

— E você, tem filhos?

— Não e não pretendo ter, trabalho muito e não teria tempo para dedicar o máximo possível a ele, como as crianças precisam e merecem. E quando me aposentar serei velho de mais para ter um.

— Eu também não me vejo sendo mãe, sei lá, é estranho. — Colo as guloseimas de lado e limpo a mão e a minha calça.

— É muito nova ainda, Luana, pode ser que mude de ideia quando encontrar alguém que vale a pena. Quer dizer, se você já não tiver um namorado esperando por você agora.

— Pode ser mude, sim. E não, graças a Deus não tem ninguém esperando por mim.

Estamos nos encarando. Sei que isso é errado, flertar com um desconhecido, estar aqui nesse avião sozinho com ele. Ceder caso ele venha pra cima de mim, que é só o que se passa pela minha cabeça desde que ele apareceu pelas cortinas que dá para a primeira classe. Estou pirando e agora é por outro motivo. Faz anos que não faço sexo e nem eu sei o motivo.

As vezes penso que sou uma pessoa difícil, uma pessoa que já foi muito quebrada e magoada na vida. Ou os homens que de hoje em dia que não sabem como tratar uma mulher e não sabem ter uma conversa sem falar de futebol, sexo ou coisas sem valores. É difícil encontrar alguém que pensa no futuro, que fala bem, que sabe ouvir e compreender.

Acho que eu sou chata mesmo.

— Em que está pensando? — indaga. — Parece que estava do outro lado do oceano.

— Estava pensando nisso aqui — gesticulo com o dedo entre nossos bancos, me referindo a nós dois e nossa situação. — Em como parece que conhece você há séculos. Como a nossa conversa fluiu e em como é errado você estar aqui conversando com uma desconhecida quando nenhum de nós dois deveríamos estar aqui.

— Você tem toda razão. Ainda assim, não faria diferente, estou gostando de conversar com uma desconhecido chamada Luana e que estava precisando de um ombro amigo para desabafar.

— Eu acho que você pode fazer isso também, já falei muito sobre mim. Não sei quase nada sobre você. — Apoiando uma mão no rosto, deito a cabeça no estofado, me concentrando nele.

— Acho que não tenho muito o que falar, e talvez eu possa te entediar e não é isso que queremos.

— Nunca fico entediada. — Solto uma risada e faço um gesto para ele prosseguir. — Me conte sobre sua vida amorosa, deve ser emocionante considerando a sua profissão.

— Como assim?

— Você sendo capitão, sabe? Tem as Marias Farda, as Maria Gasolina, Marias Capitão.

— É sério? Isso existe mesmo? — Ravier está rindo tanto e sai lágrimas dos seus olhos, a sua risada me contagia. Céus, esse homem...

— Então...?

— Minha vida amorosa é um enigma até pra mim, não sei se vou conseguir explicar, é complicado. — dando de ombros, ele também retira os doces do seu colo e coloca de lado, limpando sua roupa que agora está com pouco amassada. Aproveitando para mudar de posição, o capitão tira seu blazer e fica só com a camisa de baixo, que é de maga curta.

Sinto meu sangue escoar todo para a minha vagina, os braços dele parecem uma montanha, o peitoral exprimido pela camisa de botão me faz pegar fogo. Começo a tossir, engasgada com o amendoim e viro a taça que está cheia de uma vez.

É um erro, pois ainda estou engasgada ainda e custo boa parte do vinho quando uma tosse vem do fundo da garganta. Minha blusa branca agora está manchada de vinho e alguns respingos foi para minha calça também, mas é preta e não me preocupo com ela.

— Meu Deus — eu coloco a mão na boca e meu rosto ferve de vergonha. Ravier já está perto de mim, pegando a taça e me colocando de pé.

— Você está bem? — Apoiando uma mão nas minhas costas, ele dá uma batidinha de leve, mas ergo a mão, já estou melhor a tosse, mas não do mico que acabo de passar. Minha blusa branca gruda no corpo e fica transparente. Meu sutiã é preto e agora ele consegue ver tudo. — Vamos até o banheiro para você molhar antes que manche.

Ele me puxa delicadamente pela mão até a cabine pequena, sei que é muito errado, mas estamos os dois lá dentro e somos adultos, então permito que levante minha blusa e tire pela minha cabeça. Ele mal olha pra mim, demonstrando seu respeito, e logo se vira para melhor minha camisa na pia e esfregar ele.

— Sou muito desastrada, me desculpa.

— Está se desculpando pelo que? Aconteceu, você só não vai poder colocar a blusa agora. — O capitão bonitão torce ela nas mãos e depois abre batendo ela no ar.

— Tudo bem. — Tudo bem? Você vai ficar de sutiã na frente dele, sua burra! Minha mente grita comigo.

— Venha, você deve estar com frio — Pegando minha mão novamente, enviando ondas elétricas por todo meu corro, ele me leva até onde estávamos e pega seu blazer, coloca nos meus ombros e eu seguro as duas partes abertas na frente.

— Obrigada. —Agradeço, erguendo o rosto para ver o seu, estamos muito perto, muito mesmo. E por impulso, sei que sim, Ravier se inclina e pressiona os lábios nos meus. Fecho os olhos, estão nas nuvens, seus lábios são um pouco ásperos, porém o hálito quente me aquece.

— Desculpa, eu...

Não deixo que termine de falar ou se arrependa, nem que se afaste. Largo o blazer, que cai no chão, e enrolo os braços em seu pescoço. Grudo meus lábios no dele e nos beijamos, Ravier não hesita, ele apenas envolve minha cintura com os braços e me tira do chão. Sou incapaz de não gemer, os seus lábios devoram os meus e eu tento retribuir o fervor que é o seu beijo.

Me sinto quente, molhada, o cheiro do vinho em meu corpo me deixa tonta. No meu sangue, acho que estou um pouco bêbada, mas não o suficiente para ter noção do que estamos fazendo. É errado, sinto isso, mas é tarde para voltar atrás.

— Porra, que boca gostosa — sussurra, mordiscando meu lábio inferior. Minha lubrificação encharca minha calcinha ainda mais quando sinto sua ereção pressionar meu estômago.

— Ravier... — Estou perdida, quero tanto ele que sinto em meu corpo todo.

— Repete o meu nome — pede.  Nossas testas estão grudadas, ele está levemente inclinado por ser muito alto. A mão sobe pelo meu quadril e para nos meus seios, sinto seu aperto e suspiro.

— Ravier, por favor. — Não sei o que estou pedindo. Tudo. Nada. Tanto faz.

— Posso te foder, Luana? Aqui e agora?

— Tenho camisinha na bolsa. — Aponto para a minha bolsa de mão e rapidamente ele me solta, sinto o vazia longe dele, mas logo o capitão está de volta com a minha bolsa que ele abre e espera eu pegar o pacotinho de camisinha que minha mãe colocava em todas as minhas bolsas.

Voltamos a nos beijar e nos tocar, aperto os bíceps deles e sinto a sua pele macia e dura. O cara malhava muito bem aqueles músculos, me sentia minúscula nos seus braços. Se ele me apertasse mais um pouco, eu perderia o ar, mas nem me importaria, ia ser uma morte deliciosa.

Eu não estava pensando bem, isso era óbvio.

Agora a camisa dele está aberta, minhas mãos fizeram um trabalho rápido, nem eu percebi. Espalho as mãos por todo seu peitoral bem definido e sua barriga coberta de gominhos.

— Nossa — eu estou vidrada em seu corpo, olharia para ele todos os dias se pudesse, iria para a sua academia só para observá-lo.

— Não vejo a hora de te ver também — sorrindo, ele traça a borda do meu sutiã e lambe os lábios. Sou pega no colo e solto um gritinho, Ravier me carrega para a primeira classe onde as poltronas são maiores e o espaço entre elas também. Se senta e me acomoda em seu colo.

Meu sutiã some do meu corpo e tenho um vislumbre do pano escuro na outra janela. Sem eu esperar, Ravier toma meu mamilo na boca, eu arquejo olhando para o homem que me inclina para me tomar melhor em sua boca.

— Oh, meu Deus...— Não sei se foi eu que disse isso, meus olhos estão fechados, estou sentindo tudo, a pressão entre as coxas, os bicos doendo devorados.

Agora é a vez da sua mão, que entra por dentro da minha calça. Seus dedos pressionam meu clitóris por cima do tecido da calcinha e Ravier gêmeo no meu peito. Ele lambe o vale entre o seios, me morde e chupa meu pescoço. Está me marcando, mas não dou a mínima, quero ser marcada por esse homem, sou dele dentro desse aeronave, sou dele nos próximos minutos ou na próxima hora. Depende de quanto tempo durar.

Não quero sair daqui, não quero ir para a realidade da minha vida fora daqui. Sem emoção, sem um homem tão bonito me desejando. Ele deve ter defeitos, algum bem escondido debaixo das camadas dos seus músculos ou da sua mente, um homem não podia ser um deus grego, beijar bem, ter um ótimo trabalho e ser educado ao mesmo tempo.

— Goza nos meus dedos, Luana — sua voz rouca entra nos meus ouvidos, assim como os dedos roçam a minha boceta por baixo da calcinha. Eu machuco seus ombros com as minhas unhas ao gozar e gemer bem baixinho no meu ouvido, rebolando nos seus dedos.

— Meu Deus, Ravier — encosto a testa em seu ombro e ele me puxa para olhar seus dedos molhados irem em direção a sua boca, Ravier chupa os dedos, provando do meu gosto.

— Preciso muito te chupar. — Ele parece sofrer ao dizer isso e fico sem entender quando pousa a testa no meu peito, ele está hesitando. Se arrependendo, talvez?

— O que foi? — sussurro, com medo de perguntar algo de mais e ele me ouvir. Só quero continuar, só quero sentir seu pau dentro de mim.

— Não está certo. Além do que você merece um quarto, um lugar mais confortável do que a cadeira de um avião.

— Não sou eu que tenho que decidir?

— Você bebeu demais, não está pensando bem. — tenho medo, mas levanto seu rosto para mim. Para o meu alívio, Ravier sorri, bem doce.

— Eu quero, Ravier, aqui e agora.

— Tem certeza?

— Você tem?

— Como não tinha a muito tempo.

Ravier toma o controle de novo, me coloca de pé na sua frente e abre o botão da minha calça, ele abaixa ela bem devagar e eu prendo a respiração. A calcinha não é das mais bonitas, mas pelo menos estou bem depilada pois fiz a ceira antes de viajar. Minha calça e minha calcinha estão fora do meu corpo e agora estou completamente nua na frente dele. As cortinas estão todas fechadas, graças a Deus. Quer dizer, Ele com certeza não aprovaria isso, mas quem pensava em um momento desse?

— Caralho, Luana! — exclama, puxando meu corpo pra frente e chupando a minha virilha. Com a outra mão, aperta e acariciando sua própria ereção. Ele está muito duro, consigo perceber pelo volume.

— Ravier — imploro por mais contato, sua língua saboreia bem o começo da rachadura entre minhas pernas, ele me leva a loucura, me chupa e me morde de leve. Sei que estou fazendo muito baralho mas, porra, é impossível não gritar e gemer.

Seguro sua cabeça com as duas mãos e ele ergue uma perna minha, apoiando meu pé em sua coxa. Meu sexo está bem na cara dele, não tenho tempo de ficar tímida, sua boca devora a minha boceta, ele suga meu clitóris como se estivesse sugando uma bebida maravilhosa em um canudinho.

— Quero te sentir, por favor!

— Sim, porra, sim! — O capitão está tão desnorteado quanto eles ele se inclina e desce as calças e a cueca até o joelho, não perco tempo e me sente em suas coxas grossas.

Espero ele colocar a camisinha que lhe dei e então ele segura minha cintura, me guiando para aquele pênis belo e ereto, esperando para se afundar no meu interior. Desço de uma vez e nós dois gememos juntos, ele afunda os dedos na carne do meu quadril e eu perfuro sua nuca com minhas unhas.

— Você é boa demais pra mim — Apesar das palavras, continua me ajudando a subir e descer no seu colo. Ele prende um mamilo com os dedos e vejo estrelas, mas também sinto que mais um orgasmo se aproxima.

— Puta que pariu, você é muito grande — declaro, com uma careta. Ravier me segura antes de descer de novo, e me olha preocupado.

— Você não precisa descer até a base, vai com calma.

— Nada vai me impedir de me aproveitar de você, Capitão. — Sorrio e puxo suas mãos para os meus seios, volto a quicar a bunda em cima dele, jogando a cabeça pra trás e abrindo a boca. Ravier me apalpa, me chupa e lambe, ele segura meu pescoço para me dominar.

Sorrio para ver que não me assustada, então ele se ergue um pouco na cadeira e soca fundo em mim, uma investida atrás da outra, meu corpo oscila e preciso me segurar na outra poltrona.

— Isso, Ravier, me fode. Me dê tudo o que tem.

— Não fala isso pra mim, gostosa.

Não me arrependo, nem quando ele se coloca de pé e levanta minha perna no alto, metendo deliciosamente no meu interior. Eu o aperto quando gozo e Ravier dá um tapinha na minha cara, prendo a respiração, até que constato que é algo que gosto. Quero que me bata de novo, mas não falo nada. Deixo apenas que me vire e me coloque de joelhos na poltrona que estava, ele vem por trás e arremete pra dentro de novo. Eu grito como uma atriz pornô, tenho medo de sermos pegos, vamos ser presos. Meu pai vai me matar, minha mãe ia infartar.

Ele volta a me bater, desta vez na minha bunda, agora não levo tempo nenhum para ter certeza de que gosto de apanhar no sexo, é uma delícia, posso estar cansada por ter tido dois orgasmos, mas não me importaria se ele demorasse mais meia hora me fodendo.

— Isso, me bate de novo.

— Não precisa pedir, sei muito bem como foder uma mulher.

Caralho, a sua voz rouca é capaz de derrubar qualquer mulher.

Ravier, o capitão do meu voo, desfere mais um monte de tapas nas minhas nádegas enquanto soca e soca dentro de mim. Eu preciso disso, de tudo dele, da sua força e do seu carinho que dá logo após cada tapa.

— Ah, porra... — ele para os movimentos e aperta minha cintura, está gozando. Sei pelo gemido rouco, queria que tivesse sido dentro de mim. Tomo remédio, mas somos estranhos um para o outro.

— Caramba, isso foi...

— A porra da melhor foda das nossas vidas? — Ravier ri, e penso que pode estar brincando. Mas para mim é verdade, nunca tinha transado tão bem assim.  Queria ter chupado ele, para mostrar que eu também era ativa na hora do sexo, mas quem sabe...

— Tem gente vindo — ele vê pela cortina que espia.

— Sério? Ah, meu Deus. — Corremos para nós vestir, ele está pronto mais rápido do que eu.

— Fique aqui até eu voltar.

Eu o espero, me arrumando apressadamente, visto a blusa ainda úmida, tenho outras na mala e posso trocar no banheiro do aeroporto. Me ajeito o melhor possível e aguardo Ravier, que não demora.

— Está tudo bem. Vou te acompanhar até a saída, vão precisar entrar aqui.

A decepção de deixar ele avião me faz murchar.

— Certo, tudo bem.

— Eu preciso resolver umas coisas antes de ir embora, você quer me esperar na frente do aeroporto?

— O que?

— Estou de carro, posso te levar até o seu destino.

— Tem certeza? Não quero atrapalhar, eu já tenho uma passagem paga.

— Você que sabe, não posso te obrigar. Só queria passar mais um tempo com você. Sem segundas intenções, é claro.

Ele parece ansioso, mal posso acreditar no que ele acabou de dizer. Estava pensando que ia fugir o mais rápido possível depois do que a gente tinha acabado de fazer. Foi ótimo, é claro, mas nós dois sabemos que foi algo passageiro. Eu moro bem longe dessa cidade.

— Ah, certo. Obrigada.

— Tudo bem, eu te acompanho.

Ele me deixa logo que saímos, sigo para pegar minha mala, tenho um trabalho para conseguir ela de volta. Vou até o banheiro e troco minha blusa rapidamente, também coloco um casaco fino por cima. Saio do aeroporto até o lado de fora, estou um pouco enjoada de tanto comer doce, ou é apenas o frio na barriga de entrar em um carro com Ravier.

Ele já está lá, bem na frente do aeroporto, conversando com outro garoto mais novo, mas com o uniforme de piloto, eles dão risada de algum coisa, mas logo Ravier ergue os olhos passando pelas portas de entrada e me vê. Ele me chama com a mão e sigo até seu carro e seu amigo.

— Olá, você nunca me disse que tinha uma irmã tão linda. — o rapaz se vira e sorri para mim, estendendo a mão em um cumprimento. — Sou Sanderson, senhorita, é um prazer conhecê-la.

— Ela não é minha irmã, canalha — Ravier arregala os olhos para o amigo, como um aviso, e me puxa na direção da porta aberta do seu carro de luxo. — Desculpa, mas estou com pressa.

— É claro que está. Espero vê-la de novo, moça bonita.

— Obrigada, Sanderson. E meu nome é Luana. — Ravier arranca com o carro enquanto eu aceno para o seu amigo que fica lá parado, sorrindo.

— Não de bola para ele.

— Ciúmes? — solto, sem querer, mas me arrependo quando ele fica em silêncio.

— Qual é o endereço? — Eu o informo, não é longe, mas também não é tão perto. Assim que digo, porém, Ravier muda completamente e fica um pouco sério também. Não quero pensar muito em sua mudança de humor, então fico em silêncio também.

Não há o que temer, talvez ele gosta de dirigir no silêncio, então pego meu celular e respondo ao meu pai, que já me enviou um milhão de mensagens, ele acha que desisti de viajar e está decepcionado comigo por não responder. Apenas aviso que já estou chegando e que peguei um táxi.

— Vou precisar te deixar aqui — ele fala de repente e só então vejo que estamos na rua onde meu pai mora, mas não em frente a sua casa, no número que o informei. — Eu preciso te dizer uma coisa, mas não faço ideia de como...

— Não precisa, não devemos nada um ao outro, Capitão Ravier. Está tudo bem. Obrigada pela carona e por me ouvir.

Eu estou bem, estamos bem. Não precisa ficar estranho, por isso saio do carro rapidamente e vou até o porta-malas esperando ele abrir para eu pegar minha mala e sumir logo daquele constrangimento.

Ravier sai carro e me ajuda com a mala, estou na calça, então aceno com a mão livre e viro as costas, caminhando até a casa do meu pai.

— Luana, espera! — ele chama, mas eu finjo não ouvir e continuo andando sem olhar para trás.

Mal chego na porta e meu pai sai, correndo para me abraçar, ele me olha dos pés a cabeça e fala que eu cresci e que estou mais bonita, mas não faz 6 meses desde a última vez que estive aqui. Ele só gosta de me elogiar e me por pra cima, sabe que só venho para essa casa por ele, e por mais ninguém.

— Você não precisava vir sozinha, Luana, essa mala está muito pesada! — Meu pai a tira da minha mão, estou prestes a entrar, quando o som de um carro chama nossa atenção.

Meu coração acelera quando vejo Ravier estacionar na frente da casa do meu pai e sair do carro. Balanço a cabeça, pedindo para ele ir embora, tudo bem, podemos conversar depois, mas não aqui.

— Ravier, quanto tempo. — Por algum motivo muito louco, meu pai vai até o capitão e lhe dá um abraço, agora estávamos olhando um para o outro, eu sem entender e ele com cara de quem viu um fantasma. — Veio direto do trabalho? Não precisava, sabe como Avany demora para se arrumar.

Meu estômago embrulha e eu não consigo ficar ali nem mais um segundo. Corro pra dentro da casa e entro na primeira porta que encontro, por sorte é o lavado. O passado volta com tudo na minha cabeça, a vez que Avany fez seu namorado dar em cima de mim para zombar da minha cara. Não podia acreditar que dessa vez ela teria sido mais baixa a este ponto. Ou talvez ela não sabe que seu namorado tenha sido baixo e chegado ao ponto que chegamos.

Estou passando mal, molho o rosto na água fria, alguém bate na porta e sussurra o meu nome. A voz é de Ravier, não quero olhar para a cara dele, só quero sumir. Mas sei que não posso ficar aqui para sempre, preciso pegar outro voo para casa. Nem que eu tenha que dormir no aeroporto.

Respiro fundo várias vezes antes de abrir a porta e ver ele na minha frente, na casa do meu pai, bem a vontade.

— Por favor, me ouça, não é o que está pensando. — ele olha para os lados, com medo que alguém nos ouço. Não tem ninguém por perto, mas consigo ouvir o barulho de pratos na cozinha.

— Então você não é o namorado de Avany? A filha da esposa do meu pai.

— É bem mais complicado que isso, pode ter certeza. E eu não fazia ideia de quem você era, eles não falam muito de você. Seu pai mencionou uma filha, que eu sei que ele ama, mas não disse seu nome.

— O que está fazendo aqui, então?

— Ravier? Já chegou? — Avany desce as escadas, com toda a farmacêutica de maquiagem no rosto. Ela é estranha, ou deve ser porque eu não gosto dela. Mas seu corpo é reto e, sei lá. Talvez eu esteja com inveja por ela sempre conseguir os caras mais bonitos.

Quero correr quando ela corre até ele e se espicha para um beijo, engulo em seco quando ele se abaixa e me assusto quando não deixa que beije na boca, mas sim no rosto. Ela parece decepcionada, ainda mais por vê-lo olhar pra mim sem desviar.

— Ah, você também está aqui, não te vi aí encolhida no canto. — diz, se referindo a mim. Claro que ela me viu, mas prefere ser um vaca nojenta sempre.

— Olá, Avany. — Eu desvio dos olhos de Ravier para olhar para ela, peço licença e subi as escadas, encontro meu pai saindo do meu quarto.

— Ah, oi, deixei sua mala aos pés da cama e ajustei o aquecedor. Precisa de algo?

— Não, pai, obrigada.

Quero perguntar sobre Ravier e Avany, mas não tenho coragem e não quero explicar o motivo da minha pergunta. Me tranco e tiro a roupa para tomar banho. Penso no que fizemos e o penso com Avany, despejo tudo que tem no meu estômago no vaso. Que nojo!

Termino de me arrumar e penduro minha blusa molhada no banheiro e pego minhas roupas de baixo para colocar na mala. Saio do banheiro e me assusto quando vejo Ravier no meu quarto, sentado na minha cama.

— Se meu pai te ver aqui, ele vai te matar!

— Então vamos conversar baixo, por favor, sente aqui do meu lado.

Eu hesito, mas resolvo ficar de pé e cruzo os braços, olhando pra ele. Ravier suspira e passa as mãos no rosto.

— Sou um amigo dessa família, não sei como nunca nos encontramos. Avany é uma criança, não vejo ela com outro olhais, nunca a vi. Uma vez seu pai fez um enorme fazer para mim, a muitos anos. E chegou o momento que precisei retribuir, pelo seu pai.

— Espera, não estou entendendo nada!

— Avany está com câncer. Seu pai me pediu para ficar ao seu lado, como um... namorado.

— Mas você tem 36 anos! — eu quase grito. Não deveria estar falando da idade dele, saber que Avany está doente deveria me assustar mais, porém acho que estou em choque, não consigo pensar em tudo ao mesmo tempo.

— Sim, eu sei, é um absurdo. Mas não é um relacionamento carnal, Luana. Quero que saiba que nunca... Transei com ela. Não deixo que me beije, apesar dela já ter me pedido, não sinto nada por ela. Sei que Avany não é a melhor pessoa do mundo de lidar...

— Ela é má.

— ...E está doente, só queremos que ela passe por isso da melhor forma possível.

— Meu Deus, não sei o que pensar. Será que me tornei tão má quanto ela? — Me jogo na cama ao seu lado e escondo o rosto nas mãos. Estou ficando com dor de cabeça. Sinto os braços de Ravier nos meus ombros, tentando me confortar.

— Sei pai não liga para esse negócio da idade, pois todos sabemos que não é algo real, não vamos nos casar e nem nada.

— Isso é errado de qualquer forma. Ela sabe e aceita?

— Ela não sabia, na época mas agora sabe e finge que não.

Fico em silêncio, não tenho o que dizer, nem sei o que dizer. Preciso ir até ela e pedir desculpas? Tenho que aturar o comportamento dela por estar doente?

Nunca desejei o mal de Avany, mesmo com tudo que ela me fez. Eu queria que ela sumisse da minha vida quando criança, mas não quis que ela morresse.

— Luana, quero que saiba que, apesar da situação em que me encontro, não me arrependo do que fizemos. Sei que tecnicamente estou em um relacionamento e não consigo ter outra mulher na minha cama por achar que estou traindo Avany, mas... Mas será que estou tão errado assim mesmo? Me pego pensando em tantas coisas ultimamente.

— Eu fui um escape?

— Não, é claro que não, Luana. — ele me puxa, quase me colocando em seu colo, e me faz olhar em seu olhos. — Muito pelo contrário, você foi uma luz. Apesar da doença e de ser tão carente, apesar do meu comprometimento com o seu pai, não acho que seja disso que Avany precisa. Se for para ela viver um romance, que seja algo verdadeiro, com alguém que goste realmente dela.

— Não sei o que dizer ou o que pensar. — Aspiro seu cheiro no seu uniforme, ele é tão cheiroso...

— Vai ficar até quando?

— Só dois dias, mas preciso de tempo para pensar.

— Vou conversar com seu pai e ir embora. Me dá seu número, quero manter contato com você.

— Você acha que é uma boa ideia? — pergunto, me afastando do seu corpo grande quente.

— Luana, você é uma mulher bonita, inteligente, carinhosa. Gostei de conversar com você, darei o espaço que precisar.

— Tudo bem.

Eu passo meu número e não desço as escadas até ver o seu carro indo embora. Quando desço para almoçar, quase jantar, na verdade, a mulher do meu pai, Tuane, me cumprimenta com um sorriso de mínimo. Reparo que Avany está de cara fechada para mim, mas não consigo retribuir. Será que ela sabe que Ravier esteve no meu quarto?

— Avany, você pode orar, por favor? — pergunta meu pai, estamos todos à mesa para comer.

— Pede para Luana, ela parece gostar de orar!

Eu me assusto com suas palavras, mas não tem como ela saber. E não foi o que fizemos, Ravier e eu. Sua mãe chama sua atenção, e ela mesma faz a oração.

Durante a refeição, porém, ela volta a me alfinetar.

— Como você conhece Ravier?

— Você conhece Ravier? — A sua questiona, meu pai suspira, como se estivesse cansado e como se soubesse de alguma coisa. Lembro que Ravier disse que conversaria com ele, deve ter falado de mim.

— Por favor, estamos comendo.

— É uma pergunta válida, Christian — Sua esposa o olha, como se ele estivesse ficando louco.

— Não o conheço.

— E como ela disse que precisava falar com você e me deixou plantada na sala por muito tempo?

Que mentira, nossa conversa foi rápida.

— Você já chegou causando, né isso? — Tuane solta os talheres, papai e eu também, suspiramos.

— Ele é meu namorado, espero que saiba disso. Sempre foi uma filha da puta fura olha!

— Avany, retire o que disse agora! — Meu pai bate a mão na mesa e encara ela, que não está nem um pouco arrependida, ela só revida os olhos. Não consigo acreditar que ela continua a mesma pessoa, durante todos esses meses e todos esses anos.

— Ela é uma vagabunda mesmo, se trancou no quarto com o namorado dos outros, o que acha que isso significa?

— Pai, está tudo bem! — Eu fico de pé e o interrompo antes que ele diga algo. Quero dizer que sou mesmo uma vagabunda e com fodi com seu namorado na aeronave que ele pilotou, mas engulo as palavras e saio da mesa.

Rapidamente eu subo as escadas e pego o computador, comprando uma passagem de volta. A discussão continua lá embaixo, Avany ia se mudar para morar mais perto do hospital e da faculdade, pelo gritos dela, está chorando. Ela achava que ia morar com ele, mas ouço meu pai dizer que ia ser perto, e não no mesmo apartamento.

Não consigo mais ficar aqui, pego minha mala e vou embora logo que a noite cai e a casa fica em silêncio, todos vão para os seus quartos.

Passo a noite no aeroporto, durmo lá e tomo café da manhã em um dos restaurantes. Consegui um voo para o horário do almoço, então trânsito um pouco e também pego sol do lado de fora. Meu pai me liga sem parar, só aviso que estou no aeroporto quando a primeira chamada do meu voo chega aos meus ouvidos. Peço desculpas por não ter me despedido e aviso que preciso embarcar.

Ele pede desculpas, mas agora sei como a sua situação está complicada. Nunca dei trabalho para o meu pai, nem para minha mãe.

Eu volto para casa, durmo boa parte do voo e dispenso qualquer amendoim, estou enjoada. Quando me levanto para sair, porém, uma mão agarra meu braço. Me viro e dou de cara com Ravier, ele está uniformizado, mas sei que não estava na pilotando o avião, pois chegou até mim muito rápido.

— Com licença — Uma mulher quer passar, outros fazem fila atrás dela, estamos no meio do caminho.

Eu solto da mão dele e saio junto com as outras pessoas, mas o sinto atrás de mim a todo momento. Só paramos um de frente para o outro do lado de fora do aeroporto.

— O que faz aqui?

— Vim atrás de você.

— Por que?

— Na verdade, nem eu sei. Só segui meus instintos.

Não digo nada, só fico parado na sua frente. Ravier se aproxima, me beija na boca, eu fecho os olhos e retribuo, mas não o agarro de volta como ele está fazendo comigo, na frente de todo mundo.

— Eu posso ficar?

— A cidade não é minha.

— Você quer que eu fique, Luana? — diz, rindo. Então eu sorrio também.

— Vamos ir com calma, certo?

— Com calma para mim está ótimo.

Então ficamos lá, ele não solta minha cintura, não me deixa ir embora, fica me olhando. Buzinas soam pra todo lado, mas não deixamos que nada rompa a ligação do nosso olhar. É isso, estamos bem, vamos ficar mais do que. Ele veio atrás de mim, Ravier me quer. Aquele piloto de mais de 1,90 me quer, e eu não poderia recusar nem se quisesse. E eu não queria, não mesmo.

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Fim do conto. Não tem continuação, eles viveram felizes para sempre mkkkkkkkkk

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